origem

quarta-feira, dezembro 27, 2023

Melhoria

Vencemos o AVS (4-1) na 3ª jornada da Taça da Liga na passada 5ª feira e apurámo-nos para a final four de uma competição em que, apesar de termos ganho sete troféus nas primeiras nove edições, já não vencemos há sete anos e só fomos a uma final nesse período.
 
Esta partida aconteceu há quase uma semana, mas trabalho, o pré-Natal e o pós-Natal só me permitiram escrever sobre ela agora. Já perdeu um pouco de actualidade, mas também só lê quem quer. Devo dizer que o AVS me espantou pela positiva, porque se apresentou desempoeirado na Luz e a tentar jogar o jogo pelo jogo. O facto de ter de ganhar por dois golos de diferença para se apurar para a fase seguinte também terá contribuído para isso, mas de qualquer maneira é sempre de saudar equipas que não apresentam o autocarrona Luz. O Roger Schmidt não facilitou e colocou a equipa titular, só com a entrada do Tiago Araújo para o lugar do Otamendi, que não irá jogar na próxima partida do campeonato por causa dos amarelos. Entrámos bem no jogo e o João Mário poderia ter marcado logo no primeiro minuto, mas o guarda-redes Pedro Tigueira defendeu bem o seu remate de primeira. Pouco depois, foi o Kökçü com um petardo a cerca de 30m da baliza que embateu com estrondo no poste. Seria um dos golos do ano! Mas foi o AVS a adiantar-se no marcador aos 21’ pelo John Mercado, também num excelente remate de fora da área, na sequência de uma perda de bola do João Neves no meio-campo. No entanto, o mesmo João Neves inventou a jogada do empate, com um excelente trabalho na esquerda, em que passou por três adversários, libertou para o Rafa, que assistiu o Di María na direita para o 1-1 aos 31’. Em cima do intervalo, aos 44’, foi a vez do João Mário passar-nos para a frente do marcador, com um desvio na pequena-área depois de uma assistência do Aursnes na direita.
 
No início da 2ª parte, foi o AVS o primeiro a meter a bola na baliza, mas o quarentão Nenê estava fora-de-jogo. Com três golos de vantagem, o jogo estava decidido e o Schmidt finamente aproveitou para fazer substituições ainda antes da hora de jogo. Colocou o Gonçalo Guedes, o Arthur Cabral e o Tiago Gouveia em campo nos lugares do João Mário, Tengstedt e Rafa. E foi do Tiago Gouveia o momento do jogo aos 65’ num golão de chapéu depois de uma abertura fabulosa do Kökçü. Se dúvidas houvesse de que ele merece mais tempo de jogo, espero que o Schmidt as tenha tirado de vez. Aos 68’ fechámos o marcador com o 4-1 num autogolo do Anthony Correia, que tirou o pão da boca ao Cabral, depois de uma assistência do Gonçalo Guedes, na sequência de um livre marcado muito rapidamente pelo Di María. Até final, ainda tivemos mais algumas chances, nomeadamente uma boa corrida do Cabral, mas também convenhamos que um resultado mais pesado seria injusto pela postura que o AVS apresentou na Luz.
 
Em termos individuais, destaque para o João Neves, que compensou (e de que maneira!) a falha no golo sofrido e olhemos só para a coincidência: joga os 90’ nos últimos dois jogos e ganhamos os dois, ao passo que foi substituído nos dois anteriores e empatámos... Afinal, parece que aquela assobiadela ao Schmidt frente ao Farense, aquando da sua substituição, valeu a pena por tê-lo feito acordar e não voltar a repetir a gracinha...! O Di María também levou a partida muito a sério e esteve presente em mais do que um golo, assim como o Kökçü, que está nitidamente a subir de forma. O Cabral entrou muitíssimo bem (está nitidamente mais magro), mas quem ficou mesmo na retina foi o Tiago Gouveia. Só peço é que o Schmidt tenha visto isso de vez! É que, se calhar, ele teria sido mais útil nos últimos minutos em Moreira de Cónegos do que o João Victor a lateral-direito... E frente ao Farense, em que também não esgotámos as substituições... Digo eu...! 
 
Iremos defrontar o Estoril nas meias-finais da Taça da Liga no final de Janeiro e espero naturalmente que possamos voltar a vencê-la, até porque ganhámos os dois últimos troféus nacionais em disputa e seria bonito manter essa tendência.

terça-feira, dezembro 19, 2023

Importante

Vencemos em Braga por 1-0 no domingo e estamos agora em 2º lugar no campeonato, a um ponto da lagartada, que venceu ontem o CRAC por 2-0, e com dois de vantagem perante estes. Foi um triunfo justo, apesar de algum sofrimento escusado na 2ª parte, fruto de um desperdício muito grande na etapa inicial.
 
Entrámos no jogo praticamente a ganhar, com um golo do Tengstedt logo aos 3’, depois de uma perda de bola no meio-campo do Braga, em que aproveitámos para fazer um contra-ataque bem sucedido, com o dinamarquês a ser isolado pelo Kökçü e a finalizar com mestria perante o Matheus. A 1ª parte foi praticamente toda nossa com um golo anulado por fora-de-jogo ao Rafa (logo num lance em que meteu a bola na baliza...!), duas bolas aos ferros pelo Otamendi na sequência de um livre e Di María no seu remate típico em arco da direita para a esquerda, e outra cabeçada do António Silva num canto que deveria ter tido melhor direcção. Do outro lado, o Djaló obrigou o Trubin a uma boa defesa e em cima do intervalo o Ricardo Horta desviou bem um remate de fora-da-área, mas felizmente a bola saiu ao lado.
 
Na 2ª parte, as coisas alteraram-se substancialmente, embora tivemos tido uma soberana ocasião logo a abrir, com o Rafa a assistir o João Mário que, isolado na área e no seguimento da marca de penalty, conseguiu oferecer a bola ao guarda-redes...! Inacreditável! A partir daí, o jogo voltou-se para o Braga e devemos ao Trubin ter saído da Pedreira com os três pontos. Defendeu um remate do Banza já na área depois de uma boa combinação atacante dos arsenalistas e, principalmente, outro já na compensação do mesmo Banza, na sequência de um corte clamorosamente falhado do António Silva, em que o ucraniano defendeu com o pé aquele que seria o golo do empate. Tendo o falhanço do João Mário acontecido aos 47’, o Roger Schmidt demorou até 79’(!) para estancar a produção ofensiva do Braga com a entrada do Florentino! É certo que trocou de avançados (Tengstedt por Musa) por volta da hora de jogo, mas foi só com a entrada do único jogador do plantel que corre atrás dos adversários para roubar bolas, que as coisas acalmaram para nós. Pedia-se obviamente uma resposta mais célere do banco, porque arriscámos bastante manter os mesmos jogadores naquele período.
 
Em termos individuais, destaque para o Trubin, que com duas ou três defesas decisivas nos salvou a vitória. Na 1ª parte, o Di María esteve muito endiabrado, mas baixou imenso na 2ª e não estranhou a sua substituição. O Kökçü não entrou especialmente bem no jogo, mas subiu imenso ao longo dele e foi dos melhores. Coincidência (ou talvez não...), o João Neves fez novamente os 90’ e ganhámos o jogo...! Na frente, o Rafa melhorou em relação a jogos anteriores e o Tengstedt marcou o golo da vitória, o que já é dizer muito, embora estive longe de ter feito uma exibição memorável. Aliás, viu-se bem a diferença para com o Musa, que mostrou novamente ser o melhor (ou menos mau) dos três avançados. Quem continua inexplicavelmente a ter muitíssimo mais tempo de jogo do que a sua produção justificava é o João Mário...!
 
Depois de dois empates consecutivos para o campeonato, era fundamental regressarmos às vitórias perante um adversário directo. Até porque os outros dois iriam jogar entre eles, o que faria com que ganhássemos sempre pontos nesta jornada. Com uma 1ª parte daquele calibre, não deveríamos ter tido de passar pelas aflições que sofremos na 2ª, mas conseguimos os três pontos que é o que interessa e as nossas exibições parecem estar a melhorar um bocado. De qualquer forma, não deixa de ser curioso que tenhamos vencido os três rivais directos nesta 1ª volta numa temporada que não está a ser tão boa como a anterior, em que... não vencemos nenhum destes três jogos! O futebol é, de facto, um jogo maravilhoso, precisamente por ser muitas vezes desprovido de lógica.

sexta-feira, dezembro 15, 2023

Benfica FM | Temporada 1986/87

No passado domingo, tive o prazer de voltar a fazer isto com os meus amigos Nuno Picado e Bakero do Benfica FM. E até qu'enfim que voltamos a fazer uma temporada que dá gosto (re)ver! Fizemos a dobradinha numa época da qual os lagartos continuam ainda hoje a celebrar um único resultado (mesmo que tivessem acabado em 4º lugar no campeonato a dez pontos de nós, quando a vitória ainda só valia dois pontos, tivesse sido contra eles que fomos campeões e lhes tivéssemos ganho na final da Taça...!) Cada um é para o que nasce e celebra aquilo que é mais importante, mas, por mim e a bem da boa vizinhança, era todos os anos assim: eles goleavam-nos e nós fazíamos a dobradinha. Ficávamos todos felizes!

quinta-feira, dezembro 14, 2023

Milagre justo

Vencemos em Salzburgo por 3-1 na 3ª feira e qualificámo-nos para o play-off da Liga Europa. Com o golo da qualificação a ser marcado já em tempo de descontos, percebe-se bem que foi um apuramento tirado a ferros. De um modo bem escusado, frise-se, dado que a nossa superioridade foi evidente durante praticamente toda a partida e só uma extrema aselhice na concretização (Rafa outra vez...) nos impediu de ter um jogo descansado. 

