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quinta-feira, agosto 30, 2007

Querer e coração

Ganhámos hoje (1-0) em Copenhaga e garantimos o apuramento para a fase de grupos da Liga dos Campeões. Era um jogo crucial para a época, ainda para mais agora com a entrada de um novo treinador e a necessidade de conseguir resultados no imediato. Penso que fomos um justo vencedor da eliminatória, se bem que no jogo de hoje tivéssemos a nossa dosezita de sorte.

Já se percebeu que com o Camacho só joga quem estiver a 100%. Mais uma vez o Luisão não estava nas melhores condições e não houve nenhuma hesitação em colocar o Miguel Vítor novamente em campo. Treinador que sabe motivar e dar confiança aos jogadores é assim... Em relação à partida com o V. Guimarães, entraram de início o Di Maria (na sua estreia absoluta) em vez do Coentrão e o Luís Filipe no lugar do Nuno Assis. Mas nós não começámos nada bem o jogo. Os primeiros 15 minutos foram de sufoco junto à nossa área e se não fosse o Léo, o Cardozo(!) e o Quim teríamos certamente sofrido um golo. Não conseguíamos sair a jogar e cada bola bombeada era um perigo. Felizmente o Cardozo ganhou um livre a meio do meio-campo aos 17’ do qual resultou o nosso golo. Centro do Rui Costa, assistência do Cardozo para a assistência do Nuno Gomes ao Katsouranis, que beneficiou da falta de killer instinct (neste caso, ainda bem!) do nosso capitão (que fez um passe quando estava sozinho e em boa posição para cabecear à baliza) para efectuar um excelente remate de primeira sem hipóteses para o guarda-redes. Foi um balde de água fria para os dinamarqueses, que a partir daí nunca mais recuperaram o ímpeto inicial. Ao invés, nós aproveitámos o golo para começar a jogar futebol e, ao contrário de tempos nada distantes, em vez de ficarmos na “expectativa” (Paris e Barcelona, anyone?), fomos à procura do segundo que nos garantiria praticamente a qualificação. O Di Maria, depois de uma magnífica abertura do maestro, esteve próximo, mas o remate saiu ao lado e noutro lance o Nuno Gomes atirou para defesa do guarda-redes para canto. Mas até final da 1ª parte ainda tivemos dois enormes sustos: um remate ao poste num livre e um cabeceamento do Allbäck que saiu a rasar a baliza. Entretanto houve um lance divido entre o Miguel Vítor e este mesmo Allbäck, que sinceramente não me pareceu penalty. É certo que o nosso júnior puxou a camisola do sueco (e vice-versa), mas quando este caiu já ninguém lhe tocava.

Na 2ª parte tivemos logo uma má notícia, vinda ainda da 1ª: o Nélson saiu lesionado e entrou o Nuno Assis, recuando o inoperante Luís Filipe (que 1º tempo de fugir!) para defesa-direito. Como atirar chouriços para a frente é mais fácil do que construir jogadas, o ex-bracarense subiu de produção (mas acho que não ficaríamos a perder se propuséssemos ao Braga a troca dele pelo seu substituto, João Pereira...). Ao contrário da etapa inicial, o Copenhaga não entrou a todo gás, já que nós conseguimo-los controlar melhor. E nos primeiros 15’ tivemos duas excelente ocasiões: livre frontal do Rui Costa por cima (Simão, where art thou?!) e um falhanço incrível do Nuno Assis na sequência de um canto, em que ele na pequena-área(!) conseguiu cabecear para o guarda-redes (deve ser do nome, este não fica nada a dever ao falhanço do Nuno Gomes frente ao Espanyol). A partir desta altura, o Copenhaga subiu de produção e nós começámos a sentir a falta de mais alguém para ajudar a segurar o meio-campo, já que o Petit (EXTRAORDINÁRIA exibição!) infelizmente só conseguia estar num sítio de cada vez e o Rui Costa nunca foi (nem pode ser) um recuperador de bolas. A pouco menos de 20’ do fim, entrou o Romeu Ribeiro para o lugar do Di Maria e conseguimos acalmar mais as coisas. Mas mesmo assim não estive tranquilo, porque um golo colocar-nos-ia em pressão constante até final. A 10’ do fim foi a vez do Cardozo falhar o segundo tento, ao rematar à figura do guarda-redes. No tempo restante ainda permitimos alguns remates à nossa baliza, mas ou o Quim resolvia as coisas ou as bolas saíam ao lado. Quando o árbitro apitou para o final, senti-me como se estivesse estado em campo os 90’, mas desta vez o sofrimento foi recompensado.

