origem

terça-feira, abril 27, 2021

Sofrível

Vencemos o Santa Clara na Luz por 2-1 e reduzimos a diferença para o CRAC para quatro pontos, dado que eles empataram em Moreira de Cónegos por 1-1. Por seu lado, aumentámos para cinco a distância para o Braga, que perdeu em casa com a lagartada (0-1), apesar de estar a jogar com mais um jogador desde os 18’! Em termos objectivos, acabou por ser uma jornada positiva, se bem que o nosso resultado é quase lisonjeiro dado que a exibição voltou aos fracos patamares de quase toda esta temporada.
 
Apesar da especulação, continuámos com o esquema de três centrais, e o Weigl e Everton regressaram à titularidade, por troca com o castigado Gabriel e o Taarabt a fazer o Ramadão. A nossa bipolaridade exibicional dos últimos jogos voltou a revelar-se em todo o seu esplendor. Jogamos muito melhor fora de casa do que na Luz e o Santa Clara, à semelhança do Gil Vicente, fez um jogo bastante bom e com um pouco mais de sorte estaríamos aqui agora a chorar pontos perdidos. Um dado singelo resume bem a partida: tivemos apenas um(!) remate enquadrado com a baliza, contra sete(!) dos açorianos. O jogo começou muito dividido e, numa boa combinação atacante, o Pizzi rematou rente ao poste de pé esquerdo. O Santa Clara respondeu pouco depois, num lance em que o Helton Leite ia colocando a bola na baliza, na sequência de uma defesa com o braço. Aos 26’ inaugurámos o marcador, através do segundo autogolo consecutivo na Luz, desta vez do Carlos Júnior, que cabeceou para a sua própria baliza na tentativa de cortar um centro do Everton, depois de uma boa jogada deste. Ainda antes da meia-hora, foi o Seferovic a falhar um golo cantado, atirando por cima praticamente na pequena-área e só com o guarda-redes pela frente, não conseguindo materializar uma óptima assistência do Diogo Gonçalves. Até ao intervalo, foi o Santa Clara a rematar mais vezes, mas felizmente a pontaria não esteve afinada.
 
Esperava-se que a 2ª parte, à semelhança de Portimão, fosse melhor, mas aconteceu exactamente o oposto. Até sofrermos o golo do empate, ficámos nos balneários. O Helton Leite teve uma defesa magistral a um livre sob o lado esquerdo, mas aos 62’ já não conseguiu fazer nada perante um remate à entrada da área do Anderson Carvalho, depois de uma recuperação de bola dos açorianos, quando nós tentávamos sair a jogar e o Otamendi viu o seu passe interceptado por um adversário. Pouco antes do golo, já tinha entrado o Chiquinho para o lugar no Everton, na tentativa de reequilibrar o meio-campo, em que o Pizzi a oito via o jogo passar todo ao lado dele... Mas também não demorou muito para o nº 21 sair, entrando o Darwin. Fomos voltando a estar mais por cima da partida e aos 73’ recolocámo-nos na frente, com uma boa jogada pela direita do Rafa e Diogo Gonçalves, com este a cruzar atrasado para a entrada de rompante do Chiquinho a atirar de pé esquerdo já na área, sem hipóteses para o guarda-redes Marco Rocha. A cerca de 10’ do fim, noutro bom centro do Diogo Gonçalves, o Seferovic tirou-me do sério quando tentou rematar de calcanhar, em vez de ser normalmente, falhando assim uma oportunidade clamorosa de acabar com as dúvidas quanto ao vencedor. Logo a seguir, o Jesus esgotou as substituições com as entradas do Gilberto, Pedrinho e Waldschmidt para os lugares do Diogo Gonçalves, Seferovic e Rafa. Até final, ainda deu para o Darwin fazer igual a Portimão e tentar assistir um colega (neste caso, o Waldschmidt), quando estava em boa posição, mas a falhar de maneira quase escandalosa o passe, e para o Santa Clara assustar com um remate já em tempo de compensação que o Helton Leite só segurou à segunda. O Weigl e o Otamendi também viram amarelos neste período e vão ser baixas para a deslocação a Tondela.
 
