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terça-feira, outubro 29, 2019

Pouca chama

Vencemos no domingo em Tondela (1-0) e, com a vitória do CRAC (3-0) frente ao antigo líder Famalicão, estamos agora ambos no 1º lugar com 21 pontos. Os jogos depois de jornadas europeias são sempre complicados e, ainda mais dos que nos outros, o que mais importa é sem dúvida ganhar. Por isso é que este jogo foi bom. Só por isso, acrescento.

Em relação à partida frente ao Lyon, entrou o Taarabt para o lugar do Rafa e o expectável regresso do Pizzi em vez do Gedson. Os primeiros 20’ fizeram-me crer que um pouco do Benfica do início de 2019 estava de volta. Tivemos alguma dinâmica, com o regresso do meio-campo titular (Florentino e Gabriel) defendemos muito mais à frente, o que faz com que recuperemos a bola mais rapidamente, e a nossa exibição prometia subir alguns patamares. No entanto, mesmo assim, não foi por isso que o Tondela deixou de ter as suas oportunidades, com o Vlachodimos a exibir-se a grande nível e a manter as nossas redes invioladas. Na sequência de um canto do Grimaldo na esquerda, aos 19’, inaugurámos o marcador numa cabeçada do Ferro, praticamente sem tirar os pés do chão e depois de contornar muito bem a um defesa. E, pronto, tudo de bom acabou ali. Estes primeiros 20’ (apesar das oportunidades do Tondela) não tiveram continuação durante o resto do jogo. Todo. Parecia que os jogadores do Benfica estavam seguros que o adversário não seria capaz de marcar e, por isso, a partida estava ganha. Até ao intervalo, não criámos mais perigo e ainda vimos o Tondela ter uma boa chance numa cabeçada por cima.

Na 2ª parte, se quisermos ver o copo meio-cheio, poderemos dizer que o Tondela não teve uma verdadeira oportunidade de golo. Se quisermos ver o contrário, poderemos dizer que rematámos pela primeira vez com (algum) perigo aos 75’(!), através do Chiquinho, que tinha substituído o inoperante Taarabt. Aliás, o marroquino não pode jogar a 10: abusa das tabelinhas (invariavelmente para trás), raramente se vira na direcção da baliza e o seu remate está longe de ser minimamente razoável. Só com a entrada do Chiquinho, tivemos a capacidade de levar o jogo para a frente, com alguma rapidez e tentando apanhar a defesa contrária em contrapé. Irá certamente ser titular dentro de pouco tempo, até porque demonstra alguma facilidade de remate e, nos tempos actuais, precisamos disso como do pão para a boca. E o jogo lá acabou, com a nossa vitória pela margem mínima que é o único facto que valerá a pena relembrar no futuro.

Em termos individuais, destaque para a dupla de centrais, com o Rúben Dias como um intransponível patrão e o Ferro a ser decisivo nos três pontos com o golo. Também o Vlachodimos foi muito importante com as suas intervenções na 1ª parte. De todos os outros, continuo a gostar da forma como o Cervi se entrega ao jogo: nunca vira a cara a luta, farta-se de ajudar o Grimaldo e, hoje em dia, já me dou por satisfeito só com isso.

Teremos agora uma série de jogos seguidos, com poucos dias de intervalo entre eles, e veremos como a equipa vai responder. Encantado da vida se continuarmos a ganhar, mesmo sem jogar bem, mas algo que me faz confusão em relação à época passada é precisamente esta falta de killer instinct. Era a nossa grande mais-valia no passado: só tentávamos deixar de tentar marcar golos quando o árbitro apitava para o final. Daí os 10-0 ao Nacional e as goleadas todas que infligimos. Ora, perdeu-se completamente isso este ano. E a saída do João Félix parece-me muito pouco como explicação. Só a falta de um jogador (por muito bom que seja) não deveria ser razão para tão grande mudança. É o que mais me preocupa actualmente: falta alegria a jogar à bola, algo que havia no passado e deu o resultado que deu. Ao invés, sinceramente, não vejo grande futuro a apresentar este nível de futebol. Oxalá me engane!

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