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sexta-feira, outubro 30, 2020

Superioridade (e rescaldo eleitoral)

Vencemos ontem o Standard Liège por 3-0 e estamos na liderança do nosso grupo na Liga Europa com seis pontos, na companhia do Rangers, no final da 2ª jornada. Foi uma vitória indiscutível perante uma equipa que se limitou a defender e fê-lo bem, dado que não tivemos assim tantas oportunidades de golo.

 

Comecemos pelo mais importante e que torna este jogo memorável: ao fim de sete meses e 27 dias, pudemos finalmente regressar à Luz para ver um jogo! Desde 2001 que eu não estava tanto tempo sem ver o Benfica ao vivo! Foi uma emoção enorme poder voltar e, ainda por cima, consegui bilhete para o meu lugar no estádio. Para além disto, uma vitória por 3-0 com uma exibição segura foi a cereja no topo do bolo.

 

O Jesus fez algumas alterações em relação ao Belenenses SAD, com a maior novidade a ser o Diogo Gonçalves a defesa-direito. Embalada pelo público, que passou boa parte do jogo a cantar e aplaudir (as saudades eram incríveis), a equipa começou muito pressionante e a tentar furar a bem fechada defensiva contrária. Mas como os belgas estavam invariavelmente com os 11 jogadores no seu meio-campo, tivemos dificuldades em arranjar espaço, de tal forma que só perto do intervalo o Pizzi, numa recarga de fora da área sem o guarda-redes na baliza, teve a única oportunidade flagrante para marcar.

 

A 2ª parte começou com o Rafa no lugar do inconsequente Pedrinho (ainda está muito verde...) e passámos a jogar com bastante mais velocidade. Aos 49’ fizemos o 1-0 através do Pizzi de penalty, depois de uma falta sobre o Waldschmidt. Logo a seguir, foi o Rafa a falhar o desvio a um cruzamento do alemão e o Standard Liège teve a sua única oportunidade de golo num canto, mas o Vlachodimos defendeu bem (não se percebe, todavia, é como é que num canto dois jogadores adversários ficaram sozinhos na nossa área...). O jogo estava muito mais movimentado e o Darwin teve um remate perigoso ao lado, depois de assistência do Waldschmidt. Até que aos 66’ dissipámos todas as dúvidas, com novo penalty, desta feita, a punir falta sobre o Nuno Tavares, com o Pizzi a deixar o Waldschmidt marcar, o que este fez com um remate colocadíssimo ao ângulo superior direito da baliza. A partir daqui, ambas as equipas começaram a fazer gestão de esforço com as substituições e o resultado final foi feito aos 76’ num bis do Pizzi com um remate em arco que desviou ligeiramente num defesa e não deu hipóteses ao guarda-redes. Até final, ainda vimos a estreia do Gonçalo Ramos na Luz, mas já não teve tempo para nada de relevante.

 

Em termos individuais, destaque para o Pizzi com dois golos, para o Gabriel que permite que a equipa jogue bastante adiantada, pois é quase um muro a meio-campo (embora às vezes se ponha a fintar em local perigoso...) e para o Nuno Tavares que está a ganhar confiança, agora que sabe que será titular nos próximos jogos por causa da lesão do Grimaldo. O Darwin desta vez não marcou, mas não pára quieto o jogo todo e o Waldschmidt também não engana de bom jogador que é. Quanto ao Diogo Gonçalves, depois de uma 1ª parte mais cautelosa, libertou-se na 2ª e pode ser que tenhamos ali uma opção muito válida para fazer o corredor direito.

 

Estamos bem lançados para passar a fase de grupos, mas convém termos noção da importância de ficar em primeiro lugar para evitar adversários teoricamente mais fortes nos 1/16 avos de final. E, para isso, uma vitória para a semana frente ao Rangers na Luz será fundamental.

