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sexta-feira, fevereiro 26, 2021

Expectável

Perdemos na casa emprestada do Arsenal em Atenas (2-3) e fomos eliminados nos 16 avos de final da Liga Europa. É mais um objectivo desta temporada hedionda que fica pelo caminho numa fase precoce, mas tal não se deveu apenas a este jogo. Já lá iremos.
 
Voltámos a entrar em campo com os três centrais, tendo o Jesus alterado apenas o ataque em relação à primeira mão, com o Seferovic e Rafa desta feita a titular. O jogo começou equilibrado, embora connosco a demonstrar algum receio. Praticamente na primeira oportunidade que teve, o Arsenal marcou aos 21’ através do Aubameyang, que fugiu à marcação do Lucas Veríssimo e picou a bola sobre o Helton Leite. Nós respondemos já depois da meia-hora, com uma cabeçada do Vertonghen por cima num canto, num lance em que se fosse contra nós no campeonato português seria assinalado penalty, porque o belga foi agarrado pela camisola durante o tempo todo do salto. Aos 43’, aconteceu um milagre! Marcámos um golo de livre directo de pé direito (ou seja, sem ser pelo Grimaldo)! Falta indiscutível sobre o Weigl e o Diogo Gonçalves fez um golão, empatando o jogo e a eliminatória.
 
Na 2ª parte, a tendência do jogo manteve-se inalterada nos minutos iniciais, com as equipas a não quererem arriscar muito e o Jesus resolveu mexer relativamente mais cedo e a triplicar: Darwin, Everton e Gabriel para os lugares de Seferovic, Pizzi e Taarabt. Sem os dois jogadores que mais empecilham o nosso jogo a meio-campo, esperava um pouco mais de dinâmica na certeza de que um golo nosso colocaria o Arsenal em maus lençóis. E esse golo aconteceu aos 61’, com um pontapé longo do Helton Leite, um defesa adversário a falhar redondamente, a bola sobrar para o isolado Rafa, que fintou o guarda-redes e atirou para a baliza deserta. Foi o delírio e lembrei-me logo do Kulkov! A parte menos boa é que ainda faltava mais de meia-hora para o final e o Arsenal empatou pouco depois, aos 67’, num remate cruzado do Tierney, que passou pelo Everton como se este não estivesse lá e bateu o nosso guarda-redes. Ainda faltava bastante tempo para o final e nós felizmente lá nos lembrámos que havia uma baliza do outro lado, com um remate do Darwin a sair perigosamente ao lado. Pouco depois, ia-me dando uma coisa má quando o Gabriel não conseguiu fazer um passe relativamente fácil que isolaria o Rafa... O Jesus resolveu trocar o esgotado Grimaldo pelo Nuno Tavares (com o Cervi no banco...) e aos 87’ aconteceu o inevitável: centro da direita, perfeitamente à vontade, para a cabeçada vitoriosa do Aubameyang, que mais uma vez bateu o Lucas Veríssimo. Não foi aos 92’, mas andou lá perto... Até ao apito, ainda atirámos uma bola ao poste num livre para a área, mas o lance seria anulado por fora-de-jogo.
 
Em termos individuais, gostei novamente bastante do Weigl e o Rafa também esteve bastante activo, com a mais-valia de ter finalmente conseguido marcar um golo. O Diogo Gonçalves fez um golão, o que é sempre de realçar, e enquanto estávamos em desvantagem na eliminatória não se portou mal. O caso mudou de figura depois do 2-1 para nós, com os ingleses a atacarem preferencialmente pelo seu lado e não percebo porque é que o Jesus não colocou o Gilberto para fechar aquele lado. O Pizzi e o Taarabt continuam perfeitos desde que o objectivo seja jogar e tabelar para o lado e para trás, ou dar voltinhas e reter a bola... O Lucas Veríssimo não é mau jogador, mas fica ligado aos golos do Aubameyang. O Nuno Tavares tem de aprender rapidamente como é que se dificulta um adversário que quer fazer um centro...
 