Em termos individuais, destaque para o Chiquinho não só por ter marcado o golo da vitória, como por ter mexido com o nosso meio-campo. Já aqui o disse e volto a repetir: não percebo a razão da sua ostracização, porque o acho bastante melhor do que o Pizzi e Taarabt para a posição oito. Tem mais dinâmica sozinho do que aqueles dois em conjunto, defensa muito melhor que ambos, não emperra o jogo e faz a bola circular com muito mais rapidez, chega com muito mais perigo à área do que o marroquino, enfim, um sem-número de características que, no mínimo, justificariam bastantes mais oportunidades. Outro elemento que esteve bem foi o Diogo Gonçalves, com um par de assistências perfeitas a serem ingloriamente desperdiçadas pelo Seferovic. Quanto aos outros, estiveram todos num patamar muito inferior.
 
Iremos agora a Tondela com aquelas duas baixas já confirmadas, antes de recebermos o CRAC. Não podemos facilitar se ainda queremos ter esperanças de alcançar o segundo lugar, mas como o jogo é fora de casa a expectativa é que corra melhor. Porque deve haver certamente alguma coisa no ar da Luz que nos faz jogar bastante pior em casa do que fora...

domingo, abril 25, 2021

Benfica FM | Temporada 1989/90

Mais uma viagenzinha no tempo com os meus amigos Nuno Picado e Bakero do Benfica FM, desta feita à época em que fomos pela última vez à final da Taça dos Campeões Europeus, a segunda no espaço de três anos. Foi no regresso do muito desejado Eriksson e foi igualmente a grande temporada do Magnusson no Benfica, com uns incríveis 40 golos em 44 jogos (33 em 34 no campeonato). Mas claro que o que toda a gente mais se recorda é da inolvidável meia-final com o Marselha. Acabámos por só ganhar a Supertaça (ao Belenenses), o que fez desta uma temporada negativa, mas pudemos sonhar até ao fim e estivemos perto do Olimpo.

sexta-feira, abril 23, 2021

180º

Goleámos em Portimão por 5-1 e a diferença para a lagartada reduziu-se para dez pontos por via do seu empate caseiro frente ao Belenenses SAD (2-2, com um penalty no último lance do encontro a manter-lhes a invencibilidade). À nossa frente continua o CRAC a seis pontos (1-0 em casa frente ao V. Guimarães) e dois pontos atrás de nós está o Braga (2-1 em casa contra o Boavista).
 
Com o Weigl a ficar inesperadamente de fora por causa da gravidez da mulher, voltou o Gabriel para a posição seis, e o Pizzi entrou para o lugar do Waldschmidt. A nossa 1ª parte foi absolutamente de fugir! Muito lentos e previsíveis, praticamente sem sequer conseguir chegar à baliza do Portimonense, foi o regresso de um marasmo que pensávamos já estar definitivamente para trás. Os algarvios não se limitavam a defender e inauguraram o marcador aos 43’ através do Beto, numa desmarcação nas costas da nossa defesa. As perspectivas eram as piores, porque não estávamos a jogar nada e víamo-nos em desvantagem em cima do intervalo. Felizmente, no único lance de jeito mesmo no final do tempo de compensação da 1ª parte, o Vertonghen abriu no Grimaldo, este assistiu de cabeça o Pizzi, que se antecipou a um defesa e só com o guarda-redes pela frente não falhou. Foi essencial não termos chegado ao intervalo a perder.
 
Na 2ª parte, o Jesus tirou o Gabriel (que estupidamente tinha visto um cartão amarelo logo aos 5’...!), colocou o Darwin e a nossa transfiguração foi completa. Foi arriscado ter tirado o trinco e deixar o meio-campo entregue só ao Pizzi e Taarabt, que não são propriamente reconhecidos pelas suas capacidades defensivas e de recuperação de bola, mas o que é facto é que correu bem. Ainda nem um minuto tinha decorrido, quando o Darwin completamente à vontade não conseguiu acertar na baliza, depois de uma boa triangulação na direita entre o Diogo Gonçalves, Rafa e Pizzi, culminada com um centro deste. Mas foi o próprio Darwin a colocar-nos em vantagem aos 50’ numa arrancada como só ele consegue fazer, depois de um passe em balão do Taarabt, em que bateu dois defesas e nem acertou em cheio na bola como queria, mas foi o suficiente para bater o guarda-redes Samuel. O jogo ficou completamente partido, com o Beto ainda a dar dores de cabeça ao Helton Leite, que se teve de aplicar a fundo num remate de fora da área, mas connosco também a tentar aumentar a vantagem, com o Darwin a serviu mal o Seferovic, quando estavam os dois isolados, dando tempo ao defesa para recuperar. Porém aos 64’, o jogo pendeu definitivamente para o nosso lado, com o 1-3 numa boa jogada do Diogo Gonçalves na direita para servir o Seferovic na área, que rematou colocadíssimo com o pé direito. Nove minutos depois, o suíço bisou, desta feita com assistência do Grimaldo, e colocou-se na frente dos melhores marcadores do campeonato com 18 golos. O Jesus começou então a gerir o plantel e foi o entretanto entrado Everton que fez o resultado final de 1-5, quando desmarcado pelo Pedrinho (que também tinha entrado) se antecipou ao guarda-redes e não perdeu a frieza já de ângulo difícil, colocando a bola entre o defesa e o poste. 
 
