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quinta-feira, abril 07, 2022

Dignos

Perdemos na 4ª feira (1-3) frente ao Liverpool na Luz e estamos a um jogo de nos despedirmos da Liga do Campeões deste ano. Fizeram uma prova bastante boa, fomos muito mais longe do que estávamos à espera, mas o problema sempre esteve no que (não) fizemos nas competições nacionais.
 
Perante uma Luz esgotada, entrámos em campo com a equipa que tem sido habitual, o que fez com que alinhássemos com 10, porque o Taarabt simplesmente não existe... Tivemos naturalmente preocupações defensivas, o que não impediu o Liverpool de ir criando perigo, com o Vlachodimos a começar a sobressair. Durámos até aos 17’, quando o central Konaté num canto fez o 0-1 de cabeça. Tentámos responder logo de seguida, mas o Everton rematou às malhas laterais. O Liverpool não descansava e só o Vlachodimos impediu o Luis Díaz de aumentar a vantagem, mas já não conseguiu fazer nada aos 34’ quando o mesmo Luis Díaz assistiu de cabeça o Mané para o 0-2, depois de um passe em profundidade, que surgiu na sequência de um mau passe do... (adivinhem lá...) Taarabt! Até ao intervalo, o Vlachodimos impediu que a vantagem inglesa aumentasse, mas mesmo em cima do apito foi o Rafa a rematar mal depois de uma boa jogada que o colocou em posição privilegiada.
 
A 2ª parte foi bastante diferente, connosco a reduzir para 1-2 logo aos 49’ através de Darwin, depois de um centro do Rafa e um falhanço escandaloso do Konaté. O Liverpool tremeu e poderíamos ter chegado à igualdade com oportunidades pelo Darwin de cabeça e Everton com defesa do Alisson. Pelo meio, o Darwin cometeu o mesmo enorme erro da 1ª parte, ao não isolar o Rafa, preferindo o remate de longe. Egoísmos devido a querer mostrar-se para a Europa toda, não, obrigado! A partir da hora de jogo, o Liverpool voltou a equilibrar o jogo, que foi decorrendo até final sem grandes oportunidades. Até que, nos 10’ finais, os ingleses voltaram a pressionar mais e conseguiram fazer o 1-3 aos 87’, numa perda de bola do Otamendi na saída do meio-campo, que deu origem a um contra-ataque venenoso concretizado pelo Luis Díaz. Até final, ainda foi o Vlachodimos a impedir o entretanto entrado Diogo Jota de aumentar ainda mais a vantagem, depois de novo mau passe do Otamendi.
 
Em termos individuais, jogão do Weigl no meio-campo, do Gilberto na direita e do Vlachodimos a impedir números ainda mais díspares. O Vertonghen também teve uma boa prestação perante uma linha avançada que tem soluções que nunca mais acabam. O Darwin, apesar do golo e das dores de cabeça que deu aos centrais contrários, pecou (e muito) a sua exibição pelo egoísmo que revelou naqueles dois lances. Por outro lado, preferiu reclamar um penalty a tentar marcar um golo, quando ia ficar só com o guarda-redes pela frente. Ainda por cima, o espanhol Sr. Gil Manzano estava a demonstrar um critério muito largo e muito dificilmente apitaria num lance daqueles. O Rafa também não esteve no melhor dos seus dias, apesar de ter feito a assistência para o nosso golo. Quanto ao Taarabt, juro que irei fazer uma festa no dia em que ele apanhar o avião para Marrocos só com bilhete de ida...!
 
Para a semana, iremos a Liverpool e, se nos exibirmos da mesma maneira, não teremos nada a recriminar à equipa. Demos o que podíamos dar e não envergonhámos o nome do clube. No entanto, é muito giro chegar aos quartos-de-final da Champions, dá muito dinheiro e tal, mas troféus para o Museu, nada. Desde o Verão de 2019 que não temos nem um para amostra! Espero que esta boa campanha europeia não sirva para escamotear a vergonha que voltou a ser esta época.

quarta-feira, março 16, 2022

Milagre

Vencemos o Ajax em Amesterdão (1-0) e, seis anos depois, voltámos a qualificar-nos para os quartos-de-final da Liga dos Campeões. O que parecia completamente impossível há um mês tornou-se realidade. Sem o brilhantismo de outras vezes em que chegámos a esta fase da prova (como esta e principalmente esta), mas o que interessa é lá estarmos. Já fizemos mais do que a nossa obrigação nesta competição, o problema está na campanha interna.
 
Com a alteração da regra dos golos fora, o jogo começou mesmo 0-0. Ambas as equipas teriam de ganhar para passar a eliminatória. Apesar do que fez na 6ª feira passada, o Taarabt foi novamente titular. A única coisa que me apraz dizer é que o Nelson Veríssimo é um praticante excessivo da inclusão... O Ajax dominou grande parte do jogo, connosco sempre muito coesos na defesa. E o que é certo é que os holandeses não tiveram assim tantas oportunidades flagrantes de golo na partida inteira (como ponto de comparação, acho que o PSV na pré-eliminatória teve muito mais). Houve um golo anulado por fora-de-jogo logo nos minutos iniciais, controlámos bem o Antony na direita, mas o problema foi que o meio-campo adversário era no man’s land para nós... O Rafa e o Everton não conseguiam conduzir a bola pelas laterais, porque estavam sempre mais preocupados em fechar o flanco e a bola quase nunca chegava ao Darwin. Nas bolas paradas, o Ajax ganhava invariavelmente os duelos, mas o que valeu foi que a pontaria estava desafinada.
 
Para a 2ª parte, o Nelson Veríssimo decidiu que estava na altura de jogar finalmente com onze e entrou o Meïté para o lugar do acéfalo marroquino. Curiosamente (ou talvez não...), a equipa melhorou e o Ajax ainda se acercou menos vezes da nossa área do que na etapa inicial. Com o passar dos minutos, os holandeses iam perdendo discernimento e só uma cabeçada do Antony é que poderia ter dado golo, porque o Vlachodimos estava batido, mas a bola saiu por cima. Nós tentámos com mais sucesso passar a linha de meio-campo e o Rafa ia aproveitando um erro do Blind para se isolar, mas não o conseguiu. Nas bolas paradas ofensivas, houve uma cabeçada do Vertonghen que atravessou a área sem ninguém lhe tocar, até que aos 77’ fomos felizes: livre na direita do Grimaldo e o Darwin a antecipar-se ao defesa e guarda-redes para fazer o 1-0. Eficácia a toda a prova! Ambas as equipas iam fazendo alterações, mas até final conseguimos controlar o ataque final do Ajax, mesmo apesar de este ter juntado dois matulões na frente (Haller e Brobbey). No entanto, os centrais Otamendi e Vertonghen fizeram-se valer da sua experiência e o Vlachodimos ia resolvendo o pouco que lhe apareceu pela frente.
 
