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quarta-feira, dezembro 21, 2022

Desaire

Empatámos no passado sábado (1-1) em Moreira de Cónegos com o Moreirense e, apesar de termos mantido a invencibilidade em jogos oficiais, tivemos o primeiro grande dissabor da temporada, dado que fomos afastados da final four da Taça da Liga. Estando nós num grupo com três equipas da II Liga, mesmo apesar de, ao contrário dos outros grandes, só termos tido um jogo em casa, não se pode deixar de catalogar este desfecho como um enorme fracasso.
 
Como seria de esperar, o Roger Schmidt fez a linhar a melhor equipa disponível, que já incluiu os mundialistas portugueses (Gonçalo Ramos e António Silva, estando o João Mário de fora por problemas físicos) e dinamarquês (Bah). A 1ª parte teve algum equilíbrio, com oportunidades de ambos dos lados (o Moreirense atirou uma bola à barra) e nós começámos a tornar o guarda-redes Pasinato na figura do jogo (remates do Gonçalo Ramos ao ângulo e, já perto do intervalo, do Grimaldo num livre a proporcionarem-lhe óptimas defesas). Entretanto, aos 25’, o Florentino abriu os braços de maneira estúpida num lançamento lateral contrário, a bola ressaltou para eles e foi naturalmente penalty. O André Luís não deu hipóteses ao Vlachodimos. Pela maneira como o Moreirense estava a conseguir fechar os caminhos para a sua baliza, era muito importante conseguirmos igualar a partida antes do intervalo, algo que aconteceu aos 43’ através do Gonçalo Ramos a corresponder bem a uma iniciativa do Rafa na direita.
 
A 2ª parte foi um massacre do nosso lado. Atirámos duas bolas aos ferros (Chiquinho e Gonçalo Ramos), embora o Moreirense também tenha atirado uma, o Rafa isolado permitiu a defesa ao guarda-redes e o Diogo Gonçalves, que entrou na parte final, teve duas ocasiões soberanas, com um remate muito por cima em boa posição na área e, mesmo antes do apito final, um cabeceamento completamente isolado que saiu ao lado. Inacreditável falhanço! Não conseguimos marcar um golo e, por isso, fomos eliminados. Acho que o Roger Schmidt demorou tempo demais a fazer as substituições (a primeira foi aos 77’...), porque a meio da 2ª parte começou a notar-se algum cansaço da nossa parte. Embora, claro está, a qualidade de quem está no banco não seja a mesma de quem joga a titular. Porém, teria sido útil à equipa alguma frescura mais cedo.
 
Em termos individuais, não houve ninguém que se destacasse por aí além. O Florentino fez uma boa 2ª parte, mas aquele erro crasso na primeira inviabiliza uma avaliação positiva. O Aursnes também melhorou quando foi para o centro, mas ainda está longe da sua forma. O Gonçalo Ramos veio com a pedalada do Mundial e, enquanto teve pernas, foi dos mais batalhadores e foram deles as nossas melhores oportunidades. O António Silva só jogou uma partida no Mundial, mas manteve a forma antes da paragem. Ao invés, o Draxler está difícil de apanhar o ritmo da equipa. Continua muito fora dela, o que é preocupante dado que tecnicamente é um dos nossos melhores jogadores, mas com aquela ‘velocidade’ é manifestamente um corpo estranho sem lugar no onze. Os jogos vão passando e as coisas não mudam com o alemão. Começo a ficar preocupado.
 
Com a não-qualificação para os quartos-de-final da Taça da Liga, ficaremos esta semana sem jogar. Regressa o campeonato na 6ª feira da próxima semana, com uma ida muito difícil a Braga. Depois deste desaire, é bom que demos uma resposta à altura.

segunda-feira, dezembro 12, 2022

Portugal – 0 – Marrocos – 1

Fomos eliminados do Mundial 2022 pela selecção marroquina no passado sábado. Daqui a alguns anos, quando alguém perguntar como foi a nossa participação neste Mundial, vamos ter de dizer “fomos eliminados nos quartos-de-final por Marrocos”. Da mesma maneira que, se nos perguntarem hoje pelo Euro 2004, teremos de dizer que “fomos derrotados, em casa, pela Grécia. Por duas vezes!” Grécia que hoje nem marca presença nos Europeus e Mundiais. Como provavelmente acontecerá com Marrocos (somente em relação aos Mundiais, claro está) num futuro próximo. Não está em causa o bom torneio que os marroquinos estão a fazer, em que têm apenas um golo sofrido (e autogolo), nem o mérito de terem sido melhor do que os espanhóis nos penalties (sim, a Espanha não perdeu com eles nos 90’). Está em causa o facto de a selecção portuguesa ser infinitamente superior e não ter sabido demonstrar isso em campo. Isso é que é inadmissível!
 
Um resultado pode esconder muita coisa. Pode ser sido devido a uma incrível dose de azar, a ser terrivelmente prejudicado pela arbitragem, ao adversário ser claramente superior, enfim, you name it. Nada disto aconteceu neste jogo: perdemos porque tivemos um “Fernando Santos vintage” durante toda a 1ª parte. Como tivemos frente ao Gana. E ao Uruguai. A nossa sorte é que eles não marcaram primeiro do que nós. Como os marroquinos. Mesmo contra a Suíça, o jogo estava muito equilibrado, até o Gonçalo Ramos ter tirado aquele coelho da cartola, que desbloqueou o jogo. E, para os poucos que por esta altura ainda não saberão, o que é o “Fernando Santos vintage”? É este futebol medroso, com um pavor cénico do que possa acontecer, que resulta numa lentidão exasperante de processos, sem arriscar minimamente, o que faz com que se possa trocar de posição o ‘r’ com o ‘d’ na palavra ‘medroso’, que este tipo de futebol ainda fica mais bem definido. Oferecemos a 1ª parte. Literalmente. O adversário marcou num enorme frango do Diogo Costa aos 42’ e a coisa ficou feita. Tivemos de correr atrás do prejuízo e aí faltou o discernimento, que, verdade seja dita, raramente temos nestas ocasiões. Junte-se a isso uma bola no poste do Bruno Fernandes, um outro remate deste a rasar o poste e outro do João Félix para grande defesa do guarda-redes, e o resultado foi termos perdido um jogo que nunca deveríamos ter perdido desta maneira.
 
Espero que esta campanha signifique o fim do Fernando Santos à frente da selecção. Obviamente. Deu-nos um campeonato da Europa e uma Liga das Nações e estar-lhe-emos eternamente gratos por isso. Mas a gratidão não pode fazer com que agora tenha de continuar até ele querer. Porque já não dá mais. Com os jogadores que temos, apresentar este ‘futebol’ é um insulto a todos nós. A quem também devemos estar gratos, mas também já não dá mais, é ao Cristiano Ronaldo. Se quiserem, pode até não ser já, faz mais quatro jogos para chegar às 200 internacionalizações e depois oferecem-lhe uma placa e está feito. O seu comportamento durante esta campanha revelou que é alguém que vive num mundo paralelo em que ainda é o “melhor do mundo”. Quando a última vez que ganhou o prémio foi há cinco anos (2017)! Ora, esse não é de todo o mundo real, e não querer ver isso é apenas deprimente, confrangedor e constrangedor. É a idade. Paciência. Calha a todos. (Já para não falar do facto, nada despiciendo, de que a selecção joga muito mais solta quando ele não está em campo...)

quinta-feira, dezembro 08, 2022

Portugal – 6 – Suíça – 1

Trucidámos a Suíça na passada 3ª feira e qualificámo-nos pela terceira vez para os quartos-de-final de um Mundial de futebol (1966 e 2006 foram as outras duas). Finalmente, e passado muito tempo, jogámos qualquer coisa que se assemelhasse a futebol, facto a que não será alheio termos jogado com 11 jogadores, dado que a estátua de ouro ficou no banco.
 
A partida até começou equilibrada, mas só até o Gonçalo Ramos justificar a titularidade em detrimento do Cristiano Ronaldo. Aos 17’, aproveitando uma assistência do João Félix rodou e fuzilou o guarda-redes com o pé esquerdo. Este golo soltou a equipa, que fez o 2-0 numa cabeçada fabulosa do Pepe num canto aos 33’. O Ramos tinha nas suas costas o tridente Bruno Fernandes, Bernardo Silva e João Félix, que apresentaram uma leveza que ainda não se tinha visto neste Mundial. Coincidência ou talvez não, o facto de não se ter de terminar as jogadas sempre no mesmo jogador, caso contrário, ele faz birra, fez com que se jogasse muito melhor em termos colectivos e os suíços não soubessem bem quem marcar.
 
Se a 1ª parte não tinha sido nada má, a 2ª foi demolidora: marcámos mais quatro golos(!), com o Gonçalo Ramos a fazer uma exibição de sonho, concretizando um hat-trick na sua estreia a titular e logo num Mundial (aos 51’ e 67’), e fazendo a assistência para o Raphael Guerreiro também marcar (55’). A seguir ao 4-0, a Suíça ainda reduziu um canto pelo Akanji, mas nós voltámos a marcar por mais duas vezes, no tal terceiro golo do Gonçalo Ramos e num golaço do entretanto entrado Rafael Leão, já em período de descontos.
 
Destaque absoluto para a exibição de sonho do Gonçalo Ramos, que assim dissipou as dúvidas sobre quem deve ser titular na frente. Não está em causa o que o C. Ronaldo já fez na sua carreira, está o facto de ele não estar a conseguir lidar com a sua idade e o seu actual estado de forma, tomando atitudes inacreditáveis (foi agradecer sozinho aos adeptos no final e voltou logo para o balneário, enquanto os colegas agradeciam em conjunto a seguir). Quem olhasse para a cara dele nunca diria que tínhamos goleado um adversário nos oitavos-de-final de um Mundial. Já era altura de ele perceber que o futebol é um jogo colectivo e não um jogo só para ele brilhar.
 
Iremos defrontar Marrocos, que eliminou sensacionalmente a Espanha nos penalties. É preciso ter atenção com a selecção africana, porque não só ainda não perdeu, como só sofreu um golo (que, ainda por cima, foi autogolo). No entanto, é óbvio que somos mais do que favoritos e, se apresentarmos esta qualidade de jogo, temos mais do que condições para chegarmos às meias-finais.

domingo, dezembro 04, 2022

Portugal – 1 – Coreia do Sul – 2

Segundo jogo num Mundial frente aos coreanos, segunda derrota. Se bem que esta, na passada 6ª feira, ao contrário da de 2002, não tenha tido consequências de maior, porque o Uruguai ganhou ao Gana e assim mantivemos o 1º lugar no grupo, e evitámos o Brasil já na ronda seguinte.
 
Com várias alterações no onze, mas com o C. Ronaldo em campo (até porque continua a haver um recorde para bater...) não poderíamos ter começado melhor, com um golo logo aos 5’ obra do Ricardo Horta a centro do Dalot na direita. Os coreanos ficaram um pouco abananados, mas conseguiram empatar aos 27, num canto contra nós em que o C. Ronaldo inexplicavelmente se agachou fazendo uma assistência involuntária para o adversário que marcou.
 
Na 2ª parte, nós tivemos mais tempo de controle a bola, mas sem apresentar grande eficácia. Do outro lado, havia grande respeito pela selecção portuguesa, mas já em período de descontos os coreanos conseguiram marcar num canto a nosso favor(!): contra-ataque super-rápido que atirou o Uruguai para fora do Mundial.
 
