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segunda-feira, outubro 10, 2022

Guião perfeito

Vencemos o Rio Ave (4-2) na Luz no passado sábado e, como os outros dois também ganharam (o CRAC 2-0 em Portimão e a lagartada 2-1 nos Açores frente ao Santa Clara), mantivemos os três e nove pontos de vantagem, respectivamente. Perante uma equipa que já tinha ganho ao CRAC e no meio do confronto europeu com o PSG, esta partida tinha tudo para ser problemática, mas conseguimos facilitar a nossa própria vida com dois golos de vantagem ao intervalo e o terceiro a meio da 2ª parte.
 
Com apenas seis dias de intervalo entre o duplo confronto com os galácticos franceses, era inevitável o Roger Schmidt ter de fazer alguma rotação na equipa e pela primeira vez fê-lo em quase 50% dela: foram para o banco o Bah, Grimaldo, Florentino, Rafa e David Neres, tendo entrado nos seus lugares o Gilberto, Ristic, Aursnes, Draxler e Diogo Gonçalves. E foi do Ristic a primeira grande oportunidade, num remate de primeira de pé esquerdo, depois de óptima abertura do Enzo Fernández, que deveria ter saído com melhor direcção. Só que aos 6’, o Rio Ave aproveitou bem um contra-ataque, iniciado num excelente passe do Samaris, e marcou pelo Fábio Ronaldo. Confesso que fiquei algo preocupado com esta desvantagem, porque sofríamos um golo a frio com uma equipa com muitos suplentes, mas a nossa resposta foi excelente. Logo a seguir ao golo, o Gonçalo Ramos poderia ter igualado, depois de uma boa iniciativa do João Mário, mas o desvio passou a rasar o poste. No entanto, esta mesma dupla fabricou o empate aos 13’ numa excelente triangulação que ainda meteu o Enzo Fernández pelo meio, com o nosso nº 88 a só ter de encostar. Apertámos o Rio Ave nos minutos seguintes e o Diogo Gonçalves, Gonçalo Ramos e Otamendi estiveram perto de nos colocar em vantagem, mas foi o guarda-redes Jhonatan a fazê-lo aos 19’ num autogolo absolutamente surreal: tentou dominar a bola e fez um passe para a baliza! A partir daqui e como seria de prever, baixámos o ritmo, mas estivemos perto de marcar pelo João Mário num remate fora da área, bem defendido pelo Jhonatan. Pouco depois, foi novamente o guarda-redes contrário a impedir que um mergulho de cabeça do Gilberto resultasse igualmente em golo e o Enzo Fernández também teve uma excelente oportunidade, mas atirou para as nuvens quando estava em boa posição. Era muito importante fazer o terceiro golo antes do intervalo, até porque isso facilitaria muito a gestão de esforço e isso felizmente aconteceu numa abertura magnífica do Enzo Fernández para um golão do Gonçalo Ramos: domínio com a coxa direita e remate de primeira com o pé esquerdo.
 
Com dois golos de vantagem, o Roger Schmidt pôde deixar o Enzo Fernández e o Gonçalo Ramos nos balneários ao intervalo, tendo entrado o Florentino e o Musa. Para a história deste filme ser perfeita, faltava só mais um golo nosso, que arrumasse de vez com o jogo, para depois podermos aplaudir o Samaris, que seria certamente não faria os 90’. E o 4-1 surgiu aos 62’ na estreia do Musa a marcar com o manto sagrado, depois de uma assistência do Ristic na esquerda, com o João Mário a ter novamente participação activa na jogada. Aos 66’, aconteceu mais um daqueles momentos extra-jogo, que vai ficar na memória de todos os que participaram nele: quando a placa com o nº 30 do Rio Ave foi levantada, todo o estádio se levantou e muito merecidamente aplaudiu de pé o GRANDE Samaris, que não conseguiu conter as lágrimas enquanto saía do campo (ele que, antes do apito inicial, também estava visivelmente emocionado). Sou defensor desde há muito tempo que há jogadores que não podem sair do Benfica apenas com uma entrevista final na Benfica TV ou um post nas redes sociais do clube. Deviam ter a oportunidade de se despedir dos adeptos no estádio durante um jogo. Felizmente, o Samaris teve a oportunidade de o fazer a posteriori, com outra camisola, recebendo de volta o merecido reconhecimento de todos nós por um jogador que foi quatro vezes campeão pelo Benfica e que, nomeadamente no último título, teve um papel fundamental (sim, aquele corte ao Herrera em Mordor foi crucial). Já o Cardozo, Fejsa e Salvio, só para nomear alguns, não tiveram a mesma sorte... O jogo estava decidido, mas ainda sofremos mais um golo, aos 86’, num grande pontapé do Guga de fora da área.
 
Em termos individuais, o João Mário terá feito provavelmente o melhor jogo desde que veio para o Benfica: participou em dois golos e fez tudo quase sempre bem. O Enzo Fernández também realizou uma 1ª parte de sonho, mas gozou um merecido repouso nos segundos 45 minutos. Notou-se logo quando o Florentino entrou, porque o meio-campo do Rio Ave deixou de poder ter tempo com a bola nos pés. Realce igualmente para os dois golos do Gonçalo Ramos, especialmente o segundo que é tecnicamente brilhante, e para o primeiro do Musa, que pode ser que lhe dê mais confiança. O Ristic não é nenhum Grimaldo, mas parece bastante melhor do que o Gil Dias e isso já é bom. O Gilberto não esteve tão intenso como habitualmente, a que não deve ser alheio o facto de já não jogar há uns tempos. Ao invés, o Diogo Gonçalves exibiu-se a um nível bastante razoável, o que me surpreendeu.
 
A próxima jornada do campeonato é a ida a Mordor, mas antes ainda teremos Champions e Taça de Portugal. De qualquer forma, depois de uma resposta mais fraca em Guimarães, espero que este jogo signifique que tenhamos voltado ao nível habitual desta temporada.

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