Em termos individuais, óbvio destaque para o Darwin pelo golo, mas seria injusto estar a referir mais nomes quando toda a equipa revelou um espírito de sacrifício de louvar. Não é preciso ir lá à frente muitas vezes para marcar. Basta sermos eficazes.
 
Jogámos como as equipas pequenas jogam na Luz, conseguimos irritar os holandeses com algum antijogo na parte final, mas conseguimos o objectivo que procurávamos. Não foi um jogo bonito da nossa parte, mas temos de ser inteligentes e lutar com as armas que temos neste momento. Deu para isto e já é bom. Saibamos gozar este período, que vai ser o ponto alto da época. Não vamos ganhar a Champions, iremos acabar a época sem nenhum título, mas estamos com os cofres cheios. Para o futebol moderno, está bom. (Mas eu sou old fashioned e prefiro quando acrescentamos items ao museu...)

sábado, fevereiro 26, 2022

Resposta

Empatámos na passada 4ª feira contra o Ajax (2-2) na 1ª mão dos oitavos-de-final da Champions. Depois da miséria franciscana dos últimos jogos, estava à espera de um amasso dos holandeses, mas os jogadores do Benfica conseguiram mostrar que afinal ainda lhes resta um bocadinho de dignidade.
 
Uma semana cheia de trabalho e a estupefacção por um ditador lunático ter invadido outro país soberano em plena Europa do séc. XXI (e ainda haver uns quantos que dizem “mas”...) não me permitiram escrever mais cedo sobre o jogo. O Ajax foi superior a nós na 1ª parte e aproveitou um erro do Grimaldo aos 18’ para fazer o 0-1 pelo Tadic. A nossa recção foi boa, com o empate a surgir aos 26’ num autogolo do Haller depois de um centro-remate forte do Vertonghen na sequência de um canto. No entanto, nem tivemos tempo de saborear o empate, porque o mesmo Haller marcou novamente, três minutos depois, mas desta vez na baliza certa num lance em que recargou uma defesa incompleta do Vlachodimos.
 
Na 2ª parte, especialmente depois da entrada do Yaremchuk por volta da hora de jogo para o lugar do Everton, a balança começou a tombar para o nosso lado. Confesso que tive dúvidas acerca desta substituição, porque iríamos estar com três pontas-de-lança em campo, mas o que é facto é que conseguimos ir empurrando o Ajax para o seu meio-campo. O Vlachodimos defendeu a única oportunidade que os holandeses tiveram no jogo, mas aos 72’ fomos nós a marcar num contra-ataque rápido do Rafa, que passou para o Gonçalo Ramos, este rematou de pé esquerdo de fora da área, o guarda-redes não conseguiu agarrar e o Yaremchuk muito rápido de cabeça atirou para o fundo das redes. Até final, o resultado não se alterou, apesar de o ritmo do jogo continuar sempre bastante elevado.
 
Em termos individuais, o Taarabt esteve novamente em destaque e parece que a lobotomia que terá feito resultou, porque ao fim de quatro(!) anos finalmente produz exibições de jeito... O Rafa melhorou muito na 2ª parte e as suas acelerações foram fundamentais para conseguirmos empatar, apreciação que encaixa igualmente no Darwin. Aliás, a velocidade dos homens da frente, juntamente com o poderio físico do Yaremchuk, pode ser uma das chaves da eliminatória, saibamos nós defender a máquina atacante do Ajax. Outra boa notícia desta noite europeia foi o facto de nenhum dos cinco(!) jogadores que temos tapados com amarelos ter visto cartão.
 
Veremos amanhã frente ao V. Guimarães se esta melhoria na Liga dos Campeões tem repercussões no campeonato. É que, parecendo que não, ainda falta muito tempo para a época acabar e seria inconcebível fazermos só mais um jogo decente até final.

sexta-feira, dezembro 10, 2021

Nos oitavos

Vencemos o Dinamo Kiev na Luz (2-0) na 4ª feira e, com a derrota do Barcelona em Munique (0-3), qualificámo-nos para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Dado que a última vez que conseguimos atingir esta fase da prova foi em 2017, esta é factualmente uma boa conquista. Para os nossos cofres, principalmente, porque em termos desportivos ou iremos sair já ou jamais conseguiremos passar dos quartos-de-final.
 
Com o regresso do Yaremchuk e do Pizzi ao onze, entrámos a todo o gás com uma enorme oportunidade ainda antes do primeiro minuto: excelente jogada do Yaremchuk a isolar-se depois de passar a bola por entre as pernas de um adversário, remate para defesa do guardião contrário e o Rafa, na recarga, com a baliza à mercê a atirar por cima...! No entanto, pouco depois, foi o Dinamo Kiev, pelo Tsygankov, a ter um falhanço possivelmente ainda pior do que o do Seferovic em Barcelona! Se a bola tivesse entrado, as coisas poderiam ter ficado muito complicadas para nós, por causa da instabilidade que a equipa dá mostras. Felizmente isso não aconteceu e continuámos a tentar com o Pizzi num remate frontal a poder ter feito bem melhor do que atirar à figura do guarda-redes. No entanto, aos 16’, inaugurámos mesmo o marcador através do Yaremchuck, depois de uma entrada na área do João Mário pela esquerda com um centro atrasado para o ucraniano não falhar de pé esquerdo. Aos 22’, aumentámos a vantagem num remate ao ângulo do Gilberto, que beneficiou de um mau atraso contrário para ficar isolado em frente ao guarda-redes. O brasileiro ficou tão entusiasmado com o golo que viu um amarelo logo a seguir por pontapear a bola depois de fazer uma falta. Que estupidez! E pronto, o nosso futebol praticamente acabou aqui. Demos a iniciativa ao Dinamo Kiev, que terminou a partida com muito mais posse de bola do que nós (60%-40%), o que não seria um problema se não tivéssemos reduzimos substancialmente a velocidade nas transições, o que evidentemente não nos permitiu criar oportunidades. Até ao intervalo, o estádio só se entusiasmou com os dois golos do Bayern, que confirmou que os alemães não brincam em serviço.
 
Na 2ª parte, a tendência da 1ª manteve-se e até aumentou, dado que o nosso ataque se foi apagando cada vez mais. Felizmente o domínio territorial dos ucranianos não se traduziu em grandes chances para marcar e as que houve confirmaram o Vlachodimos como um dos jogadores mais importantes desta temporada. À passagem da hora de jogo, o Jesus trocou o Pizzi pelo Everton, mas as coisas continuaram na mesma. Em Munique, o Bayern selava a vitória com o 3-0 e, portanto, a qualificação só dependeria de nós. Como o jogo estava, sentia-se que um golo dos ucranianos nos iria fazer tremer, mas com o passar do tempo também o gás deles se foi esfumando. O Gilberto mereceu uma grande ovação quando saiu para entrar o Lazaro e o Jesus resolveu colocar-nos com dez ao fazer entrar o Taarabt para sair o João Mário... Já dentro dos últimos 10’, ainda entraram o Darwin e o Paulo Bernardo para os lugares do Yaremchuk e Darwin. Bastou a primeira intervenção para o Paulo Bernardo voltar a demonstrar que está milhas à frente do marroquino e que tem de ser ele a primeira opção para substituir o João Mário. Porque dá mais jeito jogar quando temos onze em campo...
 