Do meio-campo para a frente, só o Rúben Neves e o C. Ronaldo não tiveram direito a folga. Claro que, no caso do C. Ronaldo, a razão da sua titularidade se deve ao famigerado recorde de golos em Mundiais, que não há maneira de quebrar. Ou seja, objectivos individuais à frente de objectivos colectivos. Típico vindo de quem vem. Ainda por cima, viu-se bem a reaçcão dele para com o selecionador quando foi substituído. Bem podem vir com n teorias sobre a quem é que ele se dirigia, que todos nós percebemos que ele se dirigia ao seleccionador, porque, caso contrário, não falaria em português.
 
Foi uma exibição pior do que as anteriores, que já não tinham sido grande coisa. Urge levantar o nível exibicional, sobe pena de estarmos a poucos dias de regressar a casa. Iremos agora defrontar a Suíça nos oitavos de final do Mundial. No penúltimo confronto goleámos e no último perdemos. Veremos o que irá acontecer agora.

quarta-feira, novembro 30, 2022

Portugal – 2 – Uruguai – 0

Ganhámos na 2ª feira aos uruguaios e qualificámo-nos para os oitavos-de-final do Mundial ao fim da 2ª jornada, o que é um facto a realçar, por ser muito pouco comum. Foi um triunfo justo, porque neste momento a selecção portuguesa é claramente melhor do que a uruguaia, cuja renovação está mais difícil de ser feita (os Cavanis e Suárez já não são o que eram...).

Estou numa fase em que os resultados desfavoráveis das equipas pelas quais torço me custam menos se forem justos. Demos o nosso melhor, mas o adversário foi superior a nós... Paciência! Na mesma linha de pensamento, irrita-me cada vez mais que uma equipa não esteja à altura do seu potencial, da valia dos seus jogadores. Exemplo supremo será talvez o Atlético de Madrid, que não se admite que jogue aquele (chamemos-lhe) ‘futebol’ com um plantel daquela qualidade. Outro exemplo, é a selecção portuguesa. Se calhar, tenho de deixar de ver os jogos para não me irritar tanto... É uma dor de alma ver o plantel que temos à disposição e apresentar durante grande parte dos jogos aquilo... A 1ª parte veio na senda do encontro frente ao Gana, ou seja, muita lentidão de processos, poucas oportunidades, tendo a maior inclusive surgido do outro lado, com uma boa saída do Diogo Costa que impediu o Bentacur de inaugurar o marcador.

Na 2ª parte, tivemos uma boa oportunidade pelo João Félix, mas o remate de pé esquerdo saiu ao lado, até que aos 54’ inaugurámos o marcador num centro para a área do Bruno Fernandes com o Cristiano Ronaldo a tentar cabecear a bola e com isso condicionar decisivamente a acção do guarda-redes, mas a não tocar na bola, tendo ela entrado directamente. O Uruguai tentou responder, mas não conseguiu criar grande perigo até aos 69’, altura em que o Fernando Santos tem uma decisão INACREDITÁVEL no banco, trocando um trinco (Rúben Neves) por um avançado (Rafael Leão)...! Portanto, estamos a ganhar por 1 a 0 e o seleccionador nacional desfalca o meio-campo só para não ter de tirar o C. Ronaldo (que era obviamente quem deveria ter saído)...! O resultado foram três grandes oportunidades do Uruguai em 13’, com uma bola ao poste, um isolado frente ao Diogo Costa, que fez bem a mancha e outro remate perigoso do Suárez na sequência de um livre. Quando aos 82’, o Fernando Santos decidiu fazer o que se impunha há bastante tempo, ou seja, reforçar o meio-campo com o Palhinha, Matheus Nunes e colocar o Gonçalo Ramos (saíram o William Carvalho, João Félix e C. Ronaldo), que se farta de defender, na frente, o Uruguai mal passou de meio-campo! Óbvio! O que eu não consigo de todo compreender é porque é que demorou tanto tempo a chegar a esta conclusão, tendo arriscado não só o empate, como até a reviravolta no marcador...!?! Em cima dos 90’, o Giménez caiu e tocou a bola com a mão, tendo o Bruno Fernandes feito o bis no respectivo penalty (eu sei que estes lances agora são considerados falta, mas sinceramente não sei onde é que o jogador poderia ter colocado o braço para amortecer a queda...).

Em termos individuais, destaque óbvio para o Bruno Fernandes com os dois golos e para o Diogo Costa que nos salvou de ver o Uruguai na frente ainda na 1ª parte. O João Cancelo e Bernardo Silva continuam a passar ao lado do Mundial, assim como o Rúben Neves, que não dá andamento ao meio-campo (com um titular do PSG, o Vitinha, com 0 minutos neste Mundial no banco, é outra decisão incompreensível do Fernando Santos). Quanto ao C. Ronaldo, o facto de ele comemorar o golo como se fosse dele, sabendo perfeitamente que não tocou na bola, diz tudo acerca do seu carácter e do que o move: ele próprio e só ele próprio. Se lhe dessem a escolher se preferiria ser campeão do mundo, marcando 0 golos, ou bater o recorde de único jogador a marcar em 5 Mundiais (que já bateu) e ser o melhor marcador português em Mundiais (ainda lhe falta um golo para conseguir, em cinco Mundiais, o que o Eusébio conseguiu num só), não tenho a menor dúvida sobre o que ele preferiria. Péssimo exemplo, mas, de quem se acha superior ao próprio futebol, não é de espantar. É um grande jogador, mas é pena não ter grandeza nenhuma.

Iremos defrontar a Coreia do Sul na 6ª feira e um empate será o suficiente para ficarmos em 1º lugar no grupo, o que nos livrará de apanhar o Brasil já nos oitavos. Mas não digam isto ao Fernando Santos, senão teme-se o pior...!

segunda-feira, novembro 28, 2022

Controlado

Vencemos no sábado o Penafiel por 2-0, mas como o Moreirense também ganhou ao E. Amadora (4-2), ficou com mais um golo marcado do que nós e teremos de ir ganhar a Moreira de Cónegos na 3ª jornada para nos apurarmos para os quartos-de-final da Taça da Liga. Tivemos ocasiões mais do que suficientes nestes dois jogos para só nos bastar o empate nesse jogo, mas alguma falta de pontaria resultou nisto.
 
A meio do Mundial, num sábado à noite às portas do Inverno, um jogo para a Taça da Liga conseguir levar 43 263 pessoas ao nosso estádio, De facto, não é para todos...! Alinhámos novamente com a melhor equipa possível, mas a 1ª parte deixou algo a desejar, nomeadamente em termos de movimentações que criassem desequilíbrios na frente. O Musa, numa perda de bola adversária, e o Grimaldo num livro muito longe da baliza, criaram perigo, mas tivemos as duas maiores oportunidades já em cima do intervalo: um remate do Rafa defendido pelo Caio Secco, com o Musa na recarga de cabeça com a baliza escancarada a atirar... por cima(!) e noutra jogada rápida em que o Musa assistiu o Rafa para um remate de pé esquerdo também defendido pelo guarda-redes. Do outro lado, o Penafiel teve uma chance num livre marcado rapidamente, que nos apanhou em contrapé, e que culminou num remate à entrada da área, desviado pelo Chiquinho para canto.
 
Na 2ª parte, teríamos de ser mais incisivos e assim foi tendo resolvido a partida em dois minutos. Aos 55’, óptima jogada do Grimaldo na esquerda, a passar por vários adversários, a bola sobrou para o Musa que falhou só com o guarda-redes pela frente e o ressalto vai para os pés do Gilberto, que não perdoou, fazendo o 1-0. Aos 57’, bola recuperada pelo David Neres, ataque rápido bem conduzido pelo Musa, que libertou para o Rafa, que não conseguiu marcar perante o guarda-redes, tendo a bola sobrado para o David Neres, que fuzilou na recarga. Até final, ainda deu para o Penafiel ter um golo anulado, por fora-de-jogo, num desvio a um remate fora da área e para o Henrique Araújo, entretanto entrado, rematar para defesa do guarda-redes.
 
Em termos individuais, o Grimaldo voltou a fazer uma boa exibição, que teve o ponto alto na jogada do primeiro golo, que se tivesse entrado, seria um golo maradoniano, o Musa acaba por estar nos dois golos, mas continua a falhar alguns de maneira incrível e uma palavra para o Brooks, que, quando entrou, fez três passes a rasgar desde a defesa que não me pareceram nada por acaso...
 
Gosto que a equipa encare todos os jogos a sério e, portanto, é justo que o plantel vá agora para umas merecidas férias durante 10 dias, antes de regressar para a final de Moreira de Cónegos.
 
P.S. – Faleceu também no sábado o Fernando Gomes (1956-2022), com apenas 66 anos. Eu detestava o Gomes pelas razões que se deve detestar um jogador dos nossos rivais: porque era decisivo contra nós, tendo-nos marcado alguns golos que nos custaram derrotas (a primeira derrota frente ao FC Porto na Luz que me lembro de ver, 1984/84, aconteceu por causa de um golo dele). Ou seja, não gostava dele pelas razões certas, que nos fazem detestar um jogador adversário, ao mesmo tempo que é impossível não o admirar. O Fernando Gomes era um senhor dentro do campo e, segundo muitos testemunhos, também fora dele. É uma pena que o seu exemplo não tenha sido seguido por muitos outros jogadores do seu clube, nomeadamente no que se refere ao seu comportamento em campo. Aqui ficam os meus sentimentos para a sua família e para o FC Porto.

domingo, novembro 27, 2022

Portugal – 3 – Gana – 2

Entrámos a ganhar no Mundial 2022 na passada 5ª feira, algo que já não conseguíamos no jogo de estreia desde 2006. Ainda para mais, com o empate no outro jogo do grupo entre Uruguai e Coreia do Sul (0-0), saltámos logo isolados para a frente do grupo.
 
No entanto, colocar Joões Cancelos, Bernardos Silvas, Joões Félix e outros que tais nas mãos de um Fernando Santos é (perdoe-se-me a expressão e sem ofensa) dar pérolas a porcos! Que desperdício monumental de talento! Se há treinadores que elevam alguns jogadores para patamares que os próprios não desconfiavam que tinham, este seleccionador nacional faz exactamente o contrário! Os jogadores parecem muito piores do que realmente são nas mãos dele. A 1ª parte do jogo foi das piores de todo o Mundial. Parecíamos o Benfica do ano passado para (muito) pior! Jogo lento, sem imaginação, sem rasgos, sem velocidade, sem desequilíbrios, medíocre, poucochinho, enfim um portugalzinho no seu pior.
 
