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segunda-feira, agosto 24, 2009

Jesus

Um golo do Ramires no último minuto permitiu-nos vencer em Guimarães por 1-0. Foi o nosso jogo mais difícil de todos os disputados até agora e uma vitória extremamente importante pela forma como foi obtida. Utilizando um chavão típico do futebolês: “são jogos destes que fazem ganhar campeonatos.” Bem o podemos agradecer a Jesus, não o Jorge, mas sim o outro.

Estava bastante desconfiado para esta partida e tudo começou antes dela: a lesão do Weldon que o tirou dos convocados foi um mau prenúncio. Na equipa titular houve apenas uma alteração em relação ao Poltava: saiu o Coentrão e entrou o Ramires. Se isto se deveu à presumível dificuldade do jogo e à necessidade de ter um segundo homem no meio-campo que se sentisse mais confortável a defender, tudo bem, mas lá que foi injusto para o Coentrão, um dos jogadores em melhor forma, isso é indesmentível. Estou confiante, com o plantel que temos, que não haverá lugares cativos na equipa, mas não me parece nesta altura que possamos prescindir do Coentrão nos titulares. Entrámos muito bem na partida e nos primeiros 10’ tivemos movimentações que baralharam o adversário. O Javi García teve uma excelente oportunidade, mas cabeceou por cima quando o guarda-redes já não estava na baliza na sequência de um canto. O Guimarães fez cinco faltas nos primeiros 6’, o que deveria ter feito ver aos jogadores do Benfica que teriam de ser rápidos com a bola para fugirem à pressão deles, mas depois dos 10’ iniciais isso não aconteceu. O jogo equilibrou-se e eles tiveram mesmo uma boa oportunidade bem defendida pelo Quim. Perto do intervalo, falhámos um daqueles golos de baliza aberta que são imperdoáveis: Aimar, isolado, permitiu a defesa ao Nilson, convertida em pontapé de baliza pelo Sr. Pedro Proença.

Iniciámos a 2ª parte com uma substituição que me fez torcer o nariz: Keirrison para o lugar do Saviola. É certo que o argentino estava a jogar pouco, mas as suas segundas partes são sempre melhores que as primeiras e, por outro lado, era a estreia oficial do avançado brasileiro, que deveria ter acontecido, a meu ver, num jogo não tão intenso e difícil. Ainda por cima, o Keirrison colocou mal o pé no chão num dos primeiros lances e, inferiorizado por isso ou não, não se viu durante os 45’ que esteve em campo. A tendência da partida não se alterou muito e aos 55’ entrou finalmente o Coentrão. O problema foi que saiu o Aimar. Mais outra substituição que não entendi. O argentino não estava a fazer uma exibição brilhante, mas todo o nosso jogo ofensivo passa pelos pés dele e, quando saiu, deixou de haver alguém no meio-campo que fizesse a gestão das nossas jogadas ofensivas. O Di María, que foi ocupar o seu lugar, mas fazendo depois diagonais para as alas, esteve desastrado a centrar, o que abortou esses bons movimentos. Aos 60’ uma clara mão do Flávio Meireles na grande-área ofereceu-nos a possibilidade de abrirmos o marcador e ficar a jogar contra 10 devido ao seu segundo amarelo. Só que o Cardozo falhou o segundo penalty consecutivo para o campeonato, ao rematar rasteiro e à figura, permitindo ao Nilson defender com o pé. Muito mal, o paraguaio. Este falhanço abanou muito a equipa e raramente conseguimos tirar proveito de estar a jogar em superioridade numérica porque, lá está, faltava alguém no meio-campo que soubesse o que fazer à bola... E o Guimarães em contra-ataque criou mesmo duas boas oportunidades para marcar, mas o poste e o David Luiz mantiveram as nossas redes invioladas. Até que no último minuto, um livre lateral do Coentrão proporcionou-lhe a segunda assistência consecutiva no campeonato para um golo de cabeça, neste caso do Ramires. Foi literalmente uma vitória caída do céu.

Não foi uma boa partida da nossa parte. Desgaste europeu ou não, o que é certo é que estivemos longe de mostrar o que já foi visto este ano. Também por mérito do adversário, é certo, mas tínhamos obrigação de fazer melhor. Por isso mesmo, é difícil destacar alguém individualmente. O Ramires, pelo golo e pela regularidade exibicional, terá sido o nosso melhor jogador. O Coentrão também merece destaque pela assistência. O Shaffer voltou a não estar mal na esquerda, se bem que os centros não tenham sido tão perfeitos como em encontros anteriores. O Di María mostrou-se a espaços, mas vai fazer-lhe bem o descanso na Ucrânia, assim como ao Cardozo, que tem que fazer rapidamente um reset em relação aos penalties. Estivemos prestes a perder mais dois pontos por causa de falhanços dele dos 11 metros. Também destaco pela negativa o Quim. Na 1ª parte, teve uma saída completamente falhada num cruzamento que só não deu golo, porque o jogador atrás dele era o Luisão, fez uma bola defesa na sequência desse canto, mas no 2º tempo ia comprometendo de fez quando largou para a frente uma bola relativamente fácil que depois acabou no nosso poste. Não quero estar sempre a bater no ceguinho, mas esta opção pela baliza está longe de nos dar a tranquilidade devida.