Em termos individuais, destaque para os marcadores dos golos, Yaremchuk e Gilberto, em especial este que é, de forma imerecida, um dos patinhos feios do plantel. O Rafa com as suas acelerações também é um perigo constante, mas não deveria ter falhado aquela primeira chance. Lá atrás, o Otamendi continua um esteio, bem coadjuvado pelo Vertonghen, com o Vlachodimos igualmente em óptimo plano. O Pizzi não aproveitou a oportunidade e continua a funcionar a carvão.
 
Veremos o que nos reserva o sorteio da próxima 2ª feira. Foi uma boa e importante vitória numa exibição sofrível, mas olhemos principalmente para as competições que nos podem efectivamente trazer títulos: campeonato e Taça de Portugal. Iremos a Mordor para as duas até final do ano, em jogos que irão definir muito do que será a nossa temporada.

quarta-feira, novembro 24, 2021

Choque

Empatámos ontem em Barcelona (0-0) e vamos para a última jornada da Champions a lutar pelo apuramento. Teremos de ganhar em casa frente ao Dínamo Kiev e esperar que o Barça não vá ganhar a Munique ao já apurado Bayern. Se alguém me tivesse perguntado antes do jogo se assinava este resultado, teria dito logo que sim. Só que, o que se passou no último minuto, mudou tudo...

 

O Jesus disse que íamos jogar para ganhar, mas a verdade é que não o fizemos. Fomos brilhantes em termos defensivos, especialmente o Otamendi, que fez uma exibição monstruosa, mas muito pouco acutilantes no ataque, sempre com medo do contra-ataque dos catalães. A 1ª parte ficou marcada por três momentos de perigo: uma cabeçada do Yaremchuk num canto que o Ter Stegen defendeu por instinto, o golo anulado ao Otamendi com o argumento de que a bola terá saído do campo no canto e o remate ao poste do austríaco Demir. Conseguimos quase sempre manietar o Barça, não lhes dando praticamente espaço nenhum. 

 

Na 2ª parte, especialmente a partir da entrada do Dembélé, sofremos muito mais. O Grimaldo já tinha um amarelo, não podia forçar e o Jesus esteve bem ao fazer entrar o Lazaro para fechar aquele lado. Já antes tinham entrado o Darwin e o Taarabt para os lugares do Yaremchuk e do apagado João Mário. O uruguaio veio agitar um pouco o nosso ataque, com algumas corridas, mas continua a revelar pouca inteligência na altura de soltar da bola. Do outro lado, o Vlachodimos lá ia resolvendo as coisas mais complicadas que lhe apareceram. O Pizzi já tinha entrado com o Lazaro e a menos de 10’ do fim o Seferovic substituiu o Grimaldo. O Barcelona ainda marcou um golo, mas o Ronald Araújo estava fora-de-jogo. Conseguimos contar os ataques contrários, com o Otamendi a fazer alguns cortes que entrarão certamente num compêndio de como bem defender. Até que, no último minuto da compensação, recuperámos uma bola e de repente temos o Darwin e Seferovic só com um defesa contrário pela frente a correr no meio-campo adversário. O uruguaio puxa o defesa e isola o suíço. O Seferovic, então, acrescenta mais uma página ao historial de golos feitos falhados em Camp Nou. O primeiro foi este, o segundo (e pior de todos, porque foi por egoísmo) este e, ontem, tivemos o mais escandaloso: o Seferovic conseguiu atirar ao lado quando só tinha a baliza pela frente e estava praticamente na pequena-área! Começou por acertar mal na bola quando a tentou picar por cima do guarda-redes, a bola bateu na cabeça deste e sobrou para ele, que atirou... ao lado! I N A C R E D I T Á V E L !!! Acho que todos nós falecemos um pouco ontem, ficaremos em choque durante umas quantas décadas e nunca mais nos esqueceremos deste lance...! Como é possível...?!?!

 

Em termos individuais, enorme destaque para o Otamendi, que fez uma das melhores exibições de um central que me lembro de ver na vida. O Vlachodimos esteve seguríssimo e o nulo também passou muito por ele. Aliás, toda a defesa esteve muito bem, com o André Almeida como terceiro central e o Gilberto na direita a não destoarem nada, ao contrário do que algumas más-línguas gostam de dizer. O João Mário esteve uns furos abaixo do que é habitual, mas convém não esquecer que veio de lesão. Em sentido contrário, o Weigl não parou quieto um minuto. Na frente, o Yaremchuk precisa de uns jogos no banco para colocar a cabeça em ordem, apesar de ter tido uma boa oportunidade naquele canto, e o Rafa e Everton quase não tiveram jogo, porque nós defendemos na maior parte do tempo. Quanto aos que entraram, o Seferovic nem sei bem o que diga...

 

Vamos lá a ver se o ‘falhanço do milénio’ não nos irá custar um lugar nos oitavos... Não será fácil o Barcelona ganhar em Munique, mas o Bayern só irá cumprir calendário. De qualquer modo, temos é de nos concentrar em ganhar o Dínamo Kiev na Luz. Porque se o tivéssemos feito fora (como deveríamos), aí já só dependeríamos de nós para a qualificação.

quinta-feira, novembro 04, 2021

Expectável

Perdemos em Munique frente ao Bayern na 3ª feira por 2-5 e fomos relegados para o 3º lugar do nosso grupo da Champions, porque o Barça ganhou em Kiev por 1-0. Como o Jesus disse na antevisão, não era este jogo que iria definir o nosso destino, porque o poderio dos alemães é impressionante e muito estranho será se eles não conseguirem seis vitórias em seis jogos. Quanto a nós, um empate em Camp Nou e uma vitória frente ao Dinamo Kiev, possivelmente dar-nos-á a qualificação.
 
