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quarta-feira, dezembro 27, 2023

Melhoria

Vencemos o AVS (4-1) na 3ª jornada da Taça da Liga na passada 5ª feira e apurámo-nos para a final four de uma competição em que, apesar de termos ganho sete troféus nas primeiras nove edições, já não vencemos há sete anos e só fomos a uma final nesse período.
 
Esta partida aconteceu há quase uma semana, mas trabalho, o pré-Natal e o pós-Natal só me permitiram escrever sobre ela agora. Já perdeu um pouco de actualidade, mas também só lê quem quer. Devo dizer que o AVS me espantou pela positiva, porque se apresentou desempoeirado na Luz e a tentar jogar o jogo pelo jogo. O facto de ter de ganhar por dois golos de diferença para se apurar para a fase seguinte também terá contribuído para isso, mas de qualquer maneira é sempre de saudar equipas que não apresentam o autocarrona Luz. O Roger Schmidt não facilitou e colocou a equipa titular, só com a entrada do Tiago Araújo para o lugar do Otamendi, que não irá jogar na próxima partida do campeonato por causa dos amarelos. Entrámos bem no jogo e o João Mário poderia ter marcado logo no primeiro minuto, mas o guarda-redes Pedro Tigueira defendeu bem o seu remate de primeira. Pouco depois, foi o Kökçü com um petardo a cerca de 30m da baliza que embateu com estrondo no poste. Seria um dos golos do ano! Mas foi o AVS a adiantar-se no marcador aos 21’ pelo John Mercado, também num excelente remate de fora da área, na sequência de uma perda de bola do João Neves no meio-campo. No entanto, o mesmo João Neves inventou a jogada do empate, com um excelente trabalho na esquerda, em que passou por três adversários, libertou para o Rafa, que assistiu o Di María na direita para o 1-1 aos 31’. Em cima do intervalo, aos 44’, foi a vez do João Mário passar-nos para a frente do marcador, com um desvio na pequena-área depois de uma assistência do Aursnes na direita.
 
No início da 2ª parte, foi o AVS o primeiro a meter a bola na baliza, mas o quarentão Nenê estava fora-de-jogo. Com três golos de vantagem, o jogo estava decidido e o Schmidt finamente aproveitou para fazer substituições ainda antes da hora de jogo. Colocou o Gonçalo Guedes, o Arthur Cabral e o Tiago Gouveia em campo nos lugares do João Mário, Tengstedt e Rafa. E foi do Tiago Gouveia o momento do jogo aos 65’ num golão de chapéu depois de uma abertura fabulosa do Kökçü. Se dúvidas houvesse de que ele merece mais tempo de jogo, espero que o Schmidt as tenha tirado de vez. Aos 68’ fechámos o marcador com o 4-1 num autogolo do Anthony Correia, que tirou o pão da boca ao Cabral, depois de uma assistência do Gonçalo Guedes, na sequência de um livre marcado muito rapidamente pelo Di María. Até final, ainda tivemos mais algumas chances, nomeadamente uma boa corrida do Cabral, mas também convenhamos que um resultado mais pesado seria injusto pela postura que o AVS apresentou na Luz.
 
Em termos individuais, destaque para o João Neves, que compensou (e de que maneira!) a falha no golo sofrido e olhemos só para a coincidência: joga os 90’ nos últimos dois jogos e ganhamos os dois, ao passo que foi substituído nos dois anteriores e empatámos... Afinal, parece que aquela assobiadela ao Schmidt frente ao Farense, aquando da sua substituição, valeu a pena por tê-lo feito acordar e não voltar a repetir a gracinha...! O Di María também levou a partida muito a sério e esteve presente em mais do que um golo, assim como o Kökçü, que está nitidamente a subir de forma. O Cabral entrou muitíssimo bem (está nitidamente mais magro), mas quem ficou mesmo na retina foi o Tiago Gouveia. Só peço é que o Schmidt tenha visto isso de vez! É que, se calhar, ele teria sido mais útil nos últimos minutos em Moreira de Cónegos do que o João Victor a lateral-direito... E frente ao Farense, em que também não esgotámos as substituições... Digo eu...! 
 