O maior erro de arbitragem do Mundial até agora deu ao Cristiano Ronaldo a oportunidade de ser o primeiro jogador a marcar em cinco Mundiais. Aquilo não é penalty em nenhuma parte do mundo! Mas o C. Ronaldo naturalmente não desperdiçou a oportunidade e ficou tudo em êxtase com o facto (só foi pena é que não tivesse sabido dominar decentemente uma bola nos primeiros minutos do jogo, que o deixaria isolado, para fazer esse golo...). Senti uma tal vergonha alheia desse lance que nem festejei (e percebi mais uma vez que seria impossível ser adepto do CRAC, que não se importam nada de marcar golos destes...). Isto aconteceu aos 65’ e aos 73’ o André Ayew repôs justiça no marcador, fazendo o 1-1. Voltei a ficar nervoso e pude festejar como deve ser o golo do João Félix aos 78’, que nos recolocou na frente. O Fernando Santos lá se lembrou que podia fazer substituições e foi o Rafael Leão, que tinha entrado pouco antes, a dar-nos dois golos de vantagem dois minutos depois, fazendo o 3-1. Ambos estes golos partiram de assistências do Bruno Fernandes, que, quando se concentra em jogar à bola e não em estar a protestar com tudo e todos, até faz coisas interessantes. Parecia que estava tudo decidido, mas isto é um Mundial, as equipas só param de lutar no fim, e um erro colossal do João Cancelo aos 89’ permitiu ao Gana fazer o 2-3 pelo Bukari. Estávamos a conseguir controlar o jogo nos minutos finais, até o Diogo Costa ter uma paragem cerebral e atirar a bola para o chão para a pontapear, sem reparar que tinha um adversário nas costas. Teve é uma sorte descomunal, porque o Iñaki Williams escorregou quando lhe roubou a bola e não conseguiu fazer o golo mais fácil da sua carreira... (Se fosse o Vlachodimos a fazer uma destas, daria logo golo de certeza...!).
 
Em termos individuais, e por estranho que pareça, a equipa melhorou bastante com a entrada do William Carvalho, o que não abona nada a favor do Rúben Neves. Os laterais (Cancelo e Rúben Guerreiro) estiveram irreconhecíveis, há outras hipóteses nos 26 (Dalot e Nuno Mendes), mas vamos ver o que o engenheiro vai fazer frente ao Uruguai. Já se sabe que o C. Ronaldo tem lugar cativo tem frente, portanto, nem importa que jogue bem ou mal. O Bernardo Silva passou completamente ao lado do jogo, o que é algo que também só acontece com o engenheiro como treinador.
 
Iremos defrontar amanhã o Uruguai e uma vitória qualificar-nos-á imediatamente para a fase a eliminar. Só que, como nos iremos cruzar com o grupo do Brasil, caso não fiquemos em 1º lugar, defrontá-los-emos certamente. É bom que tenhamos isso em mente, para deixarmos de entrar para o empate (se não fizemos isto na 1ª parte frente ao Gana, disfarçámos muito bem)...

terça-feira, novembro 22, 2022

Entrar a ganhar

 Vencemos no domingo em Leiria o E. Amadora (3-2) na 1ª jornada da Taça da Liga. A margem mínima não reflecte de todo o que se passou em campo, com a nossa superioridade a não ter infelizmente tradução consentânea no marcador. Depois de três anos de absoluto jejum, é com muita satisfação que vejo o Roger Schmidt a levar a sério todas as competições e alinhámos praticamente com a equipa titular, com excepção dos jogadores que estão nas selecções.
 
Numa excelente troca de bolas entre o Rafa e o Musa inaugurámos o marcador aos 13’, com um remate do croata de fora da área, mas permitimos o empate aos 22’ pelo João Silva, num desvio na sequência de um livre. Era importante ir para o intervalo em vantagem e conseguimo-lo num penalty bem apontado pelo Chiquinho aos 29’, que castigou um derrube ao Rafa.
 
Para a 2ª parte, o Roger Schmidt deu minutos ao regressado Draxler, mas fartámo-nos de falhar golos. A vantagem mínima foi-se arrastando até perto do final, quando o entretanto entrado Rodrigo Pinho assistiu o Draxler para um remate rasteiro sem hipóteses para o guarda-redes. Mesmo assim, um erro crasso do também entretanto entrado Morato na saída de bola já na compensação resultou no 2-3 final, através do Gustavo Henrique.
 
Gostei do Chiquinho no lugar do Enzo Fernández e o Rafa, apesar de não ter sido brilhante, teve participação activa nos dois primeiros golos. O Vlachodimos foi quase um espectador, mas mesmo assim foi buscar duas bolas lá dentro...
 
Era importante começar a ganhar numa competição que só tem três jogos na fase de grupos. Ao mesmo tempo, serve para dar alguma rodagem aos jogadores que não vão participar no mundial.

terça-feira, novembro 15, 2022

Sólido

Vencemos no domingo o Gil Vicente por 3-1 na Luz e vamos para a pausa do Mundial com oito pontos de vantagem para o CRAC (4-1 no Bessa), o segundo classificado. Não foi uma partida nada fácil, porque o Gil Vicente mostrou que sabe trocar muito bem a bola e até me espanta que esteja tão abaixo na classificação.
 
Com o regresso do Gonçalo Ramos, alinhámos com a equipa-tipo deste ano, mas os jogadores acusaram um pouco o facto de este ser o terceiro jogo em apenas sete dias. Entrámos praticamente a ganhar, dado que o Rafa foi claramente derrubado na área e o João Mário marcou muito bem o penalty fazendo o 1-0 aos 9’. Pouco depois, o Enzo Fernández, em excelente posição à entrada da área, atirou por cima e foi mesmo o Gil Vicente a chegar ao empate aos 17’ através do Fran Navarro noutro penalty, a castigar braço do Otamendi na nossa área. A partir daqui, o jogo tornou-se mais dividido do que seria desejável e, durante algum tempo, só num remate cruzado do Rafa, defendido pelo Kritciuk, é que conseguimos criar perigo. No entanto, aos 36’ recuperámos uma bola em terreno ofensivo, o Rafa desmarcou o David Neres, que rematou cruzado tendo a bola sido amortecida por um defesa e o Gonçalo Ramos só teve de encostar. Recolocávamo-nos na frente antes do intervalo, o que era fundamental para nos dar mais tranquilidade para a 2ª parte, até porque, lá está, vínhamos de uma semana intensa de jogos.
 
No recomeço, a partida tornou-se mais fácil logo aos 53’ com o 3-1 num cabeceamento do Gonçalo Ramos a corresponder muito bem a um cruzamento do Enzo Fernández na sequência de um canto curto. Controlámos bastante melhor o Gil Vicente, que praticamente não conseguiu chegar à nossa baliza, tendo nós, ao invés, mais duas soberanas ocasiões de conseguir nova goleada, com o entretanto entrado Musa a falhar isolado depois de ser brilhantemente desmarcado pelo João Mário e o David Neres a atirar ao poste num remate rasteiro de pé esquerdo de fora da área. Quanto às alterações, achei que o Roger Schmidt arriscou um pouco ao tirar o Rafa tão cedo (67’), dado que um golo do Gil Vicente voltaria a abrir o jogo e depois não teríamos o 27 em campo para acelerar de novo a partida se fosse necessário, mas felizmente isso não aconteceu. Já em tempo de compensação, o Enzo Fernández lá fez o seu habitual mau passe no meio-campo (nos últimos tempos, tem havido pelo menos um por jogo, coisa que deve corrigir rapidamente) e o Boselli rematou de pé esquerdo perto do poste do Vlachodimos, que ainda se estirou para a bola.
 
Em termos individuais, inevitável destaque para o bis do Gonçalo Ramos, que o coloca na liderança dos melhores marcadores com nove golos. O resto da equipa esteve num plano aceitável, com o David Neres a compensar algumas ausências durante o jogo com aquele remate ao poste (pode sempre surgir qualquer coisa de novo dali), o Enzo Fernández fez nova assistência, mas tem de ter mais atenção àqueles passes que são transviados no meio-campo, e o João Mário respira confiança, o que ficou bem patente na forma como marcou o penalty.
 
Termos agora a paragem do campeonato para o Mundial, mas com as três jornadas da Taça da Liga para que a equipa não enferruje. E, atenção, que já não ganhamos esta competição há seis anos, portanto, espero bem que aproveitemos também este ano para acabar com esta seca.

sexta-feira, novembro 11, 2022

Qualificados

Voltámos a vencer o Estoril na Amoreira, desta feita por 1-0, na passada 4ª feira e qualificámo-nos para os oitavos-de-final da Taça de Portugal. Demonstrando um respeito pela competição, que é uma lufada de ar fresco em relação aos últimos 25 anos (três taças ganhas...! Nunca é demais repetir: é uma vergonha para nós!), o Roger Schmidt manteve a equipa titular e nem fez a rotação habitual na baliza. E ainda bem!
 
Já se esperava que a partida fosse diferente da de domingo e isto confirmou-se. O Benfica não apresentou os mesmos níveis físico, o que é normal, e o Estoril conseguiu defender bem melhor, para além de ter feito algumas alterações, que lhe permitiu chegar mais vezes à nossa área, sem, no entanto, criar muito perigo para o Vlachodimos. Quanto a nós, com o David Neres em detrimento do Chiquinho, tivemos duas grandes ocasiões para marcarmos na 1ª parte, num livre do Grimaldo à barra e num remate do Rafa, isolado só com o guarda-redes pela frente, que ainda tocou poste. Já perto do intervalo, foi o António Silva a atirar por cima num canto com um remate de pé esquerdo.
 
A 2ª parte começou praticamente com o vermelho directo ao Francisco Geraldes por ter derrubado o Rafa, que seguia isolado para a baliza. No livre que se seguiu, o Grimaldo obrigou o guarda-redes Dani Figueira a uma defesa para canto. Pouco depois, foi o Rafa com um remate cruzado da direita a dar outra vez trabalho ao guarda-redes. Perante dez jogadores, o nosso domínio acentuava-se e foi com estranheza que vi o Roger Schmidt limitar-se a trocar de pontas-de-lança, tirando o Musa para entrar o Henrique Araújo. Achei que precisávamos de mais poder de fogo na frente, mas o que é facto é que marcámos pouco depois: aos 66’, cruzamento do João Mário para a área, saída a soco do Dani Figueira, que acerta mal na bola, ficando esta à mercê do pontapé-de-bicicleta do David Neres no ressalto. Um golão, apesar de ter nascido de um frango. Em inferioridade numérica, percebeu-se que o Estoril só poderia marcar num erro nosso. No entanto, apesar da pouca frescura física, fomos tentando marcar sempre o segundo golo, mas a pontaria não esteve afinada. Em cima dos 90’, o António Silva teve um erro de posicionamento, mas felizmente o Benchimol não conseguiu dominar bem e a bola acabou nas mãos do Vlachodimos.
 
Em termos individuais, o David Neres foi o melhor e não só pelo golo, o que não é de espantar dado que também era dos que se apresentava mais fresco. O Enzo Fernández voltou às boas exibições e, em relação ao Florentino, parece que a sobrecarga de jogos não passa por ele. O Otamendi foi outro que esteve intratável. Quanto aos restantes, estiveram todos num plano aceitável com a equipa a controlar bem o jogo, sem se expor a muitos riscos.
 
Veremos o que nos reserva o sorteio da próxima 2ª feira, mas o objectivo é sempre o mesmo: chegar ao Jamor e vencer a competição.
 
P.S. – Na passada 2ª feira, houve sorteio de Champions e finalmente tivemos sorte (pelo menos, no papel)! Calho-nos o Club Brugge. Estiveram no grupo do CRAC, mas, em termos teóricos, eram o mais fácil que podíamos apanhar. Cabe-nos em campo confirmar este favoritismo para chegarmos aos quartos-de-final.

segunda-feira, novembro 07, 2022

Abafo

Goleámos o Estoril na Amoreira (5-1) e ficámos com uma distância de oito pontos para o 2º classificado, que é agora o CRAC (ganhou facilmente 4-0 ao Paços de Ferreira), porque o Braga perdeu em casa com o Casa Pia (0-1) e está agora a nove pontos de nós, mantendo-se a lagartada a 12 (3-0 sobre o V. Guimarães). Depois de uma (épica) jornada europeia e antes de uma eliminatória da Taça (no mesmo local contra o mesmo adversário), demos uma demonstração cabal do nosso poderio no momento.
 