Em termos individuais, destaque para novo bis do Seferovic e a entrada do Darwin mexeu muito com a equipa. Apesar de um falhanço incrível e uma assistência mal feita, foi com o golo do uruguaio que a reviravolta se consumou. Mas em geral a equipa subiu muitíssimo de produção na 2ª parte, dando uma autêntica volta de 180º em relação ao que tinha acontecido nos primeiros 45 minutos.
 
Até final do campeonato, vamos ter jogos também a meio da semana, mas esperemos que a equipa consiga manter este nível da 2ª parte de forma mais constante. Iremos receber os dois primeiros classificados e seria muito bom que não tivéssemos interferência nenhuma na luta pelo título, agora que a lagartada desbaratou seis pontos e só tem quatro de avanço frente ao CRAC. Ganhemos os jogos todos e vejamos em que lugar isso nos colocará no final.

segunda-feira, abril 19, 2021

Desastre

Perdemos no sábado na Luz frente ao Gil Vicente (1-2) e não só dissemos adeus definitivo às (parcas) hipóteses de ainda tentarmos o 1º lugar (a lagartada ganhou 1-0 em Faro e está agora a 12 pontos), como também colocámos o 2º muito difícil (o CRAC foi ganhar à Choupana também por 1-0). As coisas só não ficaram piores, porque o Braga empatou 0-0 em Vila do Conde e assim ainda ficou a dois pontos de nós.
 
Depois de sete vitórias consecutivas, sem golos sofridos, nada fazia prever o que se passou. Poderia ter sido daqueles jogos em que tivéssemos tido um azar enorme, com uma pressão asfixiante que não resultou em golos e o adversário ia lá uma vez e pronto. Mas não. Perdemos e perdemos bem, porque o Gil Vicente foi sempre melhor equipa do que nós. Dominou em muitos períodos da 1ª parte e jogou para ganhar. Com a boa experiência dos jogos passados, voltámos a apresentar o esquema de três centrais, mas os primeiros 45 minutos foram oferecidos ao adversário. De tal forma, que o Gil Vicente inaugurou o marcador aos 35’, através de um remate bem colocado de fora da área do Leautey. Quanto a nós, só no período de compensação(!) é que rematámos à baliza, ou melhor, ao lado da baliza, num cabeceamento mal dirigido do Waldschmidt.
 
Na 2ª parte, o Jesus desfez os três centrais, tirando o amarelado Lucas Veríssimo, e fez entrar o Everton. Logo na primeira jogada, o Everton, com o caminho livre à sua frente para correr pela esquerda, fez o habitual: travou e flectiu para o meio... Percebeu-se logo ao que vinha...! Melhorámos um pouco depois do intervalo (também melhor fora...), mas foi do Gil Vicente a primeira oportunidade, num remate rasteiro ao segundo poste, depois de um centro largo, que passou perto do alvo. Quanto aos nossos lances de perigo, os poucos que houve foram desperdiçados pelo Seferovic: uma recarga a rasar o poste, depois de um remate seu à meia-volta que tinha sido interceptado, um toque meio de calcanhar por cima, depois de o guarda-redes ter desviado um cruzamento, e, o pior de todos, um remate de pé esquerdo em excelente posição, sozinho na área, ao lado depois de um centro do Rafa na direita. Entretanto, já o Jesus tinha tirado o Taarabt, que está estava a ser dos melhores, para colocar o Pizzi, o que se revelou um grande erro (e eu sou absolutamente insuspeito para dizer isto) e o Waldschmidt para dar lugar ao Darwin, que, este sim, entrou bastante bem. O tempo ia decorrendo, nós não conseguíamos marcar e o Gil Vicente atacava menos, mas quando o fez aumentou a vantagem: aos 81’, numa boa jogada pela esquerda, o Lourency desfeiteou o Helton Leite, que não foi expedito a sair da baliza e acabou por ver a bola entrar pelo ângulo que ele supostamente deveria estar a proteger. Tantas loas pelos minutos sem sofrer golos e depois é isto... Ainda tivemos um assomo de dignidade e reduzimos a vantagem na única acção positiva do Pizzi, que fez um passe de 40 m a desmarcar o Rafa na direita, que rematou para defesa do guarda-redes, tendo a bola ressaltado no Vítor Carvalho e entrado na baliza. Só com um autogolo é que conseguíamos marcar... Até final, o entretanto entrado Pedrinho rematou ao lado de fora da área, quando poderia eventualmente ter continuado a jogada, e, mesmo no final da compensação, o Otamendi à entrada da área, depois de boa jogada de insistência do Darwin, rematou ao lado com o guarda-redes já batido.
 