Iremos defrontar o Estoril nas meias-finais da Taça da Liga no final de Janeiro e espero naturalmente que possamos voltar a vencê-la, até porque ganhámos os dois últimos troféus nacionais em disputa e seria bonito manter essa tendência.

terça-feira, dezembro 19, 2023

Importante

Vencemos em Braga por 1-0 no domingo e estamos agora em 2º lugar no campeonato, a um ponto da lagartada, que venceu ontem o CRAC por 2-0, e com dois de vantagem perante estes. Foi um triunfo justo, apesar de algum sofrimento escusado na 2ª parte, fruto de um desperdício muito grande na etapa inicial.
 
Entrámos no jogo praticamente a ganhar, com um golo do Tengstedt logo aos 3’, depois de uma perda de bola no meio-campo do Braga, em que aproveitámos para fazer um contra-ataque bem sucedido, com o dinamarquês a ser isolado pelo Kökçü e a finalizar com mestria perante o Matheus. A 1ª parte foi praticamente toda nossa com um golo anulado por fora-de-jogo ao Rafa (logo num lance em que meteu a bola na baliza...!), duas bolas aos ferros pelo Otamendi na sequência de um livre e Di María no seu remate típico em arco da direita para a esquerda, e outra cabeçada do António Silva num canto que deveria ter tido melhor direcção. Do outro lado, o Djaló obrigou o Trubin a uma boa defesa e em cima do intervalo o Ricardo Horta desviou bem um remate de fora-da-área, mas felizmente a bola saiu ao lado.
 
Na 2ª parte, as coisas alteraram-se substancialmente, embora tivemos tido uma soberana ocasião logo a abrir, com o Rafa a assistir o João Mário que, isolado na área e no seguimento da marca de penalty, conseguiu oferecer a bola ao guarda-redes...! Inacreditável! A partir daí, o jogo voltou-se para o Braga e devemos ao Trubin ter saído da Pedreira com os três pontos. Defendeu um remate do Banza já na área depois de uma boa combinação atacante dos arsenalistas e, principalmente, outro já na compensação do mesmo Banza, na sequência de um corte clamorosamente falhado do António Silva, em que o ucraniano defendeu com o pé aquele que seria o golo do empate. Tendo o falhanço do João Mário acontecido aos 47’, o Roger Schmidt demorou até 79’(!) para estancar a produção ofensiva do Braga com a entrada do Florentino! É certo que trocou de avançados (Tengstedt por Musa) por volta da hora de jogo, mas foi só com a entrada do único jogador do plantel que corre atrás dos adversários para roubar bolas, que as coisas acalmaram para nós. Pedia-se obviamente uma resposta mais célere do banco, porque arriscámos bastante manter os mesmos jogadores naquele período.
 
Em termos individuais, destaque para o Trubin, que com duas ou três defesas decisivas nos salvou a vitória. Na 1ª parte, o Di María esteve muito endiabrado, mas baixou imenso na 2ª e não estranhou a sua substituição. O Kökçü não entrou especialmente bem no jogo, mas subiu imenso ao longo dele e foi dos melhores. Coincidência (ou talvez não...), o João Neves fez novamente os 90’ e ganhámos o jogo...! Na frente, o Rafa melhorou em relação a jogos anteriores e o Tengstedt marcou o golo da vitória, o que já é dizer muito, embora estive longe de ter feito uma exibição memorável. Aliás, viu-se bem a diferença para com o Musa, que mostrou novamente ser o melhor (ou menos mau) dos três avançados. Quem continua inexplicavelmente a ter muitíssimo mais tempo de jogo do que a sua produção justificava é o João Mário...!
 
Depois de dois empates consecutivos para o campeonato, era fundamental regressarmos às vitórias perante um adversário directo. Até porque os outros dois iriam jogar entre eles, o que faria com que ganhássemos sempre pontos nesta jornada. Com uma 1ª parte daquele calibre, não deveríamos ter tido de passar pelas aflições que sofremos na 2ª, mas conseguimos os três pontos que é o que interessa e as nossas exibições parecem estar a melhorar um bocado. De qualquer forma, não deixa de ser curioso que tenhamos vencido os três rivais directos nesta 1ª volta numa temporada que não está a ser tão boa como a anterior, em que... não vencemos nenhum destes três jogos! O futebol é, de facto, um jogo maravilhoso, precisamente por ser muitas vezes desprovido de lógica.

