quarta-feira, março 16, 2022
Milagre
Vencemos o Ajax em Amesterdão (1-0) e, seis anos depois, voltámos a qualificar-nos para os quartos-de-final da Liga dos Campeões. O que parecia completamente impossível há um mês tornou-se realidade. Sem o brilhantismo de outras vezes em que chegámos a esta fase da prova (como esta e principalmente esta), mas o que interessa é lá estarmos. Já fizemos mais do que a nossa obrigação nesta competição, o problema está na campanha interna.
Com a alteração da regra dos golos fora, o jogo começou mesmo 0-0. Ambas as equipas teriam de ganhar para passar a eliminatória. Apesar do que fez na 6ª feira passada, o Taarabt foi novamente titular. A única coisa que me apraz dizer é que o Nelson Veríssimo é um praticante excessivo da inclusão... O Ajax dominou grande parte do jogo, connosco sempre muito coesos na defesa. E o que é certo é que os holandeses não tiveram assim tantas oportunidades flagrantes de golo na partida inteira (como ponto de comparação, acho que o PSV na pré-eliminatória teve muito mais). Houve um golo anulado por fora-de-jogo logo nos minutos iniciais, controlámos bem o Antony na direita, mas o problema foi que o meio-campo adversário era no man’s land para nós... O Rafa e o Everton não conseguiam conduzir a bola pelas laterais, porque estavam sempre mais preocupados em fechar o flanco e a bola quase nunca chegava ao Darwin. Nas bolas paradas, o Ajax ganhava invariavelmente os duelos, mas o que valeu foi que a pontaria estava desafinada.
Para a 2ª parte, o Nelson Veríssimo decidiu que estava na altura de jogar finalmente com onze e entrou o Meïté para o lugar do acéfalo marroquino. Curiosamente (ou talvez não...), a equipa melhorou e o Ajax ainda se acercou menos vezes da nossa área do que na etapa inicial. Com o passar dos minutos, os holandeses iam perdendo discernimento e só uma cabeçada do Antony é que poderia ter dado golo, porque o Vlachodimos estava batido, mas a bola saiu por cima. Nós tentámos com mais sucesso passar a linha de meio-campo e o Rafa ia aproveitando um erro do Blind para se isolar, mas não o conseguiu. Nas bolas paradas ofensivas, houve uma cabeçada do Vertonghen que atravessou a área sem ninguém lhe tocar, até que aos 77’ fomos felizes: livre na direita do Grimaldo e o Darwin a antecipar-se ao defesa e guarda-redes para fazer o 1-0. Eficácia a toda a prova! Ambas as equipas iam fazendo alterações, mas até final conseguimos controlar o ataque final do Ajax, mesmo apesar de este ter juntado dois matulões na frente (Haller e Brobbey). No entanto, os centrais Otamendi e Vertonghen fizeram-se valer da sua experiência e o Vlachodimos ia resolvendo o pouco que lhe apareceu pela frente.
Em termos individuais, óbvio destaque para o Darwin pelo golo, mas seria injusto estar a referir mais nomes quando toda a equipa revelou um espírito de sacrifício de louvar. Não é preciso ir lá à frente muitas vezes para marcar. Basta sermos eficazes.
Jogámos como as equipas pequenas jogam na Luz, conseguimos irritar os holandeses com algum antijogo na parte final, mas conseguimos o objectivo que procurávamos. Não foi um jogo bonito da nossa parte, mas temos de ser inteligentes e lutar com as armas que temos neste momento. Deu para isto e já é bom. Saibamos gozar este período, que vai ser o ponto alto da época. Não vamos ganhar a Champions, iremos acabar a época sem nenhum título, mas estamos com os cofres cheios. Para o futebol moderno, está bom. (Mas eu sou old fashioned e prefiro quando acrescentamos items ao museu...)
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3 comentários:
Na minha opinião o Ajax tem um plantel ligeiramente melhor do que o nosso, a grande diferença está no treinador na forma como pensa o jogo e como tira o melhor dos jogadores. Claro que isso faz muita diferença e jogámos com o que temos. No sorteio já ninguem se lembrará disso. Chamar atenção que o Ajaz conseguiu nos últimos anos dar o salto na valorização da equipa aproximando-se dos 400M, ao contrário de nós, que não passamos a barreira dos 300M. Este aumento é essencial para o nosso crescimento europeu!
Quem não tem cão caça com gato e mesmo assim é preciso ter gato e saber utilizar o gato e soubemos utilizar e se é verdade que tivemos uma única oportunidade e fomos tremendamente eficazes, como outros são contra nós, a diferença é que nunca permitimos ao adversário ter oportunidades que no fundo teve mais uma do que nós e isso fez toda a diferença, até em comparação com aquilo que nos acontece em que por norma temos oportunidades, mas desperdiçamos.
Só não percebo é sabermos que vamos ter uma estratégia mais defensiva que vamos para aguentar, e até nem ou contra esta estratégia, mas depois entrarmos com um onze como se fossemos para disputar o jogo pelo jogo com demasiados jogadores ofensivos não faz sentido nenhum e basta ver o que aconteceu na segunda parte porque mesmo que o jogador que saiu não fosse um desmiolado, que é, qualquer jogador com as mesmas características, sobretudo ofensivas, teria sempre sido muito curto.
Mais uma vez fica evidente a importância das bolas paradas, ainda mais quando é difícil produzir jogo de bola corrida, situação que somos muito inconsequentes, nem tanto nos livres indiretos mas sobretudo nos cantos que somos uma nulidade.
Os cofres cheios só vale a pena quando se sabe investir.
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