Em termos individuais, não vou destacar ninguém, porque perder um jogo destes em casa frente ao Gil Vicente é mau demais para se poder ter alguma condescendência.
 
Resta-nos lutar para assegurar o 3º lugar e esperar que não nos saia um PAOK qualquer desta vida nas pré-eliminatórias da Liga dos Campeões. E, claro, assegurar a conquista da Taça de Portugal. Independentemente de tudo, espero que no final, ao contrário da temporada passada, se faça um balanço para saber o que, de facto, correu mal. Porque, neste momento, o que está em dúvida é saber se esta temporada vai ser apenas má ou péssima.

segunda-feira, abril 12, 2021

Seferovic

Goleámos no sábado em Paços de Ferreira (5-0) e aumentámos a diferença para três pontos em relação ao Braga (1-1 em casa frente ao Belenenses SAD), reduzindo igualmente para nove para a lagartada (1-1 em casa frente ao Famalicão). Só o CRAC (2-0 em Tondela) não perdeu pontos para nós nesta jornada, mantendo-se três à nossa frente. Neste caso, o resultado não é enganador e fizemos mesmo um dos melhores jogos da temporada num campo difícil perante um adversário que está a ser a surpresa do campeonato e irá muito provavelmente conseguir o apuramento para a Liga Europa.
 
O Jesus voltou ao esquema de três centrais e, neste momento, parece mesmo a melhor opção essencialmente por duas razões: os laterais ficam bastante mais libertos e verticais, especialmente o Grimaldo na esquerda sem o Everton à sua frente (que pára constantemente o jogo) e o Taarabt toca menos vezes na bola, o que é uma enorme vantagem dado que deixa de emperrar tanto o nosso jogo. A partida começou com mais um penalty não marcado a nosso favor logo aos 4’, por empurrão ao Waldschmidt que, por causa disso, chocou com o guarda-redes Jordi. Nem o Sr. Hugo Miguel nem o sr. Tiago Martins no VAR quiseram ver alguma coisa... Típico! Pouco depois, foi o Seferovic a ser isolado e derrubado fora da área pelo guarda-redes, mas o inefável VAR assinalou fora-de-jogo. O Paços tentava jogar taco-a-taco connosco, mas o seu desiderato ruiu aos 22’, quando o Eustáquio atingiu com os pitons a perna do Weigl e foi naturalmente expulso, depois de o Sr. Hugo Miguel consultar o VAR, dado que lhe tinha mostrado o amarelo em primeiro lugar. Ficávamos em vantagem numérica relativamente cedo e poderíamos ter chegado à vantagem no marcador logo a seguir, com um remate do Waldschmidt quase na pequena-área para uma defesa por instinto do Jordi. O Rafa teve igualmente uma excelente oportunidade, mas o remate de trivela na área perfeitamente à vontade saiu à figura do guarda-redes. Até que aos 38’ colocávamo-nos finalmente em vantagem (mais do que merecida), com uma saída de bola do Paços que foi interceptada pelo Diogo Gonçalves, que rematou forte com a bola a passar por baixo do corpo do Jordi. Os nossos minutos finais da 1ª parte foram muito fortes, com o Waldschmidt a falhar escandalosamente o segundo golo, com um remate defendido pelo Jordi quando a baliza estava aberta e o guarda-redes fora dela(!), remate esse que iria para fora se o guarda-redes não lhe tivesse tocado! A brilhante assistência foi do Seferovic, que aos 45’ repetiu a dose na sequência de um contra-ataque, isolando o Rafa ainda no nosso meio-campo, com o nº 27 a contornar o guarda-redes e correr para a baliza deserta fazendo o 0-2. Com tantas consultas ao VAR, a 1ª parte teve nove minutos de compensação e o Seferovic, isolado pelo Tarrabt, meteu a bola na baliza, mas estava outra vez fora-de-jogo. A mesma dupla voltou a ser protagonista numa jogada semelhante mesmo em cima do intervalo, mas desta feita com tudo legal e o suíço praticamente fechou o jogo a nosso favor com o 0-3.
 