Com o António Silva castigado, o Roger Schmidt lançou o Tomás Araújo no lugar dele, mantendo o Aursnes na direita e o Morato na esquerda. A ter de vencer por dois golos de diferença, não começámos muito bem a partida e foi o Salzburgo a circundar primeiro a nossa baliza, porém sem criar grande perigo para o Trubin. Foi até nossa a primeira grande oportunidade, com o Rafa isolado pelo Tengstedt a rematar por cima, quando só tinha o guarda-redes pela frente. Assumimos o domínio do jogo e inaugurámos o marcador aos 32’ num canto directo do Di María. O árbitro ainda demorou um pouco a validar o golo e confesso que não percebi a razão. Faltava um golo para ficarmos em posição de apuramento e ele surgiu em cima do intervalo (46’) pelo Rafa, depois de uma bola recuperada pelo João Neves ter ido para o Di María e este ter assistido brilhantemente o nº 27 que, desta vez, não perdoou, com um remate cruzado de pé direito. Para a 2ª parte, o Schmidt trocou o inoperante Tengstedt pelo Musa e viu-se logo a diferença. Ao invés da 1ª parte, entrámos muito bem na 2ª e poderíamos (deveríamos!) ter fechado a eliminatória logo nos minutos iniciais. Houve um remate relativamente perigoso do Kökçü, outro do Di María, mas foi o Rafa a ter a perdida mais escandalosa com um remate a meio da pequena-área(!) que acertou no guarda-redes! Inacreditável! Como geralmente acontece nestes casos, não fechámos o jogo e sofremos o 1-2 aos 57’ num remate de fora da área do Susic, que ainda desviou na perna do Tomás Araújo e não deu hipóteses ao Trubin. Tentámos reagir e lá tivemos a sacramental bola no poste, novamente do Otamendi (tal como frente ao Farense), com o Salzburgo em definitivo remetido ao seu meio-campo e a tentar sair em contra-ataque. Aos 68’, o Schmidt lá tomou consciência que, se calhar, era melhor fazer algo a partir do banco e colocou o Gonçalo Guedes. O meu coração parou durante uns segundo até ver que quem saía... não era o João Neves (estava a ser dos melhores, para variar...), mas sim o Kökçü. Logo a seguir à substituição, o Di María veio da direita para o meio, rematou em arco, mas outra vez bola no poste! O Rafa voltou a estar na cara do guarda-redes, mas permitiu a defesa do Schlager para canto, quando já tinha tido um remate de pé esquerdo de primeira, à vontade na área, que saiu por cima, depois de um centro do Morato (possivelmente o único de jeito que fez). O Salzburgo ainda ia assustando no contra-ataque, mas o Schmidt continuava com substituições para fazer... e nada! Tinha o Jurásek no banco que poderia ter entrado para o lugar do Morato para dar mais profundidade na esquerda e o sempre esquecido Tiago Gouveia, mas nada...! Até que em cima dos 90’ colocou o Arthur Cabral no lugar do João Mário e foi este o herói improvável do jogo. Foi aos 92’ que o João Neves fez uma abertura brilhante na direita para o Aursnes, que fez um cruzamento rasteiro para a área, onde o Arthur Cabral, de calcanhar(!), atirou para o fundo das redes. Depois de tentar de rabo frente ao Moreirense, e de bicicleta contra o Farense, foi de calcanhar que conseguiu marcar. Foi o delírio e a reposição da justiça no marcador. Depois do golo, o Schmidt colocou logo (e bem) o Florentino para fechar o meio-campo e até final ainda tivemos o Di María a proporcionar nova defesa ao guarda-redes. 

Em termos individuais, destaque claro para o Di María, que esteve em dois dos nossos golos e ainda atirou uma bola ao poste. Jogo monstruoso também do João Neves, que, vá lá, desta vez conseguiu fazer os 90’...! O Rafa marcou um golo, mas falhou outros quatro, portanto à semelhança do Farense não pode ter nota muito positiva. Na defesa, o Tomás Araújo cumpriu bem e não se notou muito a falta do António Silva. Quanto aos menos, o João Mário tem, como habitualmente, lugar cativo nesta categoria, o Morato terá feito dos jogos mais desastrados pelo Benfica e o Tengstedt também passou muito ao lado do jogo. Aliás, não percebo qual é a dúvida do Schmidt quanto ao avançado: dos três, o Musa é claramente o menos mau! Em relação ao Arthur Cabral, espero sinceramente que isto seja o wake-up call dele.

Livrámo-nos da vergonha que seria assistir à Europa no sofá em 2024. Voltámos a fazer uma boa exibição, mas esta pouca eficácia na concretização tem de melhorar rapidamente, porque nos ia novamente saindo muito cara...! Veremos quem nos calha em sorteio na 2ª feira, mas estando na Liga Europa é óbvio que temos de ter como objectivo chegar à final.

segunda-feira, dezembro 11, 2023

Ponto de ruptura

Empatámos com o Farense na Luz no sábado (1-1), mas reduzimos a distância para um ponto para o 1º classificado, porque a lagartada foi perder a Guimarães (2-3), tendo agora a companhia do CRAC (3-0 em Mordor frente ao Casa Pia). Vamos no segundo empate consecutivo, embora este tenha tido uma grande sorte de azar e aselhice, já que falhámos oportunidades suficientes para ganhar mais do que um jogo. Basta só dizer que acabámos a partida com 37(!) remates, 14(!) dos quais enquadrados com a baliza. Um só golo para toda esta produção é, de facto, muito pouco.

Em relação a Moreira de Cónegos, o Roger Schmidt só colocou o Kökçü no lugar de um dos sacrificados do costume, o Florentino. A atacar para a baliza grande na 1ª parte (foi o Farense a escolher o campo e trocou-nos as voltas...), demos uma verdadeira aula prática de como falhar golos. Só do Rafa foram logo três, mais outro do João Mário já faz quatro, uma perdida isolada do Tengstedt cinco, a cabeçada ao poste do Otamendi seis e uma grande defesa do guarda-redes Ricardo Velho a um remate do Di María teria sido um 7-0 ao intervalo...! Do outro lado, só um par de remates do Mattheus Oliveira causou algum frisson na nossa baliza.

Na 2ª parte, a tendência da partida manteve-se, com o Rafa a continuar a sua senda de desperdício e o Farense a aproveitar a nossa ineficácia para aos 51’ inaugurar o marcador através do Cláudio Falcão, de cabeça na sequência de um canto. Foi um balde de água fria, completamente imerecido. Um disparo do Kökçü causou bastante perigo e outro remate do Di María voltou a colocar em acção o guarda-redes. Até que aos 63’ aconteceu o momento do jogo (e quiçá da temporada...), com as substituições que o Roger Schmidt fez: tirou o Tengstedt e o João Neves para fazer entrar o Musa e o Gonçalo Guedes. O estádio irrompeu numa contestação, principalmente por causa desta última, que nunca se tinha visto. Voltarei a isto mais adiante. Igualámos aos 71’ pelo Rafa (finalmente!) depois de uma assistência do Aursnes e até final tivemos mais algumas oportunidades, nomeadamente pelo Rafa e pelo Musa, este já mesmo em cima do apito final. Pouco antes, o Roger Schmidt tinha voltado a mexer na equipa aos 88’, entrando o Arthur Cabral para o lugar do Kökçü, mas a única coisa que o brasileiro fez foi tentar uma bicicleta(!) quando recebeu a bola de costas para a baliza, em vez de tentar algo menos difícil. Esclarecedor...

Em termos individuais, o Di María fartou-se de criar oportunidades para os companheiros, mas todos eles as desperdiçaram. O Rafa marcou o golo, mas não pode ter nota positiva, porque falhou uma meia-dúzia deles. O Aursnes lá continua a tapar buracos na lateral-direita, mas o Roger Schmidt insiste em manter-nos coxos na esquerda com o Morato. O João Mário continua a ser um a menos, mas é dos que tem lugar cativo... O Florentino e o Musa são sempre os sacrificados, quando se trata de fazer alguma alteração. Quer antes, quer durante os jogos.

Posto isto, vamos ao minuto 63’. Quando vi a placa com o nº 87, não quis acreditar! Com o Kökçü ainda a recuperar a melhor forma e em ritmo superlento, e principalmente o João Mário a manter-se inenarrável, do que é que se lembra o nosso treinador...? De tirar o único jogador do meio-campo com dinâmica, à semelhança do que fez ao intervalo em Moreira de Cónegos, que tão bons resultados trouxe, certo...?! Por tudo isto, confesso que quando vi que era o João Neves a sair não me consegui conter e fiz uma coisa inédita em mais de 40 anos a ir ver o Glorioso ao estádio: assobiei e apupei fortemente um treinador do Benfica e mostrei-lhe um lenço branco. Foi, pura e simplesmente, mais forte do que eu! Pergunto com toda a sinceridade: quantas das pessoas que estavam a ver o jogo concordaram que deveria ter sido o João Neves a sair? Arrisco-me a dizer um número: uma! Fazer aquela alteração só pode ser resultado de uma de duas coisas: ou um tal estado de alienação que não está a ver o mesmo jogo do que nós, ou tentar ser despedido! É que não fez sentido ABSOLUTAMENTE nenhum! É óbvio que condeno as pessoas que atiraram objectos para o campo em direcção do Roger Schmidt e todas as formas de violência. Ponto final. No entanto, se o estádio irrompeu naquela assobiadela monstruosa, isso deveria ter feito com que a estrutura e o próprio treinador percebessem a razão daquela atitude inédita. Porque se não há favoritos no plantel, que raramente são substituídos, então ele disfarça muito bem. E isso é inaceitável para os adeptos. Porque se toda a gente está a ver o mesmo com excepção de uma única pessoa, a probabilidade de serem todos a estar errados é, convenhamos, muito diminuta... É como aquela história de o soldado marchar ao contrário dos companheiros e a mãe ficar muito contente, porque ele era o único a estar certo. E, já agora para finalizar, não vale a pena o treinador dizer para estes ficarem em casa, que isso não vai acontecer. Portanto, esteve novamente infeliz nas declarações no final do jogo e abriu um fosso para os adeptos que dificilmente será reparado.

São raros os casos de um treinador ter sucesso num clube com grande parte dos adeptos contra ele. Por isso, é que acho que aquele minuto 63 foi o princípio do final da linha para o Roger Schmidt. Estamos a jogar muito pouco desde o início da temporada, não se vê evolução nenhuma na equipa e o treinador parece completamente perdido nas opções que toma. Vlachodimos, Ristic, Tiago Gouveia são apenas algumas delas cuja lógica ainda aguardava por ser explicada. Agora, temos estas substituições do João Neves, quando é muito claro para toda a gente que vê os jogos que este está muito longe de ser o que merece sair. Portanto, isto é muito simples: ou ganhamos por dois em Salzburgo e depois em Braga (e eu não estou nada a ver como isso poderá acontecer), ou deixa de haver margem de manobra. O próprio Roger Schmidt acabou com ela. Cabe-lhe agora ganhar ou, então, fazer o que disse na conferência de imprensa.

sexta-feira, dezembro 08, 2023

Mediocridade

Empatámos com o Moreirense em Moreira de Cónegos no passado domingo (0-0) e obviamente deixámos escapar a liderança para a lagartada (3-1 em casa ao Gil Vicente), que tem agora dois pontos a mais do que nós, com o CRAC (3-0 em Famalicão) um ponto atrás. Depois de termos ganho aos dois rivais em casa, algo que já não acontecia há muito tempo, termos agora esta diferença pontual para ambos não é nada tranquilizadora.
 
Quando as exibições são muito fracas, o resultado prático pode demorar a aparecer, mas inevitavelmente acaba sempre por surgir. Ganhámos à lagartada na Luz na jornada anterior com aquela exibição e logo no jogo a seguir as coisas voltaram à normalidade desta época, tendo acontecido o expectável: escorregámos, claro. A sorte que tivemos naquele encontro não se repetirá muitas vezes, se continuarmos a jogar de um modo lento, previsível e sem qualquer tipo de rasgo. De facto, é uma incógnita para mim a razão pela qual as coisas mudaram tanto de um ano para outro. De um futebol intenso, avassalador, alegre, passámos para isto. Nesta partida, demorámos a entrar no jogo, os primeiro 15’ foram totalmente do adversário e devemos à falta de pontaria adversária (e à trave...) ter mantido a baliza a zeros. Tivemos uma grande ocasião num canto, mas o Florentino na pequena-área e completamente à vontade falhou o cabeceamento! Um remate do Di María com a parte de fora do pé esbarrou no guarda-redes contrário e foram estas as duas únicas vezes em que colocámos a baliza contrária em perigo. Pouco, muito pouco.
 