Com as lesões do Aursnes e Gonçalo Ramos, entraram o Chiquinho e o Musa. O Estoril está a fazer um campeonato interessante e já tinha retirado dois pontos ao CRAC, pelo que este jogo se revestia de um elevado nível de perigo. As coisas começaram algo equilibradas, mas nós tivemos logo nos minutos iniciais uma óptima hipótese com um remate do Rafa, que saiu ao lado. O Estoril respondeu bem e criou uma enorme ocasião à passagem do quarto de hora, com o Rodrigo Martins a surgir isolado frente ao Vlachodimos, mas este a defender brilhantemente com o pé. No entanto, aos 25’ fomos mesmo nós a inaugurar o marcador, com um excelente cabeceamento do Musa (anda a treinar o jogo de cabeça, só pode) depois de um centro do Grimaldo na esquerda. O Pedro Henriques, que estava a comentar o jogo na Sport TV, estava a dizer que o nosso nível de eficácia nas bolas paradas estava a decair em relação ao início da época e em boa hora falou! Cinco minutos depois do primeiro golo, surgiu o segundo num canto, com assistência de calcanhar do Chiquinho e desvio também de calcanhar(!) do António Silva. Que golão! Continuámos a pressionar nos minutos seguintes, mas um canto desnecessário provocado pelo Bah proporcionou ao Estoril outra óptima ocasião, com o Musa a livrar-se por pouco de um autogolo, com um alívio para a barra, tendo o António Silva na recarga parado com o corpo um remate que também tinha boa direcção. Na sequência deste alívio, contra-ataque venenoso da nossa parte através do Rafa, mas o Enzo Fernández isolado não conseguiu desfeitear o guarda-redes. Porém, não tivemos de esperar muito pelo o 3-0, que aconteceu aos 40’ num bis do António Silva, de cabeça, depois de assistência também de cabeça do Florentino a centro do Rafa, na sequência de outro canto. (Pedro Henriques, por favor, nos jogos do Benfica é favor fazer sempre esse comentário!)
 
Na 2ª parte, apesar de termos o jogo praticamente ganho, não demos a menor hipótese ao Estoril e ainda acentuámos mais a nossa superioridade. Tanto assim foi, que só nos minutos finais é que o Estoril conseguiu pisar a nossa área! Parecia que o jogo estava 0-0 tal o nosso comprometimento com o mesmo. É impossível não encher as medidas de qualquer adepto. Atirámos uma bola ao poste pelo Musa, entretanto o Roger Schmidt começou a rodar a equipa e o recém-entrado David Neres isolou brilhantemente o João Mário, que desviou subtilmente do guarda-redes para o 4-0 aos 67’. Quem também entrou foi o Henrique Araújo que, depois de falhar perante o guarda-redes, fez um golão num remate em vólei, mas o VAR Hugo Miguel considerou que o Florentino, que estava em fora-de-jogo no início da jogada, teve intervenção na mesma. Um roubo, porque o nosso jogador nem se faz à bola! Não descansávamos e fizemos mesmo o quinto golo aos 89’ num remate fabuloso de quase 30 m(!) do Ristic, que tinha substituído o Grimaldo minutos antes. Até final, ainda deu para o Serginho ser o primeiro a marcar um golo ao Benfica fora de casa, fazendo o resultado final de 1-5, e para levarmos uma bola ao poste já mesmo em cima do apito final. Já tínhamos entrado em descompressão e estes dois lances eram escusados...
 
Em termos individuais, destaque evidente para o António Silva, que se estrou a marcar na Liga e logo por duas vezes. O João Mário também fez um óptimo jogo e está numa forma assinalável. No meio-campo, o Florentino continua um muro quase intransponível e fez bem o descanso ao Enzo Fernández (apesar de estar com uma irritante mania de perder pelo menos uma bola perigosa por jogo na saída a jogar no nosso meio-campo...). O Rafa não esteve feliz na hora de rematar à baliza, mas é sempre um perigo para as defesas contrárias. O Musa é um bocado cepo, mas enquanto marcar um golo cada vez que entra, por mim, está bem assim. Menção também especial para o Vlachodimos, que impediu que começássemos o jogo a perder.
 
Voltaremos à Amoreira na 4ª feira para a Taça de Portugal e é bom que não nos deixemos deslumbrar por este resultado. Vai ser um jogo muito difícil e nunca é demais relembrar o nosso vergonhoso palmarés de três taças ganhas em 25 anos...! E nas Caldas da Rainha aconteceu o que aconteceu, portanto, é fundamental mantermos o foco no máximo. Estamos bem lançados no campeonato, mas não só nada está ganho, como a ida ao Jamor é imprescindível!

quinta-feira, novembro 03, 2022

De sonho

Goleámos ontem o Maccabi Haifa em Israel por 6-1 e, como o PSG só ganhou por 2-1 em Turim frente à Juventus, conseguimos batê-lo nos golos fora e ficámos em 1º lugar do nosso grupo da Champions! Vou repetir, porque isto é difícil de acreditar: num grupo com PSG e Juventus, não só não perdemos nenhum jogo, como ficámos em 1º lugar! Nem nos nossos melhores sonhos antevemos uma destas.
 
Com o Enzo de fora por causa dos amarelos, entrou o Aursnes de início, como se esperava, tendo o David Neres regressado à titularidade. Perante um público muito ruidoso, a primeira oportunidade foi para os israelitas, com um remate ao lado depois de um lance em que o António Silva não teve a melhor das abordagens. Reagimos bem e, pouco depois, uma excelente jogada do Aursnes pela esquerda culminou numa assistência para um remate de primeira do Gonçalo Ramos ao poste! Continuámos a insistir e foi a vez de o Rafa colocar o guarda-redes Cohen à prova com um grande remate de fora da área. Na sequência desse canto, inaugurámos finamente o marcador aos 20’ numa bola bombeada pelo Bah para a cabeça do Otamendi, que assistiu o Gonçalo Ramos para fazer o 1-0 também de cabeça. Que grande golo! No entanto, não tivemos muito tempo para saborear esta vantagem, porque aos 26’ o mesmo Bah não colocou as mãos atrás das costas num centro para a área e a bola bateu nelas, tenho o VAR chamado a atenção do árbitro para o respectivo penalty. O Chery não deu hipóteses ao Vlachodimos. Por volta da meia-hora, o Schmidt surpreendeu toda a gente ao fazer uma dupla substituição, tirando o Ramos e o Aursnes e colocando o Musa e Chiquinho. Veio explicar no final que foram ambas por motivos físicos. Até ao intervalo, não conseguimos voltar a marcar, mas as notícias de Turim eram boas dado que a Juventus tinha conseguido empatar depois de estar a perder desde muito cedo.
 
Na 2ª parte, demos um autêntico festival! Os israelitas praticamente não chegaram à nossa baliza e nós recolocámo-nos em vantagem aos 59’ numa óptima cabeçada do Musa a corresponder a um não menos perfeito centro do Bah. Dez minutos depois, acabámos com as dúvidas acerca da vitória ao fazer o 3-1 num livre superiormente executado pelo Grimaldo. Todavia, na mesma altura o PSG recolocava-se em vantagem (2-1) e, para ficarmos em 1º lugar, teríamos de marcar mais três golos. O que, com 20’ para jogar, parecei quase uma missão impossível. Naturalmente que eu estava com mais esperança num golo da Juventus que igualasse a partida e nem pensava muito nestes três golos. No entanto, os jogadores do Benfica tinham outras ideias e decidiram tomar as rédeas daquilo que efectivamente dependia de nós: aos 73’, o David Neres, que até então estava a passar completamente ao lado do jogo, tem uma jogada bestial e faz uma assistência fabulosa que coloca o Rafa na cara do guarda-redes, tendo este desviado subtilmente para fazer o 4-1. Aos 82’, o Schmidt colocou o Henrique Araújo e o Diogo Gonçalves para o Rafa e Neres descansarem, e não houve quem não pensasse que o resultado estava feito. Só que o Benfica do Schmidt tem uma atitude competitiva que não pode deixar de nos orgulhar! O Diogo Gonçalves rematou rasteiro de fora da área ao poste e, na sequência da jogada, o Bah desmarcou muito bem o Henrique Araújo na área e este fez o 5-1 aos 88’. Faltava só um golo e os últimos minutos foram muito stressantes! Ainda houve um livre lateral do Grimaldo que o guarda-redes defendeu, mas já depois da hora o João Mário num óptimo remate de fora da área fez o 6-1 que nos deu o 1º lugar do grupo! Foi o delírio!
 
Num jogo como este, que até os não-habituais titulares estiveram muito bem (o Chiquinho terá feito o melhor jogo com a camisola do Benfica), seria injusto destacar alguém. Seis golos de seis jogadores diferentes dizem bem da atitude de toda a equipa. Se pensarmos que, não há muito tempo, estivemos uma série de jogos sem ganhar fora para a Champions, a campanha desta temporada parece um autêntico sonho. Veremos o que nos reserva o sorteio da próxima 2ª feira, mas um Club Brugge seria muito bem-vindo...!

segunda-feira, outubro 31, 2022

Maravilha

Goleámos o Chaves no sábado por 5-0 e, com o empate do CRAC nos Açores frente ao Santa Clara (1-1) e a derrota da lagartada em Arouca (0-1), estamos agora com uma vantagem sobre eles de 8 e 12 pontos, respectivamente! Ou seja, o fim-de-semana não poderia ser mais perfeito. Isolado agora no 2º lugar a seis pontos de nós está o Braga, que ganhou 1-0 em Barcelos, ao Gil Vicente, e há que ter atenção a eles, para não termos uma reedição do Braga do Domingos de 2009/10...
 
Sabedores já do empate do CRAC quando entrámos em campo, em tempos não muito idos, isso era motivo de nervosismo e geralmente de oferta da 1ª parte, com uma segunda já em esforço e plena de stress. Mas não este ano! Aos 10’, já estávamos a ganhar por 2-0! A nossa entrada a todo o gás começou com um golão do David Neres logo aos 2’ e oito minutos depois foi o Grimaldo a converter superiormente um livre directo. Tinha comentado com os meus companheiros de bancada, pouco antes do apito inicial, que a esperteza saloia do Chaves de nos trocar as voltas na moeda ao ar, obrigando-nos a jogar para a baliza grande na 1ª parte, deveria ser castigada com um 3-0 ao intervalo. E acertei na mouche, dado que aos 37’, o Gonçalo Ramos fez o terceiro golo numa recarga a uma defesa incompleta do Paulo Vítor depois de um centro do Aursnes. No entanto, já antes tínhamos falhado algumas oportunidades para fazer esse golo, a principal das quais através do próprio Gonçalo Ramos, que atirou de cabeça ao lado, com a baliza escancarada(!), depois de uma assistência brilhante do David Neres. Do outro lado, um erro clamoroso do Enzo Fernández isolou um adversário, tendo-nos valido o Vlachodimos para manter os dois golos de vantagem na altura. Em cima do intervalo, foi o João Mário a atirar por cima de pé esquerdo, depois de uma combinação brilhante com o Grimaldo, o que foi uma pena, porque seria dos golos mais bonitos da Liga até ao momento.
 
