quinta-feira, novembro 28, 2013
O fascínio pela complicação
Vencemos o Anderlecht em Bruxelas (3-2) e adiámos para a última jornada a
decisão sobre a inevitável ida para a Liga Europa, porque é pouquíssimo
provável que os belgas consigam ir à Grécia roubar pontos ao Olympiacos.
Esta partida foi uma amostra do que tem sido a nossa temporada até agora: a
dificuldade imensa em dar a estocada final ao adversário quando estamos por
cima e depois o sofrimento desnecessário. Entrámos bem e os primeiros 10
minutos foram bons, mas o Anderlecht chegou à vantagem pelo Mbemba aos 18’
através de um canto em que tivemos azar no ressalto e ele ficou só com o Artur
pela frente. Com o displicente Markovic e o desastrado Lima na frente,
jogávamos praticamente com nove, mas mesmo assim conseguimos chegar à igualdade
aos 34’ pelo Matic de cabeça na sequência de um livre do Enzo Pérez. Até final
da 1ª parte, ainda voltamos a ter calafrios em dois cantos.
A 2ª parte começou com o 1-2: grande arrancada do Gaitán, a bola sobra para
o Enzo Pérez que a devolve ao compatriota, que já dentro da área faz uma
rotação extraordinária, rematando à meia-volta e fazendo a bola tabelar no
Mbemba, e entrar na baliza. Todo o mérito para o Gaitán, mas ainda bem que foi
autogolo, porque o Lima que se preparava para empurrar a bola estava
fora-de-jogo. O jogo partiu-se a partir daqui, com os belgas a virem para a
frente e a deixarem o seu meio-campo com mais buracos do que um terreno minado.
Só que lá veio o eterno problema: deixámos de ser tão pressionantes e tentámos
desacelerar o ritmo, em vez de tentar marcar mais um e selar de vez a vitória.
Aos 72’, o Jesus fez uma substituição incompreensível ao tirar o Gaitán que
estava a ser dos melhores e colocar o Sulejmani. Os belgas entusiasmaram-se e
eu estava mesmo a ver o filme de um canto ou livre nos últimos minutos para nos
lixar. Mas não foi preciso esperar tanto, porque cinco minutos depois da
substituição empataram mesmo pelo Massimo Bruno, num lance em que o André
Almeida falhou a intercepção e o Garay não cobriu bem o adversário. Como em
Paris o Olympiacos tinha acabado de empatar, a nossa ida para Liga Europa
estava já a ser marcada, quando aos 90’ num contra-ataque o Sulejmani isolou bem
para o Rodrigo (entretanto entrado) que, finalmente(!), voltou a ser decisivo
num jogo e rematou por baixo das pernas do guarda-redes. Uns minutos antes num
livre, já o Luisão tinha cabeceado mal em vez de dominar de peito e rematar,
mas depois do nosso golo ainda vimos a bola rondar a nossa área um par de vezes
e sofremos um livre directo mesmo à entrada dela. Mas desta vez os deuses
resolveram estar connosco e acabámos mesmo por vencer.
Em termos individuais, não houve exibições de encher o olho, mas gostei do
Maxi Pereira, do Matic e do Gaitán. O Enzo Pérez não sabe jogar em baixa
rotação e devia dar um workshop a
alguns dos sérivos (nomeadamente ao Markovic e Djuricic). Continuamos muito
permeáveis na defesa e o Garay demora a voltar à sua melhor forma. O Jesus veio
defender o Markovic no final e faz o seu papel, mas parece-me que está na
altura de o tirar da equipa durante uns tempitos para ele perceber que está no
Benfica e que tem, no mínimo, que suar a camisola durante os jogos (ou seja,
correr atrás dos adversário e defender) se porventura as coisas não lhe
estiverem a sair bem em termos atacantes (e não estão há uma série de tempo).
Quanto ao Lima, parece que fez uma lobotomia no início desta época: não acerta
uma tabelinha e são n as jogadas
perdidas por maus passes dele. Muito gostava eu de saber onde estão aqueles que
no início da época diziam que o Cardozo podia ir embora à vontade, porque
tínhamos o Lima…
Acabámos por fazer história ao triunfar pela 1ª vez em Bruxelas e, com o
golo do PSG perto do fim, igualámos o Olympicos com 7 pontos. Veremos o que
acontecerá quando recebermos os franceses, mas pelo menos a Liga Europa já está
garantida. E, se se confirmar a ida, a presença em Turim terá de ser um
objectivo.
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