sexta-feira, dezembro 15, 2023

Benfica FM | Temporada 1986/87

No passado domingo, tive o prazer de voltar a fazer isto com os meus amigos Nuno Picado e Bakero do Benfica FM. E até qu'enfim que voltamos a fazer uma temporada que dá gosto (re)ver! Fizemos a dobradinha numa época da qual os lagartos continuam ainda hoje a celebrar um único resultado (mesmo que tivessem acabado em 4º lugar no campeonato a dez pontos de nós, quando a vitória ainda só valia dois pontos, tivesse sido contra eles que fomos campeões e lhes tivéssemos ganho na final da Taça...!) Cada um é para o que nasce e celebra aquilo que é mais importante, mas, por mim e a bem da boa vizinhança, era todos os anos assim: eles goleavam-nos e nós fazíamos a dobradinha. Ficávamos todos felizes!

quinta-feira, dezembro 14, 2023

Milagre justo

Vencemos em Salzburgo por 3-1 na 3ª feira e qualificámo-nos para o play-off da Liga Europa. Com o golo da qualificação a ser marcado já em tempo de descontos, percebe-se bem que foi um apuramento tirado a ferros. De um modo bem escusado, frise-se, dado que a nossa superioridade foi evidente durante praticamente toda a partida e só uma extrema aselhice na concretização (Rafa outra vez...) nos impediu de ter um jogo descansado. 

Com o António Silva castigado, o Roger Schmidt lançou o Tomás Araújo no lugar dele, mantendo o Aursnes na direita e o Morato na esquerda. A ter de vencer por dois golos de diferença, não começámos muito bem a partida e foi o Salzburgo a circundar primeiro a nossa baliza, porém sem criar grande perigo para o Trubin. Foi até nossa a primeira grande oportunidade, com o Rafa isolado pelo Tengstedt a rematar por cima, quando só tinha o guarda-redes pela frente. Assumimos o domínio do jogo e inaugurámos o marcador aos 32’ num canto directo do Di María. O árbitro ainda demorou um pouco a validar o golo e confesso que não percebi a razão. Faltava um golo para ficarmos em posição de apuramento e ele surgiu em cima do intervalo (46’) pelo Rafa, depois de uma bola recuperada pelo João Neves ter ido para o Di María e este ter assistido brilhantemente o nº 27 que, desta vez, não perdoou, com um remate cruzado de pé direito. Para a 2ª parte, o Schmidt trocou o inoperante Tengstedt pelo Musa e viu-se logo a diferença. Ao invés da 1ª parte, entrámos muito bem na 2ª e poderíamos (deveríamos!) ter fechado a eliminatória logo nos minutos iniciais. Houve um remate relativamente perigoso do Kökçü, outro do Di María, mas foi o Rafa a ter a perdida mais escandalosa com um remate a meio da pequena-área(!) que acertou no guarda-redes! Inacreditável! Como geralmente acontece nestes casos, não fechámos o jogo e sofremos o 1-2 aos 57’ num remate de fora da área do Susic, que ainda desviou na perna do Tomás Araújo e não deu hipóteses ao Trubin. Tentámos reagir e lá tivemos a sacramental bola no poste, novamente do Otamendi (tal como frente ao Farense), com o Salzburgo em definitivo remetido ao seu meio-campo e a tentar sair em contra-ataque. Aos 68’, o Schmidt lá tomou consciência que, se calhar, era melhor fazer algo a partir do banco e colocou o Gonçalo Guedes. O meu coração parou durante uns segundo até ver que quem saía... não era o João Neves (estava a ser dos melhores, para variar...), mas sim o Kökçü. Logo a seguir à substituição, o Di María veio da direita para o meio, rematou em arco, mas outra vez bola no poste! O Rafa voltou a estar na cara do guarda-redes, mas permitiu a defesa do Schlager para canto, quando já tinha tido um remate de pé esquerdo de primeira, à vontade na área, que saiu por cima, depois de um centro do Morato (possivelmente o único de jeito que fez). O Salzburgo ainda ia assustando no contra-ataque, mas o Schmidt continuava com substituições para fazer... e nada! Tinha o Jurásek no banco que poderia ter entrado para o lugar do Morato para dar mais profundidade na esquerda e o sempre esquecido Tiago Gouveia, mas nada...! Até que em cima dos 90’ colocou o Arthur Cabral no lugar do João Mário e foi este o herói improvável do jogo. Foi aos 92’ que o João Neves fez uma abertura brilhante na direita para o Aursnes, que fez um cruzamento rasteiro para a área, onde o Arthur Cabral, de calcanhar(!), atirou para o fundo das redes. Depois de tentar de rabo frente ao Moreirense, e de bicicleta contra o Farense, foi de calcanhar que conseguiu marcar. Foi o delírio e a reposição da justiça no marcador. Depois do golo, o Schmidt colocou logo (e bem) o Florentino para fechar o meio-campo e até final ainda tivemos o Di María a proporcionar nova defesa ao guarda-redes. 