 

P.S. – Tivemos anteontem nas eleições uma imensa demonstração de benfiquismo. 38.102 pessoas foram votar, estilhaçando em 68%(!) o recorde anterior de eleições em clubes em Portugal, estabelecido por nós em 2012 com 22.676 votantes. Portanto, o grande vitorioso da noite é indiscutivelmente o Sport Lisboa e Benfica. Tal como era de esperar, o Luís Filipe Vieira ganhou com 62,59% dos votos (correspondentes a 22.787 votantes), o João Noronha Lopes teve 34,71% (14.337 votantes) e o Rui Gomes da Silva foi o grande derrotado da noite com apenas 1,64% (603 votantes). Houve ainda 375 sócios que votaram em branco (1,06%). A fila no estádio da Luz demorou umas boas três horas durante a maior parte do dia, o que prova bem a vitalidade do nosso clube, porque duvido que para qualquer outra eleição uma pessoa se dispusesse a perder tanto tempo só para fazer ouvir a sua voz.

 

Como tornei público no post anterior, não votei no Luís Filipe Vieira e preferia que tivesse ganho o João Noronha Lopes, mas a democracia não é só boa quando é a nosso favor. A vitória do actual presidente é incontestável, tanto mais que ganhou em toda a linha: em cada categoria de número de votos e em número de votantes. É certo que teve a mais baixa percentagem desde que é presidente, mais de 1/3 dos votantes preferiam que ele não tivesse continuado (algo que certamente há apenas seis meses estaria longe de lhe passar pela cabeça), mas a maioria dos benfiquistas assim o decidiu e está decidido. Resta-me esperar que este último (tal como ele prometeu) mandato seja pleno de conquistas desportivas. É bom que um dos mais importantes presidentes da história do Benfica saia na mó de cima. Desejo igualmente que daqui a quatro anos, quando voltar a haver eleições, possa haver aquilo que não tem havido desde 2001: debates entre todos os candidatos e cobertura noticiosa da campanha eleitoral de todas as listas por parte dos órgãos de informação do clube. A democracia, tal como se viu pela participação massiva nestas eleições, é muito apreciada por todos nós. E a democracia é mais plena, quando há informação e troca de ideias.


Viva o BENFICA!

terça-feira, outubro 27, 2020

Eleições do Benfica – Os meus 50 votos

Por respeito a quem tem a pachorra de me ler e em nome da transparência, aqui vai o que eu tenho a dizer sobre as eleições para os órgãos sociais do Sport Lisboa e Benfica, que decorrerão amanhã. Peço antecipadamente desculpa por o texto ser longo, mas a ocasião é muito importante. Quem só quiser saber o final, está três parágrafos abaixo.

Em primeiro lugar, quero deixar bem explícito que o actual presidente, Luís Filipe Vieira, já tem o seu nome gravado na história do nosso clube. E não é de agora, é de há muito tempo. Portanto, qualquer que seja o resultado de amanhã, isso não sairá minimamente beliscado. Novo estádio + Seixal + recuperação financeira + tetracampeonato são razões mais do que suficientes para que ele seja um dos mais importantes presidentes da história do Sport Lisboa e Benfica.
 
Em segundo lugar, quero tornar bem claro que, das cinco eleições em que ele se candidatou até agora, votei nele em quatro delas e abstive-me em 2009, por causa disto (foi uma questão formal, mas não pude de todo ser conivente com aquele tipo de procedimentos).
 
Em terceiro lugar, quero dizer que desta vez os meus 50 votos vão para João Noronha Lopes. E passarei a explicar porquê, começando pelas razões por que não voto em Luís Filipe Vieira.
 
1) As eleições servem para avaliar o trabalho que foi feito desde o último acto eleitoral e as propostas para o futuro. Não servem para demonstrações de gratidão, nem para avaliar a obra dos últimos 17 anos. E, nestes últimos quatro anos, este mandato poderia ter sido bastante melhor. Fomos duas vezes campeões, mas falhámos um penta, por falta de investimento na equipa, e ainda estou à espera que me expliquem o que se passou na temporada passada, em que desbaratámos uma vantagem de sete(!) pontos na 2ª jornada da 2ª volta. Não houve até agora nenhuma palavra a explicar este descalabro, que culminou com aquela vergonha na final da Taça.
 
