Estava com muito medo deste jogo, porque dois dos maiores roubos destes últimos anos sucederam-se na casa do Varzim. O célebre jogo do “deixem jogar o Mantorras” em 2001/2002, em que o Sr. Isidoro Rodrigues conseguiu empatá-lo a dois golos, depois de estarmos a ganhar por 2-0, expulsando-nos dois jogadores e dando oito (!) minutos de compensação e, no ano seguinte, a derrota por 2-1 provocada por um penalty muito duvidoso (no mínimo) do João Manuel Pinto, já depois de o Simão ter sido expulso. Por outro lado, assim que soube da nomeação do Sr. Olegário Benquerença para este jogo, as minhas preocupações aumentaram. Para compôr o ramalhete, sempre que voltamos de jogos da selecção há jogadores lesionados, como é agora o caso do Petit e do Karagounis. Mas mesmo apesar destas condicionantes todas, tínhamos mais que obrigação de vencer, até porque o Varzim não está nada bem classificado e despediu inclusive o treinador há pouco tempo.
Com as lesões daqueles dois médios, o Fernando Santos optou pela titularidade do Beto e João Coimbra. Não começámos mal o jogo, mas eles marcaram no primeiro ataque que tiveram aos 13’, através de um autogolo do Nélson. Todavia, o nosso defesa sofreu um empurrão (curiosamente nenhum comentador referiu isto), que o fez desequilibrar-se e tocar inadvertidamente na bola. A partir daqui, pressionámos mais o Varzim e chegámos ao empate aos 30’ num grande golo de cabeça do Simão depois de um centro teleguiado do Rui Costa. Não estávamos a jogar mal, apesar de o Beto a meio-campo ser um grande empecilho à fluidez do nosso jogo atacante. O Simão está de facto em grande forma e a maior parte das nossas jogadas de perigo passaram por ele. Pouco depois do golo, o defesa Alexandre (o tal que não deixou jogar o Mantorras há cinco anos - ele eram empurrões, rasteiras, agarrar a camisola - e só levou um amarelo a cinco minutos do fim!) atirou-se para cima do Simão na grande-área, mas o Sr. Benquerença fez o que muito bem sabe: não assinalou o respectivo penalty a favor do Benfica.
Na 2ª parte, entrámos com o Mantorras logo de início para o lugar do João Coimbra, opção que muito estranhei, porque apesar de tudo não estávamos a jogar mal e criávamos oportunidades. Por outro lado, ainda menos compreensível era a manutenção do Beto em campo, porque ao menos o João Coimbra ainda pode valer alguma coisa, ao passo que do outro já nada se pode esperar. E a péssima decisão que foi esta troca tão cedo comprovou-se durante todo o 2º tempo. Deixámos de conseguir pressionar o Varzim e fomos muito menos perigosos do que na 1ª parte. O Simão deixou de vagabundear pelo ataque e desapareceu do jogo ao assumir o lado esquerdo do losango. Estávamos muito mais lentos, não conseguíamos criar desequilíbrios no ataque e ninguém se desmarcava em condições. Parecia que estávamos à espera que o golo da vitória caísse do céu. O Varzim, ao ver a nossa inoperância atacante, começou a acreditar e a subir mais no terreno. E as coisas poderiam ter ficado muito mais complicadas para nós, quando o Beto teve uma paragem cerebral e fez uma falta passível de amarelo à entrada da área (!) do Varzim, pouco depois de já ter visto um. Neste caso, o Sr. Benquerença teve uma decisão que nos favoreceu, o que é um momento histórico na vida deste árbitro. O Fernando Santos emendou a mão e substituiu finalmente o brasileiro. Mas aos 77’ o Nélson resolveu oferecer a eliminatória ao Varzim. Se no 1º golo ainda tem a desculpa do empurrão que sofreu, neste 2º é inadmissível que faça uma falta perto da linha lateral, quando o adversário está virado para a sua própria baliza! Eu parecia que estava a adivinhar, quando berrei contra ele. Converte-se um lance inofensivo num livre perigoso para a nossa área, do qual viria a resultar o 2-1 para eles. Até final tivemos duas oportunidades de ir a prolongamento, mas o Luisão proporcionou uma boa defesa ao guarda-redes e o Marco Ferreira tirou o golo ao Mantorras, depois de uma abertura fantástica do Rui Costa.
O Petit e o Karagounis fizeram muita falta, mas a derrota deveu-se à atitude passiva da 2ª parte. Quando vi uma das páginas d’ A Bola desta semana, que referia o facto de termos jogos de três em três dias este mês se passássemos esta eliminatória da Taça, achei logo mau prenúncio. E a (não) atitude do 2º tempo deixa-me pensar que isto pode ter estado no subconsciente dos jogadores. Por outro lado, temos alguns elementos em má forma, como é o caso evidente do Nuno Gomes, que foi de uma inoperância total. O Simão não dá para tudo e não podemos esperar do Rui Costa um jogo completo a 100 à hora (mesmo assim fez duas assistências fantásticas). O Nélson fez dos piores jogos pelo Benfica e mesmo o Léo não esteve ao seu nível. O Katsouranis teve que estar preocupado com as asneiras do Beto e portanto não apareceu tanto no ataque como de costume, ao passo que o Anderson continua a ganhar muito poucos lances aos pontas-de-lança adversários. Mas o Fernando Santos tem grandes responsabilidades principalmente por causa das substituições que nos estragaram o jogo.
Esta derrota irá certamente afectar a afluência de público no jogo da próxima 4ª feira com o Dínamo de Bucareste, mas espero que não afecte o desempenho dos jogadores. Já perdemos uma Taça e portanto é bom que nos mentalizemos que temos outra para ganhar. Se chegarmos ao fim da época sem nenhum troféu, a desilusão será tremenda.