sexta-feira, abril 12, 2019
João Félix
Vencemos o Eintracht Frankfurt por 4-2 na 1ª mão dos
quartos-de-final da Liga Europa. Se me propusessem este resultado antes do jogo,
assiná-lo-ia de cruz. Mas com as condicionantes da partida, nomeadamente o
facto de termos ficado a jogar contra dez aos 20’ e termos sofrido dois golos
em superioridade numérica, o resultado acaba por ser curto e iremos ter muitas
dificuldades na Alemanha na próxima semana.
O Bruno Lage rodou a equipa, como tem vindo a ser habitual
na Liga Europa. Confesso que estranhei tantas mudanças (não só entraram o Corchia,
Jardel, Fejsa, Cervi e Gedson, como jogámos em 4-3-3 com o João Félix a
ponta-de-lança e não no habitual 4-4-2), mas como costuma dizer-se “o treinador
é que sabe” e o Bruno Lage já provou que sabe mesmo. Mesmo assim, os primeiros
20’ foram muito complicados e, enquanto houve igualdade numérica, a superioridade
dos alemães foi clara, a justificar o facto de estarem em 4º lugar na
Bundesliga. A pressão deles a meio-campo era enorme e nós tínhamos grandes
dificuldades para sair a jogar. Uma enorme asneira do Jardel permitiu que o
Jovic se isolasse, mas felizmente o Grimaldo foi rápido na dobra. Jovic esse
que viu o primeiro amarelo do jogo logo aos 4’ por agarrar o Rafa num
contra-ataque nosso. (Se fosse no campeonato português, o árbitro teria
aconselhado calma porque estávamos no início do jogo. Diferenças...) Depois de mais
um par de remates à nossa baliza, aos 20’surgiu o lance que mudou o jogo: fabulosa
abertura do João Félix a isolar o Gedson, que foi claramente empurrado pelas
costas dentro da área, quando se preparava para rematar. Penalty claro e expulsão
do Ndicka. Sem Jonas, nem Pizzi, nem Salvio na equipa, estava curioso para ver quem
marcava o penalty. Foi o João Félix, que não acusou a responsabilidade e
rematou muito colocado para o lado esquerdo da baliza, tornando infrutífera a
estirada do Trapp (claro está que, pessimista como sou, quando vi que era ele a
marcar lembrei-me logo do penalty que falhou na pré-temporada frente à Juventus...
Felizmente não o repetiu!). Esperava que, em vantagem no marcador e em termos
numéricos, pudéssemos construir um resultado confortável para a 2ª mão, mas os
alemães deram logo mostras de que conseguiam equilibrar o jogo mesmo com dez. Naturalmente
que não fizeram a pressão do início, mas foi a suficiente para aproveitarem um
enorme erro do Fejsa aos 40’, que se deixou antecipar depois de receber um
passe do Corchia (que também esteve mal, porque movimentou-se em direcção aos
jogadores alemães, em vez de dar uma linha de passe ao sérvio) e proporcionou
um contra-ataque vitorioso concretizado pelo Jovic. Foi um balde de água fria,
bem escusado. No entanto, respondemos em grande três minutos depois num golão
do João Félix, que recebeu um passe do Cervi e rematou rasteiro de fora da área
ao canto inferior esquerdo da baliza. Antes do intervalo, o Cervi teve uma
dupla oportunidade, num remate que saiu à figura e noutro, na sequência desse
canto, muito por cima. Poderia e deveria ter feito melhor em ambos os casos.
Mesmo em cima do intervalo, os alemães tiveram um golo anulado por
fora-de-jogo, depois de um livre lateral em que eu não percebo como é que nós deixámos
um adversário rematar à vontade à entrada da área.
Reentrámos em grande na 2ª parte e tivemos 10’ ‘muita’
fortes (como diria o outro). O Rafa atirou ao poste numa boa jogada, mas o
lance foi invalidado por fora-de-jogo. Logo a seguir, aos 50’, fizemos o 3-1 na
sequência de um canto, com um desvio ao primeiro poste de cabeça do João Félix
e o Rúben Dias a mergulhar para colocar a bola na baliza. Os alemães abanaram e
aos 54’ o resultado avolumou-se para 4-1: boa jogada colectiva com a bola a passar
por vários jogadores, o Cervi abriu na esquerda no Grimaldo, este centrou e o
João Félix fez o seu primeiro hat-trick
com a gloriosa camisola, com um remate rasteiro de primeira que passou pelo meio
das pernas do Trapp. Aos 60’, o Bruno Lage tirou o Rafa para entrar o Seferovic
e aos 66’ tivemos o azar da lesão do Corchia, que fez com que o Gedson tivesse que
recuar para lateral, entrando o Pizzi. Perdemos um pouco de gás, mas mesmo
assim poderíamos ter feito mais um golo, com o Seferovic isolado brilhantemente
pelo João Félix a rematar rasteiro para grande defesa com o pé do guardião
contrário. Seria provavelmente o golpe de misericórdia na eliminatória, mas o
que aconteceu foi o inverso: aos 72’, num canto para os alemães, o entretanto
entrado Gonçalo Paciência reduziu para 4-2, com os nossos centrais a ficarem mal
na fotografia, dado que nem saltaram. A bola entrou em arco no poste oposto. Foi
outro balde de água fria, ainda mais escusado do que o primeiro. Abanámos com
este golo e foram os alemães que poderiam ter feito mais um, num remate por
cima do Kostic em boa posição. Ainda entrou o Zivkovic para o lugar do Samaris,
num sinal do Bruno Lage para o campo de que queria mais um golo, mas o resultado
não se alterou mais.
Em termos individuais, é impossível não destacar a noite de
sonho do João Félix: três golos, uma assistência (e outra para o penalty) e tem
a Europa a seus pés. Temo muito que tenhamos apenas mais sete (esperemos que dez)
jogos para usufruirmos dele com o manto sagrado. Vai ser muito difícil mantê-lo
apesar de, para a sua própria carreira, ser melhor que ficasse mais um (ou
dois) anos cá. Há ‘n’ casos de jogadores que saíram novos demais de Portugal e
não tiveram sucesso. Enfim, aguardemos para ver o que se irá passar. Outro que
fez um jogo fantástico foi o Samaris. Imprescindível no meio-campo, já mais que
justificou a renovação e tem o extra de ser uma das vozes mais importantes no
balneário. É para ficar! O Gedson também reapareceu em grande e foi o que mais
procurou entrar na defensiva contrária. Acabou a defesa-direito, onde não
comprometeu. Menos bem estiveram o Jardel e principalmente o Fejsa, que
denotaram clara falta de ritmo. O Corchia, que se acabou por lesionar, também
mostrou porque é que o André Almeida é um titular indiscutível. O Cervi
esforça-se imenso, ajuda muito o Grimaldo, mas as coisas já lhe correram
melhor.
Na próxima semana em Frankfurt, é imprescindível marcarmos
primeiro. Caso aconteça o contrário, iremos sofrer bastante, porque em
igualdade numérica os alemães revelaram um poderio considerável. Claro que o
foco principal é o campeonato, mas depois deste resultado seria frustrante não
chegarmos às meias-finais da Liga Europa.
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