Para a 2ª parte, o Roger Schmidt colocou o Kökçü e o Chiquinho nos lugares do João Neves e Florentino. Se a saída do Florentino ainda se poderia justificar (errou uma série de passes e não estava a ser o tampão do costume), a saída do João Neves, apesar de não estar a fazer uma exibição deslumbrante, é um pouco difícil de entender. Especialmente para entrar o Chiquinho. Não tenho nada contra o Chiquinho, acho até que foi muito útil no ano passado, mas ficámos claramente a perder. Um remate do Di María por cima e outro do Kökçü defendido pelo Kewin foi tudo o que conseguimos fazer na 2ª parte. Tivemos um golo do João Mário anulado por fora-de-jogo do jogador que fez a assistência, mas mais nada que se visse. O Schmidt colocou o Arthur Cabral no lugar do Tengstedt a 20’ do fim, mas o brasileiro teve o condão de, no último lance da partida, tentar marcar de calcanhar de costas para a baliza(!) quando poderia ter rematado normalmente de frente. Aos 88’, o nosso treinador voltou a mexer na equipa, fazendo entrar o Gonçalo Guedes e o João Victor(?!)... Voltámos à questão destas substituições nos últimos 5’... Porquê...?!?! E o Tiago Gouveia a manter-se no banco, connosco sem ter ninguém para romper as defesas contrárias...! Se era para jogar na parte final da partida, não poderia ter entrado o Tiago Gouveia em vez do João Victor para a lateral-direita...?!
 
Não vou destacar ninguém individualmente, porque a exibição foi paupérrima. Jogadores influentes e desequilibradores como o Rafa e o Di María estão totalmente fora de forma. O João Mário é outro que parece que tem lugar cativo, o Musa ficou no banco e entrou o Arthur Cabral(!!), o Tiago Gouveia nem sequer conta para o Totobola, a questão das substituições no final dos jogos é toda uma panóplia de decisões incompreensíveis do Roger Schmidt.
 
Iremos defrontar o Farense hoje antes de irmos a Salzburgo jogar a continuidade nas provas europeias. Estes próximos dois jogos podem definir muito do que será a nossa época, mas as coisas estão muito longe de estar famosas...

sábado, dezembro 02, 2023

Impensável

Empatámos na 4ª feira em casa frente ao Inter Milão (3-3) e teremos agora de ir ganhar por dois golos de diferença a Salzburgo para continuarmos na Europa no novo ano. Depois de chegarmos ao intervalo a ganhar por 3-0, é óbvio que este resultado é uma tremenda desilusão, que ainda poderia ter sido pior dado que os italianos atiraram uma bola ao poste perto do final...
 
A nossa 1ª parte foi de sonho com um hat-trick do João Mário, o primeiro da carreira dele e o primeiro de um jogador do Benfica neste formato da Champions. Foram golos aos 5’, 13’ e 34’, com tripla assistência do Tengstedt. Os italianos, a alinhar com uma equipa B por causa do campeonato, foram totalmente surpreendidos com esta nossa postura e, à excepção de um lance em que o Arnautovic apareceu isolado frente ao Trubin, com este a fazer bem a mancha, não criaram perigo para a nossa baliza.
 
Confesso que ao intervalo me lembrei deste jogo frente ao Besiktas, em que desbaratámos uma vantagem de três golos, mas como este era em casa acreditei que isso não se voltasse a repetir. Puro engano! O treinador do Inter Milão não fez substituições ao intervalo, mas deve ter feito uma lobotomia aos seus jogadores que se transfiguraram na 2ª parte. Marcaram dois golos em sete minutos (51’ e 58’) pelo Arnautovic e Frattesi, e logo aí se percebeu que estávamos em muito maus lençóis. Do nosso banco, não vinha nada que pudesse ajudar a equipa, que deixou de conseguir criar tanto jogo ofensivo, mas mesmo assim o Tengstedt falhou o quarto golo ao permitir a intervenção de um defesa quando só tinha o guarda-redes pela frente. Os italianos lá iam fazendo substituições e refrescando a equipa, fazendo entrar os titulares, enquanto do nosso banco... nada! Até que aos 72’, o letão Sr. Andris Treimanis não assinala uma falta claríssima do Alexis Sánchez sobre o João Neves quase à entrada da área do Inter Mião e assinala outra muito duvidosa do Otamendi sobre o Thuram na nossa área no contra-ataque que se seguiu. Um autêntico ROUBO de igreja! No respectivo penalty, o Alexis Sánchez atirou para o lado contrário do Trubin e fez o 3-3. Continuo sem perceber a razão pela qual o nosso guarda-redes não se atira só depois de ver para onde a bola vai, porque com a sua altura ou o remate é muito colocado ou terá grandes hipóteses de defender o penalty. Como aconteceria neste caso. Aos 79(!), o Roger Schmidt lá se lembrou que havia um banco de suplentes, mas tirou o Florentino (é sempre a primeira opção para sair) e o Tengstedt para entrar o Kökçü e o Musa. Sem o Florentino em campo, deixamos de recuperar bolas tão à frente, mas claro que o nosso treinador nunca vê isso. Até final, ainda deu para o António Silva ser expulso por indicação do VAR, o croata Sr. Ivan Bebek, noutra decisão inacreditável, para o Inter Milão atirar ao poste mesmo em cima do apito final e para o Roger Schmidt perder tempo(!) com duas substituições aos 98’... Passei-me completamente com isto!
 
Em termos individuais, destaque para os três golos do João Mário e para as três assistências do Tengstedt, mas o melhor do Benfica para mim foi de longe o João Neves, que encheu o campo todo. Ao invés, os dois maiores desequilibradores do plantel, o Rafa e o Di María, estão a milhas da sua melhor forma, mas parece que têm sempre lugar cativo, assim como o João Mário, que marcou três golos, mas voltou ao seu apagançohabitual na 2ª parte...
 
Sem o António Silva, a precisar de marcar dois golos e sem ter os nossos adeptos na bancada (por causa do que uns acéfalos fizeram em San Sebastián), não teremos tarefa fácil na Áustria. No entanto, é bom que os jogadores do Benfica se mentalizem que seria PÉSSIMO para o clube estar a assistir no sofá às competições europeias no início de 2024...
 
P.S. – Sendo inconcebível que tenhamos deitado à rua uma vantagem de três golos, não deixar de ser assinalável que, em quatro jogos em dois anos frente a estes tipos, tenhamos sido roubados pela... quarta vez! O que em jogos tão equilibrados (uma derrota pela margem mínima e dois empates) é obviamente significativo.

quarta-feira, novembro 29, 2023

Apuramento

Por estar ausente de Portugal em trabalho, para grande vergonha minha, perdi o meu quinto jogo ao vivo na nova Luz desde que ela foi inaugurada. Depois deste, deste, deste e deste, o jogo com público nº 505 também não teve a minha presença. Felizmente, não fiz muita falta, porque ganhámos ao Famalicão por 2-0 e seguimos para os oitavos-de-final da Taça de Portugal. Não me canso de repetir ad nauseam a ENORME vergonha que é termos três Taças de Portugal ganhas nos últimos 27(!!) anos, pelo que espero que levemos muito a sério esta edição.

Mantendo o Aursnes e o Morato nas laterais, e com o Tengstedt na frente, a nossa 1ª parte até foi agradável, com um número razoável de oportunidades, embora tenhamos igualmente permitido ao Famalicão acercar-se com perigo da baliza do Trubin. O Tengstedt esteve em particular evidência ao conseguir colocar-se em posição de marcar por mais de uma vez, mas a ver os seus intentos gorados quer pelo guarda-redes Luiz Júnior, quer pelos defesas. O Di María também teve um bom remate de pé direito ainda fora da área, mas o Luiz Júnior por mais uma vez impediu que marcássemos. Do outro lado, foi o Trubin a salvar-nos por duas vezes perante remates do Puma Rodríguez.

Na 2ª parte, a nossa produção baixou consideravelmente com inevitável repercussão na diminuição de oportunidades de golo. Uma cabeçada ao lado do Otamendi num livre e um remate do Rafa em que acertou mal na bola, depois de assistência do Aursnes na direita, foram as únicas verdadeiras oportunidades que tivemos. Começava a cheirar a prolongamento até que aos 72’ o Florentino abriu no Tengstedt na direita, depois de uma bola recuperada pelo Aursnes, aquele centrou largo para a área e o Riccieli antecipou-se à saída do guarda-redes e colocou a bola na sua própria baliza. Dois minutos depois, as coisas ficaram mais fáceis, com nova investida do Tengstedt na direita, a fazer com que o Otávio o derrubasse quando se ia isolar, resultando naturalmente num vermelho directo (azar onomástico, se fosse o outro e ainda jogasse cá, provavelmente veria amarelo...). O destino da partida ficou selado aos 77’ com o 2-0 através do Rafa, depois de assistência do João Mário na sequência de uma bola recuperada por este a meias com o João Neves. O nº 27 flectiu da esquerda para o meio e rematou cruzado sem hipóteses para o guarda-redes. Até final, o Schmidt ainda fez algumas substituições, tendo promovido o regresso do Kökçü depois de lesão e também do Tiago Gouveia, que continua a justificar mais minutos em campo, porque é dos poucos jogadores que temos a quebrar linhas.

Em termos individuais, destaque para o Tengstedt que esteve em dois lances fundamentais na nossa vitória: o primeiro golo e a expulsão. O João Neves, já se sabe, não consegue jogar mal, assim como o Aursnes, que esteve bastante activo na direita. O Morato na lateral-esquerda não resulta em jogo em casa em que temos maioritariamente de atacar, porque simplesmente... não vai à linha dado que... é defesa-central! Era bom que o Schmidt percebesse isso. O João Mário lá continua com o seu lugar cativo no onze, apesar de continuar a funcionar a diesel. Do século passado. A única coisa que fez de jeito em 90’ foi ter participado na jogada do segundo golo. Já o Trubin, foi importante na manutenção a zeros da nossa baliza.

Iremos ter hoje o sorteio dos oitavos-de-final da Taça, mas teremos de elevar o nosso nível de jogo se quisermos chegar ao Jamor.

terça-feira, novembro 28, 2023

Percurso perfeito

Trabalho fora de Portugal, impediu-me de postar mais cedo acerca das duas últimas jornadas da selecção nacional na qualificação para o Euro 2024. Aconteceram na semana a seguir ao derby e na 5ª feira, dia 16 de Novembro, fomos ao Liechtenstein ganhar por 2-0 com ambos os golos a acontecerem só na 2ª parte, através do Cristiano Ronaldo aos 46' e do João Cancelo aos 57'. O Roberto Martínez aproveitou para estrear o José Sá, o Toti Gomes, dando-lhes a titularidade, numa táctica só com três defesas que não resultou, porque a exibição foi cinzenta, perante um adversário que praticamente não atacou. Acho que a equipa não estava de todo preparada para jogar naquela táctica.
 
