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segunda-feira, abril 25, 2016

Sofrimento

Vencemos em Vila do Conde (1-0) e mantivemos a distância de dois pontos para a lagartada, quando faltam agora três jornadas para o final do campeonato. Tal como se previa, foi uma partida tremendamente difícil e, embora não tenhamos feito uma exibição por aí além, a nossa vitória é mais do que justa.

Entrámos com a equipa habitual e logo no primeiro minuto um defesa do Rio Ave desvia com a cabeça uma bola cabeceada pelo Jardel que estava prestes a entrar na baliza, na sequência de um canto do Gaitán. Tivemos um outro lance de perigo, com um remate do argentino, que passou muito perto do poste, com o Cássio especado no terreno. Na nossa baliza, à excepção de uma cabeçada ao lado do Vilas Boas num livre, nunca estivemos em verdadeiro perigo. Dois lances para golo em 45’ é manifestamente pouco e eu estava muito apreensivo para a 2ª parte, até porque o Rio Ave estava a conseguir controlar-nos muito bem.

A 2ª parte começou bem melhor e em minutos consecutivos (54’ e 55’) falhámos duas clamorosas situações, com remates à figura do Gaitán e Jonas quando estavam sós com o Cássio pela frente. Pouco depois, foi o Mitroglou num desvio num canto a atirar a rasar o poste. O Rui Vitória percebeu finalmente que o Pizzi estava uma nulidade e lançou o Salvio. Mas foi a entrada do Jiménez para o lugar do Mitroglou que decidiu a partida: centro do André Almeida para a área, aos 73’, corte defeituoso do André Villas Boas a levar a bola em balão para a trave e, na recarga, o mexicano a atirá-la finalmente para dentro da baliza. Até final, não houve mais nada a registar, somente o facto de o Jiménez também ter sido decisivo na defesa, ao interceptar uma cabeçada ao primeiro poste num canto no último minuto da compensação.

Em termos individuais, destaque inteirinho para o Jiménez, que voltou a ser decisivo. Os centrais voltaram a estar seguríssimos e o Ederson foi um espectador durante os 90’. O Jonas fartou-se de vir buscar bolas cá atrás, porque as mesmas não lhe chegavam em condições. Mas o nosso maior problema actualmente é o abaixamento de forma de uma série de jogadores na frente: o Pizzi voltou a fazer uma partida de fugir e não foi por acaso que foi o primeiro a ser substituído; o Renato em termos atacantes já foi mais decisivo do que é agora; ao Gaitán, falta-te ritmo depois de tantas lesões; se as bolas não lhes chegam em condições, é difícil ao Jonas e Mitroglou fazerem melhor…

Este era um jogo crucial e portanto eu estava inusitadamente nervoso. Todos sabíamos que uma escorregadela nossa colocava a lagartada eufórica em vésperas de ir a Mordor. Felizmente isso não aconteceu e com enorme sofrimento conseguimos manter a liderança isolados. Faltam três jogos…

P.S. – Esta arbitragem do sr. Artur Soares Dias tem muito que se lhe diga… A falta e o amarelo ao Eliseu, depois de ter sofrido uma falta muito pior na área em que o árbitro nada assinalou, entra directamente para o anedotário nacional

terça-feira, abril 19, 2016

Gelar

Vencemos o V. Setúbal por 2-1 e mantivemos a distância para a lagartada que tinha ganho (1-0) em Moreira de Cónegos, com um golo do Slimani um metro fora-de-jogo. Os jogos seguintes a eliminatórias europeias costumam ser sempre complicados, mas eu esperava que este, com cinco dias de intervalo e o tridente ofensivo de volta, não o fosse. Mal sabia eu…