Consciente de que esta partida era de outro campeonato, o Jesus optou (e bem) por retirar alguns habituais titulares da equipa, até porque o Otamendi, Weigl e Rafa estavam tapados por amarelos e muito mais falta fariam nos dois próximos jogos. Entrámos bem na partida e nos primeiros minutos até rondámos mais vezes a área do Bayern. Chegámos a marcar pelo Lucas Veríssimo, mas infelizmente o Pizzi, que fez a assistência, estava milimetricamente fora-de-jogo. Ao invés o inevitável Lewandowski inaugurou o marcador de cabeça aos 26’, ao corresponder a um centro do endiabrado Coman, que voltou a dar cabo dos nossos laterais. Já se sabe que, assim que abre a torneira, o Bayern nunca descansa e aos 32’ aumentou a vantagem num calcanhar do Gnabry com assistência do Lewandowski. Antes e depois dos golos, já o Vlachodimos mostrava que era o melhor do Benfica, ao impedir que o resultado se avolumasse para números catastróficos. Um contra-ataque nosso foi egoisticamente resolvido pelo Yaremchuck com um remate ao lado, quando tinha um colega em melhor posição. Mas aos 38’ marcámos mesmo, através do Morato de cabeça, depois de um cruzamento do Grimaldo na esquerda. Foi o primeiro golo sofrido pelo Bayern na Champions. Em cima do intervalo, o Lucas Veríssimo foi imprevidente ao tentar um corte, abrindo muito os braços e fazendo com que a bola lhe embatesse na mão. O VAR assinalou penalty, mas o Vlachodimos não se deixou enganar pelo Lewandowski e defendeu o remate.
 
A 2ª parte iniciou-se praticamente com o terceiro golo do Bayern, através do Sané aos 49’, num remate à meia-volta. À passagem da hora de jogo, o Lewandowski bisou num lance de contra-ataque, em que passou pelo Meïté como se ele não estivesse lá. Nesta altura, temi o descalabro, mas alguma falta de pontaria dos alemães e o Vlachodimos impediram isso. Pelo contrário, fomos nós a reduzir para 2-4 aos 74’ pelo entretanto entrado Darwin na sequência de um contra-ataque bem conduzido pelo João Mário. Logo a seguir, destaque para a estreia do Paulo Bernardo na equipa principal e logo num jogo destes. Aos 84’, um alívio do Neuer isolou o Lewandowski, que fez um chapéu sobre o Vlachodimos, selando o hat-trick e o resultado final.
 
Em termos individuais, o Vlachodimos foi o melhor do Benfica, porque graças a ele não sofremos outros tantos golos. Também gostei bastante do Morato, muito personalizado e com a mais-valia de ter marcado um golo. Em sentido contrário, o Lucas Veríssimo continua a cometer erros infantis em jogos importantes. O mal-amado Gilberto foi outro que não esteve nada mal, nunca se escondendo do jogo e viu-se bem a diferença em relação ao Diogo Gonçalves, quando este foi para a lateral-direita. Para a maior parte dos jogos, o Diogo serve perfeitamente, mas perante estes adversários que atacam muito, precisamos de alguém que defenda melhor do que ele. Por outro lado, se calhar em Janeiro arranjaríamos outro lateral-esquerdo, porque é ridículo fazermos a Liga dos Campeões toda só com o Grimaldo. Viu-se bem o problema que causou a sua saída.
 
Se levássemos menos de cinco, eu já me daria por satisfeito. Perdemos  por três, o que não foi nada mau. A Liga dos Campeões só interessa mesmo pelo dinheiro que nos dá. Estas equipas são inultrapassáveis e o melhor que poderemos conseguir nos próximos anos são os quartos-de-final. Ora, isso não são títulos. Posto isto, o que é importante é o jog
o frente ao Braga no próximo domingo. Isso, sim, é (d)o nosso campeonato.

quinta-feira, outubro 21, 2021

Dignos

Fomos goleados em casa frente ao Bayern (0-4), mas continuamos no segundo lugar do nosso grupo na Champions, agora com o Barcelona um ponto atrás de nós dado que venceu o Dinamo Kiev por 1-0. O resultado é obviamente muito pesado, mas a equipa saiu do campo sob aplausos (e foram merecidos). Contraditório? Só para quem não viu o jogo...

Tinha comentado com mais do que um grupo de amigos que, se perdêssemos por menos de três golos, não ficaria muito chateado. Mas, quando chegámos aos 70’ com 0-0 e com a perspectiva de um empate não ser um mero sonho, confesso que sofrer uma goleada já não estava na minha cabeça. Pura ilusão...! Este Bayern Munique é, a par deste Barcelona, a melhor equipa que vi jogar ao vivo no Estádio da Luz. Não há como não admirar a maneira como eles sufocam o adversário, não o deixando respirar, como vão esburacando as defesas contrárias e naturalmente criando oportunidades, e como só deixam de tentar marcar quando o árbitro apita para o final. Que maravilha! Apesar de tudo isto, batemo-nos muito bem e só com o autogolo que deu o 0-2 é que nos desconcentrámos, o que acabou por ser fatal.
 
Entrámos em campo com o tridente ofensivo do costume (Rafa, Yaremchuk e Darwin), revelando alguma audácia da nossa parte. Fomos dominados na maior parte do primeiro tempo, mas ainda tivemos uma grande oportunidade com um remate do Darwin que foi magnificamente defendido pelo Neuer. Do nosso lado, o Vlachodimos safou-nos um par de vezes e o VAR também, dado que anulou um golo ao Lewandowski, porque foi metido com o braço.
 
Na 2ª parte estivemos melhor, conseguimos equilibrar um pouco mais a partida, e um remate do Diogo Gonçalves (que tinha substituído o lesionado André Almeida) voltou a fazer o Neuer brilhar. O Yaremchuk teve igualmente uma boa arrancada, mas o remate saiu ao lado. Do lado contrário, o Vlachodimos defendeu uma bola com o pé e ela ainda foi ao poste, e o VAR anulou por fora-de-jogo outro golo dos alemães. Uma falta idiota do Otamendi sobre o Lewandowski, que estava de costas para a baliza(!), provocou um livre perigosíssimo, que o Sane não perdoou. Foi aos 70’ e durante dez minutos tentámos recompor-nos, mas foi o jogador que entrou, o Everton, a fazer um autogolo aos 80’ que nos liquidou de vez e em quatro minutos acabámos por sofrer mais dois golos: aos 82’, o Lewandowski lá marcou o golinho da ordem e o Sane bisou aos 84’. Foi um autêntico rolo compressor que nos passou por cima na parte final...
 
Em termos individuais, de quem eu mais gostei foi do Weigl, que conseguiu bater-se taco a taco com os seus compatriotas. O João Mário também teve alguns pormenores de classe e o Darwin, apesar de nem sempre decidir bem os lances, tentou criar perigo. A velocidade do Rafa esbarrou muitas vezes nos muros alemães. O Vlachodimos ainda conseguiu impedir que o resultado fosse mais avolumado.
 