Chegámos a sonhar, o que só torna esta eliminação ainda difícil de digerir. Logo a seguir ao nosso golo e durante grande parte da partida até final, cometemos o pecado capital de tentar ‘controlar o jogo’, algo que eu sempre abominei, porque nunca nos vi com capacidade para segurar um resultado. E isto já vem desde há vários anos. A máxima ‘a melhor defesa é o ataque’ é algo que deveria estar sempre no nosso ADN e, em especial, esta temporada, em que sofremos golos em catadupa. Não percebo como é que os nossos responsáveis, nomeadamente o treinador, não percebem isto! Nunca nos deveríamos ter remetido unicamente à defesa, porque se o Arsenal precisava de marcar dois golos era bem provável que o conseguisse. Como conseguiu. Mas o mal não esteve neste jogo: o Rangers eliminou o Antuérpia e no sorteio de hoje saiu-lhe o Slavia Praga. Se tivéssemos feito a nossa obrigação de ficar em primeiro num grupo em que éramos cabeças-de-série, teríamos possivelmente o caminho aberto para os quartos-de-final. Assim sendo, foi mais um objectivo da época a ir ao ar.

sexta-feira, fevereiro 19, 2021

Lisonjeiro

Empatámos, na casa emprestada de Roma, frente ao Arsenal (1-1) e estamos em desvantagem para a 2ª mão dos 16 avos de final da Liga Europa, na casa emprestada do Arsenal em Atenas. Perante o futebol que apresentámos e o que tentámos tirar deste jogo (claramente não perder), foi um óptimo resultado.
 
O Jesus voltou a inovar com os três centrais, promovendo a estreia absoluta do Lucas Veríssimo. No meio-campo, alinharam o Weigl, Pizzi e Taarabt, e, na frente, o Waldschmidt fez companhia ao Darwin. Os primeiros 30’ da 1ª parte foram um suplício, em que praticamente não passámos do meio-campo, fomos esmagados na posse de bola, mas, facto positivo, defendemos relativamente bem e o Arsenal só teve uma grande ocasião pelo Aubameyang, que atirou ao lado só com o Helton Leite pela frente. A partir da meia-hora, reequilibrámos um pouco, o Darwin teve um remate que poderia ter sido com mais força e tivemos a grande oportunidade mesmo em cima do intervalo, quando o Grimaldo roubou bem uma bola à saída da grande-área adversária, mas depois centrou pessimamente e a bola foi cortada para canto.
 
Na 2ª parte, a tendência do jogo não foi tão vincadamente inglesa, embora continuassem a ser do Arsenal as melhores (poucas) oportunidades. O Rafa (que ficou no banco certamente para poder ver o resumo alargado do Arsenal – Benfica de 1991, que infelizmente ainda não teve oportunidade de ver nos cinco anos que leva de Benfica...!) entrou para o lugar do muito apagado Waldschmidt e as coisas melhoraram um bocado. Aos 55’, como não estávamos num jogo do campeonato nacional, uma clara mão na bola na área do Arsenal deu penalty a nosso favor (como me relembrou o D’Arcy, temos 4 penalty em 7 jogos na Liga Europa contra 0 em 19 na nossa Liga...!). O Pizzi não tremeu e, mesmo com aquele saltinho que me tira do sério, conseguiu desfeitear o guarda-redes Leno. No entanto, mal tivemos tempo de saborear a vantagem, porque o Arsenal igualou logo dois minutos depois através do Saka com assistência do Cédric, num lance em que beneficiou de alguma sorte num corte de um jogador nosso que fez a bola bater noutro jogador nosso(!) e ressaltar para o adversário. O Everton entrou por volta dos 65’ e teve um remate bastante perigoso, com a bola a rasar o poste, mas já antes, do outro lado, felizmente o Aubameyang não estava nos seus dias e teve mais uma ocasião em que atirou ao lado em boa posição. Até final, as equipas conseguiram anular-se mutuamente e pareceram satisfeitas com o resultado.
 
Em termos individuais, toda a defesa esteve bem com menção especial para o Lucas Veríssimo, que teve uma estreia promissora perante um adversário difícil. Gostei igualmente do Diogo Gonçalves sobre a direita, que vem evoluindo de jogo para jogo. Perante um adversário de outro calibre (apesar de estar em 10º na Premier League), confirma-se que o Weigl é um dos poucos jogadores de categoria internacional do nosso plantel, que aguenta o embate com eles. Continua a substituí-lo frequentemente, Jesus, não te esqueças...! O Pizzi esteve fraco e o Taarabt inenarrável, como quase sempre.
 
