Para substituir os castigados Renato Sanches e Eliseu, o Rui Vitória optou sem surpresa pelo Talisca e Grimaldo. À semelhança de muitos jogos anteriores, iniciámo-lo um pouco a passo, os jogadores pareciam tensos (a ocasião também não era para menos) e todos tínhamos consciência de que marcar o primeiro golo o mais cedo possível era fundamental. No entanto, foi o Nacional o primeiro a criar perigo, mas felizmente o remate do Salvador Agra saiu muito torto. Pouco depois, num livre para nossa área, o Talisca falhou o cabeceamento e acabou por tocar a bola com a mão. Se o sr. Nuno Almeida tivesse marcado penalty, não seria um escândalo. O Nacional jogava com garra, ao contrário do Braga e já se estava à espera que a lagartada ganhasse fácil, o que não só acabou por acontecer, como foram eles a marcar primeiro. Mas felizmente nem deve ter dado tempo para os nossos jogadores se aperceberem, porque o Gaitán inaugurou o marcador pouco depois aos 23’, numa boa tabelinha do Mitroglou que isolou o Pizzi, o Gottardi saiu-lhe aos pés e a bola sobrou para o argentino, que atirou de ângulo difícil para o estádio explodir de alegria. Já festejei muitos golos na Luz, mas neste o estádio reagiu de maneira diferente: foi como se tivesse soltado a pressão da panela. O barulho que se ouviu fez-me lembrar o do primeiro golo do Rui Águas frente ao Steaua e o do Vata frente ao Marselha. O mais complicado estava feito, mas era importante chegarmos ao intervalo com margem de manobra. Ela poderia ter chegado a seguir à meia-hora, mas o Jonas atirou ao lado depois de uma assistência de calcanhar em voo(!) do Grimaldo. Poderia ter feito melhor o génio brasileiro, mas aos 39’ numa fantástica abertura do Gaitán, o mesmo Jonas ficou isolado, o Gottardi saiu-lhe aos pés, mas a bola tabelou novamente no Jonas e entrou na baliza. Foi de novo a loucura, incluindo a do Jonas que tirou a camisola e viu o amarelo (não deve haver regra mais estúpida do futebol...).
Quando me perguntavam por este jogo, a minha resposta era sempre a mesma: se estivéssemos a ganhar por 3-0 aos 85’, eu começava a achar que poderíamos ser campeões. E que a marcha do marcador que queria era dois golos na 1ª parte e outro a abrir a segunda. E ele poderia ter surgido pelo Mitroglou, que atirou por cima logo aos 46’ depois de uma boa jogada do Jonas. Já se sabe que o 2-0 é uma boa vantagem, desde que o adversário não marque, porque isso voltaria inevitavelmente a tornar o jogo aberto. O Samaris entrou logo aos 53’, ainda pensei que fosse para o lugar do Talisca, que já tinha amarelo, mas foi para substituir o Fejsa, que tinha ficado com um corte no sobrolho no lance de que resultou o nosso segundo golo. Até que aos 65’, veio o tão desejado terceiro golo, noutra boa jogada do Jonas, que assistiu o Mitroglou que conseguiu atirar à barra quando estava na pequena-área e com a baliza escancarada(!), mas felizmente o Gaitán estava atento e de cabeça no ressalto atirou lá para dentro. O estádio começou logo a cantar “campeões”, mas o Rui Vitória, e muito bem, tentou refrear os ânimos da equipa, até porque logo a seguir o Pizzi perdeu uma bola a meio-campo que deu origem a um contra-ataque perigoso. Era fundamental a equipa não perder a concentração. O Jiménez entrou para o lugar do Mitroglou, mas o estádio pedia o Paulo Lopes e o Rui Vitória, e novamente muito bem, fez-lhe a vontade a cerca de 10’ do fim. O Nacional já não conseguia ligar bem o jogo, a pressão e o barulho do estádio era ensurdecedora, e aos 84’, em nova assistência do Jonas, o Pizzi fuzilou o Gottardi. A partir daqui, relaxei e tive a certeza que seríamos tricampeões! J Mas como não há bela sem senão, voltámos a sofrer um golo nos descontos, pelo Agra, que nos tirou a possibilidade de sermos igualmente a melhor defesa do campeonato (22 contra 21 da lagartada). Resta-nos contentarmo-nos com termos o melhor ataque (uns incríveis 88 golos, média de 2,6/jogo, a nove de distância do segundo classificado), o melhor marcador (Jonas, com 32 golos) e a maior pontuação de sempre num campeonato! Coisa pouca, portanto...
Em termos individuais, e depois de uma época em que não esteve a 100% por causa das malfadadas lesões, foi bom o mágico Gaitán ter contribuído com dois golos e uma assistência para o 35. Realce igualmente para o Jonas, pelo golo e duas assistências (além disso, gosto sempre bastante que ganhemos os melhores marcadores). O Grimaldo voltou a mostrar bons pormenores e qualidade técnica, mas não sei se o seu físico lhe permitirá ser uma opção constante para o futuro, porque bolas divididas inevitavelmente perde-as sempre. O resto da equipa esteve bem.
O balanço desta época merecerá um post próprio depois dela acabar, mas este foi dos títulos mais sofridos de que me lembro. Foi inevitável caírem as lágrimas a rodos quando o árbitro apitou para o final, porque foi o libertar de muita tensão acumulada (estes últimos jogos tiraram-me anos de vida...). Com o que se passou no início da época, nunca acreditei que isto fosse possível. FELIZMENTE que me enganei redondamente!
TRICAMPEÕES, TRICAMPEÕES, NÓS SOMOS TRICAMPEÕES!
VIVA O BENFICA!
1 comentário:
ao contrário do Sérgio, nunca acreditei minimamente que o Benfica perderia a veia vitoriosa por causa da saída do 'Cérebro'. Só estava bastante perturbado com a escolha para o substituir. Não mete a equipa a jogar bem mas uniu a equipa como ninguém e foi isso que nos levou ao TRI. e estes últimos jogos também me tiraram anos de vida, principalmente por os ver enquanto trabalho num bar afecto ao Sporting. agora é levarmos a Taça da Liga!
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