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quarta-feira, setembro 28, 2005

Laranja muito amarga

Sr. Koeman, por favor, tome atenção ao seguinte:

O BETO NÃO É EXTREMO-DIREITO!

Gostaria ainda de lhe dizer outra coisa:

O BETO NÃO É EXTREMO-DIREITO!

E, já agora, acrescento só mais uma:

O BETO NÃO É EXTREMO-DIREITO!

Depois de uma exibição muito boa e personalizada da nossa parte, foi bastante frustrante sair derrotado de Old Trafford muito por causa da falta de coragem do nosso treinador. Começámos a jogar com 10 e assim continuámos durante 85 min., até ao 2º golo do Manchester, quando finalmente o Koeman decide tirar o Beto. Errar é humano. Fazer duas vezes o mesmo erro é burrice. Incorrer pela 3ª vez no mesmo erro é inadmissível. Já se tinha visto, durante o jogo contra o Gil Vicente, que o Beto não rende nada como extremo-direito. Em Penafiel, o mesmo erro foi cometido durante boa parte do 2º tempo, quando ele substituiu o Geovanni, até à entrada do João Pereira. Ontem foi demais! Quando ouvi a constituição da equipa nem queria acreditar! Como é possível?! Se não queria colocar o Geovanni que colocasse o João Pereira, mas adaptar o Beto a extremo é que nunca! Será que é tão difícil colocar os jogadores nos seus respectivos lugares? Ou o Koeman é tão burro (desculpem-me a expressão, mas não encontro outra melhor) que ainda não percebeu que está a queimar o Beto, fazendo-o jogar num lugar que não é o dele? Não tem velocidade, técnica nem talento para jogar naquela posição. Dir-me-ão que o objectivo do Koeman era estancar o jogo atacante do Manchester colocando alguém que defendesse melhor que o Geovanni. Só que o (adaptado) defesa-esquerdo do Manchester passou pelo Beto quantas vezes quis e colocou o Nélson muitas vezes em situações de dois-para-um. Ok, erro cometido, o Beto entrou de início. Estando a perder ao intervalo, ele ficaria nos balneários e entraria o Geovanni, certo? Errado! O Beto continua em campo na 2ª parte, o Geovanni vai aquecer, só que o Simão iguala e o Beto... continua em campo. Quando finalmente se decide a fazer substituições, o Koeman coloca o João Pereira (que entretanto também já estava a aquecer) e tira... o Miccoli! “Vamos rapazes, vamos aguentar o empate que já é muito bom” foi a mensagem que toda a gente percebeu. Se queria refrescar o meio-campo poderia colocar o Karyaka no lugar do Miccoli, porque teríamos mais um jogador para lançar o contra-ataque e a mensagem defensiva não era tão óbvia. Claro que acabou por nos acontecer o que geralmente sucede às equipas que jogam para empatar.

Posto isto, tenho a dizer que foi um orgulho assistir ao vivo a uma exibição destas do Benfica em pleno Old Trafford. A equipa (com a já referida excepção do Beto) esteve toda em altíssimo nível. Talvez só o Miccoli (apesar de ter feito um jogo razoável) não tenha sido o desequilibrador que esperávamos. O Moreira teve uma saída à Ricardo, mas fez uma excelente defesa no remate do Cristiano Ronaldo que depois vai à barra. Os centrais estiveram excelentes, com destaque para o Ricardo Rocha que quase secou van Nistelrooy (quando não se põe com entradas a destempo, o Ricardo Rocha mostra que é melhor que o Anderson, porque como é mais duro e impetuoso consegue ganhar muitas bolas aos adversários). Irrepreensíveis foram igualmente os laterais, com o Léo a confirmar que é bom jogador (não tendo saído muito chamuscado do confronto com o Cristiano Ronaldo), e o Nélson a confirmar que é uma mais-valia que tem a vantagem da fazer bem aquilo que o Miguel não sabia fazer: cruzamentos. Os médios voltaram a fazer uma grande exibição, em especial o Manuel Fernandes (só foi pena ter feito aquele péssimo passe de que resultou o contra-ataque que deu origem ao canto do 2º golo). O Simão deve ter convencido de vez o Liverpool, se por acaso ainda tivessem dúvidas. O Nuno Gomes desta vez ficou em branco, mas batalhou imenso e foi perigoso ao distribuir jogo no centro do ataque.

