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sexta-feira, abril 06, 2007

Menos mau

Quando aos 58’ o Espanyol fez o 3-0, temi que fôssemos corridos da Uefa sem honra nem glória. A nossa exibição estava a ser má demais e a derrota era humilhante. Felizmente marcámos dois golos em dois minutos e recolocámo-nos em posição de discutir outra vez a eliminatória. Mas o jogo de hoje deve constituir um sério aviso à equipa, porque voltarmos às “chapas 3” do início da época é inadmissível nesta altura. Contra uma equipa mais poderosa estaríamos eliminados de certeza.

Em relação à equipa que alinhou frente ao clube regional, o Fernando Santos colocou o João Coimbra (e ainda bem, porque o Rui Costa não está com ritmo para os 90’ e era preferível que ele estivesse em campo na parte final do jogo do que no seu início) em vez do Katsouranis, que estava castigado, e o Derlei entrou para o lugar do Miccoli, quando toda a imprensa dava como certa a saída do Nuno Gomes. No entanto, o que mais me surpreendeu foi a mudança táctica, com o abandono do losango e a adopção do 4-3-3 com o Simão e Derlei junto às linhas. Curiosamente (ou talvez não...), a equipa baralhou-se completamente neste sistema e fez uma 1ª parte de fugir. Não conseguíamos ligar o jogo, o Nuno Gomes estava perdido na frente e, pior do que tudo, dávamos espaço ao Espanyol para manobrar à vontade e acercar-se da nossa área (ao contrário do que fizemos frente ao clube regional, em que apesar da também má 1ª parte, não os deixámos criar grande perigo). E os golos ridículos começaram a aparecer (hoje foram logo os três!). Aos 15’ uma grande falha do Daviz Luiz permitiu ao Tamudo isolar-se e bater o Quim que, apesar de o remate ter sido feito à queima-roupa, me pareceu que se encolheu para defender, em vez de ficar com os braços mais levantados. Pouco depois da meia-hora surgiu o segundo golo, com (desta vez sem dúvidas) grandes culpas do Quim, que hesitou e não agarrou a bola num cruzamento, e do Nélson que cabeceia a bola, que provavelmente iria para fora, para dentro da baliza. Era o desnorte completo e tanto assim foi que o Fernando Santos teve que fazer entrar o maestro ainda na 1ª parte. Até ao intervalo tivemos duas boas ocasiões para marcar, mas o guarda-redes defendeu muito bem o remate de cabeça do Simão e um desvio subtil do Nuno Gomes.

Na 2ª parte entrámos melhorzinho, todavia sem a intensidade do jogo do passado domingo. Mantínhamos o mesmo sistema de 4-3-3 e continuávamos a ter dificuldades em chegar à grande-área deles. Além disso, estávamos a jogar com 10, porque o Derlei simplesmente não estava em campo. O Espanyol não tinha o ritmo da 1ª parte (que já não era muito elevado), mas mesmo assim deu para o 3º golo aparecer aos 58’, em mais um lance que deveria ir para os “apanhados”. O Nélson dá uns bons cinco metros (!) ao extremo contrário, que assim pode centrar à vontade, e o Anderson (para não variar) deixa-se antecipar pelo Pandiani. Entretanto, o Miccoli já tinha entrado dois minutos antes e FINALMENTE voltámos a jogar no 4-4-2 em losango, para o qual estamos mais que rotinados nesta altura da época. Pareceu que tinha voltado a ser dia em Montjuïc. Voltámos a jogar um futebol com nexo e aos 63’ reduzimos através do Nuno Gomes, depois de um óptimo passe em profundidade do David Luiz a isolar o Miccoli que não foi egoísta e, com o guarda-redes pela frente, passou para o lado onde o 21 isolado só teve que empurrar. Deixámos de estar numa posição calamitosa, mas a diferença de dois golos ainda era grande. Felizmente, dois minutos depois essa diferença passou a ser só de um, quando o Simão numa boa jogada individual pelo lado esquerdo furou no meio de dois e rematou em arco, com a bola ainda a tabelar num defesa e a desviar-se do guarda-redes. A partir daqui tirámos um pouco o pé do acelerador, mas mesmo assim tivemos três oportunidades para o empate, com remates do Rui Costa, Miccoli (por cima e ao lado, respectivamente, sendo o do italiano quase indesculpável) e do Karagounis para outra boa defesa do guarda-redes. Na parte final, foram eles a criar perigo, com dois remates para duas boas defesas do Quim, especialmente um já depois dos 90’ em que uma bola mal perdida pelo Simão no meio-campo nos ia saindo muito cara, já que o adversário acabou por se isolar.

