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segunda-feira, janeiro 31, 2022

Doença

Perdemos com a lagartada (1-2) na final da Taça da Liga no passado sábado e vamos terminar a segunda época consecutiva sem qualquer título. Duas épocas em que temos indiscutivelmente o melhor (e mais caro) plantel de Portugal vão redundar num zero absoluto em termos do que interessa, ou seja, taças para o museu. Estamos doentes. E é muito grave.
 
Em relação ao jogo frente ao Boavista, o Nelson Veríssimo lançou o Meïté em vez do Paulo Bernardo. Portanto, o nosso actual melhor elemento do meio-campo ficou de fora do onze. E nem sequer entrou no jogo. ‘Tá certo...! Estava à espera de uma catástrofe em termos de resultado e tivemos uma derrota pela margem mínima. Neste sentido, foi melhor do que eu estava à espera. Para além disso, apresentámos uma fabulosa eficácia de 100% na 1ª parte: um remate à baliza, um golo pelo Everton aos 22’. Claro que contámos com o Vlachodimos para manter a baliza a zeros, mas ele está lá é para defender, como diria o outro: o Gonçalo Inácio bateu o Morato num canto e o guardião grego defendeu por instinto. A lagartada controlava perfeitamente o jogo, mas não conseguia criar muito perigo. Quanto a nós, ofensivamente não existimos, porque o Diogo Gonçalves e o Yaremchuk fizeram figura de corpo presente e quem no meio-campo deveria alimentar os da frente, o João Mário, continua na sua senda de jogos muitíssimo sofríveis.
 
A 2ª parte começou da pior maneira com o 1-1. Aos 49’, canto e novamente o Gonçalo Inácio a bater o Morato nas alturas, com a bola a entrar junto do poste, sem hipóteses para o Vlachodimos. Por volta da hora de jogo, o inexistente Yaremchuk saiu para entrar o Gonçalo Ramos, mas as coisas não se alteraram. O principal problema era que o nosso meio-campo não conseguia ter superioridade perante o do adversário, apesar de estar em teoria em vantagem numérica. O Nelson Veríssimo lá continuou na sua senda de substituições inexplicáveis e colocou o inefável Gil Dias em vez do Diogo Gonçalves. Gil Dias esse que, pouco depois de entrar, fez um passe lateral simplicíssimo directo à... linha lateral! Se dependesse de mim, era claramente motivo para rescisão por justa causa. A lagartada ia tendo oportunidades, nomeadamente num remate do Paulinho à trave, até que os 78’ o inevitável aconteceu com o 1-2 através do Sarabia a aproveitar um passe longo do Porro, com o Morato nas covas. Perda de bola de quem no meio-campo? Do Gil Dias, pois claro. Na fase do desespero, e apesar de ter o Paulo Bernardo no banco, o Nelson Veríssimo resolveu colocar o Taarabt em campo, juntamente com o Pizzi e a estreia do Henrique Araújo. Henrique Araújo esse que, em cima do 90’, foi claramente puxado na área quando se preparava para cabecear, mas o Sr. Artur Soares Dias no VAR considerou (como também seria de esperar) que não era nada. Afinal, seria a nosso favor...
 
Em termos individuais, o Vertonghen terá feito dos melhores jogos pelo Benfica, enquanto o Vlachodimos, Weigl e Everton também não estiveram mal, embora o brasileiro tenha baixado muito na 2ª parte. Todos os outros mantiveram-se na mediocridade que tem caracterizado as nossas exibições ultimamente.
 
Estamos no final de Janeiro, ainda falta mais de três meses para final da época, mas já se percebeu que o suplício irá continuar. Já disse isto mais do que uma vez e nunca será demais repetir: vamos deitar fora seis meses que poderiam ser muito importantes para a preparação da próxima época. Não há ninguém que, conscientemente, possa dizer que estamos melhor agora do que com o Jesus. E já não estávamos nada bem com ele. Pior do que quatro finais perdidas desde o último título (a Supertaça em 2019), pior do que quatro jogos com os rivais, quatro derrotas inapeláveis este ano, é não ver maneira de como é que isto irá dar a volta num futuro próximo. A doença é muito profunda e muito grave.

quarta-feira, janeiro 26, 2022

Lisonjeiro

Vencemos o Boavista nos penalties (3-2) depois do 1-1 nos 90’ e, seis anos depois(!), voltámos a qualificar-nos para a final da Taça da Liga. Mas simplesmente não merecemos. Se o futebol fosse um jogo justo, seria o Boavista a jogar no sábado. É tão simples quanto isso.
 
