sexta-feira, fevereiro 28, 2020
Desilusão
Empatámos na Luz frente ao Shakhtar Donetsk (3-3) e fomos
eliminados nos dezasseis-avos de final da Liga Europa. Foi um tremendo revés, dado
que tínhamos a esperança de poder chegar pelo menos aos quartos-de-final tal
como na temporada passada. Foi-nos prometido um Benfica Europeu e ficámos muito
aquém disso, portanto este falhanço deverá servir para tirar ilações para o
futuro.
Relativamente a Barcelos, o Bruno Lage fez entrar o Dyego
Sousa e o Chiquinho, saindo o Carlos Vinícius (tocado) e o Samaris. Entrámos
muito bem e logo aos 9’ num remate rasteiro muito colocado do Pizzi. Ficámos em
vantagem na eliminatória, mas não por muito tempo. O Shakhtar igualou aos 12’
num autogolo do Rúben Dias depois de uma desmarcação na direita do ataque, que
apanhou a nossa defesa em contrapé, e um cruzamento para área em que o Ferro e
o Rúben Dias tentaram evitar que a bola chegasse ao avançado, mas este último
acabou por inadvertidamente colocá-la na nossa baliza. Pouco depois, as coisas
poder-se-iam ter complicado muito, mas o Vlachodimos desviou para o poste um
remate já com pouco ângulo do Ismaily. Aos 36’, igualámos a eliminatória, ao
fazer o 2-1 através de uma óptima cabeçada do Rúben Dias depois de um canto do Pizzi
na direita. Até ao intervalo, o Dyego Sousa poder-se-ia ter estreado a marcar
por nós, mas o remate rasteiro foi defendido pelo Pyatov.
A 2ª parte não poderia ter começado melhor: fizemos o 3-1
logo aos 47’ através do Rafa, depois de um disparate tremendo de um defesa
ucraniano, que colocou a bola nos pés do Dyego Sousa, que assistiu o nº 27. À semelhança
da primeira parte, nem tivemos para saborear a vantagem, dado que o Shakhtar empatou
logo dois minutos depois através de uma forte cabeçada do Stepanenko na sequência
de um canto. Este golo abanou-nos, como seria expectável e o Bruno Lage fez
entrar o Seferovic a pouco mais de 20’ do fim saindo o Chiquinho. O suíço teve
uma óptima ocasião para marcar de cabeça depois de um livre do Pizzi, mas a
bola saiu ao lado. Aos 71’, a eliminatória praticamente acabou com o 3-3 do Alan
Patrick no enésimo contra-ataque rápido dos ucranianos (aquilo que nós nunca
fizemos no jogo da 1ª mão, em que saímos sempre muito devagarinho para o
ataque). Até final, ainda entraram o C. Vinícius e o Jota, mas já nada
conseguiram fazer para mudar a eliminatória. Ao menos que tivéssemos ganho o
jogo, mas nem isso lográmos fazer.
Em termos individuais, o Taarabt foi o que apresentou
rendimento mais constante e o Vlachodimos salvou-nos da derrota por duas ou três
vezes. O Pizzi também não esteve mal, com um golo e uma assistência. Quanto ao
Rafa acabou por ter um rendimento em crescendo, principalmente na 2ª parte, com
o golo e, perto do final, em que fez um par de sprints perigosos. Todavia (e já não é deste jogo) o último passe não
lhe está a sair nada bem. Quanto ao Seferovic, não se percebe a insistência do
Lage em fazê-lo entrar logo em primeiro lugar. É que há uma série de jogos que
não acrescenta nada à equipa.
À semelhança das demais equipas portuguesas, fomos
eliminados numa altura muito precoce (parece que há 21 anos que não ficávamos todos
de fora tão cedo). No entanto, temos de ter consciência do seguinte: a nossa
história só é grande pelo que fizemos em termos europeus, portanto não podemos
de todo relegar para segundo plano este aspecto. Sejamos honestos: fora do próprio
país, ninguém liga nenhuma a algum campeonato tirando os principais
(Inglaterra, Alemanha, Espanha e Itália). Quem é que vê regularmente o campeonato
belga, holandês ou russo? Claro que o tetra foi histórico e quantos mais
campeonatos ganharmos melhor, obviamente. Não troco as idas ao Marquês por
nada. Mas a dimensão europeia não pode ser descurada, como tem sido nos últimos
anos, sob pena de ficarmos restringidos ao nosso pequeno quintal. E de assim não
honrarmos a nossa história.
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