2) Não se pode criticar em Setembro do ano passado a hipotética vinda de “um demagogo qualquer que o que queria era investir para ter uma superequipa, mas se não resultasse aquilo caía num instante” e não se pode ter o CEO da SAD do clube a anunciar uma redução do investimento em finais de Junho passado, e depois gastar-se muito mais do que noutros anos. Como na época do penta, por exemplo. Eu prefiro que o presidente do Benfica invista para ganhar títulos e não para ganhar eleições. E, já agora, não se pode dizer que com ele determinado treinador jamais voltará ao clube e, passado apenas um ano, esse treinador estar de volta. Quem dá o dito por não dito tantas vezes, não se pode admirar que depois não se acredite nele. Pode mudar-se de opinião, mas não um ano depois. Ou, pior ainda, em apenas dois meses...
 
3) Eu continuo a crer que não ganhámos os títulos que ganhámos de forma desonesta. Nomeadamente, obtendo favores de árbitros, como outros fizeram no passado. Mas ter o nome do Benfica envolvido em tantos processos judiciais é algo que me custa imenso e me deixa uma enorme sensação de desconforto. Se fossem só um ou dois, ainda aceitaria, mas infelizmente são muitos mais do que isso.
 
4) Dezassete anos é muito tempo. Tempo demais. Seja para o Luís Filipe Vieira, seja para outra pessoa qualquer. Eu não quero que o meu clube seja igual a outros em termos de longevidade de pessoas no poder. Porque isso inevitavelmente cria vícios e tende a confundir-se o clube e a pessoa. E obviamente o Sport Lisboa e Benfica tem de estar sempre acima das pessoas que o representam. Por alguma razão existe limitação de mandatos para as Autarquias e a Presidência da República. No Benfica, devia ser igual.
 
5) Há um erro que o nosso presidente comete (que é, aliás, apanágio de pessoas que estão em cargos de poder) e que é, a meu ver, grave: confundir críticas a si com críticas ao clube. Não, não é de todo a mesma coisa! Porque isso faria com que nunca se pudesse criticar o presidente, logo ele teria carta branca para fazer o que quisesse. E as eleições eram escusadas, enquanto ele decidisse recandidatar-se. Imaginem que teria sido assim com o Vale e Azevedo. Só não seria ainda hoje presidente do Benfica, porque provavelmente já não existiria Benfica... E não é assim que a democracia funciona. Aliás, a democracia não é algo que nós defendamos só quando nos der jeito. Se for para chegar à presidência através de eleições, tudo bem, mas se for para debater com outros candidatos, sendo-se já presidente, aí já é “ruído”. Não, não se chama “ruído”, chama-se debate de ideias e é absolutamente fundamental num clube democrático. Só é “ruído” se os intervenientes assim o quiserem. Ainda neste ponto, os órgãos de comunicação do clube devem ser órgãos de comunicação... do clube! E não da direcção que está no poder. Seja ela qual for. Dito isto, é óbvio que esta campanha eleitoral deveria ter sido acompanhada quer pela Benfica TV, quer pelo jornal “O Benfica”. Deveria ter havido não só um debate entre todos os candidatos, como tempo de antena para as diferentes candidaturas nesses dois veículos de comunicação do clube. Chama-se democracia e, como disse o Churchill, “é o pior dos regimes, à excepção de todos os outros.” Não é negociável, nem é moldável. Ponto.
 
6) Um pequeno episódio que me marcou: quando o Luisão se tornou o jogador com mais títulos pelo Benfica (a seguir à Supertaça de 2017), houve um evento no relvado da Luz que passou na Benfica TV em que estavam o presidente, o Luisão e as outras glórias mais tituladas (Humberto Coelho, Shéu, Simões e mais um ou outro, que sinceramente não me lembro). Olhei para aqueles craques todos e comecei a pensar no que poderíamos conquistar com eles hoje. Comentário do presidente: “a fortuna que nós faríamos hoje com vocês todos, se ainda jogassem.” É apenas um pormenor, mas significativo para mim. Representa uma diferente maneira de pensar. Muito boa para um gestor de uma empresa. Mas não de um clube. Ninguém vai festejar relatórios & contas para o Marquês. Acho eu.
 