Entrada pior só com um golo directo do meio-campo! Sofremos o 0-1 aos 14 segundos de jogo pelo André Claro! Repito: 14 segundos!!! Não é que o Braga não tivesse já prometido com a bola ao poste, mas tivemos novamente uma desconcentração inacreditável da nossa equipa. Com o Nelson Semedo no lugar do André Almeida (possivelmente poupado para Vida do Conde por causa dos amarelos) e os já referidos Gaitán, Jonas e Mitroglou de volta, embalámos para os melhores 25’ da temporada. A pressão sobre o V. Setúbal foi sufocante e as coisas começaram logo a cheirar-me mal, quando o guarda-redes Ricardo, emprestado pelo CRAC, começou a fazer grandes defesas. Era inevitável lembrar-me de uma reedição disto. Jonas, Mitroglou (por duas vezes) e Jardel ou permitiam que ele brilhasse, ou falhavam o último desvio. No meio deste vendaval, os sadinos tiveram outra grande oportunidade, mas o cabeceamento em balão do André Claro saiu felizmente ao lado do poste. Aos 19’, chegávamos finalmente ao empate pelo inevitável Jonas após um cruzamento do Eliseu desviado de cabeça pelo Gaitán. Aos 24’, demos a volta ao marcador num canto bem apontado pelo génio argentino com cabeçada brilhante do Jardel. Até ao intervalo, a partida baixou inevitavelmente de ritmo e mesmo antes da saída para os balneários o Pizzi falhou isolado o golo da tranquilidade ao levantar demasiado a bola num chapéu sobre o guarda-redes, que deu tempo a um defesa de ir lá cortar de cabeça. À semelhança de Coimbra, o Pizzi voltou a falhar um golo muito importante perto do intervalo. Mas isto não era nada perante o que se passou depois…

A 2ª parte é muito rápida de contar: demos o estoiro fisicamente e só tivemos um lance de perigo numa cabeçada do Fejsa que o Ricardo defendeu para canto. Do outro lado, os 200 mil euros que se diz que a lagartada ofereceu aos jogadores vitorianos pareciam estar a sortir efeito, porque passámos por alguns calafrios, com o Arnold na frente a dar muito trabalho ao Jardel, o Ederson a fazer uma mancha sobre o Ruça e um par de cortes providenciais do Lindelof a cruzamentos muito perigosos. As nossas substituições não resultaram e a equipa não conseguia controlar a jogo. Nos últimos 10’, embalados pelo público, lá jogámos mais no meio-campo adversário, mas falta-nos alguma ratice para, por exemplo, marcar os cantos curtos e ficar com a bola na bandeirola de canto quando já estamos em tempo de compensação. Até que chegámos ao minuto 92’, que tão fatídico foi num passado recente. Há lances que marcam os jogos e os jogadores para todo o sempre: irei viver menos cinco anos por o Nuno Gomes (jogador que eu adorava) ter resolvido simular um penalty em vez de fazer o 2-2 em Trondheim, lançando-nos para uma 2ª parte em que o Moreira se tornou um herói; penso muitas vezes no que teria acontecido se esta bola do Simão tem entrado; iríamos provavelmente à final se o Nuno Gomes não tem tirado este golo certo ao Simão; para mim, mais do que o Roderick, foi o desequilibrado mental do Carlos Martins que nos impediu de estar agora a lutar por um inédito tetra. Tudo isto para dizer, que a um minuto do final da compensação, o Pizzi resolveu poupar uma fortuna ao SNS a fazer check-ups ao coração de seis milhões de pessoas… Do meio-campo(!), resolveu atrasar uma bola para o Ederson, que saiu curta demais e isolou o Arnold…! Foi a primeira vez num jogo que, num lance de iminente golo, eu virei a cara para o lado por décimos de segundos. O mundo parou e eu gelei! Já sei o que se sente quando se vê a vida toda a passar-nos perante os olhos em fracções de segundo. Por aqueles breves momentos, eu vi o 35 a ir ao ar e o Pizzi a tornar-se, como me disseram no final, o novo Carlos Martins. Aquela corrida do Arnold pareceu demorar uma eternidade e o mundo estava em suspenso… Felizmente, o avançado adiantou ligeiramente a bola a tentar dominá-la e o Ederson, rapidíssimo, conseguiu cortá-la com os pés, com a recarga do André Claro a sair ao lado, mas sendo a trajectória da bola controlada pelo Lindelof. No mínimo, no MÍNIMO, o Pizzi deveria oferecer metade do seu ordenado ao Ederson por o ter livrado de ter toda uma carreira marcada por este lance. E marcar o golo do tri. E do tetra. E do penta. Aí estará desculpado por ter dado um passo em frente quando estávamos à beira do abismo…

