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segunda-feira, novembro 28, 2016

Velocidade de cruzeiro

Vencemos o Moreirense por 3-0 e aumentámos a distância para sete pontos em relação ao CRAC (empate a zero no Restelo), mantendo os cinco para a lagartada (vitória no Bessa por 1-0). Esteve longe de ser uma exibição deslumbrante, o Moreirense raramente passou de meio-campo e só por uma vez obrigou o Ederson a defender, mas continuamos nesta onda de, jogando melhor ou pior, ganharmos sempre com relativa tranquilidade os jogos em casa.

Em relação a Istambul, o Rui Vitória deu a titularidade ao Jiménez em vez do Mitroglou. No entanto, aos 16’ tivemos que fazer a primeira substituição, porque o Eliseu se lesionou, entrando o André Almeida para a lateral-esquerda. Basta ver os jogos do fim-de-semana seguinte da maioria das equipas que participam na Champions para ver que raramente são fáceis e nunca há grandes exibições. Ainda para mais, com uma equipa que defendia com 11 jogadores no último terço do terreno, a coisa torna-se ainda mais complicada. Rodámos muito a bola entre os nossos jogadores, mas ocasiões só tivemos uma num centro do Salvio que o Jiménez correspondeu com um remate de primeira, que saiu por cima (foi pena, porque seria um golão). No entanto, aos 32’ lá começámos a desatar o nó, com o 1-0 pelo Pizzi: jogada do Cervi na esquerda, passe para o meio, o André Almeida deixa passar a bola (não percebi se de propósito ou não) e o Pizzi à entrada da área engana o guarda-redes e atira-lhe a bola para o lado contrário. Parecia um penalty. Suspirei de alívio, porque seria muito mau para a nossa estabilidade (e também para o nosso aspecto físico) se chegássemos ao intervalo sem estar em vantagem. O Moreirense abusava das entradas duras e finalmente, na parte final da 1ª parte, o sr. Luís Godinho lá começou a mostrar cartões.

Na 2ª parte, o jogo manteve-se igual: o Moreirense fechava-se lá atrás certamente na esperança de chegar perto do fim só com um golo de desvantagem para então poder tentar qualquer coisa no ataque. Por isso mesmo, era essencial marcar o segundo golo para acabar de vez com as dúvidas. O Pizzi e o Cervi na mesma jogada tiveram hipótese de o fazer, mas o remate do primeiro foi interceptado por um defesa e o do segundo viu o Makaridze (georgiano de 1,93m, bom guarda-redes) fazer a mancha. Aos 58’, fizemos então o 2-0 numa boa abertura do Salvio (a única coisa de jeito que fez no jogo todo) para o Pizzi, que rematou cruzado de pé esquerdo para fazer o bis. A partir daqui, o Rui Vitória começou a gerir a equipa, fazendo entrar o Carrillo para o lugar do apagado Salvio e mesmo o Moreirense deu o jogo por perdido ao tirar o lagarto Podence (bom jogador, mas armou-se em vedeta e saiu chateado), que estava a ser o melhor deles. O Makaridze lá ia adiando o terceiro golo, por duas vezes frente ao Cervi, mas aos 88’ nada pode fazer: o Pizzi isolou o Rafa (entretanto entrado para o lugar do Gonçalo Guedes), que passou o guarda-redes ainda fora da área, mas depois rematou fraco para a baliza, um defesa cortou e o Jiménez na recarga lá molhou o bico. Saio sempre mais satisfeito da Luz com golos a nosso favor no final dos jogos.

Em termos individuais, o Pizzi foi o homem do jogo, porque esteve nos três golos. Também o Cervi continua a dar nas vistas tanto a atacar como a ajudar o lateral. O Jiménez é muito esforçado, mas tem o grave defeito de sair muito da área, o que faz com que muitas vezes não tenhamos lá ninguém para corresponder ao jogo pelas alas. O lugar é claramente do Mitroglou e a equipa sente-se muito mais à vontade com aquela referência no ataque. A acusar o desgaste europeu, o Nélson Semedo, Gonçalo Guedes e Salvio estiveram bastantes furos abaixo do habitual. Quanto ao André Almeida, temos aqui um potencial jogador vitalício: não há palavras para descrever a utilidade de quem faz quatro(!) lugares no campo, cumpre sempre que é chamado, tem consciência das suas limitações (e portanto raramente inventa) e nunca faz grandes ondas por não ser titular indiscutível. Grande André!

