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segunda-feira, maio 29, 2006

Relembrar III - Perfume

Recordando lances mais agradáveis, e como forma de prosseguir as comemorações oficiais do regresso do maestro ao Glorioso, eis um pequeno exemplo do que poderemos ver para o próximo ano. Certamente o Rui Costa já não terá capacidade para fintar em corrida meia equipa contrária, mas uma jogada destas ainda é bem possível de acontecer. Foi, se não estou em erro, o único hat-trick dele com a camisola do Benfica e aconteceu na época 92/93 frente ao Espinho, num jogo em que goleámos por 5-1 (os outros dois golos foram do Paneira, de penalty, e do Futre, que aqui se estreou a marcar com a nossa camisola). Foi a partir deste jogo da 23ª jornada que o Rui Costa se afirmou definitivamente como titular do Benfica, estatuto que não mais perdeu até se transferir para a Fiorentina no final da época seguinte. Deliciem-se!

quinta-feira, maio 25, 2006

10

Estes últimos dias foram de uma ansiedade quase incontrolável perante a perspectiva do regresso do verdadeiro dono do nº da camisola que ficou orfão há 12 anos. Propositadamente não fiz nenhum post sobre este assunto até agora, porque há quase dois anos escrevi isto e o regresso não se consumou. Não valia a pena estar a desafiar as superstições… Neste dia, há precisamente 18 anos, o Veloso falhou uma grande penalidade que nos poderia ter dado a Taça dos Campeões Europeus, mas o 25 de Maio foi hoje resgatado da sua má sina pela vinda do Rui Costa para o nosso glorioso clube.

É difícil descrever tudo o que me vai na alma neste momento. Dizer que é o concretizar de um sonho é um pouco redutor. O Rui Costa representa aquilo que todos nós gostávamos de ser, mas infelizmente não temos jeito para tal. Quando ele entra em campo, é como se nós entrássemos com ele, porque quem está a suar aquela bela camisola é um adepto igualzinho a todos nós, mas com a pequena diferença da sua enorme classe a jogar futebol. Por nos sentirmos projectados nele é que há uma grande cumplicidade entre os adeptos do Benfica e o Rui Costa. Apesar de todo o “profissionalismo” que um jogador deve ter nos dias de hoje, o Rui é provavelmente o último jogador à antiga, daqueles que (ainda) joga por amor à camisola. Um pequeno, mas elucidativo exemplo: assinou pelo Benfica em branco! Só depois é que soube quanto ia ganhar! Quantos de nós não fariam o mesmo? Podem dizer que ele já ganhou muito dinheiro na sua carreira, mas quantos não o ganharam também e mesmo assim não abdicaram de um determinado salário até pendurarem as botas? Assinar em branco? Incrível!

Não se deve depreender destas minhas palavras que eu acho que o profissionalismo do Rui não é relevante. Tanto o é, quanto a sua trajectória o demonstra. Quantos “10” de classe mundial reagiriam como ele reagiu à chegada do Kaká a Milão? Não só não se lhe ouviram nenhumas palavras amargas, como o próprio Kaká sempre disse que ele foi dos jogadores que mais apoio lhe deram. Mas uma coisa é profissionalismo e outra é sentir a camisola. O brilho nos olhos dele no momento da conferência de imprensa e, principalmente, da sua subida ao relvado não enganou. Quem ali estava era um benfiquista e não apenas um “profissional” de futebol.

A magia, a classe, a fineza, a simplicidade de processos e a fluidez de jogo voltaram! A bola vai ter olhos novamente e nós vamos ter o privilégio de testemunhar isto ao vivo durante (pelo menos) uma época inteira. Deliciemo-nos com passes bem feitos, remates colocados, corridas sempre sem olhar para a bola, mas sim para qual o colega que está desmarcado, o tornar o difícil fácil e, acima de tudo, o tsunami de inteligência que vai emanar daqueles pés. Ninguém está à espera que o Rui faça 10 golos e 20 assistências durante a época, nem que sequer esteja sempre os 90 minutos em campo. Também não acho que ele vá ser a panaceia para todos os nossos males ou que vamos ganhar tudo pelo simples facto de ele vestir as nossas cores. Mas basta que o Rui seja igual a ele próprio para que o sublime esteja sempre presente nos nossos jogos. E o sublime, meus caros, tem sempre que ser um apelido do GLORIOSO SPORT LISBOA E BENFICA!

