quarta-feira, novembro 20, 2013
Estratosférico
Voltámos a vencer a Suécia, desta feita em Estocolmo por 3-2, e estamos
qualificados para o Mundial 2014 no Brasil. Aliás, o resultado deste play off bem podia ser Ibrahimovic – 2 –
C. Ronaldo – 4, já que foram as duas grandes figuras das respectivas equipas a
marcar os golos da eliminatória.
Portugal voltou a entrar muito concentrado, à semelhança do jogo na Luz, e
controlou completamente a partida na 1ª parte. O Hugo Almeida conseguiu a proeza de falhar um golo de
cabeça com a baliza aberta e o C. Ronaldo teve dois remates perigosos que
poderiam ter tido melhor direcção. O nulo ao intervalo era de certo modo
lisonjeiro para os suecos. A 2ª parte foi um hino ao futebol: marcaram-se os
cinco golos, houve cambalhotas no marcador e emoção a rodos. Uma óptima
abertura do João Moutinho desmarcou o C. Ronaldo, que com um remate potente de
pé esquerdo fez o 0-1 aos 50’. Alguns pensaram que a eliminatória estava
decidida (eu, pessimista por natureza, claro que não), mas o Ibrahimovic fez
dois golos em quatro minutos (68’ e 72’) e lançou a incerteza no play off (no segundo, pareceu-me que o
Rui Patrício poderia ter feito melhor). Só que o C. Ronaldo resolveu dissipar
todas as dúvidas com golos aos 77’ e 79’, depois de boas aberturas do Hugo
Almeida e João Moutinho, respectivamente. E, até final, ainda poderia ter feito
o seu quarto golo, mas atirou ao lado numa bola bastante mais fácil do que
qualquer outro dos três golos que marcou.
Não há volta a dar: o homem pode ser (e é ou, pelo menos, é a imagem
pública que transparece) um vaidoso e presunçoso do pior (o “eu estou aqui”
depois dos golos é sintoma disso mesmo), mas é um jogador de outro planeta e
ainda bem que faz parte da nossa selecção. Não são só os números (à vista de
todos) que lhe certificam já um lugar no Olimpo do futebol, é principalmente o
facto de se superar nestes jogos em que tem os olhos do mundo todos postos
nele. Atinge verdadeiramente outra dimensão quanto mais pressionado está e isso
não é definitivamente para todos. Independentemente da sua maneira de ser (que
eu não gosto mesmo nada, faz-me sempre muita impressão a falta de humildade,
mesmo de quem tem todas as razões para não a ter), é um enorme privilégio poder
tê-lo visto (e continuar a vê-lo) jogar à bola. Outro que esteve em grande
plano foi naturalmente o João Moutinho, com duas brilhantes assistências e centenas de quilómetros percorridos.
Mas, em geral, todos os jogadores estiveram muito concentrados e a exibição da
selecção foi muito boa.
Mérito total para o Paulo Bento (que, volto a dizer, espero ver no banco do
Glorioso um destes dia), que conseguiu novamente colocar uma selecção com um
jogador de dimensão planetária, mais um ou outro de expressão mundial, mas a
maioria apenas com um nível médio numa grande competição. Uma vez chegados ao
Brasil, veremos até onde poderemos chegar. Em primeiro lugar, a fase de grupos,
em que, se seguirmos a lógica das últimas competições em que estivemos
presentes, seria bom que nos calhasse um sorteio difícil. Não vamos embandeirar
em arco com este jogo épico (a Suécia mostrou que é o Ibrahimovic e pouco mais)
e achar que de repente seremos candidatos ao título mundial, mas citando o
único seleccionador que nos últimos 18 anos conseguiu
falhar uma qualificação para uma grande competição, julgo que poderemos fazer
“coisas bonitas”.
Parabéns, Portugal!
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