Três dias depois, na 2ª feira, 19 de Novembro, concluímos um percurso imaculado com dez vitórias em dez jogos ao derrotar a Islândia em Alvalade também por 2-0, com golos do Bruno Fernandes aos 37' e do Ricardo Horta aos 66'. Foi uma exibição melhor do que a anterior, num regresso à táctica normal de 4-3-3. É certo que o grupo era fácil, mas também já os tivemos no passado sem este resultado. Vejamos como a selecção se comporta perante adversários mais fortes, mas já ouvi algo que me deixa um pouco apreensivo: é que aparentemente não vamos defrontar nenhum nos jogos de preparação em Março. Parece-me um mau princípio, mas logo se verá...

quarta-feira, novembro 15, 2023

Lisonjeiro

Vencemos a lagartada no passado domingo (2-1) e subimos ao 1º lugar do campeonato em igualdade pontual com eles, mas com vantagem no confronto directo e na diferença de golos. Quando se voltar a fazer uma história dos derbies, este vai ter certamente uma página à parte dado que até aos 93’ o resultado era 0-1 para a lagartada...
 
O Schmidt surpreendeu na disposição táctica com os jogadores que foram titulares. Em relação a San Sebastian, só trocou o Arthur Cabral pelo Musa, mas quando toda a gente esperava um 3-4-3, apresentámos o habitual 4-4-2, com o Morato a defesa-esquerdo, o Aursnes a direito, e o João Neves no meio. Depois das miseráveis exibições dos últimos tempos, mostrámos uma outra atitude e tivemos três grandes oportunidades na 1ª parte, com o Rafa a atirar ao lado quando estava em boa posição e à barra num outro lance, e o Florentino a falhar o tempo de salto num centro-remate do João Mário, quando era só encostar para a baliza deserta. Do outro lado, o Pedro Gonçalves apareceu isolado frente ao Trubin, mas este conseguiu defender com o pé, enquanto o Gyokeres demonstrava que é um jogador superlativo. Em cima do intervalo, o João Mário resolveu pautar a sua miserável exibição com uma perda de bola infantil, que se tornou assistência para o Edwards, que desmarcou o Gyokeres e este rematou forte já quase sem ângulo, fazendo um golão. Sofríamos um golo na pior altura, mesmo em cima do intervalo, numa partida em que, apesar do equilíbrio, até tivemos mais oportunidades.
 
Para a 2ª parte, o Schmidt continuou inacreditavelmente a deixar o João Mário em campo, mas aos 51’ o Gonçalo Inácio fez uma falta escusada sobre o Rafa e viu o segundo amarelo. Ficámos finalmente em igualdade numérica com 10 para 10 (o João Mário não contava, claro...!). Intensificámos um pouco a pressão e a lagartada deixou de sair tanto para o ataque, mas não conseguimos criar muitas oportunidades. Aos 64’, o Schmidt mexeu na equipa. E mal! Tirou o Musa (que até estava a ser dos melhorzitos) e o Florentino (que permitia à equipa defender mais à frente e tinha recuperado bastantes bolas), e colocou o Arthur Cabral e o Tengstedt em campo. Deixando igualmente o João Mário no relvado!! Piorámos consideravelmente, até porque o Rafa descaiu para a esquerda, com o Tengstedt no meio, e o Rafa já não jogava naquela posição há praticamente dois anos... Só um remate do Di María de fora da área proporcionou ao Adan uma defesa difícil. A lagartada ia fazendo substituições e refrescando a equipa, mas do nosso lado, nada! Três substituições para fazer e o nosso treinador a dormir. O estádio ficou impaciente, até que aos 87’(!) o Schmidt lá se decidiu fazer-nos jogar com 11 e tirou o João Mário para entrar o Gonçalo Guedes. Muitos benfiquistas foram abandonando o estádio antes do apito final, numa demonstração de grande inteligência, já que, se há um golo de diferença, é óbvio que o resultado está decidido, certo...? Até que aos 94’, começou o milagre: canto a nosso favor, o Trubin sobe para a grande-área, cria alguma confusão no posicionamento dos defensores lagartos, o Di María cobra o canto e a bola sobre para o João Neves na marca de penalty fuzilar o Adan. Eu estava tão chateado com a forma como as coisas estavam a decorrer, que praticamente nem festejei este golo! Aos 97’, o golpe de teatro aconteceu! Recuperação da bola a meio-campo, ataque rápido, centro do Aursnes na direita, o Rafa tenta desviar de calcanhar, mas felizmente não acerta, e o Tengstedt atira lá para dentro. O fiscal-de-linha levantou a bandeirola e o Sr. Artur Soares Dias teve de esperar pelo VAR. Que validou o golo por 4 cm! Foi o delírio no estádio e espanta-me como é que ele não ficou com rachas na estrutura com os festejos...! Este golo, claro que já comemorei intensamente. Não foi nada merecido, mas ganhávamos um jogo que esteve perdido até muito perto do final.
 
Em termos individuais, o João Neves foi de longe o melhor do Benfica. Fartou-se de recuperar bolas e está a desenvolver uma capacidade muito bonita de marcar à lagartada em tempo de compensação! Também gostei do Florentino enquanto esteve em campo e o Rafa subiu na 2ª parte. Do lado negativo, o destaque vai inteirinho para o João Mário.
 
Espero que esta vitória não esconda muitos aspectos que não correram nada bem neste jogo. Então, nós estamos a perder com a lagartada em casa por 0-1 e o nosso treinador só faz duas substituições até aos 87’?! Com o Guedes, Tiago Gouveia e um defesa-esquerdo do raiz no banco?! O Morato até nem jogou mal defensivamente, mas em termos atacantes foi muito fraquito, o que é normal, dado que aquele não é o seu lugar de origem. Ao invés, o Jurásek é péssimo a defender, também a lagartada não estava a atacar na 2ª parte por causa da inferioridade numérica. E mesmo assim não entrou...! Por outro lado, o Schmidt substitui o Musa pelo Arthur Cabral e deixa o João Mário quase até ao fim em campo...?! Há lugares cativos na equipa, é isso...?!
 
Iremos ter agora a paragem para as selecções e espero que o Schmidt faça uma reflexão séria acerca do que está a ser a época até agora. A Champions já foi e o campeonato não ficou a uma distância de seis pontos por um verdadeiro milagre. A equipa não só não está a carburar como no ano passado (está a anos-luz disso até), como do banco raramente vêm boas decisões na altura de mudar alguma coisa. Estamos em 1º lugar, é certo, mas a continuar assim, não se augura nada de bom...

sexta-feira, novembro 10, 2023

Derrocada

Caímos com estrondo na Champions, com a quarta derrota consecutiva, em San Sebastian frente à Real Sociedad (1-3) na 4ª feira. No entanto, dado que à meia-hora de jogo, já tínhamos levado três, mais dois anulados e um penalty falhado, até que o resultado acabou por não ser mau de todo... Depois do brilharete do ano passado até aos quartos-de-final, estávamos longe de pensar que iríamos passar por este pesadelo. Temos ainda uma hipótese de chegar à Liga Europa, dado que o Inter Milão ganhou em Salzburgo, mas teremos de ganhar os dois próximos jogos.
 
Mantendo a táctica dos três centrais, o Schmidt só trocou de avançado em relação a Chaves: saiu o Gonçalo Guedes e entrou o Arthur Cabral. A nossa 1ª parte foi absolutamente catastrófica! Sofremos golos aos 6’ (Merino), 11’ (Oyarzabal) e 21’ (Barrenetxea), vimos outros dois invalidados aos 15’ e 19’, e tivemos um penalty contra que foi ao poste aos 29’! Ou seja, a todos nós passou o fantasma de Vigo pela cabeça...! À passagem da meia-hora, o Schmidt tirou o amarelado Florentino (culpado no segundo golo por um péssimo atraso) e colocou o Jurásek, mudando o Aursnes para a direita e o João Neves para o meio. A sangria felizmente estancou, até porque os bascos tiraram um pouco o pé do acelerador.
 
Na 2ª parte, marcámos o nosso primeiro golo na Champions deste ano através do Rafa logo aos 49’, depois de assistência do Otamendi. O mesmo Otamendi teve um remate perigoso fora da área, mas foi defendido para canto pelo guarda-redes Remiro. No entanto, não conseguimos fazer mais nada de relevante e nunca revelámos capacidade de fazer perigar a vantagem dos bascos. Do outro lado, eles não tiveram a mesma intensidade da 1ª parte e não causaram tantos estragos à baliza do Trubin.
 
Com uma exibição destas, seria até ofensivo estar a destacar alguém. Iremos receber a lagartada no domingo com a equipa completamente esfrangalhada, sem sistema táctica e com muitos jogadores fora de forma. Teme-se o pior.
 
P.S. – Como se não bastasse a exibição miserável no campo, nas bancadas ainda aconteceu pior: uma cambada de acéfalos atirou novamente tochas contra os adeptos contrários, à semelhando do que fizeram em Milão na época passada. Muito dificilmente escaparemos a uma interdição da Luz. Eu juro que não entendo isto! Depois de todos os avisos que se fizeram, depois de termos sido proibidos de ter adeptos em Milão, há autênticos erros da humanidade que ainda fazem isto! Claramente gentalha que está uns quantos passos atrás em termos da evolução da espécie. Parece que se já conseguiu identificar alguns deles e, se assim for, espero que sejam banidos de vez dos estádios de futebol e que, se forem sócios, sejam naturalmente expulsos! Não podemos continuar a compactuar com esta escória!

segunda-feira, novembro 06, 2023

Medíocre

Vencemos em Chaves no sábado (2-0) e alargámos a diferença para o CRAC para três pontos, dado que o Estoril foi magnificamente ganhar a Mordor por 1-0, estando ainda a três da lagartada que ganhou 3-2 em casa do E. Amadora (depois de estar a perder 1-2 já na 2ª parte...). Foi uma boa vitória num terreno em que perdemos na época passada, mas o futebol que mostrámos não me deixou nada confiante para difíceis os jogos que se avizinham.
 
O Roger Schmidt gostou do que se passou em Arouca e repetiu o onze, mantendo os três centrais e o Gonçalo Guedes a ponta-de-lança. No entanto, a nossa 1ª parte foi absolutamente pavorosa, do pior que temos visto nos últimos tempos (e a concorrência até é de peso...!). Não criámos uma única situação de golo, com um jogo lento, previsível, sem rasgo, em que a enorme percentagem de posse de bola não serviu para mais do que a circular sem objectividade. Remates por cima do Di María e do Morato de cabeça num canto foi o melhor que conseguimos apresentar. Do outro lado, também o Chaves atirou uma bola ao lado e mais nada.
 
Para a 2ª parte, o Schmidt colocou o Arthur Cabral no lugar do apagadíssimo Gonçalo Guedes. Colocámos um pouco mais de intensidade no jogo e tivemos a felicidade de marcar ainda relativamente cedo. Foi aos 59’ que o João Neves inventou uma jogada na direita, passou por três adversários, centrou atrasado, o guarda-redes tocou ligeiramente na bola, o que fez com que o Arthur Cabral não a conseguisse tocar bem, mas mesmo assim fê-lo o suficiente para a colocar na direcção da baliza, um defesa cortou supostamente sobre a linha (pareceu-me nitidamente já dentro) e o Aursnes na recarga só teve de empurrar. Tanto VAR e tanto investimento, e depois uma coisa simples como a tecnologia da linha de golo não há! Se o Aurnses não estivesse ali, como seria...?! Teríamos um golo roubado, é isso...?! Tínhamos feito o mais difícil, mas no lance a seguir o Chaves só não empatou porque o tiro do Bruno Langa foi ligeiramente desviado pela mão do Trubin e embateu com estrondo na barra. Depois deste enorme susto, controlámos melhor a vantagem no marcador e uma boa iniciativa do Otamendi foi mal finalizada por este depois de um centro do Rafa. No entanto, aos 80’ fizemos mesmo o 2-0 num penalty do João Mário a castigar uma estalada na cara do João Neves. Como o Di María já tinha sido (e bem) substituído pelo Tengstedt, foi o nº 20 a marcar o penalty. Enganou o guarda-redes e foi o que lhe valeu, porque se ele tem acertado o lado defendia facilmente... Até final, ainda vimos um remate desastrado do entretanto entrado Musa e um golo anulado a este por ridículos nove cm. Já disse e repito: esta história do VAR a contar centímetros nos foras-de-jogo irrita-me sobremaneira! Via-se a olho nu e era muito simples: ou está claramente fora-de-jogo ou, se houvesse dúvidas, beneficiava-se a equipa que ataca. Anular golos por aquela margem é simplesmente patético!
 