Já se sabia que o Darwin e o Otamendi iriam falhar este jogo por causa das selecções e, no próprio dia, tivemos má notícia de o Rafa estar com covid-19. No entanto, do outro lado, foram dez as ausências, portanto, se a balança estava desequilibrada, era a nosso favor. Quando o Everton fez o 1-0 aos 16’, ao aproveitar uma falha incrível de um dos defesas improvisados, já depois de o Yaremchuk ter rematado contra o guarda-redes Bracali quando estava em boa posição, na melhor jogada da era Nelson Veríssimo, eu pensei: “queres ver, que afinal ainda sabemos jogar a bola...!?” Infelizmente, foi sol de pouca dura, porque a partir dos 20’ o Boavista começou a tomar conta do jogo. Até ao intervalo, só tivemos mais uma grande ocasião, com a única acção de jeito do Diogo Gonçalves enquanto jogou, a fintar um defesa e centrar para o limite da pequena-área, onde o Everton completamente à vontade atirou para as nuvens! Do outro lado, apesar do domínio, o Boavista só num remate de longe inquietou o Vlachodimos.
 
A 2ª parte foi um desastre total! O Boavista veio para cima de nós e, se não fosse o Vlachodimos, teria ganho o jogo nas calmas. O Morato, que até aí estava a fazer uma boa exibição, desconcentrou-se aos 53’, fazendo um penalty completamente desnecessário, que proporcionou o empate ao Sauer. A igualdade mexeu connosco, que nunca mais nos encontrámos e fomos vendo o Boavista criar uma série de oportunidades flagrantes. Um remate quase à queima-roupa e uma cabeçada do Musa fizeram o Vlachodimos brilhar a grande altura. Para além disso, ainda houve um remate ao lado do Gorré em boa posição e um centro-remate do Hamache que entraria, se não fosse a atenção do nosso guarda-redes. Da nossa parte, o Nelson Veríssimo achou que era com Gil Dias, Meïté e Radonjic que íamos lá... Sem comentários... Também entraram o Gonçalo Ramos, que teve um remate de fora da área para defesa do Bracali, e o Pizzi que, em cima dos 90’, teve a nossa única verdadeira ocasião da 2ª parte, também com um remate de fora da área, que o guarda-redes defendeu por instinto e teve alguma sorte de a bola não ter entrado mesmo assim. Nos penalties, o Boavista falhou os três primeiros, o que deu logo uma ajuda, enquanto o Pizzi, com aquele saltinho antes de rematar que me tira do sério, naturalmente falhou(!), e o Vertonghen acertou no poste. No remate decisivo, ainda bem que pusemos um alemão a bater, porque o Weigl marcou o melhor penalty dos dez.
 
Em termos individuais, o Vlachodimos merece todas as loas possíveis, porque fez defesas decisivas durante o jogo e uma nos penalties. O Weigl também fez um bom jogo e fica directamente ligado ao apuramento. Todos os outros estiveram ou sofríveis ou medíocres.
 
Para ganhar, é preciso meter a bola na baliza. Para meter a bola na baliza, é preciso superar o adversário. Para superar o adversário, convém ser mais rápido do ele e mais forte nas disputas de bola. Para ser mais rápido do que ele, convém correr. Para ser mais forte nas disputas de bola, convém ser agressivo. Ora, é precisamente isso que nos falha: perdemos quase todas(!) as disputas de bola, qualquer que seja o adversário, e nunca(!) aplicamos velocidade na transição ofensiva, o que faz com que invariavelmente percamos a vantagem que temos nas poucas vezes que recuperamos a bola e permitamos que o adversário se reorganize defensivamente. É exasperante ver o Benfica, chamemos-lhe, ‘jogar’ (para facilitar as coisas) hoje em dia. É penoso e está pior de jogo para jogo. A equipa arrasta-se em campo, sem saber o que fazer durante a maior parte do tempo. Raramente se toma a melhor decisão e os jogadores parecem presos de movimentos. Ou a fazer os movimentos errados.
 