Na 2ª parte, o Diogo Gonçalves, que estava amarelado, ficou nos balneários, entrando o Gilberto, mas, ao contrário do que tem sido habitual, não baixámos a guarda e tentámos sempre aumentar a vantagem. Infelizmente, o Jesus veio dizer no final que foi por estarmos a jogar contra dez, o que é uma pena, porque deveria ser sempre assim. Por volta da hora de jogo, entraram o Pizzi e o Everton para os lugares do Waldschmidt e Rafa, e o brasileiro teve um óptimo remate de fora da área para outra magnífica intervenção do Jordi. Que nos tirou mais um golo logo a seguir, desta feita ao Grimaldo, na cobrança de um livre directo que ia ao ângulo da baliza. Até que aos 78’, lá marcámos o quarto golo num bis do Seferovic, que fez uma boa rotação e rematou de primeira com o pé esquerdo de fora da área, chegando assim aos 16 golos e à liderança dos melhores marcadores. Entretanto, entraram o Cervi e Darwin, para os lugares do Grimaldo e Weigl, e o uruguaio ainda teve tempo de voltar aos golos, fazendo o 0-5 aos 89’, noutra assistência primorosa do Seferovic, em que só teve de encostar.
 
O destaque da partida vai obviamente para o Seferovic: dois golos, duas assistências e outro conjunto de jogadas em que esteve muito bem (só os foras-de-jogo é que precisam de ser afinados...) fazem desta provavelmente a melhor exibição individual de um jogador do Benfica nesta temporada. Muitas vezes um mal-amado, o suíço tem o grande mérito de, de vez em quando, dar a volta por cima (já o fez no ano em que fomos campeões e ele o melhor marcador) e, mesmo falhando alguns relativamente fáceis no percurso, já ter um número de golos bem apreciável com a gloriosa camisola. Dos centrais, o Otamendi e Vertonghen estiveram muito bem, mas o Lucas Veríssimo nem tanto. O Helton Leite vai no sétimo jogo seguido sem sofrer golos e já bateu o recorde do Manchester City de mais tempo com a baliza inviolada. O Waldschmidt não esteve feliz na finalização, mas é peça-chave na manobra atacante com as suas movimentações a desestabilizarem a defensiva contrária. No meio-campo, o Weigl continua imperial e até o Taarabt esteve bem! Esperamos que o golo do Darwin, que inclusive o fez comover-se, o catapulte para níveis exibicionais que já mostrou.
 
Com nova escorregadela da lagartada, o campeonato de súbito animou-se. Faltam oito jogos e temos nove pontos de desvantagem, quando ainda os iremos receber na Luz. O CRAC está a seis deles, mas também virá à Luz. Veremos o que nos reservam os próximos jogos, mas uma coisa é certa: este campeonato vai ser épico! Se a lagartada o ganhar, por finalmente colocar fim a um jejum de 19 anos. Se o conseguir perder, depois de estar com 10 pontos de vantagem a 10 jogos do fim, ainda o será mais!

terça-feira, abril 06, 2021

Escasso

O primeiro penalty à 25ª jornada(!) concretizado pelo Waldschmidt deu-nos ontem uma vitória tangencial perante o Marítimo (1-0) na Luz. Foi um resultado tremendamente parco para as oportunidades que tivemos, algumas delas falhadas de forma que deveria dar multa. Claro que, quando assim é, colocamo-nos a jeito e poderíamos ter tido um enorme dissabor já perto do final do jogo. Como o Braga (2-1 em Faro) e o CRAC (2-1 em Mordor frente ao Santa Clara) ganharam já em tempo de compensação, mantém-se tudo igual em relação a estes, mas a lagartada finalmente provou do seu próprio veneno e consentiu o empate em Moreira de Cónegos também já nos 90’ (1-1), tendo agora nós 11 pontos de distância para eles.
 