Em relação à outra candidatura, não voto em Rui Gomes da Silva, porque, jamais pondo em causa o seu benfiquismo, nunca votaria em alguém que andou anos a fio a dizer, em plena televisão, que nunca se candidataria contra Luís Filipe Vieira. Ou se tem palavra e se é coerente, ou não se tem e não se é. Além disso, não me esqueço da dificuldade que o Rui Gomes da Silva teve em lidar com a opinião contrária, quando foi ministro, tendo criticando tanto os comentários do Marcelo Rebelo de Sousa ao domingo na TVI, a ponto de este se ter demitido na sequência de pressões que sofreu do director do canal. Pessoas que lidem mal com o contraditório, não, obrigado!
 
Então, porquê votar em João Noronha Lopes?
 
1) Se é verdade que era para mim um total desconhecido até se apresentar a estas eleições, a sua candidatura nasceu no seio de um conjunto de pessoas que me merecem bastante credibilidade e que têm tomado posições públicas sobre o destino do nosso clube ao longo dos anos, nas quais me revejo em muitas delas. Algumas dessas pessoas são candidatas aos seus órgãos sociais na sua lista, o que contribui para reforçar bastante esta candidatura. Para além disso, o seu currículo profissional é irrepreensível e a sua experiência em gestão numa multinacional mais do que o qualifica para gerir um ‘monstro’ como o nosso clube.
 
2) Convenceu-me logo no discurso de anúncio de candidatura ao propor uma revisão estatutária que limite a duração dos mandatos (demonstrando que não se irá perpetuar no poder) e acabe com este absurdo de uma pessoa poder ser candidato a presidente da República mais cedo do que a presidente do Benfica. Outra questão essencial: segunda volta nas eleições quando um candidato não obtiver maioria absoluta. E uma última: as pedras e os edifícios não devem votar. As casas do Benfica são dirigidas e frequentadas por pessoas. Que já são sócias do Benfica. É outro absurdo as casas terem direito de voto também.
 
3) O seu programa eleitoral é suficientemente abrangente e beneficiou de vários contributos que foi tendo ao longo do seu périplo pelas casas do Benfica, e inclusive de outras candidaturas que entretanto desistiram. Isto demonstra uma abertura de espírito que é muito salutar, porque não são só as nossas ideias que são válidas. Para além disso, o facto de existir um programa eleitoral é algo que nos permitirá no futuro responsabilizá-lo, ao verificarmos o seu grau de cumprimento.
 
4) Logo na noite da derrota com o PAOK, veio dizer que não era altura para críticas (leia-se aproveitamento político/eleitoral de desaires), o que, juntamente com as entrevistas e declarações que tive oportunidade de ler e ver, demonstram uma postura que aprecio bastante. É uma lufada de ar fresco em relação a tudo o que temos visto no futebol português nos últimos tempos.
 
Dito isto, se o candidato em quem vou votar não ganhar, obviamente não esperem de mim que me torne oposição do vencedor. Eu sou do Benfica. Não sou da pessoa A ou B. Quem ganhar será o presidente do meu clube que irei elogiar ou criticar, consoante esteja ou não de acordo com as suas decisões. Tal como tenho feito sempre até agora.
 
Para terminar, apelo veemente a que vão votar amanhã. Seja em quem for. Porque o Benfica sairá tanto mais reforçado, quanto maior seja a afluência às urnas. Não deixem que outras vozes se façam ouvir no lugar das vossas. Votem!
 
VIVA O BENFICA!

Regular

Vencemos o Belenenses SAD na Luz por 2-0 e conseguimos a 5ª vitória nos cinco primeiros jogos do campeonato. Algo que aparentemente não conseguíamos desde a primeira época do Eriksson em 1982/83. Foi um triunfo justo, mas só selado definitivamente a quinze minutos do fim, numa partida que fica entre jogos europeus e onde se notou uma menor intensidade da nossa parte.
 