Em termos individuais, destaque claro para o Di María, que esteve em dois dos nossos golos e ainda atirou uma bola ao poste. Jogo monstruoso também do João Neves, que, vá lá, desta vez conseguiu fazer os 90’...! O Rafa marcou um golo, mas falhou outros quatro, portanto à semelhança do Farense não pode ter nota muito positiva. Na defesa, o Tomás Araújo cumpriu bem e não se notou muito a falta do António Silva. Quanto aos menos, o João Mário tem, como habitualmente, lugar cativo nesta categoria, o Morato terá feito dos jogos mais desastrados pelo Benfica e o Tengstedt também passou muito ao lado do jogo. Aliás, não percebo qual é a dúvida do Schmidt quanto ao avançado: dos três, o Musa é claramente o menos mau! Em relação ao Arthur Cabral, espero sinceramente que isto seja o wake-up call dele.

Livrámo-nos da vergonha que seria assistir à Europa no sofá em 2024. Voltámos a fazer uma boa exibição, mas esta pouca eficácia na concretização tem de melhorar rapidamente, porque nos ia novamente saindo muito cara...! Veremos quem nos calha em sorteio na 2ª feira, mas estando na Liga Europa é óbvio que temos de ter como objectivo chegar à final.

segunda-feira, dezembro 11, 2023

Ponto de ruptura

Empatámos com o Farense na Luz no sábado (1-1), mas reduzimos a distância para um ponto para o 1º classificado, porque a lagartada foi perder a Guimarães (2-3), tendo agora a companhia do CRAC (3-0 em Mordor frente ao Casa Pia). Vamos no segundo empate consecutivo, embora este tenha tido uma grande sorte de azar e aselhice, já que falhámos oportunidades suficientes para ganhar mais do que um jogo. Basta só dizer que acabámos a partida com 37(!) remates, 14(!) dos quais enquadrados com a baliza. Um só golo para toda esta produção é, de facto, muito pouco.

Em relação a Moreira de Cónegos, o Roger Schmidt só colocou o Kökçü no lugar de um dos sacrificados do costume, o Florentino. A atacar para a baliza grande na 1ª parte (foi o Farense a escolher o campo e trocou-nos as voltas...), demos uma verdadeira aula prática de como falhar golos. Só do Rafa foram logo três, mais outro do João Mário já faz quatro, uma perdida isolada do Tengstedt cinco, a cabeçada ao poste do Otamendi seis e uma grande defesa do guarda-redes Ricardo Velho a um remate do Di María teria sido um 7-0 ao intervalo...! Do outro lado, só um par de remates do Mattheus Oliveira causou algum frisson na nossa baliza.

Na 2ª parte, a tendência da partida manteve-se, com o Rafa a continuar a sua senda de desperdício e o Farense a aproveitar a nossa ineficácia para aos 51’ inaugurar o marcador através do Cláudio Falcão, de cabeça na sequência de um canto. Foi um balde de água fria, completamente imerecido. Um disparo do Kökçü causou bastante perigo e outro remate do Di María voltou a colocar em acção o guarda-redes. Até que aos 63’ aconteceu o momento do jogo (e quiçá da temporada...), com as substituições que o Roger Schmidt fez: tirou o Tengstedt e o João Neves para fazer entrar o Musa e o Gonçalo Guedes. O estádio irrompeu numa contestação, principalmente por causa desta última, que nunca se tinha visto. Voltarei a isto mais adiante. Igualámos aos 71’ pelo Rafa (finalmente!) depois de uma assistência do Aursnes e até final tivemos mais algumas oportunidades, nomeadamente pelo Rafa e pelo Musa, este já mesmo em cima do apito final. Pouco antes, o Roger Schmidt tinha voltado a mexer na equipa aos 88’, entrando o Arthur Cabral para o lugar do Kökçü, mas a única coisa que o brasileiro fez foi tentar uma bicicleta(!) quando recebeu a bola de costas para a baliza, em vez de tentar algo menos difícil. Esclarecedor...