Deixo para o final algo que me esfrangalhou os nervos durante praticamente o jogo todo, mas em especial na 2ª parte: eu até compreendo a táctica mais cautelosa, com menor pendor ofensivo, etc. e tal, agora, por favor, alguém me explique PORQUE RAIO DE CARGA DE ÁGUA é que nós sucessivamente desacelerávamos no ataque, até quando tínhamos praticamente igualmente numérica? A sério, porque é que chegávamos em relativa boa posição ao meio-campo adversário e inevitavelmente travávamos a corrida, pisávamos a bola e voltávamos para trás? É que não aconteceu só uma ou duas vezes. Deve certamente haver uma boa explicação para tanta falta de ambição. Digo eu. Obrigado pela atenção.

sábado, dezembro 12, 2020

Desesperante

Empatámos em Liège frente ao Standard na passada 5ª feira (2-2) e ficámos em 2º lugar no nosso grupo da Liga Europa. Na realidade (para citar a frase preferida do seleccionador nacional), mesmo que tivéssemos ganho não teria servido de nada, dado que o Rangers ganhou na Polónia ao Lech Poznan (2-0) e tinha vantagem no confronto directo connosco.
 
Com o apuramento já decidido, o Jesus fez algumas alterações na equipa, mas até nem entrámos mal, como Everton muito mexido na esquerda, embora com o eonorme pecado de ter atirado para as nuvens já na área, quando estava em óptima posição. Do outro lado, a primeira vez que o Standard foi à nossa baliza marcou: aos 12’ o Raskin, que tem para aí metade da altura do Jardel, ganhou-lhe de cabeça(!) e atirou sem hipóteses para o Helton Leite. Reagimos bem e restabelecemos a igualdade aos 16’, numa boa combinação entre o Pedrinho e o Taarabt, com este a cruzar para a área à saída do guarda-redes e o Everton a atirar de cabeça de cima para baixo para dentro da baliza. Até ao intervalo, ambas as equipas foram tentando o golo, com o Benfica a começar a desesperar-me com últimos passes invariavelmente mal feitos ou feitos para o jogador que não estava em melhor posição. Quando as coisas saíam bem, o guarda-redes Bodart começou a dar nas vistas para se tornar o melhor em campo.
 
A 2ª parte continuou na mesma onda, apesar de o Standard ter equilibrado a posse de bola. Aos 59’, a enésima má decisão do Taarabt a meio-campo resultou num contra-ataque que acabou no fundo da nossa baliza: o Tapsoba deve ter corrido uns bons 30 metros sem ninguém o importunar e rematou de fora da área para a bola ainda sofrer um desvio no Vertonghen. Apesar da mudança de trajectória, o Helton Leite deveria ter feito bem melhor, dado que a bola acabou por entrar numa zona muito central da baliza. Como o Rangers já ganhava na Polónia, as nossas hipóteses de ficar em primeiro lugar diminuíam exponencialmente. Mesmo assim, o Jesus começou a colocar a artilharia pesada (Pizzi e Rafa) e chegámos novamente à igualdade com um pseudo-penalty sobre o João Ferreira, que não desdenharia ao CRAC nos saudosos anos 90: não há puxão absolutamente nenhum sobre o lateral-direito, que se deixou cair assim que sentiu a mão do adversário. O Pizzi marcou o penalty com o saltinho ridículo antes de rematar (típico do Bruno Fernandes) que me irrita profundamente, porque basta o guarda-redes adivinhar o lado para defender a bola sem dificuldade, dado que ela vai com pouquíssima força. Ainda entraram o Gabriel, Seferovic e Cervi, este para defesa-esquerdo, mas não conseguimos marcar mais nenhum golo. Já na compensação, houve um lance que se tivesse sido na nossa baliza daria certamente golo, mas, como foi na dos belgas, a excelente recepção e não menos fantástico remate do Pizzi de pé esquerdo foi esbarrar no poste.
 
Em termos individuais, não houve assim nenhum jogador que se destacasse muito. O Everton acabou por fazer uma exibição mais bem conseguida do que as últimas e o Pizzi entrou bem. Ao invés, o Waldschmidt atravessa um período de menor fulgor e pareceu contagiado pelo Taarabt nas más decisões no último passe. Falando em Taarabt, na 2ª parte houve um lance paradigmático quando ele, com dois colegas sozinhos na direita, resolveu tentar isolar o Darwin no meio, mas a bola acabou interceptada por um defesa... Dos que jogam menos, ninguém aproveitou a oportunidade, com o Nuno Tavares a confirmar cada vez mais que, se for o futuro lateral-esquerdo da selecção, esta estará mesmo muito mal e o Helton Leite a dar novamente a sensação de que poderia fazer mais nos golos sofridos.
 