Fizemos a nossa obrigação, sem grandes stresses, mesmo que sem o brilhantismo que já vimos esta época. Teremos agora a ida aos Barreiros que antecederá dois dos jogos mais importantes da época: as recepções ao Nápoles e à lagartada (para a qual, a menos de duas semanas, inacreditavelmente ainda não há data nem hora!!!). Até pelo que virá depois, será importantíssima uma vitória na Madeira.

P.S. - A jogar perante o penúltimo classificado, num domingo às 18h, estiveram 55.970 espectadores na Luz! Em cinco jogos para o campeonato, sem ainda termos recebido nenhum dos outros dois rivais, temos uma assistência média de 55.174 pessoas. Impressionante!

quinta-feira, novembro 24, 2016

Inglório

Empatámos 3-3 em Istambul com o Besiktas e adiámos para a última jornada a questão da qualificação para os oitavos. Se, à partida, um empate fora perante um adversário directo não seria de desdenhar, o facto de ter acontecido depois de chegarmos ao intervalo a ganhar por 3-0 deixa um inevitável sabor muito amargo. Ainda para mais, porque uma vitória nossa selaria a qualificação e assim teremos de ganhar em casa ao Nápoles na última jornada, para não estarmos dependentes de um favor do Dínamo Kiev.

O jogo começou muito vivo, logo com um golo anulado ao Aboubakar por fora-de-jogo na recarga a um mau alívio do Lindelof (que jogo para esquecer!) que o Ederson defendeu. Pouco depois, foi o Eliseu a rematar de fora da área com a bola ainda a embater no poste. Aos 10’, inaugurámos o marcador com um grande golo do Guedes, isolado pelo Salvio, a aguentar a carga do defesa e a contornar o guarda-redes. Os turcos acusaram muito o golo e nunca se encontraram na 1ª parte. Fizemos o 0-2 aos 25’ num golão do Nélson Semedo com um remate de fora da área com o pé esquerdo! As coisas não poderiam estar a correr melhor e ainda se superaram com o 0-3 aos 31’ num dos lances mais inacreditáveis que eu já vi num campo de futebol: na sequência de um livre, o Mitroglou cabeceia à barra, no ressalto volta a cabecear à trave(!), a bola fica à mercê do Salvio que, com um defesa sobre a linha mas a baliza escancarada, também atira ao poste(!!), para finalmente o Fejsa fuzilar lá para dentro com um remate de pé esquerdo. Até ao intervalo, o Aboubakar teve uma oportunidade na área, mas o remate foi interceptado e o Salvio cabeceou por cima quando estava em boa posição.

Porque inacreditavelmente há pessoas que não sabem que, quando o Benfica joga, o mundo pára, compromissos parentais impediram-me de ver a 1ª parte em directo (revi-a no final do jogo). Por isso mesmo, quando o Mitroglou falhou isolado o 0-4 aos 54’ depois de uma abertura fabulosa do Salvio, que já tinha proporcionado uma boa defesa ao guarda-redes minutos antes, tive um mau pressentimento (ok, tenho-os sempre mesmo que estejamos a ganhar por 3-0 a 10’ do fim). No entanto, não conseguindo dar a machadada final no resultado e estando a jogar no terreno do campeão turco, as coisas poderiam inevitavelmente complicar-se com um golo madrugador deles. E assim foi: reduziram para 1-3 aos 58’ através do Tosun num remate acrobático, mas pareceu-me em ligeiro fora-de-jogo. Apesar deste golo, conseguimos adormecer o jogo, mas não me pareceu nada bem que o Rui Vitória tirasse o Cervi (que estava a ser dos melhores, dando inclusive muita ajuda defensiva ao Eliseu) para colocar o Rafa logo aos 64’. Ainda faltava muito tempo, o Salvio estava a ajudar menos o lateral do que o Cervi e dar rodagem ao Rafa a golear contra o Marítimo é uma coisa, em jogos da Champions e tão longe do final é outra. Curiosamente ou talvez não, não conseguimos mais produzir ataques com perigo a partir dessa altura. A 10’ do fim, entrou o Samaris para segurar o meio-campo, mas o que é certo é que os turcos não faziam aquela pressão que era expectável. Até que aos 83’, o cérebro do Lindelof parou e ele cortou uma bola com o braço em plena grande-área! O penalty do Quaresma ainda bateu no poste, mas entrou na baliza. Como o Ederson já tinha estado por duas vezes lesionado, era expectável que o árbitro desse mais tempo de compensação, e por isso ainda faltavam uma boa dezena de minutos para o final. E, infelizmente, não conseguimos mesmo manter a vantagem: aos 89’, centro do Quaresma na esquerda, o Lindelof falhou a intercepção e o Aboubakar antecipou-se ao Eliseu para fazer a igualdade. O apuramento imediato escapava-se-nos perante os dedos de um modo muito doloroso.