Na 2ª parte, baixámos claramente o ritmo, o que é normal, porque estamos a meio de jornadas de Champions. Mesmo assim, marcámos um golo pelo Enzo Fernández a concluir uma jogada colectiva fabulosa, mas infelizmente o Aursnes estava fora-de-jogo por 18 cm no início da mesma...! À passagem da hora de jogo, o Roger Schmidt começou a dar descanso a alguns titulares, tendo entrado o Gilberto e Florentino para os lugares do Bah e João Mário. Pouco depois, foi a vez do Musa e Diogo Gonçalves em vez do Gonçalo Ramos e David Neres. Voltámos a acelerar um pouco o ritmo e ainda fizemos mais dois golos na parte final, com o 4-0 através do Musa, bem desmarcado pelo Enzo Fernández aos 81’ e o 5-0 numa recarga de cabeça do Rafa a um remate à barra do Gilberto já em tempo de compensação. Entre os dois golos, ainda houve remates do Diogo Gonçalves e Rafa bem defendidos pelo guarda-redes.
 
Em termos individuais, acho que não houve nenhum jogador que se destacasse por aí além. Toda a equipa esteve globalmente bem, muito concentrada e a não dar hipóteses nenhumas ao adversário. O Aursnes é cada vez mais uma certeza e vai permitir que o Florentino ou o Enzo Fernández descansem à vez. O David Neres voltou de lesão e esperemos que se mantenha assim, porque é dos maiores desequilibradores do campeonato. O Rafa está super-confiante e, mesmo não estando feliz na concretização durante grande parte do encontro, lá conseguiu marcar o seu golito perto do final. O Vlachodimos foi fundamental com aquela defesa para manter a vantagem de dois golos na altura.
 
Iremos agora a Israel tentar uma nada esperada conquista do 1º lugar do grupo na Champions. Mas o mais fundamental será os três próximos jogos internos, nomeadamente a dupla ida ao Estoril para campeonato e Taça de Portugal. É fundamental obtermos três vitórias antes da paragem para o Mundial.

quarta-feira, outubro 26, 2022

Jogaço

Vencemos ontem a Juventus por 4-3 e, a uma jornada do fim, qualificámo-nos para a fase a eliminar da Liga dos Campeões. Foi um jogo que começou por correr muito bem, mas que se complicou na parte final, porque estes italianos são sempre muito manhosos.
 
O empate bastava para selar a nossa qualificação, mas o Roger Schmidt prometeu que iríamos jogar para ganhar. E cumpriu. Apesar de o David Neres estar recuperado, manteve a aposta no Aursnes para dar mais solidez ao meio-campo e o norueguês foi dos melhores em campo. Entrámos muito concentrados e a pressionar como é nosso timbre, e inaugurámos o marcador aos 17’ na estreia do António Silva a marcar pelo Benfica, com um desvio de cabeça a um óptimo centro do Enzo Fernández. No entanto, não tivemos muito tempo para saborear a vantagem, dado que aos 21’ a Juventus empatou num canto pelo Moise Kean, numa recarga a duas defesas(!) do Vlachodimos a remates do Vlahovic. O VAR ainda demorou a analisar o lance, mas o golo foi mesmo válido. A partida estava frenética e colocámo-nos novamente em vantagem aos 28’ num penalty bem apontado pelo João Mário, a castigar mão do Cuadrado na área. A Juventus respondeu com um remate do Vlahovic na área, que passou muito perto do poste, mas aos 35’ fomos nós a elevar a contagem para 3-1 num golão do Rafa de calcanhar a centro do João Mário. De calcanhar também tentou o Kean fazer um bis, mas a bola saiu ao lado da baliza. Seria outro golão, mas felizmente não o foi.
 
A 2ª parte continuou a toada da primeira e connosco a fazer o 4-1 logo aos 50’: passe do Grimaldo a desmarcar o Rafa e este, com enorme classe, a picar a bola sobre o Szczesny. A Juventus acusou muito este golo e durante largos minutos pareceu perdida em campo. Ao invés, nós continuávamos a pressionar e a tentar marcar mais golos. Tivemos boas oportunidades pelo Gonçalo Ramos, por duas vezes, e pelo Rafa que atirou por cima, quando só tinha o guarda-redes pela frente. Praticamente na jogada seguinte, a Juventus reduziu para 2-4 aos 77’ pelo Milik (que tinha entrado ao intervalo), depois de uma boa jogada na esquerda do também entrado Samuel Iling-Junior. Que, dois minutos depois, voltou a estar em evidência no 4-3 com nova incursão pela esquerda, centro para a área, confusão e remate final vitorioso do McKennie. Passávamos de um possível 5-1 para um 4-3 em apenas meia-dúzia de minutos e o Schmidt lá se decidiu finalmente por refrescar a equipa, tirando o estoirado Bah para colocar o Gilberto na direita. Recuámos as linhas e, num puro contra-ataque, o Rafa isolou-se quase desde o meio-campo e atirou ao poste, com o Gonçalo Ramos a não conseguir fazer a recarga. Pouco depois, saíram ambos os jogadores e entraram o Musa e o David Neres. Com as substituições, reequilibrámos novamente as coisas e a Juventus deixou de ter as facilidades que provocaram os dois golos sofridos. Mesmo assim, ainda houve um remate do Matìas Soulé na nossa área que nos provocou arrepios.
 
Em termos individuais, destaque óbvio para o Rafa, que poderia ter marcado quatro golos, mas marcou dois e deixou a cabeça dos italianos em água. No entanto, quem me encheu mais as medidas foi o Aursnes, que mesmo a jogar sobre a esquerda, fora da posição dele, foi absolutamente fabuloso. O Enzo Fernández pode descansar nalguns jogos contra adversários mais acessíveis, porque temos ali um substituto à altura. Aliás, o argentino está a baixar de forma, facto a que não deve ser alheio a quantidade de jogos que já tem nas pernas. Outro jogador que encheu o campo foi o Florentino, sempre em cima dos italianos. O António Silva voltou a não tremer num jogo de extrema dificuldade e parece ter superado o mau momento nas Caldas. O Bah terá feito um dos melhores jogos com a camisola do Benfica, mas deveria ter saído um pouco mais cedo, dado que o Kostic na 1ª parte e o Iling-Junior na 2ª deram-lhe muito trabalho. Em geral, a equipa voltou a exibir-se a um nível muito elevado.
 
Iremos para a semana a Israel tentar fazer melhor resultado do que o PSG em Turim para ficarmos em 1º lugar no grupo. Será bastante complicado, mas, quando saiu o sorteio, quem é que diria que estaríamos nesta posição nesta altura...? Está a dar tanto gozo ver o Benfica jogar desta maneira, que às vezes até parece irreal.

segunda-feira, outubro 24, 2022

Triunfo em Mordor

Vencemos o CRAC no antro do Mal na passada 6ª feira por 1-0 e aumentámos a vantagem para eles para seis pontos. Apesar de termos alinhado contra 10 desde os 27’, a justeza do nosso triunfo foi incontestável e é de salientar termos mantido a invencibilidade mesmo jogando na casa do principal rival.
 
O David Neres estava finalmente apto, mas o Roger Schmidt manteve a táctica de Paris, ao manter o Aursnes na equipa no lado esquerdo do meio-campo. Não entrámos bem na partida, com o CRAC a pressionar muito nos minutos iniciais e o Vlachodimos a fazer uma defesa magistral a um cabeceamento do Taremi. No entanto, respondemos praticamente a seguir com um raide do Rafa pela direita, que infelizmente terminou com um remate com pouca força, para defesa fácil do Diogo Costa. O jogo estava muito disputado e começámos a acumular amarelos, mas, frise-se, todos eles bem mostrados pelo Sr. João Pinheiro. Do outro lado, o Eustáquio fez duas faltas em três minutos sobre o Bah e viu um duplo amarelo. O Sr. João Pinheiro esteve mal nesta decisão, dado que o segundo lance é claramente para vermelho directo! Ainda 11 para 11, o Rafa tinha feito um cabeceamento sozinho para as mãos do guarda-redes e, depois de estarmos em vantagem numérica, a nossa superioridade consolidou-se. Tivemos uma enorme dupla ocasião com uma brilhante jogada pelo Aursnes na esquerda a atirar ao poste, tendo o ressalto ido parar à cabeça do Rafa que atirou... à barra! Inacreditavelmente, a bola não entrou! Até ao intervalo, assistimos a momentos CRAC vintage, com os jogadores deles a tentarem desesperadamente sacar um segundo amarelo aos nossos que estavam em risco, nomeadamente ao Bah. Se eu fosse ao Roger Schmidt, tê-lo-ia tirado logo à primeira falta, mas quem é dotado de cérebro não pode deixar de considerar que nenhuma das faltas que ele fez justificaria um segundo amarelo. No entanto, como o CRAC não está nada habituado a isso, é natural que tenha havido muita pressão sobre o Sr. João Pinheiro.
 
Ao intervalo, o Roger Schmidt esteve muitíssimo bem ao tirar três dos quatro amarelados de uma assentada: saíram o Bah, João Mário e Enzo Fernández (este que, para além do cartão, terá feito a pior exibição ao serviço do Benfica) e entraram o Gilberto, David Neres e Draxler. Só o Aursnes ficou em campo e acho que nem fez nenhuma falta no segundo tempo. Estas substituições ainda acentuaram mais o nosso domínio, com o Neres na direita a dar cabo da cabeça aos adversários. Do outro lado, praticamente só nas bolas paradas o CRAC conseguia acercar-se da nossa área, embora tivesse o mérito de fazer pressão logo na nossa saída de bola. Confesso que, durante muitos momentos, achei que deveríamos ser mais incisivos e rápidos a procurar desequilíbrios na defesa contrária, mas mesmo assim tivemos outra boa oportunidade pelo Rafa com um remate de trivela com a bola a desviar num defesa, quando ia com boa direcção. Entretanto, o Draxler lesionou-se e entrou o Musa para o seu lugar, provando que o Roger Schmidt queria mesmo ganhar o jogo. Até que aos 72’, lá surgiu finalmente o nosso golo, num bom contra-ataque conduzido pelo David Neres na esquerda, que assistiu o Rafa, tendo este dominado à segunda vez a bola e atirado a contar. O fiscal-de-linha ainda levantou a bandeirola por alegado fora-de-jogo do Neres, mas este estava mais de meio metro em jogo(!) e o golo contou mesmo, validado pelo VAR. Pouco depois, foi o Musa em boa posição a atirar por cima, enquanto do outro lado uma cabeçada do entretanto entrado Toni Martinez foi bem encaixada pelo Vlachodimos. Já nos descontos, uma jogada do David Neres fez com que o David Carmo fizesse um corte na direcção da baliza, tendo o Diogo Costa desviado a bola numa posição muito duvidosa. Não se percebe como não há tecnologia da linha de golo em Portugal e possivelmente tivemos aqui uma reedição do famoso lance do Baía com o Petit... No último lance da partida, ainda permitimos um remate do Gabriel Veron, que foi bem amortecido pelo Otamendi.
 