Em termos individuais, destaque inteirinho para o João Neves, que teve participação activa nos dois golos. O Aursnes também não esteve mal, assim como o Florentino no seu papel de recuperador, e aquele toque ligeiro do Trubin poderá ter salvo o resultado. De resto, tudo muito fraquito.
 
Iremos na 4ª feira ter o jogo decisivo para a continuidade na Europa, em San Sebastian, e no domingo receberemos a lagartada. Se se salvarem os resultados, como em Chaves, ficarei bastante satisfeito, mas se isso acontecer mantendo este nível exibicional será pouco menos do que um milgare...

quinta-feira, novembro 02, 2023

Positivo

Arrancámos bem a fase de grupos da Taça da Liga com uma vitória em Arouca por 2-0. Com a continuidade na Champions, melhor dizendo na Europa, muito tremida, e a atravessar um período nada bom, o Roger Schmidt não fez poupanças e a equipa deu uma resposta melhor do que tem dado.
 
Inovando tacticamente com três centrais, alinhámos igualmente com o Gonçalo Guedes na frente, secundado pelo Rafa e Di María. E começámos logo com duas boas chances, com o Di María no seu movimento habitual da direita para o meio a atirar em arco ao lado e o Gonçalo Guedes a rematar muito por cima depois de um bom movimento a desenvencilhar-se de dois defesas. O Rafa e o Aursnes também tiveram ocasiões, porém ambos os remates saíram ao lado. Até que aos 26’ inaugurámos o marcador pelo Di María num livre directo semelhante ao que teve em Vizela. O Arouca justificava o facto de estar num péssimo momento com uma série de derrotas consecutivas e praticamente não conseguiu criar perigo.
 
Na 2ª parte, o cariz do jogo manteve-se o mesmo, com o Arouca com muitas dificuldades para dar trabalho ao Trubin. Colocámos de novo a bola na baliza pelo João Mário, mas o Gonçalo Guedes estava fora-de-jogo no início da jogada, uns bons 10’’ ou 15’’ antes de a bola entrar na baliza...! Acho isto ridículo! É muito pior um canto mal assinalado que dá golo, e aí o VAR já não intervém, do que uma jogada destas que ainda passa por não-sei-quantos jogadores antes de entrar na baliza! O Schmidt começou a rodar a equipa e tirou os três da frente para colocar o Arthur Cabral, Tengstedt e Tiago Gouveia. Naturalmente que a qualidade baixou, embora o Tiago Gouveia tenha dado outra vez mostras de merecer mais oportunidades. Mesmo assim, ainda tivemos direito a um momento muito pouco vulgar, ou seja, um golo do Arthur Cabral! Assistência do Tengstedt com o brasileiro a partir ainda do nosso meio-campo, a aguentar o defesa e a rematar muito bem à saída do guarda-redes. Grande golo! Até final, o Tiago Gouveia ainda rematou com perigo por cima e o Arouca teve a sua única oportunidade, mas o Trubin encaixou bem.
 
Em termos individuais, realce para o Di María enquanto esteve em campo, continuo a achar que o Florentino tem de ser titular, apesar de ainda não estar na sua melhor forma, o João Neves fez o corredor direito, mas é um desperdício jogar aí, e o Guedes, mesmo um pouco desastrado, é um sério candidato ao lugar de avançado. Menção honrosa para o Arthur Cabral por causa do golo, que pode ser que lhe dê a confiança devida para sair do marasmo em que está desde que chegou ao Benfica.
 
Com este resultado, basta-nos um empate frente ao AVS em casa para nos qualificarmos para a final fourdesta competição. É certo que é a terceira na ordem de importância das provas nacionais, mas não só temos um prestígio a manter por sermos o clube que a conquistou mais vezes, como também há que ultrapassar esta seca de sete anos sem a conquistar.

segunda-feira, outubro 30, 2023

Descalabro

Empatámos no sábado frente ao Casa Pia (1-1) na Luz e deixamos fugir a lagartada na frente (2-0 no Bessa), estando agora a três pontos deles, tendo sido igualados pelo CRAC (2-0 em Vizela). Ou seja, perdemos pontos em todos os campos nesta jornada. Depois do desaire europeu a meio da semana, esperava-se uma resposta veemente da nossa parte, mas nada disso aconteceu.
 
O Schmidt mexeu muito na equipa por via das lesões do Bah, Kökçü e Musa, tendo entrado o Florentino, Arthur Cabral, com o Aursnes a passar do meio para a lateral direita. A fase lamentável que estamos a atravessar é bem exemplificada pelo facto de praticamente não termos criado oportunidades de golo na 1ª parte, fruto de uma lentidão exasperante de processos. Um remate do David Neres defendido pelo Ricardo Baptista foi a única ocasião antes de marcarmos um golo autenticamente vindo do céu: aos 44’ o João Mário fuzilou o guarda-redes, depois de assistência do Aursnes na direita, e livrou-se assim de uma substituição certa ao intervalo.
 
A 2ª parte foi bastante diferente e, infelizmente para nós, com o Casa Pia a mostrar-se muito mais em termos atacantes. Aos 52’, o Florentino tentou um corte na área, mas atingiu um adversário e fez penalty. Perante o Felippe Cardoso, o Trubin fez uma grande defesa e manteve-nos na frente do marcador. Depois deste golpe de sorte, era bom que acordássemos e tentássemos marcar mais um golo para colocar o resultado a salvo, mas foi o Casa Pia a continuar a criar oportunidades, tendo o Trubin cortado com o pé um centro muito perigoso. Entretanto, o Di María já tinha substituído o David Neres e teve uma grande ocasião num remate em arco, em que o Ricardo Baptista fez a defesa do encontro. Mas era o Casa Pia quem ameaçava mais e, depois de nova incursão pela direita em que não teve ninguém a desviar no centro da área, chegou mesmo à igualdade aos 81’ num lance caricato em que o entretanto entrado Jurásek foi novamente batido pelo Larrazabal, que ficou quase sem ângulo, mas ainda rematou para o Trubin deixar passar a bola por entre as pernas. Com aquele ângulo, a bola não pode simplesmente entrar! O lance foi tão inacreditável que houve um enorme silêncio no estádio e mesmo os adeptos do Casa Pia demoraram a celebrar. No pressing final nos últimos dez minutos, não fomos bafejados pela sorte, porque ainda atirámos duas bolas de cabeça aos ferros pelo Florentino e António Silva, uma cabeçada do Rafa foi defendida pelo guarda-redes e há um lance muito duvidoso de eventual empurrão ao entretanto entrado Tengstedt, que não foi assinalado pelo Sr. Cláudio Pereira.
 
Em termos individuais, ninguém se destacou por aí além, tal como frente à Real Sociedad. O Florentino regressou ao onze e, apesar de não estar na forma que o notabilizou na temporada passada e de ter feito um penalty imprevidente, é o único jogador de meio-campo com capacidade para roubar a bola ao adversário. O João Neves voltou a ser dos mais inconformados, mas não consegue fazer tudo sozinho. O Arthur Cabral roça cada vez mais o patético e é completamente um peixe fora de água. O João Mário fez o golo e foi só, e os laterais-esquerdos estiveram muito fracos, com o Jurásek a perder incontáveis bolas e a ser o responsável por deixar o pior acontecer sempre pelo seu lado. Quanto ao Trubin, eu prefiro guarda-redes que não defendam tantos penalties, mas que não deixem bolas quase sem ângulo passar por entre as pernas...
 
Defrontaremos amanhã o Arouca para a Taça da Liga e, para não ajudar nada à estamos com muitos problemas com lesões. Mas mais do que isso, é preciso que o Roger Schmidt perceba o que se passa e como nos deixámos chegar a esta situação. Há uma diferença abissal para o ano passado e o marasmo que vemos do banco é um sinal nada prometedor.

quinta-feira, outubro 26, 2023

Equívocos

Perdemos na 3ª feira frente à Real Sociedad na Luz (0-1) e só um milagre nos fará passar à próxima fase da Champions. Aliás, sinceramente, neste momento estou mais preocupado em mantermo-nos nas competições europeias do que propriamente irmos aos oitavos da Liga dos Campeões. Depois de duas épocas consecutivas em que chegámos aos quartos-de-final da maior prova de clubes do mundo, a perspectiva de sairmos da Europa em Dezembro é uma enorme desilusão.
 
Há jogos em que ganhamos e não merecemos, há jogos em que perdemos e devíamos ter ganho, e depois há jogos como este em que perdemos e bem. Para colocar as coisas em modo muito simples: sim, levámos um banho de bola dos bascos! Com o Kökçü recuperado de lesão, mas no banco, o Schmidt apostou no Aursnes e João Neves no meio-campo, com o João Mário na esquerda e o David Neres na direita (o Di María também estava lesionado). Na frente, esteve o Musa com o Rafa. Ou seja, o problema começou logo na constituição inicial: o Aursnes não joga a seis há séculos e, para não variar, não tínhamos ninguém para correr atrás do adversário e tentar roubar bolas. A Real Sociedad manobrou sempre muito à vontade no nosso meio-campo e não se percebe esta não-utilização do Florentino em jogos como este. Florentino, esse, que recordemos liderou as intercepções de bola na Champions do ano passado (sim, eu sei, não jogou nada bem no Estoril, mas também quem é que jogou bem nesse jogo? Além de que esta era uma partida com características muito diferentes das da Amoreira). E era tão fácil resolver isto: Florentino no meio e Aursnes no lugar onde mais se salientou na temporada passada, o lado esquerdo do meio-campo, que teria tido igualmente a enorme vantagem de não termos de levar com a lesma do João Mário. Praticamente não conseguimos criar perigo na 1ª parte, excepção a um golo anulado por fora-de-jogo do Rafa. Do outro lado, também houve um golo anulado, mas a Real Sociedad esteve sempre muito mais perto da nossa baliza.
 