E é por isto que esta será a nossa primeira final com público, desde a Supertaça de 2010, que eu não irei presenciar ao vivo. E não vou, porque não quero. Porque não tenho confiança nenhuma na vitória, especialmente se for contra a lagartada (o mais provável), e não me está a dar gozo nenhum ver o Benfica em campo actualmente. Aliás, da maneira como (não) estamos a jogar, temo o pior para a final, dado que, se a lagartada jogar com o fez na Luz, é bem possível que haja um resultado histórico. E dispenso bem dar-me ao trabalho de fazer uma viagem para ver isso ao vivo. Estou zero confiante e tremendamente pessimista. Só com um milagre é que iríamos lá. E eu não acredito em milagres.

segunda-feira, janeiro 24, 2022

Paupérrimo

Vencemos em Arouca no passado sábado por 2-0 e diminuímos a distância para três pontos em relação à lagartada, que perdeu em casa contra o Braga (1-2), mantendo os nove pontos para o CRAC (3-1 em casa ao Famalicão), que já deve poder encomendar as faixas.
 
Por este andar, vou ter de consultar um dicionário de sinónimos para classificar as nossas exibições. É que não só as coisas não estão a melhorar, como parecem ir exactamente pelo caminho contrário: estivemos pior frente ao Moreirense do que contra o Paços de Ferreira e ainda pior em Arouca do que com o Moreirense. A vitória não apaga de todo a pobreza franciscana que se viu em campo e, se é verdade que o Nelson Veríssimo tem o mérito de apontar isso mesmo, não se está a ver como é que ele tem capacidade para dar a volta à situação.
 
A 1ª parte cinge-se a dois lances de perigo da nossa parte. Na única jogada minimamente aceitável deste período, logo aos 9’, o Yaremchuk tentou desmarcar o Rafa na direita, mas o passe não saiu bem medido e a bola foi cortada por um defesa, sobrando para o Darwin, que atirou contra o guarda-redes e na recarga, de ângulo difícil, não conseguiu meter a bola na baliza. Aos 32’, penalty sobre o Darwin que o próprio concretizou. E, pronto, 45’ reduziram-se a isto. Já se sabe que, em jogos destes, o mais difícil costuma ser o primeiro golo, mas nós não soubemos aproveitar essa vantagem para partirmos para uma exibição decente. E foi o Arouca a ter uma óptima oportunidade para empatar, num penalty bem escusado do Vlachodimos, que se redimiu bem ao defendê-lo com as pernas.
 
Para a 2ª parte, entrou o Everton para o lugar do inexistente Yaremchuk, mas as coisas não melhoraram. Um remate do Rafa, bem defendido pelo guarda-redes Victor Braga, foi a nossa única ocasião até bem perto do final. O resto do tempo foi penoso, connosco sem ideias, a não conseguir sair a jogar, nem ter o controlo da partida, e sempre com o credo na boca à mercê de um golo adversário. Que só não surgiu, diga-se, porque o Vlachodimos defendeu bem um remate já de ângulo difícil, mas que entraria na baliza. As substituições pouco ou nada alteraram, com excepção da entrada do Gonçalo Ramos, que acabou por fechar a partida com o 2-0 já no segundo minuto de compensação, ao desviar com grande sentido de oportunidade um centro-remate do Grimaldo para a área.
 
Em termos individuais, só se salvou o Paulo Bernardo que, por estes dias, é o único ponto de interesse dos nossos jogos. O miúdo sabe ocupar espaços, tenta jogar sempre para a frente, faz coisas de que ninguém está à espera, é uma lufada de ar fresco no nosso futebol. A única. Infelizmente, fisicamente não aguentou o jogo todo e teve de ser substituído a 15’ do fim pelo Taarabt (que, para mal dos meus pecados, ainda continua no plantel...). O Vlachodimos teve o erro no lance do penalty, mas corrigiu-o bem, e o Lazaro acabou por fazer um jogo positivo. Todos os outros estiveram bem abaixo das suas possibilidades, principalmente o Weigl, que terá feito o piro jogo com a camisola do Benfica.
 
Pensar que estamos só em meados de Janeiro e ainda teremos de levar com isto mais quatro meses é uma perspectiva assustadora! O próximo jogo é amanhã frente ao Boavista para a única competição que efectivamente temos hipóteses de ganhar: a Taça da Liga. Mas a jogar desta maneira é tudo imprevisível e arriscamo-nos seriamente a ficar a zeros em termos de troféus pelo segundo ano consecutivo. O que seria uma vergonha.

segunda-feira, janeiro 17, 2022

Mediocridade

Empatámos na Luz com o Moreirense (1-1) no sábado e, com as vitórias da lagartada em Vizela (2-0) e do CRAC frente ao Belenenses SAD no Jamor (4-1), a diferença pontual aumentou para seis e nove pontos, respectivamente. O que valeu foi que o Braga perdeu em casa com o Marítimo (0-1) e o 3º lugar está relativamente seguro, porque também temos nove pontos de vantagem sobre eles. Mas irá ser uma longuíssima 2ª volta...
 