No entanto, entrámos muitíssimo bem, abrindo o marcador logo aos 6’ numa boa cabeçada do Seferovic a centro do Grimaldo. O suíço juntamente com o Weigl foram as novidades no onze, nos lugares do Waldschmidt e do Gabriel. Parecia que estávamos embalados para um resultado tranquilo, até porque o Everton teve uma grande jogada pouco depois em que se isolou, mas o remate foi defendido pelo André Moreira. E, num canto, foi o Seferovic novamente de cabeça a fazer a bola passar perto do poste e a pôr um ponto final no nosso bom futebol perto dos 10’. A partir daqui e até ao intervalo, o Belenenses SAD reequilibrou as coisas, teve um remate que saiu perto do poste do Vlachodimos, enquanto nós passámos a ter alguma dificuldade em conseguir furar a defesa contrária. Uma boa combinação entre cabeças do Everton e Darwin, que terminou com o remate deste à figura do guarda-redes, foi o nosso lance mais perigoso.
 
Na 2ª parte, o jogo não se alterou muito com o Belenenses SAD a ter mais bola durante alguns períodos, mas sem conseguir perigo iminente. O Jesus fez entrar o Waldschmidt e o Pizzi para os lugares do Seferovic e Taarabt (dois a quem pouco saiu bem, tirando o golo do suíço, obviamente) por volta da hora de jogo e as coisas melhoraram, com o alemão a dar outra qualidade ao último passe. Alemão, esse, que teve uma boa oportunidade pouco depois de entrar, mas o remate cruzado saiu ao lado. O Darwin andava atrás de outro golo e até marcou um, mas estava ligeiramente fora-de-jogo, enquanto noutro lance o guarda-redes fez uma boa defesa a um remate seu de pé esquerdo. No entanto, o uruguaio conseguiu mesmo estrear-se a marcar no campeonato aos 75’, quando com uma simulação fintou o guarda-redes e atirou entre as pernas de um defesa, depois de ser isolado do Waldschmidt. Podíamos finalmente suspirar de alívio e não tivemos dificuldade em controlar a partida até ao apito final.
 
Em termos individuais, destaque novamente para o Darwin pelo golo e por nunca desistir de uma jogada. O Weigl deu solidez ao meio-campo e o Gilberto parece estar a subir de forma na direita. O Grimaldo fez uma óptima assistência para o golo do Seferovic, mas saiu lesionado aparentemente com alguma gravidade na 2ª parte. Isto está bonito com os dois laterais titulares lesionados...!
 
Boa vitória, continuação da liderança isolada no campeonanto, mas não podemos descansar, porque teremos novo jogo já na próxima 5ª feira frente ao Standard Liège. Uma partida que irá ser relembrada no futuro por, passado quase oito(!!!) meses, podermos finalmente voltar a ver um jogo ao vivo na Luz (ainda que em número reduzido de espetadores). Até qu’enfim!

sexta-feira, outubro 23, 2020

Instável

Vencemos o Lech Poznan na Polónia por 4-2 e começámos da melhor maneira a fase de grupo das Liga Europa. Somos claramente melhor equipa do que os polacos e a vitória é justa, apesar de os números não reflectirem as dificuldades por que passámos.
 
Especulava-se que iria haver algumas alterações na equipa, mas em relação a Vila do Conde acabou só por entrar o Taarabt, regressado de lesão, e sair o Rafa, tendo o Pizzi ido para a direita. Entrámos muito bem no jogo e inaugurámos o marcador logo aos 9’ num penalty do Pizzi a castigar mão na bola na área, depois de um centro do Waldschmidt. Pensei que íamos embalar para uma exibição semelhante à do Rio Ave, mas sofremos o empate pouco depois, aos 15’, através do Ishak numa jogada em que a nossa defesa foi apanhada em contrapé (e não seria a única vez...). Os polacos poderiam inclusive ter passado para a frente do marcador, mas o remate foi à barra depois de um canto. Nós tínhamos mais posse de bola, mas não criámos grandes oportunidades de golo, porque o último passe estava a custar a entrar. Também a nossa defesa estava longe de ser uma muralha e os polacos conseguiram ultrapassá-la com relativo à-vontade no nosso meio-campo. Perto do intervalo, aos 42’, passámos novamente para a frente na estreia do Darwin a marcar, com uma cabeçada portentosa a um bom centro do Gilberto na direita. Até ao intervalo, o Everton teve um lance em que ficaríamos em superioridade numérica, mas infelizmente adiantou muito a bola e o defesa interceptou-a.
 