Para a 2ª parte, era obrigatório uma melhoria do nosso lado. É certo que o Schmidt fez mudanças, mas colocou o Kökçü no lugar do João Mário e o Arthur Cabral no do Musa. Passámos a jogar num 4-3-3 com o turco na posição seis, ladeado pelo Aursnes e João Neves, e a inutilidade ambulante do Arthur Cabral na frente, quando o Musa até estava a dar luta aos defesas, ganhando algumas bolas de cabeça, mas sem ter praticamente jogo nenhum a chegar-lhe em condições. Ou seja, não se justificava de todo que fosse substituído! Ora bem, foi pior a emenda do que o soneto: o Kökçü era um passador a meio-campo, porque não só não tem características para jogar naquela posição, como também me pareceu estar longe dos 100% em termos físicos. O inevitável golo da Real Socidad surgiu aos 63’, num lance em que o Bah não fez tudo o que estava ao seu alcance e depois o Brais Méndez só teve de encostar. Pouco depois, ainda vimos uma bola rematada pelo japonês Kubo embater na nossa barra e só com a entrada do Tiago Gouveia a vinte minutos do fim agitámos um pouco as águas, mas sem nunca conseguirmos remeter os espanhóis à sua área, nem criar lances de golo iminente.
 
Ninguém merece um destaque individual, porque foi tudo demasiado mau. Mesmo assim, foram os miúdos da formação (António Silva, João Neves e Tiago Gouveia) quem se mostrou mais informado. Sinceramente, não percebo algumas das opções do Schmidt, que me parecem perfeitamente injustificadas com aquilo que vamos vendo em campo: já não é só a ausência do Florentino, é a insistência em fazer o Aursnes saltar entre várias posições no mesmo jogo (acabou este a defesa-direito!) e a nunca sair mesmo se estiver a jogar mal, esta entrada do Arthur Cabral não lembrou ao diabo, o Gonçalo Guedes no banco o tempo todo é inexplicável, enfim, toda uma série de equívocos que terão de ser corrigidos rapidamente, sob pena de termos aqui uma reedição da segunda temporada do Bruno Lage: depois de uma primeira brilhante, espalhámo-nos ao comprido com estrondo.
 
É que não são só os zero pontos ao fim da 3ª jornada. Temos igualmente zero golos marcados em 270’ de futebol! Ou arrepiamos caminho rapidamente ou arriscamo-nos a igualar aquela temporada ignóbil do Rui Vitória das seis derrotas na Champions.

segunda-feira, outubro 23, 2023

Em frente na Taça

Vencemos o Lusitânia nos Açores por 4-1 na passada 6ª feira e apurámo-nos para a 4ª eliminatória da Taça de Portugal. Ao contrário da época passada, encarámos esta partida com outro nível de concentração e não passámos por sobressaltos. Claro que também ajudou o facto de o Roger Schmidt só ter deixado de fora os jogadores que estiveram nas selecções nacionais.
 
Inaugurámos o marcado logo aos 9’ através do João Mário, de calcanhar, depois de assistência do Aursnes. O mais complicado foi feito relativamente cedo, o que me tranquilizou até porque não parava de chover nos Açores e perspectivava-se que o relvado começasse a ficar pesado, o que teoricamente não nos favoreceria. Aos 36’, aumentámos a vantagem através do Rafa, a corresponder muito bem à assistência do Chiquinho, que o isolou. Como nesta eliminatória ainda não há VAR, pudemos festejar os golos à vontade e não tivemos de esperar pela confirmação de que o Rafa estava mais do que em jogo. Em cima do intervalo e na sequência de um canto, o Aursnes teve uma paragem cerebral e saltou à bola com os braços esticados, tendo atingido um adversário. O óbvio penalty foi convertido pelo Ferrara e fomos para o descanso com a vantagem mínima, quando tudo já deveria estar decidido.
 
Na 2ª parte, entraram o Gonçalo Guedes e o Jurásek para os lugares do apagado Tengstedt e do Bernat. O Lusitânia começou a acusar o facto de estar num campeonato inferior ao nosso e as pernas foram cedendo, não lhes permitindo quase passar do meio-campo. Nós fomos pressionado mais, tivemos algumas oportunidades e acabámos por fazer o 3-1 aos 68’ na estreia do Arthur Cabral a marcar pelo Benfica: assistência do Gonçalo Guedes e o avançado brasileiro picou a bola por cima do guarda-redes, tendo esta ainda batido no poste antes de entrar. O Guedes ainda viu dois golos seus invalidados (um por fora-de-jogo e outro por falta sobre o defesa), mas fechámos a contagem aos 87’ num óptimo golo do Tiago Gouveia, entretanto entrado, que correu desde o meio-campo, bateu um defesa e também picou a bola sobre o guarda-redes.
 
Em termos individuais, o João Neves encheu o campo todo. O Guedes entrou muito bem na 2ª parte e deu um dinamismo que o Tengstedt não conseguiu. Também o Jurásek me parece com melhor pedalada neste momento do que o Bernat, mas nenhum deles nos vai deixar de ter saudades do Grimaldo... O Arthur Cabral lá marcou finalmente, mas não acho de todo que esteja em condições de assumir a titularidade, até porque o Musa é muito mais dinâmico do que ele, especialmente quando se trata de dar luta aos defesas.
 
O nosso histórico na Taça de Portugal no último quarto de século é algo que não pode deixar de nos envergonhar enquanto benfiquistas. Gosto muito que o nosso treinador tenha percebido isso (especialmente depois da estreia miserável com o Caldas na época passada) e tenha dito que quer ir ao Jamor em Maio. Eu também!

sexta-feira, outubro 20, 2023

No Euro 2024

E ao 7º e 8º jogo da era Martínez, finalmente começámos a jogar algum futebol de jeito. Vencemos a Eslováquia em casa por 3-2 na passada 6ª feira e selámos logo ali a qualificação para o Euro 2024, até porque o Luxemburgo empatou na Islândia (1-1), e, não contentes com isso, fomos golear (5-0) à Bósnia na 3ª feira, num resultado algo surpreendente.
 
Para a recepção à Eslováquia, o Roberto Martínez inovou ao colocar o Gonçalo Ramos ao lado do Cristiano Ronaldo. Dado que este bisou e aquele inaugurou o marcador, pode dizer-se que a experiência foi bem-sucedida. A 1ª parte do jogo foi do melhor que se tem visto até agora e a vantagem de 2-0 ao intervalo pecava bastante por escassa, tal o volume de jogo e oportunidades que tivemos. Na 2ª parte, desconcentrámo-nos, permitimos que os eslovacos reduzissem, ainda aumentámos para 3-1 pouco depois, mas voltámos a permitir novo golo do adversário. Sofremos os dois primeiros golos desta fase de qualificação, mas a nossa vitória nunca esteve em causa.
 
Sinceramente esperava que, estando a qualificação garantida e com o histórico sempre complicado da visita à Bósnia, tirássemos um pouco o pé de acelerador e passássemos por dificuldades. Ao invés, chegámos ao intervalo a ganhar por 5-0! Dois golos do C. Ronaldo com os outros a serem apontados por Bruno Fernandes, João Cancelo e João Félix foram uma demonstração inequívoca da boa forma actual da nossa selecção. Na 2ª parte, abrandámos, o que é natural, mas este jogo permitiu ainda na parte final a 1ª internacionalização do João Neves.
 
Com quatro golos em dois jogos e um total de nove nesta fase de qualificação, o C. Ronaldo merece obviamente destaque. Com duas assistências no primeiro jogo e um golo no segundo, o Bruno Fernandes é outros dos imprescindíveis desta selecção. O João Félix entrou muito bem contra os eslovacos e deu um verdadeiro show na Bósnia. Dá gosto ver a alegria com que está novamente a jogar, depois de alguns anos perdidos numa equipa que não é de todo para ele. O Rafael Leão é que esteve um pouco discreto nestes dois jogos, mas é sempre alguém que pode partir o jogo na esquerda. No meio-campo, o João Palhinha e o Danilo deram consistência, cada um fazendo um dos jogos, e na defesa parece que abandonámos de vez os três centrais, com o Rúben Dias a fazer dupla com o António Silva no primeiro e com o Gonçalo Inácio no segundo.
 
Conseguimos inéditas oito vitórias consecutivas o que só por si já dá um lugar na história ao Roberto Martínez. Sim, o grupo era bastante acessível, mas já os tivemos no passado e sem este rendimento. Vejamos o que nos traz a preparação para o Euro 2024 e, principalmente, a nossa performance no torneio. Mas, de facto, já fazia falta alguém que soubesse potenciar deviamente a qualidade ofensiva dos nossos jogadores.

domingo, outubro 08, 2023

Preocupante

Numa das piores exibições desde que o Roger Schmidt é nosso treinador, vencemos ontem no Estoril por 1-0 e aguardamos hoje pelos jogos dos rivais para ver se a nossa liderança deixa de ser provisória. Depois da derrota em Milão, exigia-se uma resposta à altura, até porque o campeonato vai parar para as selecções e convinha não perder a vantagem adquirida sobre o CRAC na jornada passada. No entanto, nada disto aconteceu e a nossa exibição foi inenarrável, com o golo da vitória a surgir só aos 93’...!

O Roger Schmidt promoveu uma autêntica revolução no onze e as coisas não correram nada bem. O meio-campo foi novo com o Florentino e Chiquinho nos lugares do João Neves e Kökçü (lesionado), o Jurásek alinhou na lateral esquerda com o bombeiro Aursnes a substituir o lesionado Bah na direita, o João Mário no lugar do também lesionado Di María e a maior surpresa foi o Tengstedt na frente. A 1ª parte foi de fugir com raríssimas ocasiões de golo da nossa parte, uma percentagem pornográfica de perdas de bolas nas transições, velocidade de execução era algo que não nos assistia e incapacidade inesperada de conter os contra-ataques dos canarinhos. O Tengstedt fez dois bons movimentos de desmarcação, mas estragou tudo com os remates, quando até estava em boa posição, o David Neres proporcionou ao guarda-redes Marcelo Carné a melhor defesa da partida, com o Jurásek na recarga a atirar para as nuvens, e do outro lado o Estoril chegou a assustar o Trubin mais do que uma vez. É certo que a nossa exibição estava a ser paupérrima, mas isso não invalida que nem o árbitro, Sr. André Narciso, nem o VAR, sr. Rui Gomes Costa, tenham feito vista grossa a um penalty sobre o Tengstedt por empurrão evidente, depois de o dinamarquês cabecear a bola. É indiferente se foi antes ou depois do toque na bola, é empurrão na área, é penalty. Ponto.

Na 2ª parte, conseguimos o feito de jogar ainda pior do que na 1ª! Até foi o Estoril a criar as melhores oportunidades, com destaque para um remate ao poste do Heriberto. Perante este cenário, tornou-se absolutamente incompreensível como é que o Roger Schmidt demorou 70’(!) a começar a fazer substituições...! Mais: o João Mário, que se arrastou a partida inteira, só saiu aos 85’! Um remate um pouco à figura, mas com força, do Otamendi terá sido das poucas oportunidades que tivemos, mas o guarda-redes voltou a defender, Otamendi, esse, que já em cima dos 90’ falhou incrivelmente o remate na sequência de um canto, quando tinha a baliza a mercê. Até que aos 93’, o milagre aconteceu também num canto, com amortecimento do Musa e cabeçada muito oportuna do António Silva, quase deitado, a fazer o 1-0. Mesmo assim, ainda permitimos ao Estoril uma enorme ocasião, também num canto, com um remate que o António Silva defendeu com a cabeça(!), salvando o vitória mesmo sob o apitou final. Em termos individuais, o destaque vai inteirinho para o António Silva. Um golo e a defesa de cabeça que permitiu manter o empate justificam-no completamente. De resto, poucos mais se safaram de uma avaliação muito negativa. O Florentino e o Chiquinho perderam imensas bolas a meio-campo, o Tengstedt está a anos-luz do Musa, o João Mário precisa de ir para a bancada durante uns tempos, enfim, foi tudo mau demais para ser verdade.