Em termos individuais, o Di María fartou-se de criar oportunidades para os companheiros, mas todos eles as desperdiçaram. O Rafa marcou o golo, mas não pode ter nota positiva, porque falhou uma meia-dúzia deles. O Aursnes lá continua a tapar buracos na lateral-direita, mas o Roger Schmidt insiste em manter-nos coxos na esquerda com o Morato. O João Mário continua a ser um a menos, mas é dos que tem lugar cativo... O Florentino e o Musa são sempre os sacrificados, quando se trata de fazer alguma alteração. Quer antes, quer durante os jogos.

Posto isto, vamos ao minuto 63’. Quando vi a placa com o nº 87, não quis acreditar! Com o Kökçü ainda a recuperar a melhor forma e em ritmo superlento, e principalmente o João Mário a manter-se inenarrável, do que é que se lembra o nosso treinador...? De tirar o único jogador do meio-campo com dinâmica, à semelhança do que fez ao intervalo em Moreira de Cónegos, que tão bons resultados trouxe, certo...?! Por tudo isto, confesso que quando vi que era o João Neves a sair não me consegui conter e fiz uma coisa inédita em mais de 40 anos a ir ver o Glorioso ao estádio: assobiei e apupei fortemente um treinador do Benfica e mostrei-lhe um lenço branco. Foi, pura e simplesmente, mais forte do que eu! Pergunto com toda a sinceridade: quantas das pessoas que estavam a ver o jogo concordaram que deveria ter sido o João Neves a sair? Arrisco-me a dizer um número: uma! Fazer aquela alteração só pode ser resultado de uma de duas coisas: ou um tal estado de alienação que não está a ver o mesmo jogo do que nós, ou tentar ser despedido! É que não fez sentido ABSOLUTAMENTE nenhum! É óbvio que condeno as pessoas que atiraram objectos para o campo em direcção do Roger Schmidt e todas as formas de violência. Ponto final. No entanto, se o estádio irrompeu naquela assobiadela monstruosa, isso deveria ter feito com que a estrutura e o próprio treinador percebessem a razão daquela atitude inédita. Porque se não há favoritos no plantel, que raramente são substituídos, então ele disfarça muito bem. E isso é inaceitável para os adeptos. Porque se toda a gente está a ver o mesmo com excepção de uma única pessoa, a probabilidade de serem todos a estar errados é, convenhamos, muito diminuta... É como aquela história de o soldado marchar ao contrário dos companheiros e a mãe ficar muito contente, porque ele era o único a estar certo. E, já agora para finalizar, não vale a pena o treinador dizer para estes ficarem em casa, que isso não vai acontecer. Portanto, esteve novamente infeliz nas declarações no final do jogo e abriu um fosso para os adeptos que dificilmente será reparado.

São raros os casos de um treinador ter sucesso num clube com grande parte dos adeptos contra ele. Por isso, é que acho que aquele minuto 63 foi o princípio do final da linha para o Roger Schmidt. Estamos a jogar muito pouco desde o início da temporada, não se vê evolução nenhuma na equipa e o treinador parece completamente perdido nas opções que toma. Vlachodimos, Ristic, Tiago Gouveia são apenas algumas delas cuja lógica ainda aguardava por ser explicada. Agora, temos estas substituições do João Neves, quando é muito claro para toda a gente que vê os jogos que este está muito longe de ser o que merece sair. Portanto, isto é muito simples: ou ganhamos por dois em Salzburgo e depois em Braga (e eu não estou nada a ver como isso poderá acontecer), ou deixa de haver margem de manobra. O próprio Roger Schmidt acabou com ela. Cabe-lhe agora ganhar ou, então, fazer o que disse na conferência de imprensa.