Foi pena que o modo como nos batemos não tenha tido repercussão no resultado, mas o Bayern é de outra galáxia. O jogo em Munique vai ser terrível, mas não irá ser por ele que passará a nossa possível qualificação. Portanto, qualquer que seja o resultado, não podemos perder a concentração para os últimos dois jogos do grupo, esses, sim, decisivos.

quinta-feira, setembro 30, 2021

Épico

Derrotámos o Barcelona na Luz por 3-0 e estamos no 2º lugar do nosso grupo da Champions com quatro pontos. Foi o regresso de uma noite europeia que vai ficar na memória de todos nós, na senda desta e desta, porque se é certo que não deu nenhum título, também é verdade que não é todos os dias que se derrota um colosso europeu. Nem todos os dias, nem todos os anos e nem todas as décadas neste caso particular, porque só o tínhamos vencido uma vez na memorável final de Berna da Taça dos Campeões de 1961. Portanto, há 60 anos que não vencíamos o Barça, que também não perdia em Portugal há 34 anos, desde o golo do Mapuata do Belenenses em 1987...!
 
O Jesus apostou na mesma equipa de Guimarães e a ousadia pagou aos 3’ com o golo inaugural através do Darwin, que flectiu da esquerda para o meio, trocou as voltas ao Eric Garcia e rematou rasteiro para o poste mais próximo do Ter Stegen. A Luz explodiu! Pouco depois, um remate do Yaremchuk saiu à figura quando tinha tudo para ser mais bem colocado. O Barça reagiu, sempre comandando pelo fabuloso Pedri, e criou algumas situações de perigo, sem, no entanto, acertar na baliza. Os nossos três centrais estiveram muito bem, com destaque para um corte impossível do Lucas Veríssimo num lance que acabou por ser fora-de-jogo. Em termos atacantes, não conseguimos produzir muito mais neste período, mas deveríamos ter ido para o intervalo com mais um jogador, porque o Piqué foi vergonhosamente poupado ao segundo amarelo pelo italiano Sr. Daniele Orsato. Tanto assim deveria ter sido, que o Koeman o substituiu logo a seguir. Em cima dos 45’, o Lazaro lesionou-se e entrou o Gilberto para o seu lugar.
 
A 2ª parte foi bastante diferente, porque não só defendemos melhor, não dando tanto espaço ao Barça para manobrar no nosso meio-campo, como estivemos sempre de olho na baliza contrária. Pouco depois do reinício, numa saída extemporânea do Ter Stegen, o Darwin contornou-o, mas o remate ainda de longe e de ângulo complicado foi ao poste. O Barcelona também atirou ao poste num livre para a nossa área, mas o jogador que fez a assistência estava fora-de-jogo. Estávamos mais próximos de marcar e a nossa superioridade ficou ainda mais vincada com a saída do Pedri, que provavelmente não aguentaria os 90’, dado que acabou de vir de lesão. Aos 69’, houve resultados práticos dessa superioridade, com o 2-0 numa recarga de trivela do Rafa, depois de uma boa combinação entre o Yaremchuk e o João Mário, com este a ficar cara-a-cara com o Ter Stegen, mas a permitir a sua defesa, com a bola a ressaltar para o nº 27 não falhar. O Jesus fez entrar o Taarabt e o André Almeida para os lugares do Yaremchuk e do amarelado Grimaldo, e aos 77’ tudo ficou decidido com o Darwin a fazer o 3-0 de penalty a castigar uma mão na área depois de uma cabeçada do Gilberto. O Sr. Daniele Orsato, que, diga-se de passagem, teve uma arbitragem muito tendenciosa, foi ao VAR e não teve outra solução que não assinalar a evidente mão. Até final, nada de mais relevante se passou, com o jogo a terminar com o estádio em euforia. Bem justificada, diga-se.
 
Em termos individuais, óbvio destaque para o Darwin, com um bis e uma 2ª parte de óptimo nível, para o Rafa, que é um acelerador que destrói qualquer defesa, e para a dupla de meio-campo, Weigl e João Mário, na qual reside muita da explicação para a nossa enorme melhoria em relação à temporada passada. O facto de não perderem bolas e ela sair sempre redondinha dos pés de ambos contribui indelevelmente para isso. A defesa também esteve imperial, em especial na 2ª parte, com o Lucas Veríssimo a fazer a melhor exibição desde que chegou ao Benfica. O Vlachodimos acabou por não ter grande trabalho, mas sinceramente não gostei das suas não-saídas a muitos cruzamentos. O Yaremchuk não esteve em tão grande destaque como o seu colega avançado, mas não engana: é óptimo jogador. O Gilberto entrou muitíssimo bem e até ficámos a ganhar com a sua entrada em relação ao Lazaro.
 
Foi uma jornada memorável, mas agora há que descer à realidade para defrontar o Portimonense no próximo domingo, antes de nova paragem para as selecções. Quanto à Champions, o que parecia impossível no papel (a qualificação para os oitavos) torna-se agora um objectivo passível de ser atingido.

quarta-feira, setembro 15, 2021

Empate

Estreámo-nos ontem na fase de grupos da Liga dos Campeões com uma igualdade (0-0) em Kiev frente ao Dínamo. Durante a maior parte da partida demonstrámos que somos superiores, mas o pesadelo que foi o período de compensação acaba por tornar o resultado justo.
 
Como seria de esperar, alinhámos com três centrais e, na frente, o Yaremchuk e o Rafa regressaram em relação aos Açores, mantendo-se o Everton a titular. Todos os comentadores diziam que o Dínamo Kiev era forte no ataque e fraco na defesa, mas como domina no campeonato ucraniano essas dificuldades defensivas não eram muito testadas. Ora, o que se viu foi uma equipa super-fechada e com muito respeito por nós. Entregou-nos o comando do jogo, mas nós raramente conseguimos criar oportunidades na 1ª parte, porque fomos sempre muito lentos. Paciência e segurança a circular a bola é bom, mas quando é demasiado não leva a lado nenhum. Só por duas vezes criámos situações complicadas aos ucranianos, num erro deles a sair a jogar que o Everton desaproveitou devido à sua lentidão e num remate de primeira do Yaremchuk, que saiu um pouco à figura do guarda-redes Boyko, embora este tenha tido de o defender para a frente. Do outro lado, um livre directo na parte inicial da partida foi muito bem defendido pelo Vlachodimos, que para não variar começou a evidenciar-se.
 