Acabámos por ser felizes na forma como ganhámos este jogo, mas que ele nos sirva de lição. Temos de ser mais inteligentes na forma como abordamos estes adversários, que disputam cada lance como se fosse o último das suas vidas. Não nos podemos agarrar demasiado à bola, porque isso promove o contacto físico e o ritmo é quebrado. Um ou dois toques é o ideal para fugir às marcações. E temos jogadores com técnica suficiente para fazermos isto.

É certo que a eliminatória está praticamente resolvida, mas temos um prestígio a manter e pontos no ranking para somar, pelo que espero uma atitude vitoriosa na próxima 5ª feira.

P.S. – Não sei que gozo é que dá vencer um jogo como o CRAC frente ao Nacional. Um penalty assinado num lance muito parecido ao do Weldon no Benfica- Marítimo e dois jogadores do Nacional expulsos nessa mesma jogada. Tudo isto com 0-0, claro está. É o chamado três-em-um! E o prostituto moral do Jesualdo ainda se veio lamentar que isso tirou concentração aos seus jogadores para o resto da partida!! Que nojo de clube e de toda a corja que o representa!

6 comentários:

BT26 disse...

É verdade que não jogamos muito mais também é verdade que me lembro de estar a ver o jogo e de estar a fazer contas,e no fim deu este numero: 5 cantos marcados ao contrario,e sempre contra nos,1 canto marcado a favor do vitoria mal assinalado(este é escandaloso,porque todos,repito,TODOS os jogadores do vitoria já estão a sair da grande área do Benfica quando o boi marca canto),e 4 cantos transformados em pontapé de baliza.A isto chamo condicionar o jogo...afinal até foi de um "canto de mangas arregaçadas"(como os jornaleiros costumam dizer)que marcamos o nosso golo...

Em relação ao teu "ps" acho exagero que digas que a mão do jogador do nacional é parecida a mão do marítimo...mas o resto da analise,é exactamente isso...

Benfica sempre

Pedro disse...

E nós caladinhos em relação à arbitragem...

Depois não se queixem...

Uma vitória muito importante. A forma como conquistamos estes três pontos podem ser fundamentais para um bom arranque de temporada.

Anónimo disse...

Bater no ceguinho, não. Tal como destacas os jogadores que tens de destacar (pelo bom ou pelo mau desempenho), não deves ter problemas de nenhum tipo em destacar o Quim quando ele faz borrada. E ele fez várias vezes borrada ontem. Se deixares de destacar o Quim (por qualquer dos motivos) estarás a dar-lhe tratamento preferencial. Não há, no Benfica, ninguém intocável.
Futuro:
quando perdermos por culpa do Quim, o JJesus vai pôr o JCésar a titular (ele está danadinho que isso aconteça).
Penso que deve ser dada mais uma oportunidade ao Cardozo na marcação de penalties. Mas só mais uma vez.
Viva o Benfica.
tarirari

S.L.B. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
S.L.B. disse...

Tarirari: obviamente que referirei sempre os jogadores do Benfica que se destacarem negativamente. Sempre o fiz e sempre o farei. A questão de bater no ceguinho é apenas no sentido em que sempre tive preferência pelo Moreira, mas ainda mais agora depois do que vi na pré-temporada. Acho que, ao dizer constantemente isso, estou a repetir-me, mas a decisão de colocar o Quim na baliza é incompreensível à luz dessa mesma pré-época. Ontem ia-nos custando três pontos e, infelizmente, cada vez tenho menos dúvidas que ele estará a prazo na baliza, porque os erros graves vêm-se sucedendo a uma velocidade assustadora. Só espero é que eles aconteçam quando já não forem decisivos para o resultado final.

dezazucr disse...

Não é com jogos destes que se ganham os campeonatos, é com os jogos todos. O Benfica tem de pôr na cabeça que não pode perder pontos e que um empate é sempre um mau resultado, pelo que deve entrar sempre com força. Cansaço? Não admito que possa ser dado como desculpa, até porque temos um bom banco para fazer a vez dos jogadores cansados. Sinceramente, espero que o Benfica não deite o campeonato ao ar por causa da Uefa. A nossa prioridade tem de ser sempre o campeonato. É o que queremos ganhar. Depois de ganharmos 2 ou 3 campeonatos podemos começar a pensar na Uefa. Óbvio que quero boas exibições na Uefa, mas não à custa dos resultados no campeonato.