Em termos individuais, o melhor para mim foi o Aursnes: enorme clarividência com a bola, ainda atirou uma ao poste e soube jogar com o amarelo durante a 2ª parte toda. Claro que o Rafa merece igualmente destaque, pelo golo que marcou e porque teve as nossas melhores oportunidades (aquela cabeçada ao poste deveria ter ido lá para dentro...!). O David Neres veio dar a fantasia na 2ª parte que faltou um pouco na 1ª e é bom que tenha debelado de vez as lesões, porque é um verdadeiro abre-latas. O Vlachodimos foi fundamental com aquela defesa ainda na 1ª parte. Grande exibição igualmente do Florentino, que terminou a partida sem cartões. Mas, em geral, toda a equipa esteve em bom plano.
 
Foi um triunfo muito importante, embora o nosso jogo não me tenha enchido as medidas. Acho que poderíamos ter criado mais situações de perigo na 2ª parte, acelerando um pouco mais o jogo. Por outro lado, não conseguimos igualar a agressividade do outro lado. Eles jogam contra nós sempre com a faca nos dentese nós ainda não arranjámos uma maneira consistente de fazer frente a isso. Não sei se teríamos ganho 11 para 11, mas quem joga daquela maneira, com arbitragens decentes, é normal que não termine o jogo com a equipa completa. Se se podem queixar de alguma coisa, é da falta de hábito de precisamente terem arbitragens que não os favoreçam escandalosamente contra nós.
 
P.S. – É pena que o CRAC seja, de facto, o clube execrável que é, dado que até fez um bom jogo: condicionou muito bem a nossa estratégia durante grande parte dele, ao fazer pressão logo na nossa saída de bola, mas depois não consegue pura e simplesmente ter elevação e fair-play. Nunca soube ganhar e evidentemente não sabe perder. Como foi a primeira vez na vida que houve uma arbitragem completamente isenta em Mordor, eles não estão nada habituados a isso e protestaram muito o facto de não ter havido ninguém expulso da nossa parte. Lá está, há sempre uma primeira vez para tudo. Até para nós terminarmos um jogo em superioridade numérica na casa deles.

segunda-feira, outubro 17, 2022

Inenarrável

Só nas grandes penalidades (5-3) conseguimos eliminar o Caldas da Liga 3 na 3ª eliminatória da Taça de Portugal no passado sábado, depois do 1-1 ao fim dos 120’ de jogo. Gostei bastante das declarações do Roger Schmidt antes da partida, a chamar a atenção para o vergonhoso facto de nós termos três taças de Portugal conquistadas nas últimas 25 edições. No entanto, a resposta da equipa foi o que se viu... Estivemos muito perto de ter uma reedição do Gondomar!
 
Demonstrando respeito por esta competição, o nosso treinador fez alguma rotação da equipa, mas mesmo assim ainda conservou alguns titulares (António Silva, Grimaldo, Florentino, Enzo Fernández e João Mário). Porém, a 1ª parte foi absolutamente de fugir, dado que não criámos nenhuma flagrante oportunidade de golo. Metemos uma bola na baliza, mas o Aursnes estava claramente fora-de-jogo. Já do outro lado, vimos uma bola bater no poste, depois de defendida pelo Helton Leite, que me pareceu ter mais do que tempo para a atirar para fora.
 
Na 2ª parte, o Roger Schmidt lançou o Diogo Gonçalves e Musa para os lugares do Florentino e Rodrigo Pinho e nos primeiros minutos lá mostrámos algum futebol. Inaugurámos o marcador aos 53’ num belo lance individual do Musa, na única coisa que fez de jeito enquanto esteve em campo (sempre foi melhor do que o Rodrigo Pinho, que nem se viu). Pouco depois, o mesmo Musa com dois colegas ao lado, preferiu rematar duas vezes contra o guarda-redes(!) e a oportunidade perdeu-se. O Grimaldo ainda atirou uma bola ao poste num livre lateral, todavia, perante uma equipa dois escalões abaixo e a ganhar, esperava-se que a partida estivesse decidida. Só que aos 74’ um erro clamoroso do António Silva fez com que o Gonçalo Barreiras se isolasse e rematasse por entre as pernas do Helton Leite. Foi um tremendo balde de água fria que a corda se tenha partido por onde menos se esperava... Pressionámos nos minutos finais e durante todo o prolongamento, não faltou a providencial bola na barra, desta vez pelo Enzo Fernández, mas fomos mesmo para os penalties, onde tivemos o mérito de os marcar a todos muito bem. Do outro lado, houve um falhanço logo no primeiro que acabou por ser o decisivo na nossa qualificação para a ronda seguinte e outro em que o Helton Leite defende... para dentro da nossa própria baliza!
 
Por manifesta vergonha, não vou destacar ninguém positivamente. Mas não foi pelo Enzo Fernández, nem pelo Aursnes que íamos sendo eliminados. Ao invés, houve ali muito boa gente que desperdiçou a oportunidade e cuja continuidade no Benfica deverá ser questionada. Se não aproveitam jogos contra estas equipas para se destacarem, o que é que estão a fazer no plantel...? É um dos grandes objectivos da época, o treinador está sintonizado com o pensamento de muitos de nós e depois arriscamos uma vergonha desta maneira. Não se compreende, nem se aceita.

quarta-feira, outubro 12, 2022

Personalidade

Empatámos ontem em Paris 1-1 frente ao PSG e mantemo-nos colados a eles na liderança do grupo na Champions, agora com oito pontos. Se me tivessem proposto, aquando do sorteio, fazer dois pontos frente aos galácticos franceses, eu assinaria até só um, mas o que é facto é que até acabámos por sofrer menos ontem do que na Luz na semana passada. E alturas houve em que, com um pouco mais de rapidez nas transições, se calhar até conseguiríamos ser mais felizes.
 
Perante a indisponibilidade do David Neres, o Roger Schmidt não alterou o esquema táctico, mas colocou o Aursnes sobre a esquerda, tendo desviado o João Mário para a direita. Do outro lado, a maior baixa era o Messi e notou-se bem a falta que o argentino faz no campeão francês. Mesmo assim, com uma equipa recheada de craques, confesso que fiquei surpreendido pelo facto de o PSG ter jogado tão pouco e, principalmente, com tão pouca velocidade (Mbappé à parte, claro está). Têm um estilo de jogo muito burguês, confiantes de que mais tarde ou mais cedo as coisas resolver-se-ão a seu favor. Só que nós fechámos bem o caminho da nossa baliza, porém não esticámos tanto o jogo na frente como é habitual, fazendo com que as oportunidades de golo fossem um bem escasso e a partida muito menos interessante do que a da Luz. O único lance em que criámos perigo, ainda que relativo, foi num remate do Rafa, que embora estivesse em boa posição rematou bastante por alto. Quanto ao PSG, num lance pela esquerda aos 39’, o António Silva derrubou claramente o Bernat e o Mbappé atirou para o lado contrário do Vlachodimos inaugurando o marcador. Foi um pouco um balde de água fria, porque até aí nenhuma equipa tinha justificado ficar em vantagem. Outro aspecto que não nos estava a correr bem foi o facto de começarmos a ficar muito carregados de cartões.
 
A 2ª parte principiou com um remate em arco muito perigoso do Mbappé, mas felizmente a bola saiu a rasar o poste, porque o Vlachodimos estava batido. No entanto, aos 62’ alcançávamos a igualdade também de penalty, a castigar pisão evidente do Verratti ao Rafa: o João Mário atirou para o meio da baliza e enganou o Donnarumma. Esperava-se uma reacção forte dos parisienses, mas isso acabou por não acontecer. O PSG nunca nos conseguiu empurrar para a nossa área e o Vlachodimos acabou por não ter grande trabalho. O único que criava desequilíbrios era o Mbappé, mas a entreajuda dos nossos jogadores funcionou sempre e com maior ou menor dificuldade acabámos por resolver as coisas. Em termos atacantes, retraímo-nos mais e só num lance do entretanto entrado Draxler, já perto do fim, conseguimos rematar à baliza, mas a bola foi desviada por um defesa.
 
Em termos individuais, o Florentino terá sido dos melhores, sempre em jogo e com alguns cortes providenciais. O João Mário merece uma palavra por ter aguentado a pressão do penalty e tema vantagem de não se esconder nestes grandes jogos. O António Silva teve a infelicidade do penalty, mas tirando isso esteve quase irrepreensível. No geral, toda a equipa esteve muito coesa e concentrada, embora em termos atacantes tenhamos feito um jogo pouco exuberante.
 
Quando, ao ver como o jogo se estava a desenrolar, eu dou por mim a pensar que talvez devêssemos arriscar um pouco mais, isto diz muito acerca do patamar actual do Glorioso. Fizemos 180 minutos contra um claro candidato a vencer a Champions e não perdemos. Demonstrámos muita personalidade, qualidade e vontade de disputar o resultado contra qualquer equipa que nos surja à frente. E só isso já é uma enorme evolução em relação às épocas anteriores.

segunda-feira, outubro 10, 2022

Guião perfeito

Vencemos o Rio Ave (4-2) na Luz no passado sábado e, como os outros dois também ganharam (o CRAC 2-0 em Portimão e a lagartada 2-1 nos Açores frente ao Santa Clara), mantivemos os três e nove pontos de vantagem, respectivamente. Perante uma equipa que já tinha ganho ao CRAC e no meio do confronto europeu com o PSG, esta partida tinha tudo para ser problemática, mas conseguimos facilitar a nossa própria vida com dois golos de vantagem ao intervalo e o terceiro a meio da 2ª parte.
 
Com apenas seis dias de intervalo entre o duplo confronto com os galácticos franceses, era inevitável o Roger Schmidt ter de fazer alguma rotação na equipa e pela primeira vez fê-lo em quase 50% dela: foram para o banco o Bah, Grimaldo, Florentino, Rafa e David Neres, tendo entrado nos seus lugares o Gilberto, Ristic, Aursnes, Draxler e Diogo Gonçalves. E foi do Ristic a primeira grande oportunidade, num remate de primeira de pé esquerdo, depois de óptima abertura do Enzo Fernández, que deveria ter saído com melhor direcção. Só que aos 6’, o Rio Ave aproveitou bem um contra-ataque, iniciado num excelente passe do Samaris, e marcou pelo Fábio Ronaldo. Confesso que fiquei algo preocupado com esta desvantagem, porque sofríamos um golo a frio com uma equipa com muitos suplentes, mas a nossa resposta foi excelente. Logo a seguir ao golo, o Gonçalo Ramos poderia ter igualado, depois de uma boa iniciativa do João Mário, mas o desvio passou a rasar o poste. No entanto, esta mesma dupla fabricou o empate aos 13’ numa excelente triangulação que ainda meteu o Enzo Fernández pelo meio, com o nosso nº 88 a só ter de encostar. Apertámos o Rio Ave nos minutos seguintes e o Diogo Gonçalves, Gonçalo Ramos e Otamendi estiveram perto de nos colocar em vantagem, mas foi o guarda-redes Jhonatan a fazê-lo aos 19’ num autogolo absolutamente surreal: tentou dominar a bola e fez um passe para a baliza! A partir daqui e como seria de prever, baixámos o ritmo, mas estivemos perto de marcar pelo João Mário num remate fora da área, bem defendido pelo Jhonatan. Pouco depois, foi novamente o guarda-redes contrário a impedir que um mergulho de cabeça do Gilberto resultasse igualmente em golo e o Enzo Fernández também teve uma excelente oportunidade, mas atirou para as nuvens quando estava em boa posição. Era muito importante fazer o terceiro golo antes do intervalo, até porque isso facilitaria muito a gestão de esforço e isso felizmente aconteceu numa abertura magnífica do Enzo Fernández para um golão do Gonçalo Ramos: domínio com a coxa direita e remate de primeira com o pé esquerdo.
 