Já se sabe que, depois de interrupções para as selecções, os jogos são sempre mais complicados, porque inevitavelmente se perde a rodagem. Ainda por cima, estávamos numa boa fase, pelo que esta pausa não veio nada a calhar. No entanto, recebendo um dos últimos classificados em casa, esperar-se-ia que conseguíssemos ultrapassar essas dificuldades. O Jesus voltou ao esquema habitual do 4-4-2, com o regresso do Everton à ala esquerda, mas entrámos um pouco lentos e sem a dinâmica dos últimos jogos. Porém, o Marítimo também não conseguia criar grande perigo, mostrando um futebol que justifica que esteja nos piores lugares da classificação. Um remate do Everton em boa posição não deveria ter ido à figura do guarda-redes Amir e aos 21’ o Sr. Luís Godinho fez história ao assinalar o primeiro penalty a nosso favor em 25 jornadas! Falta do Hermes sobre o Rafa e o Waldschmidt apesar de ter feito uma aproximação à bola que me dá cabo dos nervos (passinhos curtos!) rematou colocadíssimo, sem hipóteses para o guarda-redes. Marcávamos ainda antes do meio da 1ª parte, o que se esperava que nos tranquilizasse e permitisse gerir o jogo de maneira a aumentar a vantagem sem a pressão do primeiro golo. Logo a seguir, o Seferovic brilhantemente desmarcado pelo Grimaldo teve um domínio excelente, mas se calhar rematou rápido demais e a bola saiu ao lado, quando só tinha o guarda-redes pela frente. O suíço continuava a tentar, mas uma boa combinação ao primeiro toque com o Rafa esbarrou novamente nas pernas do Amir. O Waldschmidt falhou uma recepção de bola que o colocaria isolado, mas, em cima do intervalo e num livre para a área, o Marítimo assustou o Helton Leite com um remate de joelho que, se tivesse acertado bem na bola, teria certamente dado a igualdade.
 
A 2ª parte fica marcada por três falhanços absolutamente imperdoáveis da nossa parte, com jogadores completamente isolados a não conseguiram desfeitear o Amir. Logo no reinício, foi o Otamendi num livre estudado com uma triangulação a ficar com a baliza à mercê, sem o guarda-redes(!), e a acertar mal na bola, não a conseguindo meter lá dentro. Pouco depois, foi inacreditável como um jogador do Marítimo não viu o segundo amarelo, depois de uma entrada sobre o Otamendi perto da linha lateral! À passagem da hora de jogo, foi o Helton Leite a segurar a nossa vantagem com uma óptima mancha perante um jogador que ficou à sua frente praticamente na pequena-área, depois de um ressalto na sequência de um canto. A jogada prosseguiu com um contra-ataque nosso, em que o Seferovic ficou literalmente isolado, mas o remate rasteiro foi bem defendido pelo Amir com a perna, à guarda-redes de andebol. O jogo aproximou-se então da fase perigosa, a caminho do final, connosco a não conseguir fechá-lo e o Marítimo a acreditar que poderia fazer algo mais. E, de facto, em cima dos 90’ um ataque rápido pela esquerda proporcionou ao Correa um remate em boa posição, mas felizmente a bola saiu ao lado. Mesmo antes do apito final, tivemos novo falhanço incrível noutro contra-ataque, em que o Rafa poderia ter isolado o entretanto entrado Darwin ainda antes do meio-campo, mas perdeu o timing de passe e acabou por passar ao Chiquinho (que tinha substituído o Waldschmidt um pouco antes) que, depois de tirar um defesa da frente, também ficou só com o Amir pela frente, mas rematou-lhe contra o peito...! Felizmente que estes falhanços todos não tiveram consequência pontual, mas poderíamos estar agora a chorar uma perda de pontos que seria imperdoável.
 