É difícil destacar alguém individualmente, porque toda a equipa teve culpas nos péssimos primeiros 60’ que fizemos. No entanto, um dos melhores acabou por ser o Petit que, especialmente na 2ª parte, cortou imensos espaços aos centro-campistas adversários. O Simão melhorou bastante quando passou para o meio e o Rui Costa foi muito importante nessa melhoria, já que passou a ter ele a responsabilidade de organizar o nosso jogo e já se sabe que a bola fica logo mais redonda. O Nuno Gomes acabou por não fazer um mau jogo, porque criou uma boa oportunidade na 1ª parte e teve acção directa nos dois golos. O Karagounis também subiu imenso na 2ª parte, como vem sendo hábito nele, e o Miccoli foi bastante importante porque mexeu com o nosso ataque, embora qualquer um tivesse feito melhor que o Derlei que foi de longe o nosso pior jogador (reconhecia-lhe alguma capacidade técnica, mas o homem mais do que uma vez precisou de 5m para dominar a bola...). A defesa esteve bastante mal, sendo o David Luiz o melhorzinho, apesar da falha do 1º golo. O Léo, apesar de não ter culpas directas nos golos, não me parece bem fisicamente e talvez fosse de considerar a hipótese de colocar o Miguelito frente ao Beira-Mar. O Nélson está ligado a dois golos sofridos e o Anderson continua de uma insegurança atroz.

Uma derrota é sempre um mau resultado (até porque não marcámos pontos para o nosso ranking), mas com este resultado é nossa obrigação marcar presença na 12ª meia-final de uma competição europeia. Espero que o Luisão já esteja apto e que o estádio esteja cheio. E dentro do possível talvez fosse boa ideia dar descanso a um ou dois jogadores frente ao Beira-Mar.


P.S. – Como é possível não se marcar um penalty daqueles sobre o Simão? O resultado ainda estava 3-0 e o árbitro estava muitíssimo bem colocado. Já não falo de um lance na 1ª parte em que também me pareceu mão de um jogador do Espanyol depois de um cabeceamento do Nuno Gomes, nem das inúmeras faltas que não eram assinaladas contra nós, mas é impossível não se ver um penalty daqueles. Será que o Sr. Eric Braamhaar se confundiu com aquelas camisolas e achou que estava a arbitrar um jogo de uma certa equipa do campeonato português?

6 comentários:

Anónimo disse...

Está tudo dito, e bem dito.
Queria só aproveitar para dizer três coisas sobre o Rui Costa:

1 - A recuperar de lesão ou não, agora ou daqui a um mês: o Rui tem 35 anos, e se O queremos a jogar tudo o que pode, não compensa metê-Lo em campo os 90 minutos. Mais vale 45mn a 100% do que 90mn a ter de Se poupar.

2 - Se realmente a melhor opção é Ele jogar só 45mn, também concordo que esses devem ser os segundos 45mn. E isto porque entra fresco quando todos os outros já têm metade do jogo nas pernas, e porque isso Lhe permite estar a primeira parte no banco a perceber o jogo, a pensar no que está mal e como pode ser corrigido. É um privilégio ter um jogador inteligente e experiente como Ele no banco, que consiga fazer essa leitura, e que depois possa (ao contrário do treinador) ir lá para dentro pôr em prática essas ideias.

3 - O Grande Rui Costa tem uma classe que nunca mais acaba. Como qualquer um de nós não é perfeito, e vamos vê-Lo fazer (poucas) coisas menos boas, mas não é tão bom vê-Lo a espalhar magia com a camisola do Glorioso depois de tantos anos a suspirar por Ele??

Anónimo disse...

nao coloco nenhuma reserva oa onze escalado. o unico problema foi o esquema de 433. com o derlei na direita.

o derlei pode nao ser um miccoli, mas esforça-se. se jogar como avançado e o simao no meio, a equipa rende doutra forma.

o losango ja devia ter sido adoptado desde que o camacho saiu... o geovanni teria sido um belo avançado e nao um mediano medio/extremo direito...

Anónimo disse...

ha que pensar o plantel do proximo ano para o losango.

saidas, por venda, dispensa ou emprestimo:

moretto, marco ferreira, manu, paulo jorge, beto, pedro correia, derlei

jogadores interessantes para entrar:

ruben amorim, tiago gomes, vaz tê, regresso de fonte e bruno costa, um ponta de lança de creditos firmados... e manter luisao, simao e miccoli (ja estou a sonhar)

dezazucr disse...

é no mínimo curioso ver todos aqueles que tanto criticaram o losango agora defenderem-no :)

GR1904 disse...

Para que conste nao sou adepto do losango. De modo algum.

S.L.B. disse...

Eu critiquei o losango no início da época por causa dos PÉSSIMOS resultados. A equipa não estava habituada e não tínhamos os jogadores todos disponíveis (nomeadamente os que chegaram tarde por causa do Mundial). A partir do momento em que os resultados surgem, não faz sentido criticar a táctica. Não sei é se é uma táctica que dure para a época toda (pelo menos, com este plantel não dura de certeza). Neste momento, não temos jogadores suficientes para ela.