Com o Everton infectado com covid-19, mas com os da semana passada disponíveis, o Nelson Veríssimo colocou o Paulo Bernardo a titular, mantendo o Morato, com o Vertonghen a ir para o banco. O Moreirense treinado pelo Sá Pinto apresentou-se com o autocarro bem trancado e, ao contrário do que ele disse, a abusar na demora da reposição da bola em jogo e de jogadores a perder tempo no chão (se isto não é antijogo, não sei o que é...!). Perante este cenário, voltámos a padecer de um mal estrutural no nosso futebol: a lentidão exasperante! A circulação de bola demora séculos e assim é difícil encontrar espaços em quem se fecha bem na defesa. Um remate em arco do Rafa à barra e uma bola enroscada do Morato num canto foram os dois únicos lances de perigo na 1ª parte. Os de Moreira de Cónegos eram muito mais agressivos na disputa da bola, ganhando a maioria dos lances divididos, mas não conseguiram criar grande perigo para o Vlachodimos.
 
A 2ª parte começou com uma iniciativa brilhante do Paulo Bernardo, mas o remate saiu bastante torto, quando estava em óptima posição. Uma cabeçada do Seferovic num canto deu a sensação de golo, mas a bola saiu a rasar o poste e aos 61’ aconteceu um balde de água fria, com o autogolo do Gilberto, que viu a bola cortada pelo Otamendi a bater nele e entrar na baliza. No entanto, é inacreditável como é que o VAR Sr. Bruno Esteves não assinalada o fora-de-jogo do Rafael Martins, que tem óbvia influência na tentativa de corte de cabeça do Otamendi no início da jogada. As coisas ficaram bastante negras, mas empatámos pouco depois, aos 65’, pelo Darwin que aproveitou um ressalto de bola para ser rápido e marcar na recarga a um primeiro remate seu. Ainda tínhamos algum tempo para tentar dar a volta ao jogo, mas as substituições do Nelson Veríssimo, mais uma vez, deram cabo do nosso jogo (que já não estava a ser brilhante, aliás...). A pouco mais de 15’ do fim, tirou o Paulo Bernardo que estava a ser dos mais esclarecidos e colocou o Yaremchuk. Ainda por cima, com o João Mário a passar completamente ao lado do jogo... Antes do golo do Moreirense, já tinha tirado o Seferovic e colocado o Diogo Gonçalves. Portanto, estando a precisar de marcar golos, sai um ponta-de-lança para entrar um extremo...! E isto com outros dois pontas-de-lança no banco e tendo ficado só com o Darwin na frente, ele que sai constantemente da área... Lógica de tudo isto? Ultrapassa-me... Numa das poucas jogadas com nexo que fizemos até final, o Grimaldo ainda acertou no poste. Nas últimas substituições lá acabou por sair o João Mário para entrar o Pizzi e o Rafa para o Gonçalo Ramos. Não é que o Rafa estivesse a fazer um jogo brilhante, mas tirar velocidade à equipa quando se precisa de acelerar o jogo está longe de ser brilhante... Começámos o jogo com dois pontas-de-lança, depois passámos a um e terminámos com três... Se alguém perceber isto, sou todo ouvidos... Não é de espantar que esta total confusão táctica tenha produzido... zero resultados! Tivemos uma última oportunidade numa cabeçada do Otamendi por cima, com o guarda-redes Kewin batido.
 
Em termos individuais, não vou destacar ninguém, porque a mediocridade foi geral. Talvez somente o Paulo Bernardo mereça uma palavra, porque de facto não engana e temos ali jogador já para o imediato. Espero que, ao menos, se tenha percebido isso de vez, até porque a abécula marroquina já não foi convocada e que, das poucas coisas positivas até final da época, seja despachá-la agora em Janeiro.
 
Estamos a meio de Janeiro e só com a Taça da Liga como objectivo. Pela amostra deste jogo, nem quero pensar como vai ser este arrastanço até final da temporada... Era preciso um abanão, e já(!), na equipa. Mas não é este treinador que o vai dar, porque já se percebeu que não dá mais do que isto. Se esta situação continuar, estaremos a perder seis meses preciosos na preparação da nova temporada. Quo vadis, Benfica...?!

quarta-feira, janeiro 12, 2022

Desperdício

Vencemos o Paços de Ferreira no passado domingo por 2-0 e reduzimos a diferença para quatro pontos em relação ao 2º classificado, porque a lagartada perdeu nos Açores frente ao Santa Clara (2-3), mantendo os sete de distância para o CRAC (3-2 no Estoril nos últimos minutos!), que continua em primeiro.
 