Mas quem mais me preocupa é o Roger Schmidt. Aquele marasmo desde o banco não é normal. É impossível que não tenha visto ontem que uma série de jogadores simplesmente não estavam em campo. E, mesmo assim, demorou séculos a mexer na equipa! Não sei o que quis provar, mas peço-lhe encarecidamente que não volte a fazer o mesmo. Infelizmente, esta temporada está a assemelhar-se demasiado à segunda do Bruno Lage. Depois de arrasarmos na primeira, parece que desaprendemos de jogar. As consequências disso toda a gente ainda se lembra. Esperemos que, desta feita, o filme tenha um final diferente.

quinta-feira, outubro 05, 2023

Justo

Perdemos na 3ª feira em Milão (0-1) frente ao Inter e continuamos com zero pontos na Liga dos Campeões desta temporada. Depois de uma 1ª parte, em que tivemos algum domínio, embora sem criar grandes oportunidades de golo, fomos completamente arrasados na 2ª e o resultado só peca por escasso.
 
O Schmidt surpreendeu na equipa inicial, com a estreia absoluta do Bernat na lateral esquerda e a subida do Aursnes para o meio-campo em detrimento do Musa, tendo o ataque móvel sido entregue ao David Neres, Rafa e Di María. Esta táctica de não alinhar com um ponta-de-lança não resultou na 1ª parte na Supertaça (e eu estava muito céptico em relação a ela), mas não correu assim muito mal pelo menos nos primeiros 45’. Já a não-presença do Florentino no onze, numa partida com estas características, é algo que não compreendo. O Inter Milão jogou à italiana na 1ª parte, tendo-nos dado a bola, mas criado perigo em transições rápidas, com o Dumfries a falhar um par de oportunidades. Nós só tivemos uma verdadeira ocasião, pelo Aursnes depois de um lançamento lateral, em que aproveitámos a desconcentração deles, mas o Sommer defendeu bem para canto. Quase a meio da 1ª parte, tivemos o contratempo da lesão do Bah, que foi substituído na lateral direita pelo central Tomás Araújo (não se arranjou um concorrente directo para o dinamarquês e depois é isto...).
 
Na 2ª parte, fomos autenticamente massacrados pelos italianos. E devemos ao Trubin termos saído de Milão só com um golo sofrido, dado que só à sua conta deve ter salvado uns três golos certos, dois deles ao Lautaro Martínez, que não só viu também o Otamendi cortar um remate dele que ia entrar na baliza, como ainda atirou mais duas bolas aos ferros! Só aqui estaria uma meia-dúzia de golos na nossa baliza. Acabou por só entrar um, aos 62’, pelo Marcos Thuram a rematar de primeira depois de um centro atrasado do Dumfries na direita, num lance no limite do fora-de-jogo. Apesar de estarmos a ser completamente empurrados para trás desde o início da 2ª parte, o Schmidt só mexeu na equipa depois de sofrer o golo. E voltou a cometer o erro de não colocar o Florentino, mas sim o Chiquinho. Ou seja, continuámos sem conseguir parar a avalanche italiana, mas verdade seja dita nenhuma das outras substituições resolveu grande coisa, mesmo tendo nós terminado o encontro com dois pontas-de-lança (Musa e Arthur Cabral). Mesmo assim, o Arthur Cabral rematou ao lado num lance em que deveria ter feito melhor, depois de ser assistido pelo Neres.
 
Em termos individuais, o Trubin está no bom caminho no seu processo de des-robertização, tendo sido indiscutivelmente o nosso melhor jogador. O David Neres na 1ª parte ainda deu um ar de sua graça, mas tal como o resto da equipa afundou-se depois do intervalo. O Bernat é bom jogador, mas nota-se uma natural falta de ritmo. (Já agora, estando ele livre para que é que se foi gastar 14M€ no Jurásek...?) Outro que tem de jogar mais nestes jogos é o Kökçü, até pelo preço que custou. O João Neves tem uma capacidade de luta inacreditável, mas perante estas equipas mais possantes às vezes perde-se um pouco. O Rafa e o Di María já estiveram em melhor forma, mas quem me começa a preocupar verdadeiramente é o Arthur Cabral, que parece completamente um peixe fora de água...
 
O próximo encontro frente à Real Sociedad vai ser decisivo. Ou ganhamos ou estaremos fora da Champions. Aliás, nos dois jogos contra eles, teremos de conseguir pelo menos quatro pontos. Mas antes disso há que voltar a concentrar-nos no campeonato, com a ida ao Estoril já neste fim-de-semana.

ADENDA: alertado por um comentário, OBVIAMENTE que faço aqui um mea culpa por não ter referido o penalty sobre o David Neves na 1ª parte, quando ainda estava 0-0, num lance em que não se compreende como o VAR (Rob Dieperink) não alertou o árbitro (Danny Makkelie) de tão evidente que ele é nas imagens. Ficam aqui os respectivos nomes deste holandeses para memória futura. Aliás em três jogos frente ao Inter Milão, fazemos o pleno de três penalties que ficaram por assinalar, um em cada um deles. Inacreditável!

segunda-feira, outubro 02, 2023

Chouriço

Vencemos o CRAC na passada 6ª feira na Luz (1-0) e ultrapassámo-los na classificação, tendo agora dois pontos de vantagem perante eles e mantendo-nos a um da lagartada, que foi ganhar 3-2 a Faro (com o golo da vitória em cima dos 90’ num penalty muito duvidoso...).
 
O nosso histórico perante as forças do Mal na Nova Luz é uma desgraça, tendo conseguido agora apenas a 5ª vitória em 21 encontros para o campeonato (contra 9 do adversário). No entanto, para além do plantel actual deles estar a anos-luz do que já chegaram a ter, ainda se encontravam privados de ambos os centrais (Pepe e Marcano). Portanto, o CRAC apresentou-se na Luz com o Fábio Cardoso e David Carmo no eixo da defesa(!), e as coisas ainda ficaram piores com a (justa) expulsão daquele aos 19’ por derrubar o David Neres, que ia isolado para a baliza. Ou seja, estava tudo a nosso favor para uma vitória tranquila e quiçá dilatada para vingar tantos anos em que as coisas nos foram desfavoráveis, certo...? Errado! Porquê? Porque, para mim, o Roger Schmidt falhou na constituição inicial da equipa. Quer dizer, perante Vizela, E. Amadora e outros que tais, o Neres e o Di María não jogaram juntos, agora contra o CRAC já jogam? Por outro lado, o Florentino era muito importante nesta partida para que pudéssemos subir as linhas e fazer pressão mais à frente. Nada disto aconteceu e passámos pela vergonha de o CRAC ter sido a melhor equipa na 1ª parte, mesmo estando a jogar com 10. Aliás, foram deles as duas melhores oportunidades para marcar, com o Trubin a sair bem aos pés do Taremi e a defender igualmente bem um remate de fora da área. Com 10, o CRAC criou mais perigo do que nós, dado que só tivemos um remate por cima do Di María logo a abrir o jogo e um centro do Neres desviado por um defesa para a baliza, com o Diogo Costa a defender para canto. Muito, muito pouco.
 
Na 2ª parte, lá acordámos, pressionámos bem e o CRAC não teve tanto tempo para pensar e sair a jogar. O Musa atrapalhou-se num desvio depois de jogada do David Neres na esquerda, mas foi do Kökçü o lance mais perigoso, com uma bola ao poste depois de um alívio na área a seguir a um centro do Di María na direita. O David Neres também teve uma boa chance, porém o Diogo Costa fez bem a mancha, e o Otamendi falhou o alvo quando estava em boa posição, na sequência de um centro do João Neves a seguir a um canto. Até que aos 68’, finalmente inaugurámos o marcador num remate enrolado do Di María, que ainda tabelou num defesa e enganou o Diogo Costa, depois de jogada do David Neres na direita. Um autêntico chouriço! Até final, o Otamendi poderia ter fechado o jogo num remate já na área que saiu por cima, depois de um centro atrasado num canto, mas o CRAC também nunca revelou engenho para nos criar perigo.
 
Em relação aos destaques, referência para o David Neres, que voltou a ser o melhor do Benfica com a mais-valia de ter feito a assistência para o golo. Em mais uma prova de que o futebol é um desporto incrível, o Di María terá feito dos piores jogos desde que regressou, mas marcou o golo da vitória! Nada lhe saiu bem na 1ª parte e mesmo na 2ª esteve longe de deslumbrar, mas fica indelevelmente ligado ao resultado final. O João Neves subiu muito na etapa complementar, assim como o Rafa. O Trubin fez duas boas defesas, manteve as redes a zeros e pode ser que isso lhe dê a confiança que necessita para afastar o fantasma do Roberto que ainda paira sobre ele (sim, é a minha opinião pelo que vi até agora).
 
Devo dizer que, para mim, foi das vitórias menos saborosas perante o CRAC. Porquê? Porque, se fosse ao contrário (expulsão nossa aos 20’), teríamos sido completamente atropelados. Não só os deixámos ser melhor do que nós na 1ª parte, como tirámos totalmente o pé do acelerador assim que nos vimos em vantagem. O que me chateia mais nisto é que tenho grandes dúvidas de que tivéssemos conseguido ganhar com igualdade numérica. Tal como aconteceu em Mordor no ano passado. Ou seja, temos três vitórias nos últimos quatro jogos, mas duas delas em superioridade numérica. As expulsões foram justas em ambos os jogos, sem dúvida nenhuma, mas o CRAC conseguiu equilibrar as coisas mesmo com 10. Algo que duvido muito que nós conseguíssemos fazer. E isso deve-se à maneira como eles continuam a encarar os jogos contra nós. Caramba, eles conseguiram equilibrar o jogo com David Carmos, Zé Pedros, Wendels e Eustáquios...! Quantos jogadores deles entrariam de caras na nossa equipa? Duvido que fossem mais do que dois. E mesmo assim nós perdemos mais uma oportunidade de lhes dar um grande rombo na moral com um resultado categórico. Aliás, não é por acaso que o Sérgio Conceição disse que podem ganhar mais neste jogo do que os pontos que perderam. Eusébio queira que esteja errado!

quarta-feira, setembro 27, 2023

Repetição

Vencemos em Portimão por 3-1 no passado domingo e mantemo-nos a um ponto dos líderes do campeonato. Foi uma partida à semelhança das outras que realizámos fora de casa nesta temporada, em que entramos bem, dominamos completamente, colocamo-nos em vantagem, não matamos o jogo, apanhamos valentes sustos, mas felizmente lá acabamos por ganhar.
 