Na 2ª parte, as coisas mantiveram-se na mesma, connosco a dominar, mas a criar poucas ocasiões para esse domínio. A nossa melhor situação de golo foi através do Yaremchuk, com um remate de pé esquerdo quase na pequena-área na sequência de uma insistência do Rafa, com a bola a sobrar para o nosso ucraniano proporcionar ao Boyko uma defesa que nem sabe bem como. Por volta da hora de jogo, fizemos uma tripla substituição com as entradas do Darwin, Lazaro e a estreia do Radonjic para os lugares do Yaremchuk, Gilberto e o inoperante Everton, mas a equipa piorou. Deixámos de conseguir fazer com que a bola chegasse ao ataque, embora o sérvio Radonjic tenha tido um par de arrancadas que fizeram prometer algo, que infelizmente não se cumpriu. Continuaram a ser as acelerações do Rafa a causar problemas ao Dínamo Kiev, embora fossem cada vez menos com o decorrer do tempo. E foram mesmo os ucranianos que terminaram o jogo em cima de nós, com três oportunidades na compensação que incluíram uma bola ao poste (na verdade foram duas, porque o Otamendi ia fazendo um autogolo), duas boas defesas do Vlachodimos e um golo mesmo a acabar anulado pelo VAR, por fora-de-jogo do jogador que fez a assistência. Foi um enorme suspiro de alívio, porque estivemos mesmo à beira de perder um jogo que deveríamos ter ganho.
 
Em termos individuais, se ficámos a zeros na Europa devemos mais uma vez ao Vlachodimos, que se mostra como uma das grandes figuras deste início de temporada. Outro que fez um jogão foi o Weigl no meio-campo, sempre a pressionar os adversários e a recuperar muitas bolas. O Rafa foi praticamente o único que conseguiu desestabilizar os ucranianos, ao contrário do Everton, que continua a ser um corpo estranho na equipa: muito, muito lento, sempre com a mesma finta para dentro, falta de espontaneidade no remate, enfim, custa a perceber porque é que continua a ser titular... Nas substituições, para o tipo de jogo que estávamos a fazer, de tabelinhas e combinações atacantes, teria sido melhor entrar o Gonçalo Ramos do que o Darwin na 2ª parte. O Radonjic criou algumas expectativas, dado que parece ser o tipo de jogador que não tem medo de enfrentar os adversários e consegue acelerar o nosso jogo, tal como o Rafa. A rever.
 
Como o Bayern Munique foi ganhar 3-0 em Nou Camp, a nossa recepção ao Barcelona na próxima jornada será muito importante para definir o 2º lugar no grupo. O Barça parece-me bastante mais fraco esta temporada, pelo que podemos ter aqui uma boa oportunidade para fazermos uma gracinha...

quarta-feira, agosto 25, 2021

Épico

Empatámos em Eindhoven frente ao PSV (0-0) e estamos, passado um ano, novamente na fase de grupo da Liga dos Campeões. Este adjectivo já terá sido utilizado em vários títulos, mas de facto não há nenhum melhor, dado que estivemos a jogar com dez jogadores desde os 32’, por duplo amarelo do Lucas Veríssimo. Como bem nos recorda essa série de programas que todo o benfiquista deve ouvir, a História Gloriosa, dos meus amigos Nuno Picado, Filipe Inglês (Bakero) e dessa enciclopédia viva de benfiquismo chamada Alberto Minguéns, a nossa história faz-se de conquistas, mas igualmente de grandes sacríficos. E o jogo de ontem tem entrada directa nesses jogos inolvidáveis, como o de Turim ou de Trondheim, apenas para nomear dois jogos mais recentes.
 
Eu estava bastante apreensivo, porque os holandeses foram muito fortes na Luz, mas entrámos muito bem na partida, mesmo estando a jogar com dez desde o início (a sério, não há quem nos faça o favor de levar o Taarabt para longe da Luz...?!). Conseguimos controlar perfeitamente o PSV até à expulsão e até tivemos uma ótima oportunidade através do Rafa, cujo remate em boa posição foi cortado por um defesa para canto. Pouco depois, o PSV teve igualmente uma boa ocasião num remate à malha lateral depois de um cruzamento da direita. Até que veio o minuto 32 e eu vi Mozer em Parma em 1993/94 all over again. Depois de um amarelo perfeitamente idiota por ter falhado um passe, o Lucas Veríssimo meteu 37 milhões de euros em causa ao saltar com o braço aberto, metendo-se a jeito para o Sr. Slavko Vincic lhe mostrar o segundo. Se as coisas nos estavam a correm bem até então, a partir dali perspectivava-se o pior. Até ao intervalo, ficámos com os quatro defesas e vimos o Vlachodimos assumir-se como o homem da eliminatória, ao defender com a perna um remate do Madueke que lhe apareceu isolado pela frente sob a direita. Madueke, esse, que já antes num remate em arco tinha criado bastante perigo.
 
Na 2ª parte, dado que tínhamos de defender o 0-0, eu esperava a entrada do Meïté para o lugar desse erro chamado Taarabt e do Gonçalo Ramos, porque defende bastante melhor do que o Yaremchuk. Porém, não houve alterações e a equipa voltou ao esquema dos três centrais, com o Gilberto como um deles e o Rafa a fechar a lateral-direita. Mais estranho não poderia ser, até porque o Rafa deveria estar na frente, porque era o único cuja velocidade poderia causar problemas aos holandeses. Claro que aquela disposição táctica estava condenada a não durar muito tempo e aos 54’ entrou o Vertonghen para o lugar do equívoco Taarabt. Voltávamos a estar com dez novamente! Num raro contra-ataque, foi o Yaremchuk a conduzi-lo e a rematar já em esforço por cima, quando eventualmente poderia ter resolvido de outra forma. O PSV naturalmente dominava e goleava-nos em posse de bola, mas o Jesus respondia muito bem tacticamente e à passagem da hora de jogo entraram o André Almeida e o Gonçalo Ramos para os lugares do Gilberto e Yaremchuk. O único erro do Morato no jogo deu a melhor oportunidade ao PSV, com o Madueke na direita a assistir o isolado Zahavi no meio, mas este a atirar ao poste com a baliza completamente escancarada. Os deuses estiveram connosco, mas pareceu-me na repetição que o israelita estava ligeiramente fora-de-jogo. Nunca saberemos o que aconteceria caso a bola tivesse entrado... Felizmente aos 70’, o treinador dos holandeses resolveu tirar o Madueke e as coisas melhoraram um pouco para nós. A equipa mostrava-se bastante solidária e conseguimos não dar espaços ao PSV para entrar na nossa área. A 15’ do fim, esgotámos as substituições com o Everton e Meïté para os lugares do Rafa e João Mário, que já tinha visto um amarelo. Com a saída deste, deixámos de conseguir ter posse de bola, mas estando já amarelado seria um alvo fácil. O Everton ainda teve uma jogada típica sua, flectindo da esquerda para o meio, mas o remate saiu à figura. Do outro lado, continuava o show Vlachodimos a suster os poucos remates que lhe chegavam, entre os quais um duplo já a 5’ do fim, em que o grego esteve brilhante especialmente na defesa à recarga. Quando o esloveno sr. Slavko Vincic apitou para o final, dei um berro que se deve ter ouvido em Eindhoven. Foi uma catarse absolutamente necessária para uma camada de nervos que já não tinha provavelmente desde que fomos campeões com o Lage.
 