Em termos individuais, é difícil destacar alguém, quando toda a equipa esteve brilhante nos primeiros 25’ (menos os 14 segundos iniciais) e tão sofrível no resto do tempo. Menção para o 31º golo do Jonas, que voltou a ter sete golos de vantagem para o Slimani nos melhores marcadores, e para o excelente cabeceamento do Jardel. E, claro, uma grande palavra para o Ederson, cuja defesa, caso sejamos tricampeões, entrará directa para a nossa história. Ao invés, o Nelson Semedo terá feito uma das piores exibições da sua carreira. Jogámos indiscutivelmente com menos um.

À semelhança de Coimbra, uma hora depois de o jogo ter acabado, eu ainda estava com o coração ao pé da boca. Isto já vai ser difícil e sofrido o suficiente até ao fim, não é preciso que os jogadores do Benfica façam assistência de golo para os adversários…! Acho que só daqui a dois dias é que cairei em mim. Mas aí já estarei em sofrimento por causa de Vila do Conde. Aliás, já estou agora…!

quinta-feira, abril 14, 2016

Grandes

Empatámos com o Bayern (2-2) e a nossa brilhante participação deste ano na Champions terminou nos quartos-de-final. Foi um jogo muito intenso em que, com um bocadinho de sorte, até poderíamos ter ganho. Para quem desejava duas goleadas germânicas, ver o Benfica ser eliminado apenas por um golo, com uma derrota e um empate, constitui certamente uma desilusão. A mim, esta eliminatória encheu-me de orgulho.

A minha vida sem o Benfica não fazia sentido. Não obstante isto, eu não sou cego. Sei perfeitamente ver que um qualquer Paulo Almeida não se torna o melhor trinco do mundo, só porque tem a nossa camisola vestida. Serve este preâmbulo para dizer que, se já se sabia que eliminar o Bayern seria tremendamente difícil, entrarmos no jogo da 2ª mão sem os nossos três melhores jogadores (Gaitán e Mitroglou lesionados, e Jonas castigados) tornava a tarefa praticamente impossível. Aliás, até acho que seria da mais elementar justiça entregarem-nos já a taça caso isso acontecesse. Portanto, sentei-me bastante calmo no meu lugar e com vontade de desfrutar do jogo. O Rui Vitória não tinha muitas opções e apostou no Salvio, Carcela e Jiménez para o ataque. O jogo foi o que se esperava: o Bayern roça a perfeição no aspecto da circulação de bola. A percentagem de passes bem sucedidos de flanco a outro é absolutamente inacreditável. No entanto e à semelhança de Munique, nós defendemos muito bem. Tivemos um livre perigoso pelo Eliseu logo no início, mas o remate desviou na barreira para canto e os alemães tiveram um desvio do Muller depois de um cruzamento que passou ao lado da baliza. Ou seja, não houve assim grandes ocasiões de perigo até aos 27’, quando o Eliseu fez a melhor assistência da sua carreira num centro largo para área e o Jiménez se antecipou ao Neuer, batendo outros dois defesas pelo caminho. Igualávamos a eliminatória e as fundações do estádio portaram-se muito bem perante o vulcão que explodiu! Logo a seguir, o mesmo Jiménez não contou com um falhanço de um defesa e rematou já em dificuldades, quando estava em óptima posição para fazer o segundo golo, depois de um centro rasteiro do Salvio. Teria sido fantástico fazer dois golos de rajada…! Ao ver-se em desvantagem, o Bayern desconcentrou-se nos minutos seguintes e o futebol matemático não saiu tão perfeito. Sonhámos durante 11’, porque aos 38’ o Arturo Vidal, num fabuloso remate de primeira de fora da área depois de um centro tenso do Lahm, que o Ederson aliviou, voltou a empatar a partida e a colocar os bávaros bem na frente da eliminatória. Foi uma pena não termos conseguido chegar ao intervalo em vantagem.