Com dois golos de vantagem, o Roger Schmidt pôde deixar o Enzo Fernández e o Gonçalo Ramos nos balneários ao intervalo, tendo entrado o Florentino e o Musa. Para a história deste filme ser perfeita, faltava só mais um golo nosso, que arrumasse de vez com o jogo, para depois podermos aplaudir o Samaris, que seria certamente não faria os 90’. E o 4-1 surgiu aos 62’ na estreia do Musa a marcar com o manto sagrado, depois de uma assistência do Ristic na esquerda, com o João Mário a ter novamente participação activa na jogada. Aos 66’, aconteceu mais um daqueles momentos extra-jogo, que vai ficar na memória de todos os que participaram nele: quando a placa com o nº 30 do Rio Ave foi levantada, todo o estádio se levantou e muito merecidamente aplaudiu de pé o GRANDE Samaris, que não conseguiu conter as lágrimas enquanto saía do campo (ele que, antes do apito inicial, também estava visivelmente emocionado). Sou defensor desde há muito tempo que há jogadores que não podem sair do Benfica apenas com uma entrevista final na Benfica TV ou um post nas redes sociais do clube. Deviam ter a oportunidade de se despedir dos adeptos no estádio durante um jogo. Felizmente, o Samaris teve a oportunidade de o fazer a posteriori, com outra camisola, recebendo de volta o merecido reconhecimento de todos nós por um jogador que foi quatro vezes campeão pelo Benfica e que, nomeadamente no último título, teve um papel fundamental (sim, aquele corte ao Herrera em Mordor foi crucial). Já o Cardozo, Fejsa e Salvio, só para nomear alguns, não tiveram a mesma sorte... O jogo estava decidido, mas ainda sofremos mais um golo, aos 86’, num grande pontapé do Guga de fora da área.
 
Em termos individuais, o João Mário terá feito provavelmente o melhor jogo desde que veio para o Benfica: participou em dois golos e fez tudo quase sempre bem. O Enzo Fernández também realizou uma 1ª parte de sonho, mas gozou um merecido repouso nos segundos 45 minutos. Notou-se logo quando o Florentino entrou, porque o meio-campo do Rio Ave deixou de poder ter tempo com a bola nos pés. Realce igualmente para os dois golos do Gonçalo Ramos, especialmente o segundo que é tecnicamente brilhante, e para o primeiro do Musa, que pode ser que lhe dê mais confiança. O Ristic não é nenhum Grimaldo, mas parece bastante melhor do que o Gil Dias e isso já é bom. O Gilberto não esteve tão intenso como habitualmente, a que não deve ser alheio o facto de já não jogar há uns tempos. Ao invés, o Diogo Gonçalves exibiu-se a um nível bastante razoável, o que me surpreendeu.
 
A próxima jornada do campeonato é a ida a Mordor, mas antes ainda teremos Champions e Taça de Portugal. De qualquer forma, depois de uma resposta mais fraca em Guimarães, espero que este jogo signifique que tenhamos voltado ao nível habitual desta temporada.

quinta-feira, outubro 06, 2022

Estofo

Empatámos ontem com os galácticos do PSG (1-1) na Luz e continuamos ex aequo com eles na liderança do nosso grupo da Champions, agora com 7 pontos. Foi um grande jogo de futebol aquele que tivemos o privilégio de assistir ontem, em que o resultado acabou por ser justo.

 

Uma das coisas que mais admiro no Roger Schmidt é que ele não inventa. Temos jogado com um determinado onze e numa determinada táctica, e, mesmo defrontando equipas mais poderosas do que nós, continuamos fiéis a isso. Ainda se aventou a possibilidade de entrar o Aursnes como terceiro médio, mas não senhor. Foi com a equipa de sempre que entrámos em campo e entrámos muito bem, com 20’ de grande nível, em que não deixámos o PSG jogar como tanto gosta. Tivemos duas enormes oportunidades de golo, mas o problema é que o PSG não tem só génios no ataque, também tem na baliza, porque o Donnarumma é igualmente de outro planeta. As defesas com o pé a um remate do Gonçalo Ramos isolado e, principalmente, o modo como impediu um golo feito do David Neres valeu logo o preço do bilhete. O PSG só precisou de ir à nossa baliza uma vez para meter a bola lá dentro: aos 22’, combinação entre os três craques, com o Messi a fazer um golão num remate em arco, sem hipóteses para o Vlachodimos. Abanámos um pouco com o golo, mas também era impossível manter a intensidade daqueles primeiros minutos. Mesmo assim, obrigámos novamente o Donnarumma a mostrar-se num remate do António Silva, que infelizmente saiu um pouco à figura. No entanto, aos 41’ marcámos mesmo, num centro do Enzo Fernández, tentativa de cabeça do Gonçalo Ramos que não chegou a tocar na bola e autogolo do Danilo.

 

A 2ª parte foi diferente, com os franceses a deixarem o fato burguês nos balneários, a aumentarem a agressividade e consequentemente a tomarem conta do jogo durante grande parte do tempo. Não mais conseguimos ter as investidas perigosas da 1ª parte e, nesta altura, salientou-se o Vlachodimos, que impediu por mais de uma vez que o PSG se colocasse novamente na frente: boa intervenção a remate do Hakimi, com o Neymar a fazer uma das poucas coisas de jeito no jogo todo, com uma recarga de bicicleta à barra, grande defesa a um livre do mesmo Neymar e enormíssima estirada a impedir um golão do Mbappé de fora da área. Do nosso lado, tivemos uma boa ocasião numa cabeçada do Otamendi num livre, que saiu ao lado, e uma soberana oportunidade numa arrancada do Rafa, já nos últimos dez minutos, que o Donnarumma voltou a defender, com o nosso nº 27 a não conseguir acertar bem na bola na recarga. Tivesse tido um pouco mais de pontaria e, provavelmente, teríamos chocado o mundo do futebol. Mas, de qualquer maneira, batemo-nos de igual para igual contra uma das mais poderosas equipas do mundo, portanto só podemos estar orgulhosos.

 

Em termos individuais, grande jogo do Florentino no meio-campo e do Vlachodimos na baliza. Também o António Silva e Bah na defesa, o João Mário no meio-campo (esteve a poupar-se em Guimarães, só pode...) e a espaços o Rafa, que teve pilhas até final, exibiram-se num patamar muito elevado. Mas, em geral, toda a equipa esteve bastante bem, com a concentração sempre em alta. Do outro lado, o Donnarumma terá sido o melhor em campo e ver como a bola é uma extensão do corpo do Messi é algo que nos remete para outra dimensão. Esqueçam todos os outros, ao nível dele, só o Maradona.

 

Continuamos sem perder nesta temporada, mas agora iremos receber o Rio Ave com poucos dias de descanso. Calculo que o Roger Schmidt vá fazer algumas alterações, porque o desgaste nesta partida foi imenso. Para a semana, voltaremos a encontrar o PSG em Paris, mas este ponto conseguido perante eles pode ser decisivo nas contas finais. 

segunda-feira, outubro 03, 2022

Escorregadela

Alguma vez teria de ser e foi neste sábado: empatámos 0-0 em Guimarães e perdemos os primeiros pontos no campeonato. Num jogo que já se sabia de antemão que iria ser complicado, não tivemos arte nem engenho para criar perigo para os vimaranenses e o resultado acaba por ser justo.
 
Com o Florentino de volta ao onze, a 1ª parte foi do mais fraco que se tem visto nesta temporada. Perdemos inúmeros duelos com os adversários, que eram sempre mais rápidos e incisivos na disputa dos lances. O V. Guimarães não conseguiu criar grandes oportunidades de golo, mas é sintomático que o nosso primeiro remate tenha acontecido perto do intervalo...! Na melhor (semi-)oportunidade que tivemos, o Rafa tentou passar por um defesa e o Bruno Varela, em vez de ter atirado à baliza e o lance perdeu-se.
 
A 2ª parte foi diferente, connosco a equilibrar as coisas. No entanto, revelámos sempre inúmeras dificuldades em chegar à área contrária, por causa de alguma lentidão no processo atacante. Uma cabeçada falhada do Rafa e outra ao lado do António Silva num canto terão sido das poucas vezes em que estivemos perto do golo, e, já em cima do final da compensação, o Draxler teve um remate de pé esquerdo muito por cima, depois de uma assistência de cabeça do John Brooks. Do outro lado, o V. Guimarães não esteve tanto tempo no nosso meio-campo como nos primeiros 45 minutos, mas reclamou dois penalties, um (bem) revertido pelo VAR e outro do Florentino sobre o André André, que foi um pouco duvidoso. Perante um jogo tão complicado e com muitos jogadores em sub-rendimento, não percebi a demora do Roger Schmidt em fazer substituições (só começou a fazê-las aos 70’...), nem a entrada do John Brooks para ponta-de-lança nos minutos finais.... Se era para isto, dever-se-ia ter convocado o Rodrigo Pinho. Até porque o americano fez algumas faltas nas disputas de bola, porque ela era bombeada muito cá detrás e ele não tem a rapidez suficiente para se fazer a ela. Só no último lance é que fizemos um cruzamento decente para ele, que ia dando golo do Draxler. Ou seja, está claro que não sabemos jogar para chuveirinho.
 
Em termos individuais, não houve ninguém que se destacasse por aí além. Pela negativa, ao invés, há bastantes candidatos, nomeadamente, o David Neres e João Mário, sempre muito lentos e com pouca dinâmica, e o Bah na direita, que eu, sinceramente, acho bastante pior do que o Gilberto neste momento (então para estes jogos que exigem bastante em termos físicos e de entrega, nem se fala...). Se o Gonçalo Ramos também passou muito ao lado do jogo, o Musa que o substituiu nem chegou a entrar nele. O Rafa pareceu um pouco perdido em algumas partes do encontro e o Enzo Fernández também esteve longe do que mostra habitualmente. A 1ª parte do Florentino foi de fugir, mas melhorou bastante na 2ª.
 
Com as vitórias do CRAC (4-1 em casa frente ao Braga) e da lagartada (3-1 em casa frente ao Gil Vicente), temos agora, respectivamente, três e nove pontos de distância perante eles. No entanto, antes de recebermos o Rio Ave no fim-de-semana, regressa a Champions e logo com a recepção ao PSG. Independentemente do que aconteça nesta partida, é bom lembrar que o foco principal tem de ser o campeonato.

quinta-feira, setembro 29, 2022

Me(r)d(r)oso

Nos dois últimos jogos da fase de grupos da Liga das Nações, vencemos no sábado por 4-0 na Rep. Checa e perdemos na 3ª feira em casa 0-1 frente à Espanha, tendo falhado o objectivo de nos apurarmos para a fase final desta competição.