Em termos individuais, ÓBVIO destaque para o Vlachodimos. O Jesus bem pode continuar na teimosa de não o reconhecer directamente, mas o grego foi o homem da eliminatória. Ponto. Se estamos na Champions, a ele o devemos. Parágrafo. É um facto que qualquer pessoa que não seja cega vê! Realce também para as grandes exibições do Weigl (correu 12 km!) e do Grimaldo, que depois de ter uma 1ª mão muito difícil perante o Madueke, conseguiu ontem não ser batido uma única vez por ele. Os centrais foram muito importantes como muralha defensiva, apenas com o tal erro do Morato que nos poderia ter custado caro. O Lucas Veríssimo é bom que reflicta sobre o que se passou, pois esteve prestes a ter uma nódoa dificilmente apagável no seu currículo. Livrou-se de boa!
 
Como disse o Rui Costa aos jogadores no balneário, podem levar este jogo para o resto das suas vidas. Foi uma qualificação com enorme sofrimento, mas muito merecida precisamente por essa capacidade de ultrapassar as contrariedades. Assistimos a uma jornada heróica que não desmerece em nada a nossa história. Já andávamos a precisar disto há algum tempo. Viva o BENFICA!
 
P.S. – Estamos no pote 3 no sorteio. Portanto, por mim, pode ser o Villarreal, PSG e Sheriff. Adoraria ver o Messi, Neymar, Mbappé e Donnarumma na Luz, acho que teríamos hipóteses na luta pelo 2º lugar e a Liga Europa estaria em princípio garantida.

quinta-feira, agosto 19, 2021

Justo

Vencemos ontem o PSV na Luz (2-1) na 1ª mão do play-off de acesso à Liga dos Campeões. Foi um resultado muito bom, eventualmente até um pouco lisonjeiro para nós, num jogo bastante complicado perante um adversário que só tinha somado vitórias até agora.


No regresso esperado dos três centrais, o Yaremchuk foi o ponta-da-lança e foi dele a abertura para o Rafa inaugurar o marcador logo aos 10’. Não poderíamos ter tido melhor começo! No entanto, daí até perto do intervalo o jogo foi todo dos holandeses. Especialmente pelo seu lado direito, onde o Madueke deu cabo da cabeça do Grimaldo, o PSV pressionou-nos como nenhuma equipa tinha feito até agora. Lá conseguimos não os deixar criar grandes oportunidades, apesar de terem goleado na posse de bola. O Weigl perdeu umas quantas bolas em zona de perigosa, felizmente sem consequências, mas redimiu-se dessas falhas pouco habituais ao fazer o 2-0 aos 42’, aproveitando um ressalto na área depois de um canto do Pizzi. O PSV dominava e nós marcávamos. Não estava mal...!


Na 2ª parte, esperava-se que tivéssemos mais posse de bola e até voltámos a começar bem, com o Yaremchuk a rematar ao lado, mas o lance foi anulado por fora-de-jogo. Logo a seguir, foi o Rafa a ter uma boa oportunidade depois de uma combinação com o Grimaldo, mas o remate saiu fraco e o guarda-redes defendeu sem dificuldade. Aos 51’, um balde de água fria com o golo dos holandeses através do Gakpo, que cortou um ataque nosso e iniciou ele próprio um contra-ataque venenoso que concluiu com um remate de fora da área. Sentimos o golo e os holandeses voltaram a dominar grande parte do segundo tempo. O jogo estava bastante rápido e fisicamente começámos a dar o berro, pelo que o Jesus fez quatro substituições de uma só vez, que tiveram o condão de estabilizar a equipa, nomeadamente a entrada do Meïté para o meio-campo. Até final, contámos com o Vlachodimos para manter a nossa baliza inviolada.


Em termos individuais, destaque novamente para o Yaremchuk que assistiu num golo e participou no ressalto que deu o segundo. No entanto, o melhor do Benfica foi indiscutivelmente o Vlachodimos com pelo menos quatro defesas de golo. (Não percebi de todo as declarações do Jesus no final do jogo a desvalorizar a exibição do grego...! É claramente melhor do que o Helton Leite.) O Rafa é quem mais cria desequilibrios atacantes e fica indiscutivelmente na história deste jogo pelo golo marcado. Os centrais estiveram globalmente bem, com o Morato a não tremer e o Lucas Veríssimos inclusive a participar nas acções atacantes com um belo remate de fora da área na 1ª parte, que proporcionou ao guarda-redes uma excelente defesa. para canto Quanto aos menos, o Pizzi passou indiscutivelmente ao lado do jogo e desta vez não tem uma assistência ou um golo para compensar.


Iremos passar um mau bocado na Holanda, porque este PSV me parece de outro calibre. Teremos obrigatoriamente de marcar e, provavelmente só um golo não chega. Eu reforçaria o meio-campo com Meïté e Weigl, avançando o João Mário e colocando o Pizzi no banco. É imperativo fazermos um jogo muito inteligente, até porque a vantagem de se marcar fora deixou de existir e, portanto, só não perdendo o jogo é que nos conseguiremos apoiar (sim, eu sei que pode haver penalties depois de uma derrota por um golo, mas estava a falar de jogo corrido.). No entanto, antes disso temos uma difícil deslocação a Barcelos, onde se prevê que o Jesus faça uma grande rotação na equipa. As segundas linhas terão mais uma oportunidade para justificarem que merecem fazer parte do plantel.

quarta-feira, agosto 11, 2021

Em frente

Na recepção ao Spartak Moscovo, voltámos a vencê-los por 2-0 e qualificámo-nos para o play-off de acesso à Champions, onde iremos defrontar o PSV Eindhoven. Foi outro triunfo indiscutível em que a nossa superioridade ainda esteve mais vincada do que no jogo da 1ª mão.
 
Com o regresso do público à Luz (FINALMENTE!), fizemos uma partida bastante inteligente em que praticamente não deixámos os russos passarem de meio-campo. Depois do descanso em Moreira de Cónegos, os titulares voltaram todos, mas à semelhança de Moscovo não conseguimos marcar na 1ª parte. O Spartak fechou-se ainda mais lá atrás e não conseguimos ter o mesmo número de oportunidade da 1ª mão. Dois remates do Pizzi no mesmo lance, ambos interceptados por defesas, foi o melhor que conseguimos. Do lado contrário, um remate enrolado, que desviou num defesa nosso e foi defendido pelo Vlachodimos, foi a única(!) (meia-)oportunidade dos russos em toda a partida.
 