Na 2ª parte, os alemães continuaram com a sua pornográfica posse de bola a roçar os 70% e aos 52’ deram a machadada final na decisão ao fazer o 1-2 pelo Muller, num desvio depois de uma assistência de cabeça do Javi Martínez na sequência de um canto. A partir daqui, esperei que a nossa equipa não se desconcentrasse na tentativa de pelo menos não perder a partida. Entretanto, o Rui Vitória fez entrar o Gonçalo Guedes para o lugar do apagadíssimo Pizzi, mas os alemães continuavam a pressionar e, não fosse uma saída fantástica do Ederson aos pés de um adversário e o poste que defendeu o remate do Douglas Costa, o jogo teria ficado decidido. O Talisca também entrou para o lugar do Salvio e aos 76’ teve um livre à entrada da área mesmo à sua medida: o Gonçalo Guedes escapou-se à defesa do Bayern e foi derrubado pelo Javi Martínez, num lance em que o sr. Björn Kuipers bem poderia ter mostrado o vermelho. O brasileiro concentrou-se na marcação e fez um golão! Pouco depois, o mesmo Talisca noutro livre fez a bola passar muito perto do poste. E na última jogada do encontro, o Jovic (que tinha substituído o Eliseu) não conseguiu dominar na perfeição um passe do Talisca, mas mesmo assim rematou para defesa do Neuer. Teria sido lindo acabar o jogo com o golo da vitória…!

Em termos individuais, destaque principal para o Jiménez e o André Almeida. O mexicano foi durante largos minutos o nosso melhor jogador, com a mais-valia de ter marcado um golo e o defesa-direito voltou a estar muito bem com o Ribéry pela frente. O Ederson teve uma exibição quase perfeita, só com o senão de um lance em que ia dando um frango descomunal perante um remate do Vidal com 1-2 no marcador. Os centrais, Lindelof e Jardel, mostraram-se novamente muito seguros e mesmo o Eliseu viu a sua exibição coroada com a assistência para o primeiro golo. No meio-campo, o Fejsa teve a importância habitual e o Renato Sanches impressiona pela forma como parece que defronta monstros do futebol europeu há imenso tempo… O Salvio ainda está longe de forma que o notabilizou, mas mesmo assim esteve muito melhor do que o Carcela e o Pizzi, que passaram ao lado do jogo. O Gonçalo Guedes e o Talisca entraram muito bem, e bastaria ter um só neurónio para o brasileiro ser um grande jogador…! É que qualidade técnica não lhe falta e tem a grande vantagem de rematar muito bem. O Jovic teria uma estreia épica na Champions, caso aquela bola tivesse entrado…

A enorme ovação com que o público brindou a equipa no final da partida deu bem mostra do grau de satisfação com que saímos do estádio. Sem os três principais jogadores, enfrentámos o colosso alemão de frente e mostrámos que somos, de facto, muito grandes. Enquanto outros no passado, apesar de terem ganho um jogo, foram de tal forma humilhados depois que essa vitória não ficou na história, nós tivemos uma prestação muito digna e a alegria com que os alemães festejaram o apuramento diz bem da dificuldade que sentiram. Olhando para os números a frio, fomos eliminados por um golo… Um golo! Agora, é descansar bem e aproveitar esta embalagem para assegurar o 35. É que tanto quem está lá dentro, como nós cá fora, merecemos! (E, principalmente, quem está a conseguir inacreditavelmente suplantar o nível de nojeira que era típico de um clube mais a norte é que não merece mesmo!)

segunda-feira, abril 11, 2016

Coração

Vencemos no sábado a Académica em Coimbra por 2-1 e a distância para a lagartada manteve-se nos dois pontos, já que eles derrotaram o Marítimo (3-1). Foi mais do mesmo em relação ao jogo do Bessa: uma equipa com dois autocarros à frente da baliza e nós a conseguirmos o golo da vitória muito perto do fim (85’). Nesta fase da época, os jogadores do Benfica revelam grande coração e ainda bem, porque o meu não conseguirá sobreviver a muitos jogos destes… (e já vamos no segundo seguido!)