A 2ª parte poderia ter começado com o nosso golo da tranquilidade, mas o remate do Waldschmidt foi salvo quase sobre a linha. Ao invés, foram os polacos a igualar outra vez a partida aos 48’, novamente pelo Ishak, numa recarga de cabeça a um remate defendido pelo Vlachodimos, noutro lance em que o adversário entrou sem dificuldades na nossa área. Felizmente, o Darwin estava com a corda toda e, numa excelente jogada individual, tirou um defesa do caminho e fez o 2-3 aos 60’, depois de assistência do Everton. O Jesus tentou solidificar a equipa e fez entrar o Weigl, o Pedrinho e, pouco depois, o Nuno Tavares (o Rafa já tinha entrado ao intervalo). Se, num primeiro momento, até conseguimos manter-nos por cima do jogo, com alguns remates interceptados, o que é certo é que por volta dos 70’ sentimos uma enorme pressão do Lech Poznan, de tal forma que o Jesus teve de fazer entrar o Jardel já perto do fim. Ainda apanhámos mais do que um susto, mas acabámos por selar a vitória já nos descontos (93’) no hat-trick do Darwin depois de uma boa combinação atacante na direita, que terminou num centro do Rafa para o uruguaio só ter de encostar de cabeça.
 
Em termos individuais, óbvio destaque para o Darwin que quebrou a malapata dos golos e logo em grande estilo a triplicar. Quanto aos outros, ninguém mais sobressaiu, com o Gilberto a evidenciar o que já tínhamos percebido (é muito melhor a atacar do que a defender), o Waldschmidt a estar uns furos abaixo de Vila do Conde, o Pizzi a continuar a muito fora dela e o Everton a não conseguir ainda fazer uma exibição de encher o olho, o que é pena, porque a qualidade é indiscutível.
 
O que fica para o futuro é o que interessa mais, o resultado, mas a maneira como (não) defendemos não pode deixar de nos preocupar, porque se dá para o campeonato português, na Europa torna-se manifestamente insuficiente. Mesmo perante equipas europeias de segunda linha como é o Lech Poznan.
 
P.S. – O Jorge Jesus pode ter lá as suas teorias todas sobre os capitães das suas equipas, mas no Sport Lisboa e Benfica um jogador não pode ser capitão no terceiro jogo feito no clube. NÃO pode ponto final! Seja ele quem for e tenha passado pelos clubes por que passou. A questão nem é essa (mas está longe de ajudar, claro). Com Vlachodimos, Rafa e Gabriel em campo, é incompreensível que a braçadeira tenha passado para o Otamendi aquando da saída do Pizzi ao intervalo. Isto é o Sport Lisboa e Benfica! Que já foi capitaneado por nomes como Coluna, Humberto Coelho, Nené e Bento. Um pouco de noção, por favor. Obrigado.

segunda-feira, outubro 19, 2020

Categórico

Vencemos ontem o Rio Ave em Vila do Conde por 3-0 e, com o empate do CRAC no WC (2-2) no dia anterior, estamos agora com cinco pontos de vantagem sobre ambos, embora a lagartada tenha um jogo em atraso. Com apenas quatro jogos decorridos e 12 pontos em disputa, não se pode dizer que saiba mal esta vantagem numa fase tão precoce da competição.
 