Ao intervalo, o Vertonghen saiu lesionado e entrou o Morato, que fez logo um disparate na primeira vez que tocou na bola, mas depois conseguiu equilibrar-se no resto do tempo. O jogo manteve igual ao que estava, com o Spartak sem passar de meio-campo, e a eliminatória ficou praticamente decidida aos 57’ na estreia do João Mário a marcar, na recarga a um primeiro remate do Rafa, que fez a aceleração decisiva que desmontou a defesa adversária. Com tudo a nosso favor, o Jesus foi começando a poupar jogadores e promoveu a estreia do Yaremchuk para o lugar do esgotado Gonçalo Guedes Ramos. Também o Everton substituiu o Pizzi e foi o brasileiro a ter uma excelente oportunidade, com um remate por cima quando estava em posição de fazer muito melhor. A qualificação estava garantida, mas já agora convinha ganhar o jogo até porque os pontos para o ranking nunca são de desprezar. Depois de um livre para a nossa área que poderia ser perigoso, mas o Vlachodimos aliviou, conseguimos o segundo golo já na compensação (92’), numa boa combinação entre o Yaremchuk e o João Mário, com o ucraniano a rematar contra um adversário, tendo a bola ressaltado num outro, o Gigot, e entrado na baliza. O estádio ficou em êxtase que se prolongou na despedida da equipa do relvado no final, pouco depois.
 
Em termos individuais, o Rafa foi possivelmente o melhor, com as suas acelerações a serem decisivas para desmontar a estratégia contrária. Outro que me está a encher as medidas (e que confesso não esperava) é o João Mário: pezinhos de lã, muita objectividade, sempre a tentar jogar para a frente, não é do tipo todo-o-terreno a conduzir a bola, mas ao menos não emperra o jogo (e basta isso para ser uma melhoria considerável em relação ao passado recente!). Além disto tudo, abrilhantou a sua exibição com o importantíssimo primeiro golo. Na 1ª parte, o Diogo Gonçalves esteve bastante activo na direita, embora nem sempre os centros lhe tenham saído bem. A defesa esteve muito segura, com o Otamendi a revelar-se imperial. Esperemos que a lesão do Vertonghen não seja para muito tempo, porque convinha estar disponível para o PSV. O Weigl é o pêndulo que se sabe, mas levou um amarelo muito estúpido que me tirou do sério. O Yaremchuk mostrou que tem facilidade de remate, mas neste momento o lugar é do Gonçalo Ramos.
 
O PSV será um adversário bastante mais complicado, mas as indicações que temos dado são boas. Prevê-se uma rotação bastante grande da equipa para defrontar o Arouca na Luz, antes da recepção aos holandeses, mas o nosso plantel dá garantias que o nível exibicional se possa manter mais ou menos o mesmo.

segunda-feira, agosto 09, 2021

Da Rússia com amor

Vencemos na 4ª feira passada o Spartak de Moscovo na Rússia por 2-0 e estamos bem encaminhados para os eliminar na 3ª pré-eliminatória de acesso à fase de grupo das Liga dos Campeões. Depois de uma pré-temporada com alguns jogos sofríveis (no seguimento da inenarrável temporada anterior), confesso que que a exibição me surpreendeu bastante e o resultado só peca por escasso. Muitos dirão que o Spartak se mostrou um adversário muito fraco, mas e o PAOK no ano passado? Era um colosso...?!
 
O Jesus, ao contrário do que sugeriu na conferência de imprensa, voltou ao esquema de três centrais (perfeitamente escusada esta rábula, não gosto nada que um treinador do Benfica minta de propósito) e fomos dominadores logo desde o início. Tivemos várias ocasiões na 1ª parte, com um cabeceamento do Diogo Gonçalves bem defendido pelo guarda-redes Maksimenko, um remate de trivela do Rafa ligeiramente ao lado e o Pizzi a destacar-se pela negativa (poderia ter feito um hat-trick e nem uma entrou...). Do lado oposto, só um remate fora da área deu trabalho ao Vlachodimos. Depois de ter sido titular na maior parte da pré-temporada e de ter marcado golos, o Gonçalo Ramos foi para o banco, mas ainda entrou antes do intervalo a substituir o lesionado Seferovic. Chegados ao descanso, cheguei a temer uma reedição de Salónica, dado que na 1ª parte na Grécia também nos fartámos de falhar golos e depois aconteceu o que aconteceu.
 
No entanto, a 2ª parte não poderia ter começado melhor com o 1-0 para nós aos 50’, depois de uma boa triangulação entre o Pizzi, João Mário e Rafa, com este a fuzilar autenticamente o guarda-redes. Ao contrário do que foi habitual durante a maior parte dos jogos na temporada passada, não nos entretivemos a “controlar o jogo” (o que eu odeio quando fazemos isto...!) e tentámos sempre aumentar a vantagem. O Gonçalo Ramos teve uma boa chance para tal, ao desviar uma bola num canto já na pequena-área, mas esta saiu ao lado. Aos 74’, um óptimo passe do Lucas Veríssimo para a área isolou o entretanto entrado Gilberto, que rematou com força sem hipóteses para o guarda-redes, estreando-se a marcar pelo Benfica e logo num jogo desta importância. Até final, também o Everton, que tinha igualmente entrado, teve um bom remate em arco, mas o Maksimenko impediu que déssemos a estocada final na eliminatória.
 
Em termos individuais, destaque para o João Mário, que constitui uma melhoria considerável em relação ao inenarrável “passa-para-o-lado-passa-para-trás-emperra-o-jogo” Taarabt. Não é de grandes correrias com a bola, mas ao menos fá-la andar para a frente. O Rafa esteve também em evidência, com um golo e uma série de arrancadas que desestabilizaram a defensiva russa. O Gonçalo Ramos entrou muitíssimo bem e foi claramente superior ao Seferovic (aliás, não percebo a sua não-titularidade, dado que foi o melhor marcador da pré-temporada...). Os três centrais controlaram perfeitamente o ataque contrário e o Vlachodimos defendeu quando era preciso, dando muito mais segurança do que o Helton Leite. O mal-amado Gilberto (confesso que não percebo a perseguição que alguns adeptos lhe fazem, está muito longe de ser dos piores laterais-direitos que passaram pelo Benfica) marcou um golo que pode ser decisivo.
 
Com a nova regra da Uefa, que retirou os golos fora como critério de desempate, haverá certamente muitos mais prolongamentos e eventualmente penalties. No entanto, nesta eliminatória, isto favorece-nos, porque, se acontecer uma desgraça e perdermos por dois golos, iremos sempre a prolongamento. Mas claro que com a superioridade que demonstrámos na 1ª mão, não passa pela cabeça de ninguém que não consigamos nova vitória, num jogo em que FINALMENTE poderemos regressar ao estádio!
 
P.S. – Sim, ainda estou vivo. Férias em sítio com pouca rede impediram-me de postar mais cedo. As minhas desculpas por isso. (Podem recolher os foguetes que não se livram de mim tão cedo...!)