Em relação a Munique, só ficou o Fejsa no banco e entrou o Samaris. A Champions é muito bonita e tal, é óptima para o prestígio e para os cofres, mas depois é isto: basta comparar a nossa velocidade de execução do jogo frente ao Braga para este. Estou absolutamente convencido de que teríamos goleado em Coimbra, caso não tivéssemos jogado em Munique quatro dias antes. Entrámos muito a passo e, para agravar as coisas, aos 17’ o Eliseu resolveu fazer uma assistência através de um corte defeituoso para o Pedro Nuno fazer o golo. Logo ali sentia-se que as coisas seriam muito difíceis, porque, se eles já estavam com uma postura hiperdefensiva, ainda mais iriam ficar depois de se verem em vantagem. Verdade seja dita que antes deste golo, nós só tínhamos tido uma oportunidade, mas o Gaitán em vez de atirar de cabeça para a baliza, preferiu assistir o Mitroglou, que rematou por cima. Não era preciso ser-se vidente para perceber que era fundamental empatarmos ainda antes do intervalo, até porque pelo histórico desta época, as nossas segundas partes a seguir a jogos da Champions são muito menos intensas do que as primeiras. E esta já não estava a ser nada famosa! Felizmente, conseguimo-lo aos 39’ num excelente cruzamento do Pizzi (a única coisa de jeito que fez enquanto esteve em campo) e cabeçada exemplar do Mitroglou. Mesmo antes do intervalo, na nossa melhor jogada de toda a partida, o Jonas isolou o Pizzi, que contornou muito bem o guarda-redes Trigueira, mas depois atrapalhou-se a dominar a bola, perdeu tempo de remate e, quando o fez, já tinha um adversário na baliza, que desviou para canto (até me pareceu que o remate foi tão mal feito que a bola iria para fora de qualquer maneira). Perdíamos uma oportunidade soberana de resolver logo ali o jogo, o que era essencial por tudo o que já disse atrás.

Como se esperava, a 2ª parte ainda foi mais difícil que a primeira, porque os onze da Académica estavam todos nos últimos 30 metros do campo e nós não tínhamos a velocidade suficiente para desposicioná-los. Tivemos uma boa oportunidade logo a abrir num livre do Gaitán, em que a barreira abriu, mas o guarda-redes defendeu para canto. No entanto, só a partir dos 65’ conseguimos pressionar mais e criar chances, mas o Trigueira defendeu bem uma cabeçada do Jonas e um remate do Gaitán (que não acertou bem na bola). O Rui Vitória ia fazendo as alterações que se impunham, com as entradas do Carcela, Talisca e Jiménez, e foi o mexicano a ser essencial (à semelhança de São Petersburgo) na vitória, porém desta vez como protagonista: centro do André Almeida para a área, toque dele em habilidade a dominar a bola e fuzilamento do guarda-redes. Foi o delírio em Coimbra e também cá em casa! Faltavam cinco minutos para os 90’ e finalmente conseguíamos colocar-nos na frente! Até final, continuei a perder vários anos de vida, porque estávamos a jogar com os três pontas-de-lança e sem lateral-esquerdo, e a atitude nojenta da Académica (há muito tempo que não via um antijogo destes, só o guarda-redes deve ter recebido assistência umas três vezes!) acabou por ser compensada com os seis minutos de desconto, que passaram a correr a favor dela. Acho que as regras deveriam ser revistas e, nestes casos, quem provoca deliberadamente as paragens não pode ser beneficiado no fim com o prolongamento da partida se entretanto ficar em situação de desvantagem. Felizmente não houve nenhuma injustiça e uma equipa que fez um remate(!) à baliza não empatou o jogo.