 

O jogo de sábado foi uma das melhores exibições da selecção nos últimos anos, coroada com golos do Diogo Dalot (dois), do Bruno Fernandes e do Diogo Jota. No entanto, quem olhasse para a cara do Cristiano Ronaldo no final da partida diria que tínhamos perdido, tal carregado estava o semblante. Como não marcou nenhum golo, é-lhe indiferente o resultado da equipa. Paradigmático. A provar a sorte do Fernando Santos, a Suíça deu-nos uma ajuda imensa ao ir ganhar 2-1 a Espanha, o que alterou as posições na tabela classificativa e permitiu que o empate nos bastasse no último jogo.

 

E, já se sabe, que quando o empate é suficiente, temos sempre Fernando Santos vintage...! Enquanto a Espanha rodou muitos jogadores, ele só trocou de laterais (Cancelo e Nuno Mendes em vez do Dalot e Mário Rui) e de extremo (Diogo Jota no lugar do Rafael Leão). Ainda tivemos algumas (poucas) oportunidades na 1ª parte, mas a 2ª foi um descalabro. A Espanha colocou o trio do Barcelona no meio-campo e nó continuámos a carregar os nossos médios, que já tinham feito os 90' frente aos checos. O resultado? O meio-campo deu o berro e a Espanha começou a empurrar-nos para trás. Com o Palhinha e o Mateus Nunes no banco, é inacreditável que o Fernando Santos não tivesse visto isto. Para além de que, claro, a primadonna Cristiano Ronaldo nunca pode ser substituído e andou a arrastar-se em campo durante grande parte do jogo. É inconcebível como é que um treinador acha que um jogador de 37 anos que não quis fazer a pré-época pode fazer 180' em apenas três dias... Muito perto do fim aconteceu o inevitável e o Morata fez o 1-0 para os espanhóis, atirando-nos para fora da competição.

 

Terceira vez em que precisamos apenas de um empate em casa (França, Sérvia e Espanha) e terceira vez em que saímos derrotados. Isto não tem nada a ver com gratidão: o Fernando Santos ganhou o que ganhou e terá sempre o seu lugar na história do futebol português, mas é visível para toda a gente que já não dá. Tem um lote magnífico de jogadores, mas esta maneira me(r)d(r)osa de jogar está a dar cabo deles. Além de que deixa que seja um jogador a comandar a selecção. O que é inadmissível seja ele quem for.

terça-feira, setembro 27, 2022

Benfica FM | Temporada 1982/83

Se há temporada que não podem perder, meus caros, é esta! É o primeiro Benfica que eu me lembro distintamente e, com Chalana, Bento, Humberto, Alves, Filipovic, Nené, Diamantino, Carlos Manuel, entre outros imensos craques, como é que eu me podia esquecer...?! As 15 vitórias seguidas, alguns campos ainda pelados, aquele jogo em Roma, o disparate do Bento nas Antas corrigido logo a seguir, é tudo épico aqui. Foi um prazer comentar isto, como habitualmente, com os meus amigos Nuno Picado e Bakero do Benfica FM. Enjoy!

segunda-feira, setembro 19, 2022

Mão-cheia

Goleámos ontem o Marítimo na Luz (5-0) e alcançamos a 13ª vitória consecutiva. Para além disso, fruto de mais uma jornada quase perfeita, aumentámos a vantagem para o CRAC para cinco pontos (empatou 1-1 no Estoril, com um penalty já nos descontos) e para a lagartada para onze (perdeu no Bessa por 1-2). Quem está mais perto de nós continua a ser o Braga (2-0 em casa ao Vizela), a apenas dois pontos.
 
Entrámos em campo já conhecedores dos resultados dos rivais e sabendo que, defrontando o último classificado só com derrotas, era uma ocasião que não poderíamos desperdiçar. O Marítimo justificou a razão de estar no lugar que está e estacionou o autocarro durante a maior parte do tempo. O Roger Schmidt colocou o Aursnes no lugar do Florentino e foi a única alteração que fez em relação a Turim. Não entrámos com a impetuosidade habitual, mas inaugurámos o marcador aos 28’ numa tabelinha entre o Gonçalo Ramos e o Rafa, que o extremo concretizou só com o guarda-redes pela frente. Felizmente longe vão os tempos em que o Rafa falhava nove em 10 oportunidades destas...! Até ao intervalo, deveríamos ter resolvido a partida, com o João Mário e o Gonçalo Ramos a falharem imperdoavelmente dois golos feitos.
 
Não resolvemos antes do intervalo, resolvemos logo a seguir: aos 47’ centro do Bah na direita, na primeira vez que foi à linha (a sério, alguém lhe atou uma corda na 1ª parte...?!), e desvio vitorioso de calcanhar do Gonçalo Ramos, com o guarda-redes Miguel Silva ainda a tocar, mas sem conseguir impedir o golo. Com o que o Marítimo (não) mostrava, ficou a sensação de que o jogo estava decidido, mas felizmente a versão 22/23 do Glorioso não se satisfaz com pouco. À passagem da hora de jogo, grande jogada do Enzo Fernández na direita e estoiro do António Silva ao poste! Até que, aos 64’, tudo ficou decidido de vez com o Rafa a isolar brilhantemente o Gonçalo Ramos para um bis, picando a bola por cima do guarda-redes, que voltou a tocar-lhe. O Roger Schmidt começou, e bem, a gerir o esforço da equipa e tirou o Enzo Fernández e Rafa para as entradas do Florentino e Draxler. O João Mário é que não estava nos seus dias e falhou uma segunda bola completamente isolado frente ao guarda-redes, mas aos 82’ uma recuperação muito à frente do Florentino sobrou para o David Neres, que rematou rasteiro e colocado, fazendo o 4-0. Entretanto, já tínhamos novos laterais, com o Gilberto e o Ristic, que viram em campo a estreia do Draxler a marcar com o manto sagrado, num autêntico balázio aos 88’ (sinceramente não me lembro da última vez que vi uma bola entrar e sair logo a seguir da baliza...!). Até final, ainda deu para a estreia do central John Brooks para a saída do muito aplaudido António Silva.
 
Em termos individuais, o Rafa foi o melhor do Benfica, com um golo, uma assistência e muito dinamismo na frente. O Enzo Fernández, à semelhança da equipa, subiu imenso na 2ª parte e aquela jogada brilhante merecia que o poste não a tivesse estragado. O Gonçalo Ramos voltou aos golos, e logo a dobrar, e isso é fundamental num ponta-de-lança. O António Silva não estou muito bem a ver como é que vai sair da equipa quando regressarem os lesionados. A continuar assim, não sai mesmo. O Aursnes é mesmo reforço, com a vantagem de fazer os dois lugares de meio-campo. O Bah precisa de procurar mais vezes a linha. Na 1ª parte, chegou a exasperar-me pela quantidade de vezes que vinha para trás...
 
Foi um triunfo categórico na véspera de o campeonato parar por causa das selecções. O estádio transbordou de felicidade ontem, especialmente na 2ª parte. Voltámos finalmente a ter dias felizes, com futebol muito atraente e resultados a condizer. Já não era sem tempo!

sexta-feira, setembro 16, 2022

Soberbo

Vencemos a Juventus em Turim (2-1) na 4ª feira e conseguimos uma vantagem de seis pontos perante eles, decorridas que estão duas jornadas da Champions. Foi um jogo brilhante da nossa parte, com um triunfo muito justo e que peca por defeito. Há 25 anos que não vencíamos em Itália, mas matámos o borrego!
 
Na casa do principal adversário ao 2º lugar no grupo, o Roger Schmidt não vacilou e colocou a equipa habitual. Ou seja, não reforçou o meio-campo com o Aursnes. No entanto, não entrámos nada bem na partida e sofremos o 0-1 logo aos 4’: livre para a nossa área e o Milik a cabecear completamente à vontade sem hipóteses para o Vlachodimos. Trememos um bocado nos minutos seguintes e valeu-nos a fraca pontaria dos adversários contrários, com remates que não chegaram à nossa baliza. Começámos a responder por volta dos 20’ e uma cabeçada do Gonçalo Ramos em excelente posição foi direita para as mãos de Perín. Pouco depois, foi o Rafa a atirar em arco com a bola a embater em cheio no poste. Por esta altura, já nós estávamos mais do que por cima do jogo e a merecida igualdade surgiu aos 43’ numa pisadela sobre o Gonçalo Ramos que o VAR assinalou, com o João Mário a não tremer na altura do penalty (escusado era ter levado um amarelo, ainda que forçado, pelos festejos).
 
Na 2ª parte, a nossa superioridade foi aumentando, embora a primeira chance fosse dos italianos, com um remate do Milik que desviou no João Mário, obrigando o Vlachodimos a corrigir a trajectória em pleno voo. No entanto, aos 55’ demos a volta ao marcador com o 2-1 através do David Neres numa recarga a um remate do Rafa bem defendido pelo Perín, depois de uma jogada brilhante do Enzo Fernández e de um possível penalty não assinalado sobre o Gonçalo Ramos (pareceu-me claramente empurrado). Nos minutos seguintes, demos um verdadeiro show com uma série de oportunidades para fechar o encontro: um corte providencial do Bonucci a um remate do Bah que ia lá para dentro, remate de fora da área do Rafa defendido pelo Perín, que também defendeu outro do David Neres com o pé direito. Entretanto, já tinha entrado o Di María, que agitouum pouco as águas, embora tenha sido do também entrado Kean um centro-remate que terminou no nosso poste. O Schmidt foi fazendo alterações a partir dos dez minutos finais e, em cima dos 90’, o central Bremer atirou por cima quando estava em boa posição. Praticamente no último lance da partida, falhámos inacreditavelmente o terceiro golo por inépcia do Chiquinho, que tinha substituído o Neres, depois de uma boa insistência do igualmente substituto Musa, que, todavia, não esteve bem no último passe que seria para o Diogo Gonçalves, tendo depois a bola sobrado para o nº 22.
 
Em termos individuais, há vários destaques a fazer: grande jogo do David Neres, Enzo Fernández e Florentino. O primeiro, depois de um início fraco, abriu o livro e foi um quebra-cabeças para os italianos, os outros dois encheram o campo: recuperações, transições atacantes, you name it...! O Rafa também esteve em destaque com bons remates, um dos quais ao poste, e o outro do qual resultou o segundo golo. Na defesa, custa a acreditar que o António Silva não tenha sequer meia-dúzia (literalmente!) de jogos na equipa principal, o Bah sofreu bastante na parte inicial (continua a parecer-me que é bem melhor a atacar do que a defender), mas subiu imenso no segundo tempo, e o Otamendi e Grimaldo fizeram valer a sua experiência. O Gonçalo Ramos lutou imenso na frente e acabou por ter participação directa nos dois golos. O João Mário não se esconde nestes grandes jogos e o Vlachodimos resolveu bem o pouco trabalho que acabou por ter. Quanto a quem entrou, o Aursnes continua a convencer-me, ao invés do Diogo Gonçalves (fez logo uma falta disparatada e perigosa quando entrou, e parece uma barata tonta a defender). Já o Chiquinho foi mais esclarecido a ajudar a defender, mas tem aquela intervenção desastrosa no lance que daria o terceiro golo. O Musa ainda conseguiu fazer essa jogada e o Draxler não teve tempo para se salientar.
 
É um triunfo que vai ficar na história por ter sido em casa de quem foi e da maneira que foi. Voltámos a ser convincentes e categóricos na Europa e, no fundo, a honrar a nossa história. Finalmente, três anos depois voltámos a jogar futebol e a demonstrar alegria em campo. Os resultados naturalmente aparecem assim. Já não era sem tempo!