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segunda-feira, novembro 22, 2004

Arriverdeci, Sr. Trapattoni!

Pois é, a paciência e o benefício da dúvida esgotaram-se de vez. Nunca fui a favor de mudanças de treinador a meio da época, não só por não ser uma tradição centenária do Benfica, como por geralmente não haver benefícios directos disso. O novo treinador demora sempre algum tempo a conhecer os jogadores, e a equipa, e raramente se conseguem cumprir os objectivos imediatos. Mas neste caso é diferente. Ok, se o Florentino Pérez não tivesse despedido o Del Bosque depois de ser campeão, provavelmente teria ganho o campeonato no ano passado e, mais importante ainda, o Camacho ainda seria treinador do Glorioso. O resto da história é conhecida, mas o que é facto é que agora o Camacho é um treinador livre outra vez. E do ano passado para este ano, na equipa principal só saiu o Tiago, ou seja, o Camacho conhece muito bem o Benfica e a grande maioria dos seus jogadores, e consequentemente não haveria o tal período de adaptação. Então, DO QUE É QUE ESTAMOS À ESPERA?!

Não é preciso ser bruxo para ver que com o Sr. Trapattoni será muito difícil nós ganharmos algo este ano. Contra o Anderlecht fiquei bastante preocupado, contra o Estugarda mais preocupado ainda, contra o clube regional (apesar da Benquerença ajuda) a 1ª parte foi miserável, contra o último classificado perdemos uma oportunidade rara para nos distanciarmos do clube regional e hoje foi a gota-de-água. Depois da perda de pontos dos adversários, ou ganhávamos hoje ou mostrávamos que não tínhamos estofo de campeões. E o que é que mostrámos? Uma 1ª parte fabulosa, mas esquecemo-nos de entrar em campo depois do intervalo. E é aqui que deveria ter entrado a mão do treinador, caso tivéssemos um. Algumas perguntas que gostaria muito de ver respondidas:

- Depois de ter saído o Karadas, numa clara demonstração de receio do adversário e sinal inequívoco para a equipa recuar, e não haver mais nenhum avançado no banco para se juntar ao Sokota, porque é que não acabámos o jogo com o Luisão ou Argel a ponta-de-lança (lembram-se do jogo da Taça contra o Nacional no ano passado?) para o chuveirinho final? Ah, é verdade, se calhar eram precisos cá atrás, não fosse o Rio Ave marcar outro golo...
- Como é que o Miguel faz os 90 minutos depois de vir de uma lesão e em evidente dificuldades físicas? Não estaria o João Pereira no banco?!
- Como é que, tendo o meio-campo (Petit, Manuel Fernandes e Geovanni) dado o berro na 2ª parte, não entra ninguém para equilibrar as coisas? O plantel é curto, mas também o era no ano passado e raramente não fazíamos as três substituições.
- Como é que é possível só fazermos uma substituição num jogo em que sofremos o empate a 10 minutos do fim? O Zahovic nem para 10 minutos dá?

O que é trágico é que não criámos um único lance de perigo a seguir ao empate. Pior ainda, só criámos um lance de perigo (pelo Luisão) na 2ª parte inteira! Os golos do Rio Ave não foram fortuitos, todos perceberam que eles poderiam acontecer a qualquer momento. Menos o nosso treinador... Ou se se apercebeu disso, nada fez para os contrariar. E depois, no fim, vieram as declarações do costume, "a Superliga é longa, nada está perdido, blá, blá, blá". Curiosamente, hoje não disse que foi bom, porque sempre é um ponto e poderíamos ter perdido (e é verdade, a haver um vencedor temos que reconhecer que era justo que fosse o Rio Ave). Não me venham com a história que o Sr. Trapattoni ganhou muitos títulos na carreira. Também o Pélé e o Eusébio, mas não é por isso que ainda jogam hoje. Há um tempo para tudo e o tempo do Sr. Trapattoni infelizmente esgotou-se. Não é por acaso que em Itália já não pode treinar por causa da idade. Como disse num post anterior gostaria imenso de engolir estas palavras no final do ano, mas como referiu hoje o Sokota "muito dificilmente vamos ganhar o campeonato se jogarmos assim". Eu acrescentaria: "muito dificilmente vamos ganhar qualquer coisa com este treinador". O discurso sempre cauteloso ("não podemos é perder") e atitude sempre defensiva (será que ainda não reparou que é preferível ganhar um jogo e perder outro do que ter dois empates?), os sucessivos desaires em jogos importantes, o desperdício de ocasiões de ouro para nos distanciarmos dos rivais, a falta de resposta no banco para diferentes situações de jogo só podem levar a uma conclusão: Arriverdeci, Sr. Trapattoni! Ainda vamos a tempo, se queremos ganhar algo este ano.

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