Em termos individuais, não acho que tenha havido nenhum jogador a destacar-se por ali além. A equipa pareceu nitidamente cansada do jogo europeu e a espaços algo desconcentrada (por exemplo, o Lindelof e o Jardel, especialmente na 1ª parte, e claro o Eliseu no golo adversário). Menção honrosa para o Mitroglou e para o Jiménez pelos golos. Aliás, o mexicano limpou a honra do Pizzi, cujo falhanço se poderia arriscar a ser o duplo amarelo ao Carlos Martins desta época…

Este cansaço do Benfica não é de espantar: o Bayern (que é o Bayern…!) fez descansar vários titulares para o jogo da próxima 4ª feira (mercê obviamente dos pontos de avanço que tem) e mesmo o Barça foi derrotado. A Champions deixa marcas em todas as equipas. Eu gostaria de ter o melhor dos dois mundos, como isso não é possível quero mesmo é o 35!

P.S. – O CRAC perdeu pela segunda jornada consecutiva, desta feita em Paços de Ferreira (1-2), e está agora a 12 pontos de nós. É uma pena que raramente possamos usufruir das coisas boas da vida na sua plenitude…! Uma pessoa estava à espera disto há 30 anos, logo esta época, que não convém nada que eles percam na antepenúltima jornada, é que isto acontece… Por isso, é que não consigo celebrar já agora este facto com a pompa e circunstância que isto merecia! Raios!

quarta-feira, abril 06, 2016

Personalidade

Um golo logo aos 2’ derrotou-nos (0-1) em Munique na 1ª mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões. Se é certo que as vitórias morais não valem de nada e que este resultado nos coloca em sérias dificuldades para passar a eliminatória (não estou a ver o Bayern ficar em branco em Lisboa...), é impossível não ficarmos orgulhosos com a exibição que produzimos. Para o que muita gente desejava e outra (incluindo eu) estava à espera, não só não tivemos uma derrota pesada, como poderíamos até ter marcado um golo (e quiçá empatado o jogo) e deixámos a eliminatória em aberto.

Na equipa inicial, começámos logo bem e aí mérito TOTAL para o Rui Vitória: ao contrário de outras equipas não há muito tempo, não nos apresentámos no Allianz Arena com quatro centrais e a equipa completamente descaracterizada. Não, jogámos com a mesma formação que goleou o Braga, com o Jonas e Mitroglou na frente. Se tivéssemos que ser derrotados, sê-lo-íamos de peito aberto e com a equipa habitual! Confesso que, com o golo do Vidal logo aos 2’, temi o pior. Uma troca atacante desposicionou a nossa equipa, o Lindelof deixou o Bernat centrar à vontade e o Vidal antecipou-se ao Eliseu, cabeceando sem hipóteses para o Ederson. Foi um lance parecido (até na altura do jogo) daquele que sofremos contra o Braga, mas felizmente neste a bola foi ao poste. Os primeiros minutos foram muito difíceis, porque a pressão alta do Bayern mal nos deixava passar do meio-campo, mas na nossa baliza o Ederson começava a dar nas vistas com uma segurança e rapidez impressionantes. A partir dos 20’, começámos a reagir com uma cabeçada ao lado do Mitroglou e também tivemos bons lances atacantes, com destaque para um mesmo em cima do intervalo, em que o Vidal cortou com a perna uma recarga de primeira do Gaitán que muito provavelmente iria na direcção da baliza. Claro está que, nesta fase da Champions e à semelhança de épocas anteriores, tivemos uma arbitragem que finge não ver uma mão clara na área a nosso favor nós: aos 29’, o Gaitán faz uma jogada pela esquerda, centra para a área e o Lahm em carrinho corta a bola com o braço. Penalty descarado que o polaco Szymon Marciniak não quis marcar (aliás, o segundo amarelo ao Fernando Torres numa altura em que o Barça perdia em casa com o Atlético Madrid – e depois ganhou 2-1, obviamente – denuncia de modo evidente a preferência da Uefa por quem seguirá para as meias-finais... Uma vergonha!).