Tendo o objectivo da Champions no início da temporada, era só o que mais faltava não conseguirmos o apuramento na fase de grupos da Liga Europa! No entanto, apesar de sermos cabeças-de-série, fizemos apenas os serviços mínimos e ficámos em segundo lugar. Portanto, na próxima 2ª feira, em vez do Young Boys, Slavia Praga, Molde, Maccabi Tel-Aviv ou Antuérpia, pode calhar-nos o Milan, Arsenal, Manchester United, Nápoles ou Tottenham... Enfim, mas não deve haver problemas nenhum, até porque estamos a “jogar o triplo” e “vamos arrasar”...

sexta-feira, dezembro 04, 2020

Goleada

Vencemos o Lech Poznan na Luz por 4-0 e, a uma jornada do fim, qualificámo-nos para a fase a eliminar da Liga Europa. Foi um triunfo sem espinhas, perante um adversário muito fraco que não só está em 9º lugar no respectivo campeonato, como ainda se apresentou sem alguns titulares.
 
Ao invés, nós apresentámos a melhor equipa, reforçada com o regresso do Darwin depois da Covid-19. No entanto, os primeiros minutos foram de domínio dos polacos, embora sem criarem oportunidades de golo. O avançado deles levou um cartão amarelo logo aos 2’, facto que seria impossível numa competição portuguesa, em que não só ninguém leva amarelo sem que os árbitros abram os braços primeiro a sinalizar “é a última vez que fazes isso”, como a maior parte das vezes nos nossos jogos é um jogador do Benfica a levar o primeiro... Adiante. Nós estávamos a deixar correr um pouco o marfim, quando o Darwin amorteceu para o Pizzi proporcionar uma boa defesa ao guarda-redes, com o uruguaio a falhar inacreditavelmente a recarga. Até que aos 36’, inaugurámos o marcador, num canto do Pizzi para a cabeça do Vertonghen, que assim se estreou a marcar com a gloriosa camisola. Curiosamente, marcámos num canto quando ele foi batido directamente para a área. Ele há com cada coincidência...
 
A 2ª parte foi bem melhor, com os polacos a serem remetidos para o seu meio-campo durante praticamente todo o tempo. Começámos logo com uma oportunidade do Pizzi, que resolveu rematar contra um defesa em vez de abrir para o lado para o Rafa, que estava praticamente isolado. O Jesus preparava-se para refrescar a equipa, quando resolvemos a partida em dois minutos: aos 57’, nova assistência do Pizzi para o Darwin não falhar, e aos 58’ foi mesmo o Pizzi a marcar, com um remate rasteiro de pé esquerdo vindo do lado direito. Logo a seguir, foram ambos para o merecido descanso, juntamente com o Chiquinho, entrando o Waldscmidt, Seferovic e o regressado Weigl. O suíço ainda conseguiu falhar um golo completamente isolado, mas a um minuto do final o Weigl, com um óptimo remate rasteiro de fora da área, fechou o marcador.
 
Em termos individuais, com um golo e duas assistências o Pizzi foi obviamente o melhor em campo. Exaspera qualquer um com os passes para o lado e para trás, com emperrar muitas vezes o jogo, mas depois está nos três primeiros golos e uma pessoa vai dizer o quê...? Também gostei do regresso do Darwin e o facto de ter marcado pode ser muito importante para retomar a confiança. Falando em regressos da Covid-19, saúda-se igualmente o do Weigl e também com um golo. Espero que sirva para entrar de vez na equipa, porque é um jogador que nunca trava a bola e dá enorme fluidez ao nosso jogo. Entre um jogador que corra muito e outro que faça a bola correr, prefiro de longe este último. O não-aproveitamento do Weigl é um dos grandes pecados do Benfica actual. Por fim, gostaria de dizer que ou eu estou muito gagá (o que pode ser) ou o Gilberto está longe, muito longe de ser o pior lateral-direito da nossa história. Vejo toda a gente a cascarimenso nele, mas sinceramente acho que é exagerado. Não é nenhum Nélson Semedo, mas parece-me que as pessoas se esqueceram que tivemos um Douglas, um Corchia ou um Pedro Pereira não há muito tempo... O Gilberto tem algumas lacunas a defender, mas no ataque não se esconde no jogo e de vez em quando tem alguma criatividade a resolver as situações. Não me parece de todo que joguemos com menos um quando ele está em campo. (Agora se, para fazer o que ele faz, valeu em pena ele ter vindo e ter deixado sair o Tomás Tavares, isso já é outra história...)
 
