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domingo, maio 15, 2022

Juventude em marcha

Triunfámos em Paços de Ferreira (2-0) na 6ª feira no último jogo do campeonato com um bis do Henrique Araújo. Numa partida em que o Nélson Veríssimo deu oportunidade a uma série de jovens (daí o título do post roubado a um filme do Pedro Costa), fomos eficazes na frente e tivemos um Helton Leite inspirado na baliza (a braçadeira de capitão pela primeira vez pode ter contribuído para isso...).
 
Para a despedida do campeonato, o Gilberto foi o único dos titulares no onze inicial. Não poderíamos ter entrado melhor com uma recuperação de bola no meio-campo adversário pelo Tiago Gouveia, que, não contente com isso, ainda fez uma óptima abertura a isolar o Henrique Araújo. Este, com claro instinto de matador, não falhou à saída do guarda-redes. Estávamos no início do jogo, mas até em cima do intervalo devemos ao Helton Leite o Paços de Ferreira não ter dado a volta ao jogo, com três fantásticas intervenções. Mesmo a soar o apito para o descanso, o Tiago Gouveia tem um remate de fora da área, o guarda-redes defende para o lado, o Gil Dias centra de pé direito e o Henrique Araújo aparece ao segundo poste para finalizar novamente com êxito. Golo típico de ponta-de-lança, que está invariavelmente no sítio certo para “só ter de encostar”.
 
A 2ª parte foi mais calma, connosco a conseguir conter melhor o adversário, que só a 15’ do fim obrigou novamente o Helton Leite a segurar o zero na nossa baliza, outra vez perante um adversário isolado. Do nosso lado, as oportunidades também surgiram na parte final, com os entretanto entrados Diego Moreira (uma estreia) e o Yaremchuk a verem o guarda-redes André Ferreira negar-lhes o golo, quando estavam ambos em boa posição
 
Em termos individuais, óbvio destaque para o Henrique Araújo com dois golos. Parece ser daqueles jogadores que faria um vizinho meu de bancada dizer outra vez “não joga nada, só sabe marcar golos”, tal como o fez com o enorme Tacuara Cardozo (ohhh, se houve paciência...!). O madeirense é rápido sobre a bola, coloca-se muito bem na área e é inteligente a aparecer nos espaços. Já tinha gostado dele frente ao Vizela e na 6ª feira encheu-me as medidas. Espero que tenha uma oportunidade na próxima época. O Helton foi o outro grande obreiro desta vitória com quatro intervenções absolutamente decisivas. O Tiago Gouveia acabou por estar envolvido em ambos os golos, embora numa ou outra jogada tenha preferido voltar para trás em vez de continuar com a bola para a frente (espero que tenham sido ordens do banco, porque não gosto nada de ver jogadores a fazer isto por sua livre e espontânea vontade...). O Tomás Araújo esteve concentrado na defesa e não destoou do Morato. O Sandro Cruz na esquerda não me convence por aí além, mas pode ser que ainda seja nervosismo. O Diego Moreira e o Martim Neto também tiveram direito a uns minutinhos, em que deu para ver que têm boa dinâmica.
 
Terminámos com uma vitória um campeonato para esquecer: 17 pontos do 1º e 11 do 2º é mau demais para um clube como o nosso. O balanço será feito daqui a uns tempos num outro post, mas a culpa não pode morrer solteira. Espero sinceramente que as lições destes últimos três annus horribilis tenham sido FINALMENTE percebidas.

segunda-feira, maio 09, 2022

Dois centímetros

Perdemos com o CRAC (0-1) na Luz no passado sábado e pela segunda vez vimo-los festejarem um campeonato no nosso estádio. O empate bastava para eles conquistarem o título, jogaram para ele, mas foram bafejados pela sorte (e pela nossa inépcia defensiva) aos 94’ e, num contra-ataque depois de um canto a nosso favor, o Zaidu fez o único golo da partida.
 
Já sem o Rafa, ficámos igualmente sem o Everton e o Diogo Goncalves ainda antes do começo do jogo, pelo que os nossos extremos foram o Lazaro e o Gil Dias... Fiquei logo esclarecido quanto às nossas possibilidade de vitória e a 1ª parte foi um longo bocejo praticamente sem oportunidades, excepção feita a um lance em que o Taremi bateu em velocidade o Vertonghen e ficou só com o Vlachodimos pela frente, mas este defendeu. Em termos atacantes, não conseguimos desmontar a defesa contrária e praticamente não criámos perigo.
 
Na 2ª parte, estivemos mais tempo no meio-campo contrário, mas sem conseguir criar grandes oportunidades. A primeira até foi do CRAC com um bom remate do Evanilson, mas nova boa defesa do Vlachodimos. No entanto, aos 51’ aconteceu o lance que definiu a partida: uma bola lançada em profundidade do Otamendi para o Darwin, este dominou muito bem, bateu o Mbemba e fez golo. Um golão! O estádio rebentou num enorme festejo, o Darwin tirou a camisola e viu o amarelo. Até que depois aconteceu isto...! 
 