Na 2ª parte, melhorámos substancialmente a nossa produção. O Bayern não foi tão pressionante (chegaram a ouvir-se assobios dos alemães à sua exibição) e nós estivemos muito perto do empate em duas ocasiões pelo Jonas: numa delas o Neuer defendeu para a frente e noutra foi o Javi Martinez a cortar com o peito, não tendo nem o Mitroglou nem o mesmo Jonas acertado bem na bola nas recargas. Estávamos no minuto 64 e foi o lance de maior perigo que tivemos. Uma pena! Do outro lado, claro que o Bayern também criou ocasiões, mas o Ederson defendeu bem com a perna um remate do Ribéry e bem perto do final um passe mal feito não permitiu que dois jogadores isolados conseguissem desfeitear o nosso guarda-redes.

É quase injusto referir um jogador em particular quando toda a equipa esteve muito bem, mas tem que ser dada uma palavra especial para o Ederson (não estou a ver o Júlio César conseguir regressar à equipa), para o Renato (impressionante a forma como um miúdo de 18 anos se impõe no meio-campo no Allianz Arena) e para o André Almeida (utilidade a toda a prova e conseguiu secar o Ribéry durante largos minutos). Os centrais Lindelof e Jardel estiveram globalmente bem, embora o sueco pudesse ter feito mais para impedir o centro à vontade no primeiro golo, e o Eliseu sentiu muitas dificuldades no início, mas depois lá se recompôs. No meio-campo, o Fejsa é fundamental para que não haja espaços livres perto da nossa área. O Pizzi voltou a começar mal e a subir de produção ao longo do tempo, e o Gaitán conseguiu dar um ar da sua graça. No ataque, o Mitroglou lutou imenso e o Jonas teve as melhores ocasiões, mas não conseguiu marcar. Infelizmente, viu um amarelo que o vai impedir de alinhar na 2ª mão (tirar a camisola - no golo frente ao Zenit - tem os seus custos mais à frente!). Quem entrou (Jiménez, Salvio e Samaris) também não destoou.

Num estádio em que muito boa equipa é goleada (Arsenal, Roma, Barcelona, lagartada, CRAC), nós impusemo-nos e, apesar de derrotados, conseguimos o melhor resultado de sempre das quatro vezes que defrontámos o Bayern (tínhamos sofrido sempre quatro ou mais golos nas décadas de 70, 80 e 90). Apesar de eu achar que vai ser quase impossível passarmos, os alemães não podem vir fazer turismo à Luz, onde se deseja lotação esgotada que permita um apoio tão bom quanto os 5.000 benfiquistas que se fizeram ouvir durante largos minutos na Alemanha. Independentemente do que vier a suceder, já nada nos poderá tirar este orgulho de ver a nossa equipa bater-se de igual para igual com as melhores do mundo. Somos um grande clube!

VIVA O BENFICA!

terça-feira, abril 05, 2016

Emoldure-se

Eu sei que, em termos estratégicos para nós, era melhor que o CRAC não se afastasse muito da luta pelo segundo lugar, por conta do jogo que irá ter na antepenúltima jornada, mas é mais forte do que eu. É algo mesmo do âmago do ser. Quando as forças do Mal perdem em casa com o último classificado, que só tinha ganho três em 27 jogos e que, mesmo com esta vitória, está a oito pontos da linha de água, é impossível uma pessoa não se regozijar com um magnífico resultado destes.

Muito obrigado, Tondela! Muito obrigado, Petit! Sempre foste o maior!

segunda-feira, abril 04, 2016

Festival

Goleámos na passada 6ª feira o Braga por 5-1 e vamos manter-nos isolados na liderança do campeonato, independentemente do resultado da lagartada hoje em Belém. Esta era uma partida em que muitos apostavam que iríamos escorregar, mas a nossa resposta, apesar de termos tido sorte nalguns momentos, foi brilhante. Temos pena…!