Com o Di María lesionado, o David Neres voltou ao onze e foi o melhor em campo. Fizemos o 1-0 logo aos 5’ num golão do Bah de fora da área assistido pelo Kökçü. Pouco depois, foi o Neres, bem desmarcado pelo Rafa, a proporcionar ao guarda-redes Vinícius Silvestre defesa com pé, mas aos 17’ fizemos mesmo o 2-0 através do Musa, que só teve de encostar depois de ser assistido pelo Neres, que por sua vez recebeu um passe a rasgar do Kökçü. O jogo poderia ter ficado definitivamente decidido à passagem da meia-hora, quando o Rafa se isolou, mas perdeu ângulo de remate depois de contornar o guarda-redes. Até ao intervalo, foi novamente o Rafa a poder marcar, mas o seu remate foi defendido pelo Vinícius Silvestre. Do outro lado, não há praticamente nada a registar, excepto um remate de fora da área que o Trubin deixou passar por baixo das mãos..., mas felizmente a bola saiu ao lado.
 
Para a 2ª parte, o Roger Schmidt deixou o Kökçü, o Bah e o Musa nos balneários, tendo entrado o João Neves, Jurásek e Arthur Cabral para os seus lugares. Ainda criámos perigo por este e pelo Neres, mas foi mesmo o Portimonense a reduzir para 1-2 aos 56’ num contra-ataque pela esquerda, em que a nossa defesa demorou muito a recuperar, e o Trubin não conseguiu parar o remate do Jasper. A partida voltava a ficar em aberto e poderia mesmo ter havido uma igualdade, porque aos 60’ o Morato resolveu esticar a mão num remate e o Sr. Hélder Malheiro, alertado pelo VAR, marcou o respectivo penalty. Felizmente o Trubin adivinhou o lado e conseguiu defender, tendo o Otamendi sido igualmente muito importante ao atirar para canto na recarga. Depois deste susto, resolvemos voltar a jogar à bola e voltámos a alargar a vantagem aos 66’ através do David Neres, que correspondeu muito bem a um contra-ataque do Rafa. Pouco depois foi o João Mário, que falhou o desvio à boca da baliza, porque o guarda-redes ainda desviou ligeiramente com o pé o centro do Neres na esquerda. Até final, ainda tivemos mais algumas oportunidades que transmitiriam uma melhor ideia da nossa superioridade, mas que infelizmente não entraram.
 
Em termos individuais, o David Neres foi o melhor em campo e vai ser difícil ao Schmidt continuar a arranjar desculpas para não o colocar no onze. O Rafa é outro que está em excelente forma, algo que costuma ser natural em jogadores em final de contrato.  O Morato substituiu o António Silva, que ficou no banco, mas não esteve bem, nomeadamente na questão do penalty escusado. O Trubin foi importante no penalty, mas aquela bola que passou debaixo das mãos deu-me muitos calafrios... O Bah também está longe da melhor forma, mas marcou um golão e pode ser que isso o anime. No meio-campo, regressou (e bem) o Florentino e cada meia-parte do Kökçü e do João Neves foi em alta rotação.
 
Iremos receber o CRAC nesta 6ª feira e é fundamental conseguirmos uma vitória para passar à frente deles. É que, parecendo que não, já têm uma série de pontos a mais com golos depois dos 90’ (voltou a acontecer nesta jornada frente ao Gil Vicente...).

sábado, setembro 23, 2023

Em falso

Perdemos na passada 4ª feira em casa frente ao Salzburgo (0-2) na estreia da Champions desta temporada. Uma semana de loucos em termos de trabalho não me permitiu escrever mais cedo acerca deste jogo. Mas também não é que houvesse uma enorme vontade de discorrer sobre esta tremenda desilusão.

Perante possivelmente o adversário mais acessível do grupo, não poderíamos ter entrado pior: o Trubin saiu pessimamente dos postes num canto e acertou com os punhos na cabeça de um avançado, fazendo naturalmente penalty logo aos 2’. Valeu-lhe o facto de o Konate ter atirado por cima. Respondemos razoavelmente bem, com o João Mário a rematar e a bola a embater na mão de um adversário (para mim, é penalty, mas o árbitro assim não considerou). Logo a seguir, o mesmo João Mário atirou ao poste numa boa combinação ofensiva. No entanto, aos 13’ foi o António Silva a colocar a mão na bola depois de ela ter embatido no poste, na sequência de um lance que se iniciou com um péssimo passe atrasado do Bah. Vermelho directo e 0-1 para o Salzburgo num penalty do Simic. O Roger Schmidt sacrificou o João Mário para fazer entrar o Morato e compor o quarteto defensivo. Mesmo com 10, ainda tivemos algumas oportunidades, com o Di María a fazer o guardião contrário Schlager brilhar num canto directo. Em cima do intervalo, foi o Musa a ter uma boa jogada, mas o remate saiu muito ao lado. Com um pouco mais de manha, o croata poderia ter-se deixado cair quando foi empurrado e eventualmente teria ganho um penalty.

Logo no início da 2ª parte, foi o mesmo Musa a ter um remate cruzado, que o Schlager voltou a defender. No entanto, aos 51’ as coisas complicaram-se ainda mais com um mau passe do Morato na saída para o ataque a resultar no 0-2 para o Salzburgo através do Gloukh que só teve de encostar depois de assistido pelo Simic, num lance de dois contra o guarda-redes, dado que o Aursnes também falhou a intercepção. O Musa ia tentando, mas o guarda-redes adversário revelava-se um dos melhores em campo, tendo igualmente defendido quase em cima da linha um cabeceamento do João Neves num canto. O Roger Schmidt demorou muito a voltar a mexer na equipa e teve de ouvir o estádio quase todo a gritar pelo David Neres a determinada altura do jogo. Finalmente lá entrou, para o lugar do Di María, mas o jogo estava irremediavelmente perdido.

 

Em termos individuais, o Musa foi o melhor do Benfica. Muito trabalhador, muito rematador (nem sempre com grande pontaria), neste momento é um indiscutível da equipa. O Rafa, enquanto teve discernimento, também foi dos que mais tentou rematar contra o estado das coisas. O Di María esteve melhor na 1ª do que na 2ª parte e vai perdendo discernimento à medida que vai baixando fisicamente. Quanto aos que se evidenciaram pela negativa, o Bah está numa forma péssima e espero bem que o Trubin confirme rapidamente o seu (suposto) valor, porque neste jogo tive visões do fantasma do Roberto... Não é só o penalty por socar a cabeça de um adversário, como principalmente outro lance na 1ª parte, em que falhou redondamente a intercepção a um cruzamento, que só não resultou em golo por inépcia do adversário. Não tivemos nenhum problema na baliza durante quase seis anos, temo muito que tenhamos arranjado um agora. Contratámos o Trubin para fazer concorrência ao Vlachodimos, porque o Samuel Soares não servia. Gerimos muito mal o que se passou com o grego e agora temos o Samuel Soares a fazer concorrência ao Trubin... Ou seja, ou o ucraniano entra rapidamente nos eixos, ou criámos aqui um enorme problema.

 

Perante este resultado desastroso, valeu-nos o empate no outro jogo entre a Real Sociedad e o Inter Milão (1-1). Na próxima jornada, iremos a Milão e, se quisermos ter hipóteses de seguir em frente, não podemos perder.

terça-feira, setembro 19, 2023

Escusado

Vencemos em Vizela no passado sábado por 2-1 e mantemo-nos um ponto atrás dos da frente. Por motivos profissionais, foi-me impossível postar antes de hoje e foram esses mesmos motivos que me fizeram ter visto o jogo em diferido fora de Portugal. Foi uma vitória mais do que justa, que só peca por ter sido pela margem mínima, quando o mais justo seriam pelo menos três golos de diferença, tal a nossa superioridade.

 

O Roger Schmidt promoveu a estreia do Trubin na baliza, que não teve quase trabalho nenhum. Entrámos muito bem na partida e inaugurámos o marcador logo aos 9’ através do Musa, depois de uma boa jogada com desmarcação do Rafa pelo Kökçü e assistência daquele para o croata rematar, com a bola ainda a sofrer um desvio num defesa. O Kökçü esteve em destaque ao falhar um desvio só com o guarda-redes pela frente e a fazer um livre directo roçar ainda na barra. A nossa pressão no adversário era imensa, que mal saía do meio-campo, e aos 39’ fizemos o 2-0 através de um livre directo muito bem executado pelo Di María.

 

Na 2ª parte, continuámos a dominar fortemente a partida, com o guarda-redes Buntic a defender um golo certo do Musa, depois de assistência do Rafa. O terceiro golo fecharia completamente a partida, mas foi o Vizela a reduzir para 1-2 aos 70’ num penalty escusado do Aursnes por empurrão a um adversário. O Samu enganou o Trubin no remate. O desfecho da partida voltava a estar em aberto escusadamente, por culpa da nossa ineficácia, mas conseguimos controlar os danos até final. Até foram nossas a melhores oportunidades, com o João Mário e o Rafa a proporcionarem defesas do Buntic, enquanto do outro lado só um cabeceamento quase no final da compensação criou algum perigo, com a bola a sair ao lado.

 

Em termos individuais, o Rafa foi o melhor do Benfica, com as suas arrancadas a dar cabo da cabeça dos adversários. O João Neves também encheu o campo e dá muita dinâmica à equipa. O Di María marcou mais um golo, mas continua a estar tempo a mais no campo (sendo a culpa obviamente do Schmidt), porque por volta dos 70’ inevitavelmente rebenta. O Musa, sendo ponta-de-lança, marcou e ainda bem, porque isso lhe irá dar mais confiança. O João Mário e o Bah é que ainda continuam fora da forma habitual.

 

Foi uma vitória importante num campo difícil, mas na 2ª parte sentiu-se que muitos jogadores já estavam mais com a cabeça na Champions, que começa nesta 4ª feira frente ao Salzburgo. Sendo o primeiro jogo em casa, é fundamental começar com uma vitória.

 

P.S. – A arbitragem do Sr. Luís Godinho teve muito que se lhe dissesse. Não só o Otamendi levou amarelo num lance em que foi pisado no tornozelo(!), como tivemos uma expulsão perdoada ao guarda-redes adversário por suposto fora-de-jogo do Rafa no início da jogada, sendo que a bola ainda foi desviada pelo David Neres e, nessa altura, o Rafa já não estava adiantado. Surreal...!

segunda-feira, setembro 18, 2023

Eslovénia e Luxemburgo

Na semana passada, tivemos a pausa para as selecções e praticamente selámos a qualificação para o Euro 2024 com vitórias na Eslováquia (1-0) e recepção ao Luxemburgo (9-0). No primeiro jogo, fizemos uma exibição muito frouxa, só com o golo do Bruno Fernandes no final da 1ª parte para poder mostrar. A selecção pareceu sempre muito perra e o empate não seria de todo um resultado injusto. Frente ao 3º classificado do grupo, batemos o nosso recorde ao marcar nove golos num só jogo. Sem o C. Ronaldo, que viu um amarelo frente aos eslovacos, a equipa pareceu muito mais solta e sem a obrigatoriedade de jogar sempre para o mesmo (se não tem, disfarça bem). O Gonçalo Inácio, o Gonçalo Ramos e o Diogo Jota bisaram, com os restantes golos a serem marcados pelo Ricardo Horta, Bruno Fernandes e João Félix.

 

Há que não embandeirar em arco com esta campanha, porque, quando o 3º classificado do grupo leva nove golos, está tudo dito acerca da dificuldade deste grupo... Além de que a selecção ainda está num patamar abaixo daquilo que a mais-valia dos jogadores justificaria.