Um momento destes é anulado, porque o nosso jogador estava 2 cm fora-de-jogo! Dois centímetros! D-o-i-s  c-e-n-t-í-m-e-t-r-o-s! Nunca me apanharão em contradição neste assunto: O D E I O  O  V A R!!!! Não mudarei de opinião, mesmo que seja a nosso favor (raramente é, portanto também não corro um risco muito grande...) Mata completamente o futebol! Anula-se um golo por 2 cm num campo com uma largura de mais de 60 metros! Alguém no seu perfeito juízo acha que 2 cm são fundamentais para um jogador tirar partido da sua posição?! Vamos até passar por cima do facto de adiantar ou atrasar um frame alterar completamente a posição do jogador, acham mesmo que é preciso fazer os adeptos passarem por isto...?! Marcar-se um golo e estarmos todos à espera não-sei-quanto tempo que o VAR ande a medir pilinhas com uma régua...?!?! Não se pode fazer a coisa a olho nu?! Há dúvidas sobre a posição, favorece-se a equipa que ataca, como se fazia quando não havia VAR. Seja contra ou a nosso favor. Simples! E isso decide-se em segundos! Alguém consegue dizer que o futebol português está melhor com o VAR? Acabaram-se as polémicas?! Deixou-se de discutir as arbitragens?! Ou está tudo na mesma como dantes e só o adepto é que ficou a perder, porque nunca sabe se pode ou não festejar um golo decentemente?! Não acabem com esta m**** que não é preciso...! Prefiro de longe perder um jogo com um golo irregular por margens destas do que festejar um golo assim que depois não vale. De longe! E depois há outra coisa: anula-se o golo, mas o amarelo ao jogador que tirou a camisola mantém-se... Brilhante!
 
O CRAC estava satisfeito com o empate e nós não conseguimos ultrapassar esta desilusão, nunca mais tendo outra oportunidade tão boa como esta para marcar. Até que já depois da hora, o Taarabt mostrou que só sabe agredir adversários quando prejudica o Benfica. Quando o deveria fazer, está quieto. Era óbvio que o Pepê não poderia passar por ele daquela maneira no contra-ataque do golo. Teria de ser parado a qualquer custo! Nem que ele tivesse 10 jogos de suspensão! Se fosse ao contrário, o nosso jogador iria provavelmente parar ao hospital! Mas não, a abécula marroquina não fez a mínima menção de parar o adversário, e o resultado viu-se.
 
Haverá tempos para fazer um balanço desta época hedionda. No entanto, a 17 pontos (por enquanto) do 1º lugar e a 11 do segundo, com 18 (!) pontos perdidos na Luz, isto é uma época para recordar. Muita coisa terá de mudar para o ano. Inevitavelmente.

segunda-feira, maio 02, 2022

Mínimos

Vencemos no sábado o Marítimo na Madeira por 1-0 em mais um jogo que não nos irá deixar saudades. Uma tendência que tem sido maioritária em grande parte dos jogos deste campeonato. Como não poderíamos ter começado melhor, com um golo logo a abrir, ainda pensei que embalaríamos para uma exibição ao menos razoável. Mas nem isso.
 
O Nélson Veríssimo fez algumas alterações na equipa e alinhámos em 4-3-3, com o João Mário de regresso à titularidade e o Gonçalo Ramos no banco. Mas a maior novidade foi a estreia absoluta do Sandro Cruz na lateral-esquerda. Entrámos praticamente a ganhar com um golo do Darwin de cabeça aos 2’ numa recarga a um remate do Gil Dias que o guarda-redes Paulo Victor não conseguiu segurar, depois de uma recuperação de bola do mesmo Gil Dias. Tendo nós uma equipa mais talhada para o contra-ataque, pensei que poderíamos aproveitar esta vantagem tão cedo para ter um encontro à nossa medida, mas foi o Marítimo a reagir bem ao golo sofrido e a ter dois remates com algum perigo, sem, no entanto, acertar na baliza. Nas poucas vezes em que saímos com rapidez, procurávamos inevitavelmente o Darwin e o uruguaio teve um remate em arco do lado esquerdo que merecia melhor sorte. Em cima do intervalo, a partida parecia que ia tombar definitivamente para o nosso lado, com a (justa) expulsão do Winck por ter atingido o Sandro Cruz a pontapé, calculando mal o timing de chegada à bola.
 
Na 2ª parte, o Marítimo abdicou de atacar durante grande parte do tempo por causa da inferioridade numérica, mas nós padecemos do mal há muito visto: falta de velocidade de circulação de bola, o que faz com que seja muito fácil defender contra nós. Lá criámos uma ou outra oportunidade, mas os remates do Paulo Bernardo e João Mário saíram por cima e o Paulo Victor defendeu bem um outro do Darwin. As substituições não trouxeram grandes melhorias ao nosso futebol, sendo porém de realçar outra estreia absoluta, a do Tiago Gouveia. Em cima dos 90’, o Marítimo teve a sua única oportunidade da 2ª parte, com um remate de fora da área que ressaltou num defesa nosso e obrigou o Vlachodimos a aplicar-se para atirar para canto. Apesar de uma exibição pobre, o empate seria uma injustiça que a bem da verdade não merecíamos.
 
Em termos individuais, destaque quase exclusivo para o Darwin, que não só marcou o golo como foi praticamente o nosso único jogador a acertar na baliza contrária. O João Mário que já não era titular desde Janeiro não se pode dizer que tenha agarrado muito bem a oportunidade, porque continua bastante lento de processos. Assim como o Paulo Bernardo que está longe de ser a lufada de ar fresco que prometeu ser quando começou a entrar na equipa. Infelizmente, parece mais familiarizado com o resto do plantel... O Sandro Cruz na esquerda não me convenceu nada, nem em termos defensivos (foi batido por mais de uma vez), nem ofensivos (não sabe centrar, erro capital num lateral).
 
Iremos receber na próxima jornada o CRAC, que só precisa do empate para ser campeão. Ou seja, espero MESMO que os jogadores do Benfica puxem dos galões e não permitam que isso aconteça. Já tivemos duas oportunidades para fazer o inverso e falhámos em ambas, enquanto todos nos recordamos de quando eles conseguiram ser campeões na Luz há umas épocas. Claro que uma vitória não apagará a péssima temporada que fizemos, mas que ao menos exibamos alguma dignidade no próximo sábado.