terça-feira, abril 19, 2016
Gelar
Vencemos o V. Setúbal por 2-1 e mantivemos a distância para a lagartada que tinha ganho (1-0) em
Moreira de Cónegos, com um golo do Slimani um metro fora-de-jogo. Os jogos
seguintes a eliminatórias europeias costumam ser sempre complicados, mas eu esperava
que este, com cinco dias de intervalo e o tridente ofensivo de volta, não o
fosse. Mal sabia eu…
Entrada pior só com um golo directo do meio-campo! Sofremos o 0-1 aos 14
segundos de jogo pelo André Claro! Repito: 14 segundos!!! Não é que o Braga não
tivesse já prometido com a bola ao poste, mas tivemos novamente uma desconcentração
inacreditável da nossa equipa. Com o Nelson Semedo no lugar do André Almeida
(possivelmente poupado para Vida do Conde por causa dos amarelos) e os já
referidos Gaitán, Jonas e Mitroglou de volta, embalámos para os melhores 25’ da
temporada. A pressão sobre o V. Setúbal foi sufocante e as coisas começaram
logo a cheirar-me mal, quando o guarda-redes Ricardo, emprestado pelo CRAC,
começou a fazer grandes defesas. Era inevitável lembrar-me de uma reedição disto. Jonas, Mitroglou (por
duas vezes) e Jardel ou permitiam que ele brilhasse, ou falhavam o último
desvio. No meio deste vendaval, os sadinos tiveram outra grande oportunidade,
mas o cabeceamento em balão do André Claro saiu felizmente ao lado do poste.
Aos 19’, chegávamos finalmente ao empate pelo inevitável Jonas após um
cruzamento do Eliseu desviado de cabeça pelo Gaitán. Aos 24’, demos a volta ao
marcador num canto bem apontado pelo génio argentino com cabeçada brilhante do
Jardel. Até ao intervalo, a partida baixou inevitavelmente de ritmo e mesmo
antes da saída para os balneários o Pizzi falhou isolado o golo da
tranquilidade ao levantar demasiado a bola num chapéu sobre o guarda-redes, que deu tempo a um defesa de ir lá
cortar de cabeça. À semelhança de Coimbra, o Pizzi voltou a falhar um golo
muito importante perto do intervalo. Mas isto não era nada perante o que se
passou depois…
A 2ª parte é muito rápida de contar: demos o estoiro fisicamente e só
tivemos um lance de perigo numa cabeçada do Fejsa que o Ricardo defendeu para
canto. Do outro lado, os 200 mil euros que se diz que a lagartada ofereceu aos jogadores vitorianos pareciam estar a sortir
efeito, porque passámos por alguns calafrios, com o Arnold na frente a dar
muito trabalho ao Jardel, o Ederson a fazer uma mancha sobre o Ruça e um par de cortes providenciais do Lindelof a
cruzamentos muito perigosos. As nossas substituições não resultaram e a equipa
não conseguia controlar a jogo. Nos últimos 10’, embalados pelo público, lá
jogámos mais no meio-campo adversário, mas falta-nos alguma ratice para, por
exemplo, marcar os cantos curtos e ficar com a bola na bandeirola de canto
quando já estamos em tempo de compensação. Até que chegámos ao minuto 92’, que
tão fatídico foi num passado recente. Há lances que marcam os jogos e os
jogadores para todo o sempre: irei viver menos cinco anos por o Nuno Gomes (jogador
que eu adorava) ter resolvido simular um penalty em vez de fazer o 2-2 em
Trondheim, lançando-nos para uma 2ª parte em que o Moreira se tornou um herói;
penso muitas vezes no que teria acontecido se esta bola do Simão tem entrado; iríamos
provavelmente à final se o Nuno Gomes não tem tirado este golo certo ao Simão;
para mim, mais do que o Roderick, foi o desequilibrado mental do Carlos Martins
que nos impediu de estar agora a lutar por um inédito tetra. Tudo isto para
dizer, que a um minuto do final da compensação, o Pizzi resolveu poupar uma
fortuna ao SNS a fazer check-ups ao
coração de seis milhões de pessoas… Do meio-campo(!), resolveu atrasar uma bola
para o Ederson, que saiu curta demais e isolou o Arnold…! Foi a primeira vez
num jogo que, num lance de iminente golo, eu virei a cara para o lado por
décimos de segundos. O mundo parou e eu gelei! Já sei o que se sente quando se
vê a vida toda a passar-nos perante os olhos em fracções de segundo. Por
aqueles breves momentos, eu vi o 35 a ir ao ar e o Pizzi a tornar-se, como me
disseram no final, o novo Carlos Martins. Aquela corrida do Arnold pareceu
demorar uma eternidade e o mundo estava em suspenso… Felizmente, o avançado
adiantou ligeiramente a bola a tentar dominá-la e o Ederson, rapidíssimo,
conseguiu cortá-la com os pés, com a recarga do André Claro a sair ao lado, mas
sendo a trajectória da bola controlada pelo Lindelof. No mínimo, no MÍNIMO, o
Pizzi deveria oferecer metade do seu ordenado ao Ederson por o ter livrado de
ter toda uma carreira marcada por este lance. E marcar o golo do tri. E do
tetra. E do penta. Aí estará desculpado por ter dado um passo em frente quando
estávamos à beira do abismo…
Em termos individuais, é difícil destacar alguém, quando toda a equipa
esteve brilhante nos primeiros 25’ (menos os 14 segundos iniciais) e tão
sofrível no resto do tempo. Menção para o 31º golo do Jonas, que voltou a ter
sete golos de vantagem para o Slimani nos melhores marcadores, e para o
excelente cabeceamento do Jardel. E, claro, uma grande palavra para o Ederson,
cuja defesa, caso sejamos tricampeões, entrará directa para a nossa história.
Ao invés, o Nelson Semedo terá feito uma das piores exibições da sua carreira.
Jogámos indiscutivelmente com menos um.
À semelhança de Coimbra, uma hora depois de o jogo ter acabado, eu ainda
estava com o coração ao pé da boca. Isto já vai ser difícil e sofrido o
suficiente até ao fim, não é preciso que os jogadores do Benfica façam
assistência de golo para os adversários…! Acho que só daqui a dois dias é que
cairei em mim. Mas aí já estarei em sofrimento por causa de Vila do Conde.
Aliás, já estou agora…!
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1 comentário:
Vi o jogo em casa e segundo me conta a Luísa (eu nem me lembro bem, tal era o choque) terei enriquecido o léxico vernáculo português com novas e imaginativas expressões depois do lance do pizzi
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