Na prática, jogámos 55’ e durante esse período grande parte da equipa merece destaque: o Gonçalo Guedes, por ter insistido no lance em que fez golo, o Nélson Semedo por um golão que vai correr mundo, o Fejsa por ser o tampão habitual no meio-campo (com a mais-valia do golo), o Cervi tanto no ataque como a ajudar na defesa e o Pizzi por comandar tudo a meio-campo. Na 2ª parte, a equipa começou a desconcentrar-se com o golo sofrido relativamente cedo, antes disso já o Mitroglou tinha obrigação de ter acabado de vez com o resultado e na parte final o Lindelof teve dois erros crassos (um bastante maior do que o outro) que nos custaram muito caro.

Esperemos que não venhamos a lamentar amargamente daqui a duas semanas a maneira como deixámos escapar uma vantagem de três golos ao intervalo. Que este jogo nos sirva de lição para não desperdiçarmos ocasiões soberanas para matar de vez os jogos. E um bocado mais de concentração a defender também não seria mau de todo. Já em Kiev, depois do 0-2, desconcentrámo-nos e permitimos que o Dínamo Kiev tivesse mais do que uma chance do golo. Valeu-nos na altura o Ederson. Agora, saímos deste jogo muito frustrados.

P.S. – O Sr. Skomina fez uma arbitragem tremendamente caseira, como é seu apanágio (recordam-se deste ladrão, não se recordam…?). É inacreditável como pactuou com entradas muito duras do Besiktas sem mostrar amarelos. A dualidade de critérios foi enorme e mesmo a justeza dos foras-de-jogo variava consoante a camisola.

segunda-feira, novembro 21, 2016

De gala

Goleámos o Marítimo no sábado por 6-0 e estamos nos oitavos-de-final da Taça de Portugal. Há casos em que o resultado coincide com a exibição e esta foi indiscutivelmente a melhor da época. O que mais saltou à vista foi a consistência que apresentámos (espelhada nos 3-0 da 1ª parte e 3-0 na 2ª), dado que jogámos os 90’ como se estivesse sempre 0-0. E isso é algo que me agrada imenso.

Claro que marcar logo aos 2’ é o melhor tónico que se pode pedir para uma partida: recuperação do Samaris perto da área adversária, a bola vai ter com o Mitroglou, que permite a defesa do Gottardi, o Salvio não desiste do ressalto, rouba a bola a um adversário e assiste o Cervi para marcar. Os primeiros minutos foram sufocantes para o Marítimo, que praticamente não saía do seu meio-campo. Tivemos oportunidades pelo Guedes (desarmado quando ia rematar), Salvio (isolado pelo Pizzi, viu o guarda-redes fazer-lhe a mancha), Eliseu (remate de longe desviado para canto) e livre directo do Pizzi (defendido para canto pelo Gottardi). Eu começava a ficar apreensivo, porque era essencial chegar ao intervalo com dois golos de vantagem e lembro-me sempre de ‘n’ jogos destes, com oportunidades falhadas e que depois nos custam caro. Mas aos 38’, lá fizemos o segundo, numa combinação entre Mitroglou, Salvio e Pizzi, com alguns ressaltos à mistura, que permitiu ao nº 21 atirar cruzado e rasteiro para o fundo da baliza. Estava tudo bem encaminhado e melhor ficou aos 43’ com o terceiro golo: grande jogada do Nélson Semedo, a não permitir que a bola saísse pela linha de fundo, a tirar magistralmente o defesa do caminho, a ter sorte de a bola ter voltado para ele depois de ter sido interceptada no primeiro centro e finalmente a assistir a cabeça do Mitroglou, que só teve que encostar para a baliza deserta.