Depois deste, deste e deste, a covid-19 fez-me perder o quarto em 453 jogos com público que já aconteceram na nova Luz desde a sua inauguração. Como se calcula, fiquei pior do que estragado! Já se percebeu que o 4-4-2 do Nelson Veríssimo veio para ficar numa partida em que nos apresentámos algo desfalcados justamente pela covid-19, com os titulares Vlachodimos, Vertonghen e Yaremchuk a terem de ficar em casa (juntamente com Pizzi, Meité e Radonijc). Até entrámos bem na partida, com oportunidades pelo Seferovic (acho que seria fora-de-jogo) e pelo Rafa, que saíram ao lado. A meio da 1ª parte, tivemos sorte porque nem o Sr. Vítor Ferreira, nem o VAR Luís Godinho consideraram que a entrada do Otamendi sobre o Eustáquio era motivo para vermelho e só levou amarelo. O vendaval de golos desperdiçados continuou com uma cabeçada do Seferovic ao lado e uma iniciativa individual do Gonçalo Ramos, que esbarrou no poste (deveria ter rematado em jeito, que era só desviar a bola do guarda-redes, e não em força...). Em cima dos 45’, o Denilson teve menos sorte do que o Otamendi e viu o seu amarelo trocado para vermelho por ter atingido o Grimaldo. O Paços desconcentrou-se e sofreu o 1-0 logo a seguir, num bom toque do Seferovic para novo falhanço do Gonçalo Ramos, mas com a bola a sobrar para a recarga vitoriosa do João Mário.
 
A 2ª parte continuou na mesma toada, connosco a falhar golos atrás de golos. E nenhum avançado se pôde ficar a rir, porque o Seferovic teve mais duas oportunidades de cabeça: a tentativa de chapéu foi defendida pelo guarda-redes, enquanto a antecipação ao mesmo guarda-redes num canto saiu incrivelmente ao lado. Do lado contrário, houve uma única hipótese de marcar, mas o Helton Leite defendeu bem a iniciativa do Diaby. Até que aos 75’ finalmente selámos a vitória, com um golão do Grimaldo de fora da área, naquele que foi o nosso golo 6000 na história dos campeonatos. E que bela maneira de o atingir! Até final, o Darwin, que entretanto tinha substituído o infeliz Gonçalo Ramos, conseguiu(!) falhar outros dois golos incríveis, no primeiro ao atirar à barra bem dentro da pequena-área e sem o guarda-redes na baliza, depois de uma assistência do também entrado Paulo Bernardo, e no segundo ao isolar-se e picar a bola sobre o guarda-redes com o pé esquerdo, mas com esta a sair ao lado. Entretanto, tinha conseguido meter a bola na baliza, mas estava fora-de-jogo.
 
Em termos individuais, o Everton destacou-se na 1ª parte, mas decaiu muito na 2ª, o Gilberto está a fazer uma transição muito rápida de um dos mais contestados a um dos mais aplaudidos pelo estádio(!), e com razão, porque nunca vira a cara ao esforço, o Morato fez um jogo muito seguro e o Grimaldo, com um golão daqueles, merece sempre referência. O ‘man of the match’ foi o João Mário, mas sinceramente nem achei que tivesse estado assim tão bem. O Otamendi tem de ter mais cuidado, porque se tivesse ido para a rua o jogo teria provavelmente sido mais difícil.
 
Notou-se a equipa mais solta e com mais empenho do que com o Jesus, e só isso já é bom. Falta só ser mais eficiente na finalização, porque não podemos falhar assim tantos golos. Veremos o que nos trazem os próximos jogos, mas pelo menos na mesma parece que as coisas não vão ficar.

domingo, janeiro 02, 2022

Adeus ao título

Perdemos na passada 5ª feira em Mordor (1-3) pela segunda vez numa semana e o campeonato é apenas uma miragem, quando ainda nem terminou a 1ª volta, dado que ficámos a sete pontos deles e da lagartada, que ganhou ao Portimonense (3-2).

No post anterior, infelizmente só errei no timing, porque o Jesus saiu ainda antes deste jogo. Dois dias antes, para ser mais preciso. Dois dias antes de um jogo que iria definir muito daquilo que seria a nossa época, rescindimos com o treinador... Sem comentários! Para o seu lugar, foi anunciado o Nelson Veríssimo, treinador da equipa B, até final da época... Portanto, damo-la já como perdida, porque o seu histórico como treinador principal está longe de ser famoso, tendo conseguido perder uma final da Taça de Portugal com o CRAC a jogar contra dez. Adiante.
 
