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quinta-feira, junho 09, 2005

A selecção e o Jeremy Irons

No início da década de 90, quando esteve em Portugal a rodar A Casa dos Espíritos, Jeremy Irons teve uma declaração curiosa sobre a diferença entre o cinema americano e o cinema europeu, cujo sentido nunca mais me esqueci. Disse ele qualquer coisa deste género: o cinema americano é como as prostitutas, como é visto por muita gente, temos que o compartilhar com todas as pessoas quer gostemos delas ou não; o cinema europeu é como a nossa mulher, como é muito menos visto, só o compartilhamos com quem gostamos. É exactamente este o exemplo que eu dou quando me perguntam sobre a diferença entre a selecção e o Benfica. A selecção temos que a partilhar com lagartos e adeptos do clube regional, o que é bastante estranho e até contranatura, porque habitualmente a tristeza deles equivale à nossa alegria; o Benfica só o compartilhamos com quem tem o coração da mesma cor e sensações de alegria ou tristeza iguais a nós. Portanto, é-me impossível sentir o mesmo em relação aos dois. Portugal ser Campeão do Mundo ou o Benfica ganhar a Liga dos Campeões? Se tivesse que escolher só uma hipótese, a resposta seria óbvia!

P.S. – Independentemente disto, fiquei contente pela vitória de hoje na Estónia, com um grande golo de cabeça do Cristiano Ronaldo na sequência de um excelente centro do Figo. Não jogámos muito, mas ganhámos que era o fundamental. Felizmente já lá vai o tempo das “vitórias morais”...

3 comentários:

Anónimo disse...

Tens razão o Benfica como é de muita gente temos de partilhar com toda a espécie gente, mesmo daquelas espécies que repugnamos.
O meu clube da terra, já não, partilho com os amigos e os vizinhos.
Muito mais saudável e apaixonante.

S.L.B. disse...

Pois, só que apesar de serem uma boa parte, nem todos os portugueses são do Benfica e as alegrias futebolísticas gosto mais de compartilhar com quem é do meu clube do que com adeptos de clubes rivais. E, por princípio, não há adepto nenhum do Benfica que me repugne, porque por muitos defeitos que tenha, essa virtude é imensa!

Pedro F. Ferreira disse...

Gosto que a selecção portuguesa ganhe. Sofro quando o GLORIOSO BENFICA não ganha. Esta também é uma grande diferença. Abraço.