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segunda-feira, abril 29, 2019

Estofo

Vencemos em Braga por 4-1 e demos um passo muito importante na desejada conquista do 37, porque o CRAC empatou no Rio Ave na 6ª feira (2-2), depois de estar a ganhar por 2-0 aos 84’, e ficámos assim com dois pontos de vantagem sobre eles. Foi um fim-de-semana absolutamente maravilhoso!

Com quase dois dias para absorver a benesse de Vila do Conde, todos nós estávamos em pulgas pelo jogo de domingo. Teoricamente seria o jogo mais complicado até final do campeonato e havia que nos mentalizarmos que, quando o jogo começasse, estávamos um ponto atrás do CRAC (e não dois à frente!). Com um Lexotan no bucho, porque eu não arrisco nos finais dos campeonatos, estava obviamente muito nervoso e a 1ª parte veio dar razão aos nossos temores. Fomos completamente manietados pelo Braga, que raramente nos deixou sair a jogar, o Samaris e o Florentino no meio-campo pareciam perdidos, a bola quase nunca chegou em condições aos dois da frente e, para piorar as coisas, sofremos o 0-1 aos 35’ num penalty marcado pelo Wilson Eduardo: duplo erro nosso, do Florentino que foi batido pelo Fransérgio e não o derrubou, deixando-o entrar na área, e do Rúben Dias, que fez a falta numa altura em que o jogador do Braga flectia para a direita e o Vlachodimos estava pronto para fazer a mancha. Apesar da pressão exercida sobre nós, as oportunidades de golo tinham-se equivalido até então, com o Rafa a falhar escandalosamente um centro para o Seferovic, que estava completamente isolado, logo aos 3’, e um remate rasteiro do André Almeida, que saiu perto do poste. Quanto a eles, um lance do Paulinho que rematou contra o Rúben Dias poderia ter criado grande perigo e uma cabeçada do Wilson Eduardo, que se antecipou ao Grimaldo, saiu muito por cima.

Ao intervalo, o panorama estava muito negro, porque não só estávamos a perder, como não tínhamos dado sinais na 1ª parte de conseguir inverter isso. Havia, no entanto, também a expectativa de saber se o Braga conseguiria manter o nível de pressão do primeiro tempo. Não conseguiu. Entrámos fortíssimos na 2ª parte e um remate do João Félix foi defendido pelo Tiago Sá para o poste logo no reinício e já depois de um livre do Grimaldo, ainda muito longe, ter também sido defendido para o lado pelo guarda-redes. O Braga mal saía do seu meio-campo e aos 59’ beneficiámos de um penalty por falta do Esgaio sobre o João Félix. Há por aí muita polémica, mas é para malta que tem problemas de visão (ou de verticalidade na coluna): vê-se bem numa repetição que o pé esquerdo do Félix é tocado pelo defesa do Braga que, aliás, nem protesta! Deve ter sido dos poucos penalties em Portugal em que um jogador não esboçou um único protesto! O Pizzi rematou rasteiro para o lado esquerdo do guarda-redes, que se atirou para o lado contrário. Ainda com a 1ª parte muito fresca na memória, por mim, o jogo poderia ter acabado logo ali. No entanto, ainda bem que os jogadores do Benfica tinham outras ideias. Aos 66’, o Sr. Tiago Martins marcou o terceiro penalty do jogo, segundo a nosso favor, por mão do Bruno Viana depois de uma boa combinação atacante entre o Pizzi e o João Félix. O passe é um pouco à queima, mas o jogador do Braga abre os braços. Já vi muitos penalties marcados por muito menos. Pareceu-me nas imagens que o João Félix foi perguntar ao Pizzi se ele queria marcar, o nº 21 disse que sim e ainda marcou melhor do que o primeiro: remate para o mesmo lado, mas para o canto superior da baliza que não daria hipóteses ao guarda-redes, mesmo que ele tivesse acertado no lado. Dávamos a volta ao jogo e três minutos depois, aos 69’, criámos uma distância de segurança com o 1-3 pelo Rúben Dias, a corresponder muito bem de cabeça a um belo canto do Pizzi. Foi a loucura no nosso banco e o meu grito também se deve ter ouvido em Braga. Escaldados com o que se passou na 6ª e também com o nosso jogo frente ao Belenenses, havia que ter muita concentração para não sofrer um golo que pudesse abrir novamente o jogo. E jogámos de forma muito inteligente, defendendo bem e tentando sempre o contra-ataque para colocar o Braga em sentido. O Abel Ferreira ainda colocou o Dyego Sousa em campo, que numa bicicleta criou perigo, mas a bola saiu à figura do Vlachodimos. Quanto a nós, tivemos mais do que uma ocasião para aumentar a vantagem, com o João Félix a proporcionar mais uma defesa ao Tiago Sá, com o Rafa na recarga de cabeça a atirar também na direcção do guarda-redes, mas conseguimo-lo aos 90’: o Rafa isolou o Seferovic, que permitiu uma defesa do guarda-redes com o pé, a bola sobrou para um jogador do Braga que ficou a dormir, o Rafa roubou-a e fez uma jogada à Maradona, passando por três adversários, e atirando a bola com o pé esquerdo para um dos cantos da baliza. Estava dada a machadada final e selada a nossa brilhante vitória.

Em termos individuais, óbvio destaque para o Pizzi com dois golos e mais uma assistência, para o Rafa que dinamitou a defesa contrária na 2ª parte e para o Ferro, que foi sempre imperial na nossa defesa. O João Félix não marcou, mas muito do nosso jogo passou por ele, e o Seferovic está numa fase em que falha muitos golos, mas o seu trabalho de desgastar a defesa contrária é insubstituível. Em geral, toda a equipa subiu muito na 2ª parte e a justeza da vitória é indiscutível.

Faltam três jogos e sete pontos. Nunca é demais relembrar que já estivemos numa situação ainda melhor que esta, em que também faltavam três jogos, dois dos quais em casa, tínhamos não dois, mas quatro pontos de vantagem e conseguimos perder esse campeonato. Portanto, toda a concentração é pouca, porque ainda não ganhámos nada.

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