Apesar de eu achar que o Koeman tem bastantes culpas na derrota, é um facto que o Benfica se apresentou num jogo europeu como há muito não o fazia e o mérito disso também é dele. Basta recuarmos uma época para vermos os jogos miseráveis que fizemos na Europa, com derrotas quase humilhantes perante equipas de 2ª linha. Desta vez tudo foi diferente e para melhor em termos de atitude e produção de jogo, mas perdemos uma oportunidade quase única para ganharmos (sim, ganharmos!) em Old Trafford. Acho que seria preferível termos perdido por termos tentado ganhar do que termos perdido por termos tentado empatar. Daí o sentimento de frustração que perpassou por toda a gente no final. O empate no Lille-Villarreal permite-nos ficar em 2º lugar e o próximo jogo em Espanha será muito importante para definir a posição final no grupo. No entanto, se jogarmos da mesma maneira que em Manchester (mas de preferência com 11 jogadores desde início...), teremos bastantes hipóteses de fazer um bom resultado.


Ontem, hoje e sempre: VIVA O BENFICA!

5 comentários:

Pedro F. Ferreira disse...

Temos que pôr essas histórias da tua viagem a Manchester em dia. Um abraço.

tma disse...

Antes de mais: VIVA O BENFICA!
Depois, felicito-te juntamente com todos os benfiquistas que estiveram em Old Trafford a "puxar" pelo Benfica, havendo alturas em que só se houvia a claque benfiquista!

Quanto ao jogo, e não esquecendo que o Koeman pôs a equipa a jogar bem durante 75mins, espero que tenhamos ganho em experiência, tanto jogadores como o Koeman, como é evidente. Infelizmente, o Benfica foi algo "provinciano" na fase final do jogo, quando começou a recuar (embora também haja mérito do Man Utd). O problema do Beto e da sua não substituição (em vez disso, foi o Miccoli a sair para entrar o João Pereira), foi que, para além de o Beto ser incapaz de jogar naquele posto, também funcionou, quanto a mim, como uma mensagem à equipa para recuar no terreno, o que não é obviamente a melhor solução para defender um resultado (por vezes resulta, mas contra uma equipa como o Man Utd, os riscos são maiores, e a prova disso foi termos sofrido o 2º golo a 5 mins do fim).

tma disse...

Independentemente de se achar que o Koeman esteve bem ou mal, continuo a apoiá-lo e à equipa.
Temos de lhe reconhecer o mérito de, a pouco e pouco, por a equipa a jogar bem e, ao mesmo tempo, com realismo. Mesmo assim, continuo a achar que lhe faltou um pouco de audácia na 3ª feira.

S.L.B. disse...

HMémnon: estará talvez na altura de organizar o 2º jantar de bloguiquistas, não? Dado o êxito da 1ª edição, proponho-te como organizador oficial :-), mas se quiseres terei o maior prazer em dar-te uma ajuda.

TMA: o Koeman fez o que fez o Peseiro, só que o Manchester United não é o V. Setúbal e não estava a jogar com 10.

Artur: não concordo contigo. Estive a rever a 1ª parte do jogo e o Beto foi constantemente batido pelo defesa-esquerdo. No ataque esteve uma desgraça. Por acaso, acho que o Geovanni está melhor a defender do que antigamente (no jogo contra os lagartos na Luz chegou a jogar a defesa-direito na 2ª parte até ao golo do Luisão). Nada nos garante que o João Pereira tivesse feito melhor, mas pior era impossível. Além de que é mais extremo-direito do que o Beto. Mas remeto-te para o que escrevi no post: o que mais me chateou foi a presença do Beto a seguir ao intervalo, porque estando nós a perder por 1-0 ela é absolutamente injustificável.

tma disse...

O Koeman pode não ter feito, em certa medida, melhor que o "Pesudo".
Espero é sinceramente que tenha aprendido de vez que o Beto a ala-direito não é solução. Seja deliberadamente encostado à direita, seja "apenas" descaído, onde se calhar, ainda fica mais perdido, pois não sabe se fecha à direita ou se apoia ao meio (e às tantas, acaba por não fazer nenhuma das duas).
Continuo a apoiá-lo, mas tamém "exijo" dele que deixe de experimentar soluções com poucas garantias de sucesso em jogos decisivos, ou seja, que ele tenha capacidade de aprender com os erros.