Na última jornada, decidir-se-á quem fica em primeiro lugar no grupo. O Standard Liège ainda esteve a vencer por duas vezes na Escócia, mas no final foi o Rangers que prevaleceu. Assim sendo, teremos de fazer melhor resultado do que eles na 6ª jornada, mas era muito conveniente que ficássemos à frente no grupo para sermos cabeças-de-série no sorteio.

sexta-feira, novembro 27, 2020

Recuperação – parte II

Empatámos em Glasgow (2-2) frente ao Rangers e mantemo-nos em igualdade pontual com eles na frente do grupo da Liga Europa, embora com desvantagem no confronto directo por via dos golos marcados fora nos dois jogos. Por outro lado, aumentámos a vantagem para cinco pontos perante o Lech Poznan e o Standard Liège. Dado que aos 77’ estávamos a perder por 0-2, o resultado acaba por ser positivo, à semelhança do jogo na Luz.
 
O Jesus surpreendeu ao dar a titularidade ao Helton Leite na baliza e ao Chiquinho no meio-campo, mas o facto de estarmos com o Weigl, Taarabt e Darwin com covid-19 cria naturalmente dificuldades adicionais na constituição da equipa. À semelhança das partidas anteriores, fizemos uma exibição paupérrima na maior parte do tempo. Sofremos um golo logo aos 7’ pelo Scott Artfield na recarga a uma excelente defesa do Helton Leite e uma bola à barra! Tivemos sempre imensas dificuldades em criar perigo, ou porque o Everton rematava muito por cima em boa posição, ou porque o Seferovic não chegava de cabeça a um bom centro, ou porque uma boa movimentação do Rafa acabava com um remate interceptado por um defesa.
 
A 2ª parte até começou com uma boa oportunidade pelo Waldschmidt, mas a bola saiu ao lado, só que depois continuámos com o enorme problema em entrar na área contrária. E, como não temos ninguém que saiba rematar decentemente de fora da área, a questão era saber quando é que o Rangers marcava o segundo, mesmo sem ter também muitas oportunidades. Fê-lo aos 69’ pelo Roofe num remate de fora da área (lá está, dá jeito ter alguém que o saiba fazer...), depois de ter tido muito pouca oposição da nossa parte (o Vertonghen encolheu-se inclusive na altura do remate!). Caso houvesse VAR nesta competição arriscávamo-nos mesmo a estar já a perder por 0-3, dado que o Vertonghen desviou com a mão um centro da direita. O Jesus foi fazendo alterações e foi o Gonçalo Ramos a ter intervenção directa no 1-2 aos 78’, um autogolo do Tavernier, depois de um remate do nº 88 ter sido defendido pelo guarda-redes e ter ressaltado nele para dentro da baliza. Esse remate do Gonçalo Ramos foi uma recarga a um falhanço enorme do Seferovic, que se encontrava em boa posição. Estávamos por cima dos escoceses, mas mesmo assim poderíamos ter sofrido a machadada final pouco depois, quando um remate defendido pelo Helton Leite subiu na vertical e bateu na barra na descida. Mas lá fizemos a igualdade aos 81’, na nossa melhor jogada entre o Rafa, Gonçalo Ramos e Pizzi, com este a rematar forte de pé esquerdo já na área. Até final, ainda deu para um remate de recarga do Gabriel que saiu ligeiramente por cima.
 
Em termos individuais, não é fácil destacar muita gente, dado que durante a maior parte do tempo jogámos muito pouco. Só com as substituições as coisas melhoraram um pouco e, por isso, mérito para o Pizzi e Gonçalo Ramos, principalmente. Quanto aos ‘menos’, há muitos candidatos, com o Gabriel à cabeça (perdi a conta aos passes errados e perdas de bola), o Waldschmidt esteve igualmente muito longe dos seus dias e o Vertonghen está em ambos os lances de golo sofridos (salta mal na bola à barra no primeiro) e encolhe-se no segundo. O Helton Leite fez duas boas defesas, mas tem de aprender a não as fazer para cima, porque assim a bola vai cair na mesma posição da qual saiu.
 
Só um cataclismo fará com que não consigamos pelo menos um ponto nos dois jogos que faltam. No entanto, seria muito importante ficarmos em primeiro lugar, por causa da vantagem no sorteio dos 1/16 avos de final, mas para isso já dependemos de outros para tirarem pontos ao Rangers.

sexta-feira, novembro 06, 2020

Recuperação

Empatámos ontem com o Rangers na Luz (3-3) e mantivemos o 1º lugar do nosso grupo na Liga Europa, ex-aequo com eles. Dado que tivemos um jogador expulso aos 19’ e que aos 76’ estávamos a perder por 1-3, foi um excelente resultado.
 