O melhor em campo foi o Petit. Então na 2ª parte foi um festival de bem cortar bolas, fosse de cabeça(!) à entrada da nossa área, fosse com os pés. Durante mais de uma hora esteve praticamente sozinho a recuperar bolas e fez um jogo quase perfeito. Igualmente em destaque esteve o núcleo duro da equipa: Quim, Katsouranis, Rui Costa e Nuno Gomes. É a vantagem de se ter jogadores experientes e de qualidade no plantel. O Quim salvou a equipa em alguns lances e mesmo nos cruzamentos esteve melhor que o costume. O grego, para além de ter sido um gigante na defesa, marcou o golo que nos qualificou. O maestro pautou muito bem o nosso jogo, estabeleceu os ritmos adequados a cada fase da partida e os lances atacantes passavam quase todos por ele. O Nuno Gomes esteve bastante melhor que nas outras partidas: fez o assistência para o Katsouranis e ainda o nosso melhor remate para defesa do guarda-redes. Além disso, era o primeiro a defender. Igualmente em bom nível estiveram o Miguel Vítor (espero que a entrada do novo central, Edcarlos, não lhe tire espaço na equipa, porque sinceramente parece-me bom jogador e muito personalizado) e o Léo (que já se sabe nunca joga mal). Gostei também do Di Maria (não tem medo de partir para cima dos adversários, tem técnica e só tem que aprender a soltar melhor a bola), do Cardozo (se bem que na parte final tenha acusado o desgaste) e do Nuno Assis, que apesar do inacreditável falhanço, entrou muito bem na equipa. O Nélson estava a fazer um bom jogo até se lesionar, o Luís Filipe NÃO PODE ser extremo e o Romeu Ribeiro deverá ter igualmente novas oportunidades.

Vamos ver como será o sorteio. Gostaria que não nos saísse o Manchester United (três vezes seguidas seria demais!), nem nenhuma equipa italiana. Mas estando nós no pote 2 somos favoritos a passar aos oitavos-de-final e temos que nos apresentar como tal. Embora, por outro lado, uma vitória na Taça Uefa (que deveria ter sido no ano passado!) me esteja atravessada na garganta. E convenhamos que ganhar a Champions nesta altura será utópico.

P.S. 1 – Nesta semana, o nosso clube ganhou o direito a ter pela primeira vez um campeão do mundo. Parabéns Nelson Évora pela vitória no triplo salto!

P.S. 2 – As imagens do Antonio Puerta, jogador do Sevilha, a cair no relvado são-nos infelizmente muito familiares. Mais uma morte trágica de um desportista, que obviamente se lamenta.


P.S. 3 – Os clubes desportistas são assim. Não aceitam adiar por um dia o seu jogo no campeonato para permitir que o seu adversário descanse de uma viagem que durará quase 24 horas, depois de uma competição europeia, ficando só com um dia de repouso. Por um lado é bem feito para o Leiria, que no ano passado foi a equipa B do clube regional, mas o inacreditável é este assunto ter sido muito pouco falado. Ai, se fosse ao contrário, o que não se diria...

3 comentários:

madne0 disse...

"Gostaria que não nos saísse o Manchester United (três vezes seguidas seria demais!), nem nenhuma equipa italiana."

Concordo com a segunda parte, mas gostaria que saísse outra vez o Manchester. Que é que eu hei de fazer, gosto do Man U! ;)

el niño rosso disse...

Como é que a UEFA permite um jogo num campo daqueles. Parecia que tinham acabado de arrancar as batatas. E como a bola tinha que andar mais pelo ar era como mel para ursos, ou melhor, mesmo ao jeito dos altos, loiros mas não toscos dinamarqueses. Tivemos sorte sem dúvida, mas a sorte agarra-se a quem luta por ela. E nós lutámos. Com garra e muito querer. À Camacho.
Não tenho preferência quanto ao sorteio. Quem vier...

Anónimo disse...

É cada um...
Então, desde quando é que o FC Porto tem que adiar o jogo, a pedido - atraso e fora do tempo do Leiria?

O Leiria já sabia que tinha o jogo marcado para esta altura há semanas, e apenas 10 dias antes (quando tem que ser com 15 dias antecedência), é que decide perguntar a ver se podem adiar o jogo?

E mais, se o jogo fosse antes da competição europeia, aí eu dizia que não compreendia a atitude do Porto, mesmo estando fora do prazo e teria que ouvir-se a FPF, mas o jogo foi depois - DEPOIS - do jogo europeu...
É óbvio que o Porto só tem que pegar nessa vantagem e fazer dela uma arma para ganhar o jogo.
Como qualquer outro clube faz ou já o fizeram.
Não venham com falsos moralismos.
Se o jogo entre o FC PORTO e o leiria fosse antes do jogo europeu, ainda se aceitava o adiamento do jogo, agora assim, só se tivessem pedido atempadamente.

E quanto ao jogo, sim, marcamos o segundo golo de forma irregular - MAS não foi por aí que ganhamos o jogo, porque jogamos muito, mas muito melhor que o Leiria, marcamos um golo logo aos 3 minutos, BASTANTE mal anulado - por isso, um golo limpa o outro, paciência!

Fiquem bem na vossa luta pelo segundo/terceiro lugar que nós continuaremos a ver-vos cá de cima.
Saudações desPORTISTAS.