Perante uma das melhores equipas do campeonato anterior e que esta temporada só não eliminou o Milan da fase de grupos da Liga Europa porque falhou três(!) penalties, voltámos a rubricar uma excelente exibição e a conseguir uma vitória indiscutível. Confesso que estava com alguma expectativa para esta partida, para ver se a menor qualidade exibicional frente ao Farense era uma excepção ou não. Aparentemente, foi. Entrámos muito bem no jogo e abrimos o marcador logo aos 6’, numa excelente intercepção do Gabriel já no meio-campo adversário, a bola sobra para o Rafa, que centra para a área, o Darwin toca de cabeça para trás, o Everton tira o guarda-redes do caminho com uma assistência de calcanhar para o Waldschmidt e o alemão fuzila. Grande golo! O Rio Ave teve uma boa reacção nos minutos seguintes, apesar de não ter conseguido criar grandes oportunidades de golo, e fomos nós a meter mais duas vezes a bola na baliza, através do Darwin e Waldschmidt, mas ambos os lances foram anulados pelo VAR por centímetros. Entretanto, já o André Almeida tinha sido substituído pelo Gilberto com suspeita de uma lesão nos ligamentos do joelho. Estávamos com uma malapata com o VAR, mas lá conseguimos marcar o segundo golo antes do intervalo, num bis do Waldschmidt depois de assistência do Darwin, que ganhou muito bem uma bola em profundidade a um defesa e não foi egoísta ao assistir o alemão em melhor posição.
 
Na 2ª parte, continuámos a estar por cima do jogo, com o Darwin logo de início a ter um remate rasteiro que saiu perto do poste. No entanto, o Rio Ave reequilibrou a posse de bola e o Piazon obrigou o Vlachodimos a uma boa defesa com o pé, num lance em que um avançado em fora-de-jogo estorva a movimentação do Vertonghen. Queria ver se tivesse sido golo... Começaram as substituições de parte a parte e ainda vimos um penalty ser revertido novamente pelo VAR por pretenso fora-de-jogo do Darwin no início da jogada. Das duas, uma: ou a relva estava mal cortada ou as linhas estavam tortas. É que não pareceu nada fora-de-jogo na repetição. Já se sabe que, com vantagem de dois golos, basta um do adversário para reabrir o jogo e esse esteve quase a vir, caso o Gilberto não tivesse interceptado muito bem com o peito um remate do Gabrielzinho já na área. E não foi o ‘zinho’, mas o nosso Gabriel a terminar com as dúvidas aos 84’, numa recarga vitoriosa a um cabeceamento muito torto do entretanto entrado Seferovic, depois de um centro do Pizzi na direita. Até final, o Sr. João Pinheiro entreteve-se a mostrar amarelos aos nossos jogadores, quando lances semelhantes do outro lado não valeram este tipo de sanções.
 
Com dois golos, seria difícil que o Waldschmidt não fosse o melhor em campo, mas também gostei bastante do Gabriel e do Vertonghen. O Gilberto não entrou mal e ainda bem, dado que ele será o titular nos próximos tempos por causa da lesão do André Almeida. Toda a equipa esteve globalmente bem, com o Darwin a somar mais uma assistência, mas ainda a não ter conseguido estrear-se a marcar.
 
Iremos entrar agora numa série frenética de jogos com o regresso das competições europeias e, se o campeonato é o objectivo principal, temos este ano por via do falhanço na Champions uma oportunidade muito boa de levar muito a sério a Liga Europa. Que é, deixemos de lirismos, a competição europeia que podemos almejar conquistar nos tempos mais próximos. E não é preciso recordar há quanto tempo não ganhamos um troféu europeu, pois não...?

sexta-feira, outubro 16, 2020

Pausa para selecções

Jornada tripla para a selecção com as recepções à Espanha e Suécia e a ida a França. Frente aos espanhóis foi um jogo particular, mas os outros dois foram para a Liga das Nações e o balanço é claramente positivo, com dois empates (0-0) frente a duas das melhores selecções do mundo e a vitória frente aos suecos por 3-0. Posto isto, continuamos na liderança do nosso grupo, em igualdade com os franceses, mas com vantagem na diferença de golos.

Na partida frente aos espanhóis, até foram eles que dominaram, mas nós atirámos duas bolas aos postes pelo Cristiano Ronaldo e Renato Sanches. No Stade de France, dominámos na 1ª parte, embora com um semi-regresso ao futebol sem balizas, mas na segunda a tendência inverteu-se. Contra a Suécia, o Diogo Jota deu show, com dois golos e uma assistência para o Bernardo Silva inaugurar o marcador, num jogo que ficou marcado pela ausência do C. Ronaldo, entretanto infectado com Covid-19. A boa notícia é que se confirma mais uma vez que a selecção não é ‘Ronaldodependente’ e está bastante consistente quer em termos exibicionais, quer de resultados, mesmo sem ter o seu jogador mais famoso.


