segunda-feira, setembro 18, 2017
“Agora sem dentes”
Perdemos no
Bessa por 1-2 e, à 6ª jornada, estamos já a cinco pontos dos rivais, que
continuam a contabilizar só vitórias (a lagartada
2-0 em casa ao Tondela e o CRAC 2-1 em Vila do Conde). É impossível não sentir
aqui um cheirinho a 2010/11 e, curiosamente, por causa de motivos semelhantes.
Mas já lá vamos.
Pelo segundo
jogo consecutivo, estamos a ganhar e permitimos a reviravolta no marcador. O
que torna as coisas muito piores, porque mina a confiança da equipa nela
própria. Com o Lisandro indisponível, o Rui Vitória lançou o Rúben Dias, que
até deu boas indicações. O jogo não poderia ter começado melhor para nós, com
um centro teleguiado do Zivkovic aos 7’ para uma cabeçada do Jonas lá para
dentro. Fizemos uma 1ª parte bastante razoável, com umas quantas oportunidades
a remates do Jonas (mais do que um) e Zivkovic, mas ou o guarda-redes Vagner
defendia ou a bola saía não muito longe do poste. Poderíamos (e deveríamos) ter
dado a machadada final na partida, não o conseguimos e a história iria voltar a
repetir-se…
A 2ª parte
começou logo mal com mais uma lesão do Salvio. Não se percebeu muito bem em que
lance, presume-se que seja muscular, mas gastámos uma substituição bastante
cedo. O Cervi deve ter feito alguma coisa terrível, porque basta-lhe fazer um
jogo menos conseguido para descer dois ou três lugares nas opções e, por isso,
o Rui Vitória preferiu fazer entrar o corredor de 100m (Rafa) do que ele. Aos
55’, sofremos o golo do empate num lançamento lateral. Eu repito: num
lançamento lateral! Bola para a área, o Luisão corta de cabeça, o Jonas não
acerta bem na bola para fazer o alívio e ela fica à mercê do Renato Santos, que
atira cruzado. À semelhança do segundo golo que sofremos no Bessa na última
jornada da época passada, acho que o guarda-redes (neste caso, o Bruno Varela)
poderia ter chegado à bola. Tal como no jogo frente aos russos, não reagimos
nada bem ao golo sofrido. Ainda tivemos um remate do Jonas, que o Vagner
defendeu para canto, mas não conseguíamos criar as situações de perigo da 1ª
parte. E tudo piorou imenso aos 75’ num livre do Fábio Espinho ainda muito
longe da área, mas com o Varela a dar um frango
descomunal. Dos que não víamos desde os saudosos
tempos do Roberto. Até final, jogámos mais com o coração do que com a cabeça e
só num lance em que o Rafa poderia ter cabeceado e o Gabriel Barbosa
(entretanto entrado) rematou fraco é que demos a sensação de golo.
O que se viu
na 2ª parte apagou quase completamente o bom que se viu na 1ª, altura em que o
Zivkovic foi dos que criaram mais perigo e as combinações entre ele, o
Grimaldo, o Jonas e, por vezes, o Pizzi até foram surtindo efeito. Mas todos
caíram a pique no segundo tempo. Falando em cair a pique, o Seferovic passou
outra vez ao lado do jogo e o Filipe Augusto na posição seis continua sem
convencer. Já disse várias vezes que gosto bastante do André Almeida, espero que
faça a carreira toda no Benfica, mas precisamos de algo mais num titular na
lateral-direita. Quanto ao Varela, é considerado o réu deste jogo, mas é a vida
de um guarda-redes: nem tinha estado mal até agora, mas simplesmente não é
possível sofrer-se um golo daqueles. E é um rombo enorme na confiança que havia
nele (que já não era muito grande…).
No entanto,
acabo por ilibar os jogadores deste mau momento. Alguns não dão mais porque não
podem. Nem sabem. Não há milagres, já se sabe, e é muito irresponsável
começar-se uma época sem três titulares indiscutíveis na defesa e não os
substituir com alguma qualidade (nem digo semelhante, só alguma…). Tentámos
conquistar o penta com o espírito daquela anedota do “olha, para mim, a andar
de bicicleta sem mãos… agora sem pés…”. A probabilidade de ficarmos “sem
dentes” era óbvia. As lesões continuam a suceder-se (tal como no ano passado),
só que as opções de qualidade diminuíram. Junta-se a isso a má forma de
elementos fundamentais na equipa e estamos a dez pontos (no total) do 1º lugar
em meados de Setembro! A dez pontos! Ainda por cima, os outros já ganharam em
campos muito difíceis como Guimarães (a lagartada), Braga e Vila do Conde (o
CRAC). À semelhança de 2010/11, com a história do Roberto, a soberba vai
custar-nos muito caro. E estando em causa a conquista de um inédito penta e a
possibilidade de igualar um dos poucos recordes que não nos pertence, considero
isso imperdoável.
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