Depois do descalabro do Bessa, o Jesus fez descansar os dois da frente, fazendo entrar o Seferovic e deslocando o Pizzi para as suas costas, com o Rafa a entrar na equipa do lado direito. No meio-campo, também alinhou o Weigl em vez do Gabriel, com o Diogo Gonçalves a repetir a lateral-direita. Não podíamos ter tido melhor entrada, com o primeiro golo a acontecer logo no minuto inicial, numa arrancada do Rafa na direita e centro para a pequena-área, onde o central Goldson fez autogolo. Estávamos a demonstrar alguma dinâmica para afastar os fantasmas do Bessa, quando o Otamendi foi expulso aos 19’, por pretensa falta sobre um jogador isolado. Na repetição, não dá para ver o toque, mas o lance foi muito rápido e tudo bem. Entrou o Jardel, saindo o Pizzi, mas desconcentrámo-nos completamente nos minutos seguintes, com o Rangers a virar o resultado em apenas dois minutos: autogolo do Diogo Gonçalves, que colocou pessimamente o pé à bola (24’), e um remate de fora da área sem oposição do Kamara (25’). Até ao intervalo, conseguimos minimizar mais danos, apesar do Rangers ter estado muito perto do terceiro golo.
 
Não marcou mais golos na primeira, mas marcou logo no início da 2ª parte. O Jesus substituiu os laterais, entrando o Gilberto e Grimaldo (bem-vindo de volta!), mas de nada resultou, porque o Rangers fez o 1-3 aos 51’, numa jogada em que a nossa defesa esteve completamente a dormir e o Morelos só teve de encostar num centro da direita. A perder por dois e com menos um, o jogo estava perdido, certo? Por isso mesmo, não percebi a lógica da entrada do Waldschmidt e Darwin. Ir-se-ia cansá-los para quê? Demonstrando que eu percebo muito disto, o uruguaio foi absolutamente decisivo, ao fazer uma excelente jogada de insistência aos 77’ e oferecer o golo ao Rafa. De repente, nascia uma réstia de esperança, que se efetivou no primeiro minuto de compensação, numa abertura fenomenal do Waldschmidt a isolar o Darwin e este a desfeitear o guarda-redes. O estádio viria abaixo, certamente, se não estivéssemos em tempos de pandemia. Que pena!
 
O destaque individual vai obviamente para o Darwin. Confesso que estranhei o valor que pagámos por ele, mas já não há dúvidas que temos ali uma pérola. Que espero que valha vários títulos antes de valer milhões. O Waldschmidt foi igualmente decisivo na reviravolta e o Rafa terá sido o jogador mais consistente nos 90’. Quanto aos outros, estiveram sofríveis, com destaque negativo para a forma como (não) defendemos, ao deixar o Rangers entrar com relativo à-vontade na nossa defesa durante grande parte do jogo.
 
Estamos numa boa posição na Liga Europa, mas domingo teremos um jogo muito difícil frente ao Braga na Luz, em que a condição física de ambas as equipa não será a melhor. Espero obviamente uma vitória, mas lamento profundamente que esta pandemia não nos deixe dar um enorme aplaudo ao Gaitán, quando ele for substituído ou entrar a substituir alguém. Seria um momento muito merecido a um dos grandes nomes que tivemos o privilégio de ver vestido com nossa camisola nos últimos anos.

sexta-feira, outubro 30, 2020

Superioridade (e rescaldo eleitoral)

Vencemos ontem o Standard Liège por 3-0 e estamos na liderança do nosso grupo na Liga Europa com seis pontos, na companhia do Rangers, no final da 2ª jornada. Foi uma vitória indiscutível perante uma equipa que se limitou a defender e fê-lo bem, dado que não tivemos assim tantas oportunidades de golo.

 

Comecemos pelo mais importante e que torna este jogo memorável: ao fim de sete meses e 27 dias, pudemos finalmente regressar à Luz para ver um jogo! Desde 2001 que eu não estava tanto tempo sem ver o Benfica ao vivo! Foi uma emoção enorme poder voltar e, ainda por cima, consegui bilhete para o meu lugar no estádio. Para além disto, uma vitória por 3-0 com uma exibição segura foi a cereja no topo do bolo.

 

O Jesus fez algumas alterações em relação ao Belenenses SAD, com a maior novidade a ser o Diogo Gonçalves a defesa-direito. Embalada pelo público, que passou boa parte do jogo a cantar e aplaudir (as saudades eram incríveis), a equipa começou muito pressionante e a tentar furar a bem fechada defensiva contrária. Mas como os belgas estavam invariavelmente com os 11 jogadores no seu meio-campo, tivemos dificuldades em arranjar espaço, de tal forma que só perto do intervalo o Pizzi, numa recarga de fora da área sem o guarda-redes na baliza, teve a única oportunidade flagrante para marcar.