Não entrámos mal na partida e nem considero que tenhamos feito um mau jogo. Foi até melhor do que os dois clássicos anteriores, embora tenhamos somado a terceira derrota. O Nelson Veríssimo mudou o esquema táctico para um 4-4-2, com a surpresa do Gonçalo Ramos ao lado do Yaremchuk. O André Almeida substituiu o Grimaldo na lateral-esquerda e foi por aí que a corda partiu, porque viu um amarelo logo aos 8’ e só o nosso treinador é que não percebeu o que iria acontecer... O jogo foi bem mais repartido do que o da Taça, com o CRAC a ter um golo invalidado por fora-de-jogo e nós a desperdiçarmos uma excelente ocasião pelo Yaremchuk, que atirou contra o Diogo Costa, quando estava isolado. Na resposta, sofremos o primeiro golo aos 34’ através do Fábio Vieira, que ganhou um ressalto (a realização conseguiu não tirar a dúvida se o controlo da bola foi ou não com o braço...) e rematou por entre as pernas do Vlachodimos. Tal como na Taça, sofremos logo a seguir o segundo golo, aos 37’, com uma cabeçada do Pepê, num lance em que o João Mário não acompanhou o nojento Otávio e o deixou centrar à vontade. Mesmo em cima do intervalo, o Rafa de cabeça e o João Mário na recarga poderiam ter feito bem melhor, e perdemos uma excelente oportunidade de reduzir a desvantagem.
 
Não marcámos a terminar a 1ª parte, marcámos logo a abrir a segunda: aos 46’, centro do Rafa e o Yaremchuk só teve de encostar. No entanto, nem deu para nos entusiasmarmos, porque três minutos depois o inevitável aconteceu e o André Almeida viu o segundo amarelo, numa entrada imprudente que o nojento Otávio aproveitou para armar o teatro típico daquelas bandas. O Nelson Veríssimo teve de tirar o Yaremchuk para colocar o Lazaro. Foi pena só ter percebido nessa altura o que todos nós vimos logo aos 8’... Mesmo com dez, conseguimos equilibrar o jogo e tivemos mesmo uma enorme oportunidade num contra-ataque com o Gonçalo Ramos a desviar a bola do Diogo Costa, mas o Zaidu a cortá-la. Pouco antes disso, um remate do Rafa de fora da área passou pertíssimo do poste. Estávamos a reagir bem à desvantagem numérica, mas aos 66’ o Nelson Veríssimo resolveu acabar com o nosso jogo, ao fazer uma tripla substituição que não lembrou ao diabo! Entraram o Taarabt, Pizzi e Seferovic para os lugares do Rafa, João Mário e Gonçalo Ramos. E nós deixámos de existir, como é óbvio. O Rafa não estava a fazer um jogo brilhante, mas estava melhor na 2ª parte a acelerar no último terço e o nosso treinador decide trocá-lo pelo Pizzi, conhecido pela sua velocidade estonteante...! Quanto ao Taarabt, nem vale a pena referir o quanto eu o DETESTO. E o Seferovic também está completamente fora dela. Aos 68’, o jogo ficou decidido com o terceiro golo do CRAC pelo Taremi, com a bola a entrar novamente por entre as pernas do Vlachodimos. Até final, ainda vimos o nojento Otávio a falhar isolado o quarto golo.
 
Em termos individuais, o Everton, curiosamente, foi dos nossos melhores jogadores. Muito bem no um-para-um, a não ter medo de ir para cima dos defesas, a criar desequilíbrios, nem parecia o mesmo. O Morato, que substituiu o castigado Otamendi, fez um jogo quase irrepreensível e parece-me que temos ali central para uns anitos. O Yaremchuk marcou um golo, mas falhou outro de forma incrível que teria inaugurado o marcador e o jogo forçosamente seria diferente.
 
Entramos em 2022 com os dois principais objectivos (campeonato e Taça de Portugal) perdidos. Será um erro enorme não irmos já buscar o treinador do próximo ano e perdermos seis meses com o Nelson Veríssimo. Mas o nosso clube anda numa espiral de decisões incompreensíveis e, portanto, já nada me espanta. O facto é que, depois do inédito tetra, temos um campeonato ganho em cinco anos. É inadmissível!