sexta-feira, dezembro 08, 2023

Mediocridade

Empatámos com o Moreirense em Moreira de Cónegos no passado domingo (0-0) e obviamente deixámos escapar a liderança para a lagartada (3-1 em casa ao Gil Vicente), que tem agora dois pontos a mais do que nós, com o CRAC (3-0 em Famalicão) um ponto atrás. Depois de termos ganho aos dois rivais em casa, algo que já não acontecia há muito tempo, termos agora esta diferença pontual para ambos não é nada tranquilizadora.
 
Quando as exibições são muito fracas, o resultado prático pode demorar a aparecer, mas inevitavelmente acaba sempre por surgir. Ganhámos à lagartada na Luz na jornada anterior com aquela exibição e logo no jogo a seguir as coisas voltaram à normalidade desta época, tendo acontecido o expectável: escorregámos, claro. A sorte que tivemos naquele encontro não se repetirá muitas vezes, se continuarmos a jogar de um modo lento, previsível e sem qualquer tipo de rasgo. De facto, é uma incógnita para mim a razão pela qual as coisas mudaram tanto de um ano para outro. De um futebol intenso, avassalador, alegre, passámos para isto. Nesta partida, demorámos a entrar no jogo, os primeiro 15’ foram totalmente do adversário e devemos à falta de pontaria adversária (e à trave...) ter mantido a baliza a zeros. Tivemos uma grande ocasião num canto, mas o Florentino na pequena-área e completamente à vontade falhou o cabeceamento! Um remate do Di María com a parte de fora do pé esbarrou no guarda-redes contrário e foram estas as duas únicas vezes em que colocámos a baliza contrária em perigo. Pouco, muito pouco.
 
Para a 2ª parte, o Roger Schmidt colocou o Kökçü e o Chiquinho nos lugares do João Neves e Florentino. Se a saída do Florentino ainda se poderia justificar (errou uma série de passes e não estava a ser o tampão do costume), a saída do João Neves, apesar de não estar a fazer uma exibição deslumbrante, é um pouco difícil de entender. Especialmente para entrar o Chiquinho. Não tenho nada contra o Chiquinho, acho até que foi muito útil no ano passado, mas ficámos claramente a perder. Um remate do Di María por cima e outro do Kökçü defendido pelo Kewin foi tudo o que conseguimos fazer na 2ª parte. Tivemos um golo do João Mário anulado por fora-de-jogo do jogador que fez a assistência, mas mais nada que se visse. O Schmidt colocou o Arthur Cabral no lugar do Tengstedt a 20’ do fim, mas o brasileiro teve o condão de, no último lance da partida, tentar marcar de calcanhar de costas para a baliza(!) quando poderia ter rematado normalmente de frente. Aos 88’, o nosso treinador voltou a mexer na equipa, fazendo entrar o Gonçalo Guedes e o João Victor(?!)... Voltámos à questão destas substituições nos últimos 5’... Porquê...?!?! E o Tiago Gouveia a manter-se no banco, connosco sem ter ninguém para romper as defesas contrárias...! Se era para jogar na parte final da partida, não poderia ter entrado o Tiago Gouveia em vez do João Victor para a lateral-direita...?!
 
Não vou destacar ninguém individualmente, porque a exibição foi paupérrima. Jogadores influentes e desequilibradores como o Rafa e o Di María estão totalmente fora de forma. O João Mário é outro que parece que tem lugar cativo, o Musa ficou no banco e entrou o Arthur Cabral(!!), o Tiago Gouveia nem sequer conta para o Totobola, a questão das substituições no final dos jogos é toda uma panóplia de decisões incompreensíveis do Roger Schmidt.
 
Iremos defrontar o Farense hoje antes de irmos a Salzburgo jogar a continuidade nas provas europeias. Estes próximos dois jogos podem definir muito do que será a nossa época, mas as coisas estão muito longe de estar famosas...

sábado, dezembro 02, 2023

Impensável

Empatámos na 4ª feira em casa frente ao Inter Milão (3-3) e teremos agora de ir ganhar por dois golos de diferença a Salzburgo para continuarmos na Europa no novo ano. Depois de chegarmos ao intervalo a ganhar por 3-0, é óbvio que este resultado é uma tremenda desilusão, que ainda poderia ter sido pior dado que os italianos atiraram uma bola ao poste perto do final...
 
