origem

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Satisfeito e preocupado

Com a vinda do Marcel, que ocupa a posição que nos que fazia falta preencher desde o Verão, fechámos as contratações nesta reabertura do mercado. Espero que o brasileiro prove que é um dos melhores pontas-de-lança a actuar em Portugal, mas pelo menos tem características diferentes dos que já tínhamos: é alto, forte e diz-se que joga bem de cabeça. E pelo que vi até agora, também não é nada tosco e tem um forte pontapé. Apesar de vir da Académica, uma equipa mais pequena, tem a vantagem teórica de já estar ambientado ao nosso país.

Basta ter dois olhos na cara para se perceber que o plantel melhorou imenso em termos de qualidade e arrisco mesmo a dizer que há mais de 10 anos (desde a época 1993/94) que não tínhamos tantas e tão boas opções. Por isso, estou bastante satisfeito com o que se passou agora, principalmente com a resolução rápida deste assunto das contratações, ao contrário do que se passou no início da temporada em que os reforços nunca mais chegavam.

Todavia com estas alterações, aconteceu algo que me preocupa: reduzimos substancialmente a quantidade de jogadores portugueses no nosso plantel. No ano passado tínhamos mais de metade (13 em 23) e neste ano se se confirmar as saídas do Nuno Assis (que seria um grande erro!) e do João Pereira teremos 1/3 (8 em 23). Não se trata de modo algum de chauvinismo, mas gosto que haja uma predominância de jogadores nacionais no plantel, porque eles sabem mais o que é que o Benfica representa do que alguém que vem de fora. Mantivemos a espinha dorsal da equipa, mas em relação à segunda linha a identificação dos jogadores com o nosso clube é muito pouca. Para além disso, não sei até que ponto aceitarão de bom grado que só podem jogar 11. E aqui o trabalho do treinador e da restante estrutura dirigente vai ser muito importante. O Bruno Aguiar e o Carlitos não tinham categoria para serem titulares do Benfica, mas não levantavam ondas por ficarem de fora, o que não estou certo que aconteça (pelo menos a longo prazo) com o Karagounis ou o Robert.


Com este retoque do plantel, deixou de haver margem de manobra para não conquistarmos algo mais esta época para além da Supertaça. Espero bem que as nossas esperanças de adeptos não saiam defraudadas.

3 comentários:

GR1904 disse...

Em relação à questão dos portugueses no plantel é bom relembrar que foi preciso uma AG para que jogadores estrangeiros pudessem fazer parte do Benfica.

tma disse...

S.L.B., partilho da tua preocupação e satisfação.
De facto, acho que este plantel é até mais completo que o de 93/94. Melhor, só o de 92/93, quando mais para o meio do campeonato começou a "engrenar" e sobretudo, quando o Futre a ele se juntou (embora de forma quase efémera...).
Quanto à preocupação, sinceramente, sou favorável à inclusão de jogadores estrangeiros na equipa, sobretudo se forem de qualidade, pois é uma forma de o Benfica ser falado noutros países e assim, contribuir para a sua dimensão internacional (e por outro lado, "importar" experiência de outros campeonatos). Mas obviamente, e como bem referiste, é mais fácil um jogador português sentir a "mística" benfiquista do que um estrangeiro, não podendo a preferência por jogadores portugueses de forma alguma ser confundida com chauvinismo. Até porque muitas vezes a identificação com as cores do clube tem mais peso que a qualidade potencial de um jogador... Por outro lado, a esmagadora maioria de estrangeiros são brasileiros, com a vantagem de serem os que mais facilmente se adaptam a Portugal (pela língua em comum e pela própria maneira de ser dos brasileiros), mas por outro lado, corre-se o risco da chamada "escola de samba"...

Já agora, e pegando no que disse o gr1904 (acrescentando que o primeiro estrangeiro foi o brasileiro Jorge Gomes, seguindo-se outro brasileiro - o César, que "deu" ao Benfica a taça de 79/80, frente ao Fócúlporto) -, o Filipovic, o Stromberg e o Manniche (que eu me lembre...), e visto que um dos meus presentes de Natal foi o Almanaque do Benfica :-), uma das coisas que me apercebi na leitura do mesmo é que o Benfica foi, pelo menos na região de Lisboa, o primeiro clube de sucesso 100% constituido por jogadores e dirigentes portugueses (já que na altura creio que os clubes eram essencialmente "dominados" pelos britânicos). Essa terá sido seguramente uma das razões (para além das origens do clube - um clube do povo) para a popularidade que o Benfica foi gradualmente conquistando, tornando-se no maior clube português.
De referir que, curiosamente, os treinadores do Benfica foram na sua grande maioria estrangeiros (a forma encontrada pelas sucessivas direcções de trazer experiência de outras realidades para o clube).

Claro que hoje os tempos são outros (que eu saiba, só o Athletic Bilbao, que nunca contou no seu plantel com outros jogadores que não bascos - embora o mesmo não se aplique aos treinadores), o futebol é um negócio, a contratação de jogadores obedece a uma lógica de mercado, pelo que me parece impensável não contratar estrangeiros, mas espero que com a entrada em actividade do centro de estágios, o Benfica recupere a capacidade para formar e integrar jovens talentos portugueses no plantel, de modo a compensar as insuficiências no mercado de jogadores portugueses e a garantir uma "quota" maioritária de jogadores portugueses (de qualidade), que sintam o Benfica como dificilmente um estrangeiro sentirá...

MB disse...

Subscrevo totalmente o post (como habitualmente...que tédio).