Em vésperas de uma partida muito importante para a Champions e com a eliminatória praticamente resolvida, era expectável que a equipa baixasse o ritmo na 2ª parte. E se o Júlio César continuou a ser um espectador, resto da equipa, não! Continuámos a jogar da mesma maneira e, depois de ter rematado por cima numa boa jogada individual, o Gonçalo Guedes repetiu a dose em termos de jogada, mas desta feita assistiu o Mitroglou para o 4-0 aos 53’. Até para mim, a eliminatória ficou fechada! Entretanto, entrou o Jiménez para a poupança do Mitroglou e foi o mexicano a marcar o 5-0 aos 68’. Penalty a punir braço de um defesa que impediu que o remate do Salvio entrasse, expulsão respectiva, e o Jiménez lá marcou no seu estilo peculiar (que eu não gosto nada, porque se o guarda-redes acerta no lado defende facilmente, mas pelos vistos resulta porque nunca falhou um penalty na vida e já lá vão 16). Também deu para o Rafa regressar mais de dois meses depois da lesão e de fecharmos o marcador aos 88’ num golão do Gonçalo Guedes, com um remate de primeira de fora da área depois de um canto do Pizzi directamente para ele.

Em termos individuais, o Gonçalo Guedes destacou-se sobremaneira. Aliás, o melhor elogio que se lhe pode fazer é que, em termos objectivos, não temos sentido a falta do Jonas: a equipa continua a jogar bem e a ganhar. Também o Pizzi está bastante à vontade a manobrar a equipa a meio-campo e, com a reincidência da lesão do André Horta, o lugar será dele por um bom bocado. Menção igualmente para o Mitroglou, porque dois golos são sempre de realçar. O Salvio esteve muito activo e com participação directa nos golos. E, last but not least, o Nélson Semedo confirmou que não vai passar muito tempo na Luz. Que exibição!

Como já disse várias vezes ao longo dos anos, gosto imenso da Taça de Portugal, porque adoro ir ao Jamor no final da época. E fico sempre bastante chateado quando somos eliminados precocemente. Espero que possamos finalmente lá voltar este ano.

segunda-feira, novembro 14, 2016

Portugal - 4 - Letónia - 1

Vencemos ontem a Letónia no Algarve e continuamos três pontos atrás da Suíça na qualificação para o Mundial de 2018 na Rússia. O resultado está longe de espelhar as dificuldades que tivemos, até porque aos 67’ os letões igualaram a partida.

Na 1ª parte, fizemos uma exibição sofrível e só chegámos ao golo de penalty a castigar uma falta sobre o Nani aos 28’. O C. Ronaldo não rematou muito colocado, mas fê-lo com força e a bola passou por baixo do corpo do guarda-redes. A 2ª parte foi um pouco melhor e tivemos novo penalty aos 59’ por derrube ao André Gomes. O C. Ronaldo atirou colocado demais e a bola foi ao poste. Em 13 penalties por Portugal, falhou cinco. Em 2016, tem quatro penalties marcados e seis(!) falhados. Se calhar, é melhor começar a pensar em dar a bola a outro, não…? Oito minutos depois desta grande oportunidade para fecharmos o jogo, a Letónia empatou quando nada o fazia prever. O Quaresma, que tinha entrada um bocado antes do empate, foi decisivo para a nossa vitória, porque fez as assistências para o segundo e terceiro golo: o segundo surgiu logo aos 69’, dois minutos depois do empate, numa cabeçada do William e foi o melhor que nos aconteceu, porque nem deu para a equipa ficar nervosa, e o golo da tranquilidade aconteceu aos 85’ num pontapé de moinho do C. Ronaldo. Já na compensação, um livre para a área do Raphael Guerreiro encontrou a cabeça do Bruno Alves para o resultado final.