Em termos individuais, não houve ninguém que se destacasse por aí além. O Waldschmidt parece mais entrosado com os movimentos da equipa e o Seferovic atravessa uma fase de confiança, mas não deveria ter ficado em branco. O Everton continua a passar muito ao lado dos jogos e o Taarabt não há maneira de não me exasperar. Gostaria de ver uma estatística dos jogadores que mais vezes tocam na bola na nossa Liga. Aposto que ele ganha destacado! A defesa está sólida, com o Lucas Veríssimo a ter entrado bem e o Helton Leite a continuar com a baliza a zeros, tornando a vida do Vlachodimos mais difícil (claro que dar entrevistas a dizer que talvez esteja na altura de se ir embora também não ajuda, embora para mim ele tenha perdido a titularidade injustamente).
 
Recuperámos dois pontos à lagartada e foi uma pena que não os tivéssemos recuperado igualmente frente ao Braga e CRAC. Para a semana, teremos uma ida difícil a Paços de Ferreira, mas com uma semana de treinos seguida espera-se que ao menos a equipa apresente uma muito maior eficácia do que neste encontro.

quinta-feira, abril 01, 2021

Selecção a triplicar

Iniciámos a qualificação para o Mundial do Qatar de 2022 com sete pontos em três jogos. Poderíamos (e deveríamos) ter feito o pleno, mas descontrações imperdoáveis e um erro clamoroso da arbitragem não nos permitiram ganhar na Sérvia.
 
O primeiro jogo decorreu na casa de Turim (por causa das limitações das viagens para Portugal dos jogadores que actuam em Inglaterra) na 4ª feira da semana passada. Ganhámos 1-0 ao Azerbaijão com um autogolo aos 37’. Pronto, é o único facto positivo a destacar. Foi uma exibição muito fraca da selecção, perante um adversário que se defendeu bem e que nós não tivemos inspiração para ultrapassar.
 
No último sábado, fomos a Belgrado empatar 2-2 com a Sérvia. É o adversário mais forte que temos (a República da Irlanda perdeu em casa com o Luxemburgo neste dia, portanto estamos conversados) e chegámos ao intervalo a ganhar por 2-0, graças a dois golos de cabeça do Diogo Jota, aos 11’ e 36’. O que se passou na 2ª parte foi muito demérito nosso, entrámos literalmente a dormir e aos 46’ e 60’ a partida já estava igualada. Até final, voltámos a reassumir o controlo e, na última jogada, o Cristiano Ronaldo (que esteve praticamente 180’ incógnito até esse lance) fez a bola passar a linha de golo, mas o árbitro holandês Danny Makkelie não validou. É absolutamente incompreensível que a UEFA deixe a cargo das federações onde se realize o jogo a implementação da linha de golo. Sim, não era preciso o inefável e odioso VAR para ter visto isto! Bastaria a tecnologia da linha de golo. Na sequência do lance, o C. Ronaldo irritou-se, atirou a braçadeira ao chão e saiu do campo segundos antes do apito final. Ficou-lhe muito mal a atitude, mas veio retratar-se pouco depois.
 
Nesta 3ª feira, fomos vencer ao Luxemburgo por 3-1, mas entrámos pessimamente na partida e sofremos o 0-1 aos 30’ através do luso-descendente Gerson Rodrigues. As coisas estavam bastante complicadas, mas felizmente conseguimos empatar já no tempo de compensação com novo golo de cabeça do Diogo Jota. A 2ª parte foi melhor e colocámo-nos na frente logo aos 50’ através do C. Ronaldo, que assim chegou aos 103 golos pela selecção (desesperado que anda em tentar bater o recorde de 109 do Ali Daei pelo Irão...). O Luxemburgo reagiu, nós parecemos que adormecemos um pouco, mas o entretanto entrado João Palhinha acabou com as dúvidas aos 80’ com o 3-1 de cabeça na sequência de um canto.
 
Num calendário absolutamente louco, houve três jogos em seis dias. O Fernando Santos rodou razoavelmente a equipa, mas o Cristiano Ronaldo esteve em campo durante os 270’. Recorde a quanto obrigas...! Quem mais se evidenciou foi obviamente o Diogo Jota com três golos e parece-me claro que deve ser titular absoluto da selecção neste momento. O Renato Sanches entrou bem a titular frente ao Luxemburgo, ao contrário do João Félix que esteve muito discreto e até saiu lesionado. O seleccionador tem várias opções de qualidade e acho muito bem que não haja lugares cativos, porque a selecção não deve estar dependente de nenhum jogador, por muito bom que ele seja.