 

A 2ª parte começou com o Rafa no lugar do inconsequente Pedrinho (ainda está muito verde...) e passámos a jogar com bastante mais velocidade. Aos 49’ fizemos o 1-0 através do Pizzi de penalty, depois de uma falta sobre o Waldschmidt. Logo a seguir, foi o Rafa a falhar o desvio a um cruzamento do alemão e o Standard Liège teve a sua única oportunidade de golo num canto, mas o Vlachodimos defendeu bem (não se percebe, todavia, é como é que num canto dois jogadores adversários ficaram sozinhos na nossa área...). O jogo estava muito mais movimentado e o Darwin teve um remate perigoso ao lado, depois de assistência do Waldschmidt. Até que aos 66’ dissipámos todas as dúvidas, com novo penalty, desta feita, a punir falta sobre o Nuno Tavares, com o Pizzi a deixar o Waldschmidt marcar, o que este fez com um remate colocadíssimo ao ângulo superior direito da baliza. A partir daqui, ambas as equipas começaram a fazer gestão de esforço com as substituições e o resultado final foi feito aos 76’ num bis do Pizzi com um remate em arco que desviou ligeiramente num defesa e não deu hipóteses ao guarda-redes. Até final, ainda vimos a estreia do Gonçalo Ramos na Luz, mas já não teve tempo para nada de relevante.

 

Em termos individuais, destaque para o Pizzi com dois golos, para o Gabriel que permite que a equipa jogue bastante adiantada, pois é quase um muro a meio-campo (embora às vezes se ponha a fintar em local perigoso...) e para o Nuno Tavares que está a ganhar confiança, agora que sabe que será titular nos próximos jogos por causa da lesão do Grimaldo. O Darwin desta vez não marcou, mas não pára quieto o jogo todo e o Waldschmidt também não engana de bom jogador que é. Quanto ao Diogo Gonçalves, depois de uma 1ª parte mais cautelosa, libertou-se na 2ª e pode ser que tenhamos ali uma opção muito válida para fazer o corredor direito.

 

Estamos bem lançados para passar a fase de grupos, mas convém termos noção da importância de ficar em primeiro lugar para evitar adversários teoricamente mais fortes nos 1/16 avos de final. E, para isso, uma vitória para a semana frente ao Rangers na Luz será fundamental.

 

P.S. – Tivemos anteontem nas eleições uma imensa demonstração de benfiquismo. 38.102 pessoas foram votar, estilhaçando em 68%(!) o recorde anterior de eleições em clubes em Portugal, estabelecido por nós em 2012 com 22.676 votantes. Portanto, o grande vitorioso da noite é indiscutivelmente o Sport Lisboa e Benfica. Tal como era de esperar, o Luís Filipe Vieira ganhou com 62,59% dos votos (correspondentes a 22.787 votantes), o João Noronha Lopes teve 34,71% (14.337 votantes) e o Rui Gomes da Silva foi o grande derrotado da noite com apenas 1,64% (603 votantes). Houve ainda 375 sócios que votaram em branco (1,06%). A fila no estádio da Luz demorou umas boas três horas durante a maior parte do dia, o que prova bem a vitalidade do nosso clube, porque duvido que para qualquer outra eleição uma pessoa se dispusesse a perder tanto tempo só para fazer ouvir a sua voz.

 

Como tornei público no post anterior, não votei no Luís Filipe Vieira e preferia que tivesse ganho o João Noronha Lopes, mas a democracia não é só boa quando é a nosso favor. A vitória do actual presidente é incontestável, tanto mais que ganhou em toda a linha: em cada categoria de número de votos e em número de votantes. É certo que teve a mais baixa percentagem desde que é presidente, mais de 1/3 dos votantes preferiam que ele não tivesse continuado (algo que certamente há apenas seis meses estaria longe de lhe passar pela cabeça), mas a maioria dos benfiquistas assim o decidiu e está decidido. Resta-me esperar que este último (tal como ele prometeu) mandato seja pleno de conquistas desportivas. É bom que um dos mais importantes presidentes da história do Benfica saia na mó de cima. Desejo igualmente que daqui a quatro anos, quando voltar a haver eleições, possa haver aquilo que não tem havido desde 2001: debates entre todos os candidatos e cobertura noticiosa da campanha eleitoral de todas as listas por parte dos órgãos de informação do clube. A democracia, tal como se viu pela participação massiva nestas eleições, é muito apreciada por todos nós. E a democracia é mais plena, quando há informação e troca de ideias.