O apuramento para a fase final da Liga das Nações ficou assim adiado para os jogos de Novembro, em que receberemos a França e terminaremos na Croácia. ‘Bastar-nos-á’ fazer os mesmo resultados dos franceses nos dois jogos, para podermos defender o título que conquistámos na 1ª edição.

terça-feira, outubro 06, 2020

Complicado

Vencemos o Farense na Luz por 3-2 no domingo e estamos neste momento isolados à frente do campeonato, mercê da fantástica vitória do Marítimo em Mordor (pelo mesmo resultado) no dia anterior. A lagartada, que tem o jogo em atraso da 1ª jornada, é a única equipa que ainda pode fazer o pleno de vitórias.
 
Depois das boas exibições em Famalicão e frente ao Moreirense, esperava-se alguma continuidade nesta partida, mas isso não veio a suceder. Com a saída do Rúben Dias e a lesão do Vertonghen, o Jesus faz alinha o Jardel e em estreia absoluta o Otamendi. O Farense fez um óptimo jogo, bastante desinibido e a criar-nos muitas dificuldades. Mesmo assim, chegámos à vantagem logo aos 15’ num remate do Pizzi que ainda foi desviado por um defesa, depois de uma perda de bola dos algarvios e rápida jogada do Rafa, que assistiu o nº 21. Pensei que o mais difícil estava feito relativamente cedo, o que seria um bom tónico para o resto do encontro. Puro engano! O Farense reagiu muito bem e, não fosse uma óptima defesa do Vlachodimos a um cabeceamento, teria chegado à igualdade ainda antes do intervalo. Quanto a nós, as combinações atacantes não saíram com o esclarecimento das duas jornadas anteriores e, por conseguinte, não conseguimos criar tantas oportunidades.
 
Na 2ª parte, entrámos ainda pior do que na 1ª e o Farense chegou à igualdade logo aos 54’. Erro tremendo do Otamendi a pisar um adversário que o VAR puniu com penalty, o Vlachodimos defendeu dois(!) do Ryan Gauld (o primeiro foi mandado repetir por supostamente ter saído da linha de baliza) e, na sequência do canto, o Lucca cabeceou à vontade para o 1-1. Desconcentrámo-nos por completo e só não ficámos a perder pouco depois, porque o Gauld estava em fora-de-jogo quando fez a assistência para golo. Entretanto, já tinham entrado o Pedrinho, Weigl e Seferovic para os lugares do Rafa, Gabriel e Waldschmidt. O Farense continuou por cima, sendo que finalmente a cerca de 25’ do final acordámos. Apesar disto, não criámos assim tantas oportunidades até nos termos colocado novamente em vantagem aos 79’ numa fantástica cabeçada do Seferovic a centro teleguiado do Grimaldo. E foi mesmo o suíço a bisar aos 87’, com um remate enrolado que ainda bateu no poste, depois de uma assistência do Darwin, que não foi egoísta dado que estava em boa posição para marcar. Até final, ainda sofremos mais um golo já na compensação, quando o Otamendi perdeu a bola em zona proibida (embora tenha sido mais que falta a que o Sr. Tiago Martins e o VAR Sr. Vasco Santos fizeram vista grossa) e o Patrick não teve dificuldades em marcar isolado.
 
Em termos individuais, destaque para o bis do Seferovic que foi essencial para a vitória e para o Vlachodimos por ter segurado essa mesma vitória com algumas intervenções importantes. Os restantes jogadores não fugiram muito da mediania e uma menção especial para a estreia do Otamendi, que fez uma 1ª parte com cortes que eu não via desde o Gamarra, mas uma 2ª para esquecer, tendo estado ligado aos dois golos do adversário.
 
O campeonato irá agora parar para as selecções e esperemos que as boas exibições regressem quando voltar. Sim, o Farense jogou bastante bem (mérito para o treinador Sérgio Vieira), mas uma caída assim tão a pique na qualidade do nosso jogo em apenas uma semana não deixa de causar apreensão.