Num ano inesquecível para a selecção, fechámos com uma goleada que pode vir a ser útil na definição do vencedor do grupo, dado que o primeiro critério de desempate é precisamente a diferença de golos. O resultado foi bastante melhor do que a exibição, mas também foi assim que nos sagrámos campeões europeus, portanto presume-se que a receita seja para manter.

segunda-feira, novembro 07, 2016

Doce sabor

Empatámos em Mordor e mantivemos os cinco pontos de vantagem para o CRAC, que está agora em igualdade pontual com a lagartada, (3-0 em casa ao Arouca). Foi maravilhoso como tudo aconteceu, dado que empatámos aos 93’. Poderia ser sido aos 92’, mas aos 93’ também está bem! [Correcção: é o que dá confiar nos jornais... Bem me parecia na transmissão que tinha sido aos 92', mas a definição da imagem não estava muito boa. De qualquer maneira, fica aqui a correcção: foi mesmo aos 92'! O que torna tudo ainda mais perfeito!] Dói, não dói? E a dor deles não é nada comparada com a que nós tivemos, porque estamos apenas na 10ª jornada.

Por motivos profissionais, vi este jogo através da net perto de Los Angeles, com este post a ser escrito em pleno aeroporto LAX. Como já estou no aeroporto, acho que não vou ter problemas com a polícia, porque aquando do golo do Lisandro tive receio que os hóspedes do hotel ou o staff a chamasse, porque berrei como nunca! Empatar um jogo em Mordor em tempo de desconto tem um sabor bastante especial, tomando em consideração aquilo que sofremos naquele (e no outro) antro durante anos a fio.

A net não esteve sempre perfeita e houve partes em que pausava, mas deu para ver a maior parte do jogo. O primeiro tempo foi praticamente todo deles e o Ederson safou-nos porque mais do que uma vez. Como se já não bastasse o Jonas, Jardel e Rafa, ficámos sem o Grimaldo e o Fejsa depois do jogo frente aos ucranianos, e sem o Luisão ainda no decorrer da 1ª parte, tendo entrado o Lisandro. Confesso que, quando vi o capitão sair, a minha apreensão aumentou. Afinal, estávamos sem (pelo menos) cinco titulares (para não dizer seis...). Apesar de termos visto a nossa baliza passar perigo por mais do que uma vez (especialmente o remate de ressaca do André Silva), a grande oportunidade foi nossa com um cabeceamento do Lindelof ao poste num canto já em cima do intervalo.

A 2ª parte começou praticamente com o golo do CRAC aos 50’, através do Diogo Jota num lance em que o Ederson foi muito mal batido, com a bola a passar entre ele e o poste num remate do lado esquerdo. A partir daqui, o CRAC foi recuando progressivamente e nós passámos a ter o controlo do jogo. Tivemos uma boa oportunidade num remate do Samaris bem defendido pelo Casillas, com o mesmo Samaris e o André Horta a terem outros dois muito tortos. O Nuno Espírito Santo revelou o seu espírito de equipa pequena e foi trocando jogadores ofensivos por defensivos. Claro está que o CRAC deixou praticamente de criar perigo. Obrigado, Nuno! Até que chegámos ao minuto 93, o penúltimo de descontos: o Herrera, também entretanto entrado, tenta rematar contra um nosso jogador, mas acaba por atirar a bola para a linha de fundo. Canto do Pizzi e cabeçada do Lisandro lá para dentro! Foi o completo delírio num hotel perto de LA...! Servimos a vingança fria, como deve ser!

Em termos individuais, o Pizzi foi um gigante em campo! Não só a comandar as operações a meio-campo, como a ajudar defensivamente. O Lisandro fica inevitavelmente ligado à história do jogo, mas também em termos defensivos esteve praticamente perfeito. E marcar um golo nestas condições em Mordor garante-lhe entrada directa para uma certa eternidade benfiquista (fazendo companhia ao Mostovoi e o Sabry, por exemplo). O Eliseu realizou igualmente uma óptima exibição e raramente foi batido, assim como Nélson Semedo. Apesar de não ser o Fejsa, o Samaris dá sempre tudo em campo e cumpriu. Na frente, Salvio, Cervi, Gonçalo Guedes e Mitroglou é que estiveram uns furos abaixo do que é habitual. Foi pena o frango, porque o Ederson estava a ser essencial a manter a nossa baliza a zeros.

Foi um resultado muito importante não só para manter a distância para o segundo classificado, mas também pela maneira como foi obtido, que obviamente aumenta a nossa confiança e mina a dos outros dois. Continuamos invictos no campeonato e a vê-los no retrovisor. Que continuemos assim até final!