Viva o BENFICA!

sexta-feira, outubro 23, 2020

Instável

Vencemos o Lech Poznan na Polónia por 4-2 e começámos da melhor maneira a fase de grupo das Liga Europa. Somos claramente melhor equipa do que os polacos e a vitória é justa, apesar de os números não reflectirem as dificuldades por que passámos.
 
Especulava-se que iria haver algumas alterações na equipa, mas em relação a Vila do Conde acabou só por entrar o Taarabt, regressado de lesão, e sair o Rafa, tendo o Pizzi ido para a direita. Entrámos muito bem no jogo e inaugurámos o marcador logo aos 9’ num penalty do Pizzi a castigar mão na bola na área, depois de um centro do Waldschmidt. Pensei que íamos embalar para uma exibição semelhante à do Rio Ave, mas sofremos o empate pouco depois, aos 15’, através do Ishak numa jogada em que a nossa defesa foi apanhada em contrapé (e não seria a única vez...). Os polacos poderiam inclusive ter passado para a frente do marcador, mas o remate foi à barra depois de um canto. Nós tínhamos mais posse de bola, mas não criámos grandes oportunidades de golo, porque o último passe estava a custar a entrar. Também a nossa defesa estava longe de ser uma muralha e os polacos conseguiram ultrapassá-la com relativo à-vontade no nosso meio-campo. Perto do intervalo, aos 42’, passámos novamente para a frente na estreia do Darwin a marcar, com uma cabeçada portentosa a um bom centro do Gilberto na direita. Até ao intervalo, o Everton teve um lance em que ficaríamos em superioridade numérica, mas infelizmente adiantou muito a bola e o defesa interceptou-a.
 
A 2ª parte poderia ter começado com o nosso golo da tranquilidade, mas o remate do Waldschmidt foi salvo quase sobre a linha. Ao invés, foram os polacos a igualar outra vez a partida aos 48’, novamente pelo Ishak, numa recarga de cabeça a um remate defendido pelo Vlachodimos, noutro lance em que o adversário entrou sem dificuldades na nossa área. Felizmente, o Darwin estava com a corda toda e, numa excelente jogada individual, tirou um defesa do caminho e fez o 2-3 aos 60’, depois de assistência do Everton. O Jesus tentou solidificar a equipa e fez entrar o Weigl, o Pedrinho e, pouco depois, o Nuno Tavares (o Rafa já tinha entrado ao intervalo). Se, num primeiro momento, até conseguimos manter-nos por cima do jogo, com alguns remates interceptados, o que é certo é que por volta dos 70’ sentimos uma enorme pressão do Lech Poznan, de tal forma que o Jesus teve de fazer entrar o Jardel já perto do fim. Ainda apanhámos mais do que um susto, mas acabámos por selar a vitória já nos descontos (93’) no hat-trick do Darwin depois de uma boa combinação atacante na direita, que terminou num centro do Rafa para o uruguaio só ter de encostar de cabeça.
 
Em termos individuais, óbvio destaque para o Darwin que quebrou a malapata dos golos e logo em grande estilo a triplicar. Quanto aos outros, ninguém mais sobressaiu, com o Gilberto a evidenciar o que já tínhamos percebido (é muito melhor a atacar do que a defender), o Waldschmidt a estar uns furos abaixo de Vila do Conde, o Pizzi a continuar a muito fora dela e o Everton a não conseguir ainda fazer uma exibição de encher o olho, o que é pena, porque a qualidade é indiscutível.
 
O que fica para o futuro é o que interessa mais, o resultado, mas a maneira como (não) defendemos não pode deixar de nos preocupar, porque se dá para o campeonato português, na Europa torna-se manifestamente insuficiente. Mesmo perante equipas europeias de segunda linha como é o Lech Poznan.
 
P.S. – O Jorge Jesus pode ter lá as suas teorias todas sobre os capitães das suas equipas, mas no Sport Lisboa e Benfica um jogador não pode ser capitão no terceiro jogo feito no clube. NÃO pode ponto final! Seja ele quem for e tenha passado pelos clubes por que passou. A questão nem é essa (mas está longe de ajudar, claro). Com Vlachodimos, Rafa e Gabriel em campo, é incompreensível que a braçadeira tenha passado para o Otamendi aquando da saída do Pizzi ao intervalo. Isto é o Sport Lisboa e Benfica! Que já foi capitaneado por nomes como Coluna, Humberto Coelho, Nené e Bento. Um pouco de noção, por favor. Obrigado.