Eu confesso que estava extremamente nervoso para este jogo. Não só por ser contra uma das melhores equipas do campeonato (o que foi comprovado durante os 90’), mas porque foi numa 6ª feira, três dias depois dos jogos das selecções. Estava especialmente preocupado com as viagens transatlânticas do Jonas. Felizmente, e ao contrário do que costuma suceder, ninguém se magoou na selecção e apresentámo-nos na máxima força (descontando as lesões prolongadas do Luisão e Júlio César). Perante um estádio com lotação esgotada (61.042 espectadores), tudo poderia ter começado muito mal, porque sofremos uma bola ao poste logo aos 30 segundos! Ainda antes dos 15’, o Rafa surgiu isolado, mas felizmente o chapéu saiu por cima. Ou seja, a sorte que tivemos em Braga de marcar dois golos ainda antes dos 15’ foi a sorte que tivemos na Luz de não os termos sofrido. Fomos manifestamente surpreendidos por esta entrada dos minhotos, mas aos 17’ o jogo virou: pressão alta do Benfica na saída de bola da grande-área do Braga, um defesa perde-a, um ressalto e sobra para o Mitroglou que de primeira a mete na baliza. Foi o delírio no estádio! A partir daqui, começámos nós a estar por cima e aos 37’ fizemos o segundo: mão na bola na área, depois de uma jogada brilhante do Renato Sanches, penalty e o Jonas a atirar para o lado direito, enganando completamente o Matheus que a esperava para o lado contrário (onde habitualmente o Jonas a coloca). Três minutos depois é que as fundações do estádio foram mesmo postas à prova, com o terceiro golo pelo Pizzi, num remate rasteiro de fora da área depois de uma assistência de costas(!) do Jonas. Fiquemos contentes por saber que a construção é sólida!

Para a 2ª parte, eu continuava com algum receio, porque poderíamos cair na tentação de relaxar por causa de Munique e um golo do Braga muito cedo voltaria a tornar o jogo algo aberto. Felizmente, nada disso aconteceu. Entrámos muitíssimo bem e tivemos mais que oportunidades para fazer o quarto golo logo de início, com um remate do Gaitán que embateu no… Mitroglou(!) e recarga do Eliseu ao lado, e um chapéu do Pizzi e depois recarga do Gaitán para duas óptimas defesa do Matheus. À passagem da hora de jogo, o Hassan atirou rasteiro ao poste. Foi a 5ª(!) bola nos ferros que sofremos do Braga este campeonato. Acho que é o que se chama “estrelinha de campeão”…! Aos 65’ entrou o Samaris para o lugar do Fejsa, substituição que só se justificava se o sérvio estivesse esgotado, porque a diferença fez-se logo sentir (o sérvio é muito melhor a suster o meio-campo contrário do que o grego). Aos 72’, ficou tudo mesmo decidido com uma boa abertura do Gaitán a isolar o Jonas, este a não ser nada egoísta e assistir o Mitroglou, que se ia atrapalhando a fintar um adversário, mas atirou com sucesso para a baliza. Três minutos depois lá voltámos a marcar um golo de livre directo (disseram-me que a última vez teria sido o Lima em Vila do Conde em 2013/14), obra do insuspeito Samaris! Até final, ainda deu para o Rui Vitória fazer experiências com a entrada do Nelson Semedo para o lugar do Jardel e foi o lateral-direito a fazer um penalty escusado já nos descontos que permitiu ao Pedro Santos (bom jogador) marcar o golo de honra do Braga que, a bem da verdade, era mais que merecido. No entanto, isto não me tira a irritação de ver, pela segunda jornada consecutiva na Luz, o adversário a marcar um golo na última jogada do encontro! Ao mesmo tempo, parece que a lagartada andava muito indignada por não haver um penalty contra nós há quase um ano (esquecem-se é que são a equipa que esteve quatro, q-u-a-t-r-o épocas sem ter visto um penalty contra…!! Hipócritas de m****!). Julgávamos que isto iria calá-los, mas não, continuam indignados por termos tido um penalty contra em tempo de descontos e com o jogo decidido. Enfim, de seres rastejantes espera-se tudo.

Foi uma vitória muito importante nesta fase da época, abrilhantada pelos números. Amanhã iremos jogar a Munique, sem nada a perder e tudo a ganhar. Aguardemos com serenidade o que irá acontecer, mantendo-nos sempre cientes que o fundamental será ganhar em Coimbra no próximo sábado.