VIVA O BENFICA!

quarta-feira, novembro 02, 2016

Complicado

Vencemos o Dínamo Kiev por 1-0 e, com o empate do Nápoles no Besiktas, estamos igualados com os italianos no 1º lugar do grupo com 7 pontos, tendo os turcos seis pontos. Os ucranianos, com apenas um ponto, já não têm hipóteses de chegar aos oitavos da Champions.

Foi um encontro bastante mais difícil do que eu estava à espera. Nós não tivemos a dinâmica habitual e os ucranianos mostraram porque é que são mais perigosos fora do que em casa. Na 1ª parte, dominámos completamente a partida, mas sem criar grandes oportunidades de golo. Uma cabeçada do Grimaldo defendida pelo guarda-redes e um desvio do Mitroglou por cima a centro do Gonçalo Guedes foram as nossas melhores ocasiões. Do lado ucraniano, foi o Derlis González a ter uma óptima oportunidade, mas o Lindelof cortou in extremis. Quando já todos pensávamos que íamos para o intervalo empatados, num livre lateral a nosso favor, o Vida quis levar o Luisão para casa e o árbitro naturalmente assinalou o respectivo penalty. O Salvio voltou a ser o escolhido para marcar e atirou rasteiro para o meio da baliza, ligeiramente para o lado esquerdo (lado oposto ao habitual), enganado o guarda-redes. Tenho que dizer que não sou nada fã da maneira como o Salvio marca os penalties: é invariavelmente para o meio da baliza e, se o guarda-redes acerta no lado ou nem se mexe, defende facilmente. So far, so good, mas prefiro muito mais os penalties que são desviados do guarda-redes mesmo que este acerte no lado, porque esses têm mais de 50% de possibilidade de serem golo.

Esperava eu que na 2ª parte jogássemos melhor, com os espaços que inevitavelmente os ucranianos abririam. Só que não. Tivemos duas enormes ocasiões, num tiraço do Guedes à barra (a sua potência de remate está a tornar-se um caso sério) e através do Mitroglou que picou bem a bola sobre o guarda-redes quando este saiu, mas esta passou ao lado. Aliás, o grego teve um jogo muito infeliz, porque já tinha tido outras duas hipóteses de marcar logo no início da 2ª parte, mas numa delas rematou por cima e noutra, num lance de um-para-um, rematou frouxo. A pior notícia da noite foi uma entrada dura sobre o Fejsa que obrigou à sua substituição pelo Samaris. Vamos lá a ver se recupera para domingo... Tanta oportunidade falhada poder-nos-ia ter saído muito cara com o disparate do Ederson aos 68’: saída aos pés de um avançado, este muda de direcção para a linha lateral, mas o nosso guarda-redes esticou os braços na mesma e derrubou-o. Sem que nada o fizesse prever, os ucranianos tinham uma hipótese soberana, todavia o Ederson corrigiu o erro e defendeu o penalty. Até final, ainda passámos por alguns calafrios especialmente nas bolas paradas, mas lá conseguimos manter a importantíssima vantagem. Em termos ofensivos, a equipa começou a ressentir-se fisicamente e não esteve tão solta como é habitual.

Não é muito fácil destacar alguém num jogo como estes. O Pizzi foi o maestro a meio-campo e todo o nosso jogo ofensivo passou por ele. Teve uma percentagem de passes certos muito alta e, ou muito me engano, ou vai ser difícil tirá-lo daquela posição agora. Até porque os argentinos nos extremos estão bem: o Salvio, apesar de uma exibição mais fraca do que as anteriores, teve uma das suas arrancadas habituais e marcou o penalty, enquanto o Cervi sobe a olhos vistos, com grande comprometimento defensivo e confiança na forma como enfrenta os adversários. O Guedes não esteve tão em destaque como na passada 6ª feira, mas continua absolutamente indiscutível no onze. A defesa revelou-se segura na maior parte do tempo e o Ederson corrigiu bem o enorme disparate que fez.

É absolutamente fundamental não perder na Turquia daqui a três semanas. Já garantimos os serviços mínimos (a Liga Europa), mas claro que queremos mais. Uma boa campanha na Champions não só valoriza o nosso prestígio internacional, como também nos dá uma enorme confiança para o grande objectivo da época: o tetra.