A nossa 1ª parte foi de sonho com um hat-trick do João Mário, o primeiro da carreira dele e o primeiro de um jogador do Benfica neste formato da Champions. Foram golos aos 5’, 13’ e 34’, com tripla assistência do Tengstedt. Os italianos, a alinhar com uma equipa B por causa do campeonato, foram totalmente surpreendidos com esta nossa postura e, à excepção de um lance em que o Arnautovic apareceu isolado frente ao Trubin, com este a fazer bem a mancha, não criaram perigo para a nossa baliza.
 
Confesso que ao intervalo me lembrei deste jogo frente ao Besiktas, em que desbaratámos uma vantagem de três golos, mas como este era em casa acreditei que isso não se voltasse a repetir. Puro engano! O treinador do Inter Milão não fez substituições ao intervalo, mas deve ter feito uma lobotomia aos seus jogadores que se transfiguraram na 2ª parte. Marcaram dois golos em sete minutos (51’ e 58’) pelo Arnautovic e Frattesi, e logo aí se percebeu que estávamos em muito maus lençóis. Do nosso banco, não vinha nada que pudesse ajudar a equipa, que deixou de conseguir criar tanto jogo ofensivo, mas mesmo assim o Tengstedt falhou o quarto golo ao permitir a intervenção de um defesa quando só tinha o guarda-redes pela frente. Os italianos lá iam fazendo substituições e refrescando a equipa, fazendo entrar os titulares, enquanto do nosso banco... nada! Até que aos 72’, o letão Sr. Andris Treimanis não assinala uma falta claríssima do Alexis Sánchez sobre o João Neves quase à entrada da área do Inter Mião e assinala outra muito duvidosa do Otamendi sobre o Thuram na nossa área no contra-ataque que se seguiu. Um autêntico ROUBO de igreja! No respectivo penalty, o Alexis Sánchez atirou para o lado contrário do Trubin e fez o 3-3. Continuo sem perceber a razão pela qual o nosso guarda-redes não se atira só depois de ver para onde a bola vai, porque com a sua altura ou o remate é muito colocado ou terá grandes hipóteses de defender o penalty. Como aconteceria neste caso. Aos 79(!), o Roger Schmidt lá se lembrou que havia um banco de suplentes, mas tirou o Florentino (é sempre a primeira opção para sair) e o Tengstedt para entrar o Kökçü e o Musa. Sem o Florentino em campo, deixamos de recuperar bolas tão à frente, mas claro que o nosso treinador nunca vê isso. Até final, ainda deu para o António Silva ser expulso por indicação do VAR, o croata Sr. Ivan Bebek, noutra decisão inacreditável, para o Inter Milão atirar ao poste mesmo em cima do apito final e para o Roger Schmidt perder tempo(!) com duas substituições aos 98’... Passei-me completamente com isto!
 
Em termos individuais, destaque para os três golos do João Mário e para as três assistências do Tengstedt, mas o melhor do Benfica para mim foi de longe o João Neves, que encheu o campo todo. Ao invés, os dois maiores desequilibradores do plantel, o Rafa e o Di María, estão a milhas da sua melhor forma, mas parece que têm sempre lugar cativo, assim como o João Mário, que marcou três golos, mas voltou ao seu apagançohabitual na 2ª parte...
 
Sem o António Silva, a precisar de marcar dois golos e sem ter os nossos adeptos na bancada (por causa do que uns acéfalos fizeram em San Sebastián), não teremos tarefa fácil na Áustria. No entanto, é bom que os jogadores do Benfica se mentalizem que seria PÉSSIMO para o clube estar a assistir no sofá às competições europeias no início de 2024...
 
P.S. – Sendo inconcebível que tenhamos deitado à rua uma vantagem de três golos, não deixar de ser assinalável que, em quatro jogos em dois anos frente a estes tipos, tenhamos sido roubados pela... quarta vez! O que em jogos tão equilibrados (uma derrota pela margem mínima e dois empates) é obviamente significativo.