Por tudo isto, não podia faltar a este momento histórico. Muito bem acompanhado por este, este e este grandes benfiquistas, vou poder dizer aos meus netos: eu estava presente quando o Rui voltou a casa!



P.S. – Aqueles que acham que o Rui não presta porque já tem 34 anos são provavelmente os mesmo que recusariam a Mona Lisa por ser um quadro velho, pintado há mais de 500 anos, ou que acham que o Sunrise não é uma obra-prima por ser mudo e a preto-e-branco…

sábado, maio 20, 2006

Fernando Santos

O Benfica anunciou hoje o nome do novo treinador e mais valia que não o tivesse feito. Depois de se falar em técnicos que muitas saudades deixaram entre nós como o Eriksson ou o Camacho, vir o Fernando Santos é um balde de água fria. Eu até o considero um bom treinador, simplesmente não acho que tenha estofo para aguentar o barco se as coisas começarem a correr mal. Benefício da dúvida não vai ter, porque como é português toda a gente já sabe do que ele é (ou não) capaz. Ou muito me engano ou poderemos ter aqui um “Jesualdo no Benfica parte II”. Estou desiludido com esta escolha, mas tal como no caso do Trapattoni espero enganar-me no futuro.

Ele ser benfiquista desde pequenino está longe de ser uma mais-valia (também o Toni o é e viu-se como os sócios o tratavam; apesar disso, o seu último despedimento foi um erro histórico da direcção anterior). Sinceramente não percebo esta opção. Em vez de irmos buscar um nome acima de toda a suspeita e potencialmente bem aceite por todos os benfiquistas, vamos buscar alguém que já treinou o clube regional e os lagartos, e com os resultados que se conhecem. Ainda por cima, assinou por duas épocas, o que quer dizer que se as coisas correrem mal na primeira, provavelmente teremos de lhe pagar uma indemnização se o quisermos mandar embora. Mesmo assim, prefiro este ao Carlos Queirós, que era o nome que tinha sido falado ontem.

Enfim, vamos esperar para ver, mas a pré-eliminatória da Champions vai ser muito importante para a aceitação ou não do Fernando Santos pelos benfiquistas. Estou céptico em relação a esta escolha, mas desejo sinceramente que daqui a um ano esteja neste mesmo sítio a fazer o meu mea culpa. Mas como só dois treinadores portugueses conseguiram ser campeões em toda a nossa história, a probabilidade de isso acontecer é muito pequena.

quinta-feira, maio 18, 2006

Entretanto

1) Scolari lá divulgou a sua lista de convocados para o Mundial, que coincidiu com a que o Record tinha publicado dias antes. Não vale a pena ter discussões estéreis. O homem tem o seu grupo e são raros os intrusos. Para o bem e para o mal. Reforça-se o espírito de equipa, mas provavelmente não estarão lá os melhores da época. Se fosse eu, é óbvio que o Ricardo Costa não seria chamado. O Costinha não joga há seis meses e o Maniche também só se destacou num jogo do Chelsea por achar que ainda estava no clube regional e ter tido uma entrada assassina que, naturalmente, lhe valeu a expulsão ainda na 1ª parte. O Ricardo Rocha deveria ser o substituto do Jorge Andrade (pode fazer todos os lugares da defesa e marcou exemplarmente o Ronaldinho) e o Tiago seria titular de caras. O João Moutinho seria melhor que o Hugo Viana para substituir o Deco (se lhe acontecesse algo) e o Quaresma também mereceria a chamada, mas não sendo ambos titulares indiscutíveis fazem mais falta aos sub-21.

De qualquer maneira, acho que se estão a elevar demasiado as expectativas. Só estivemos em três Mundiais até agora e desde 1966 que não passamos da 1ª fase! Ok, somos vice-campeões da Europa, mas convém não esquecer que jogámos em casa. Se passarmos a 1ª fase jogaremos com uma selecção do grupo da morte (Argentina, Holanda, Sérvia-Montenegro ou Costa do Marfim). É nossa obrigação qualificarmo-nos para os oitavos, mas falar em taça parece-me muito prematuro.

2) O Barcelona venceu ontem o Arsenal por 2-1, depois de estar a perder, e é o novo campeão da Europa. Estava a torcer pelos ingleses não só por ser o menos favorito, mas porque o Barça foi levado ao colo (este sim) até à final (penalty na Luz e golo anulado ao Schevchenko, já para não falar da expulsão do Del Horno), apesar de ser a equipa que melhor futebol praticou. Por outro lado, joga lá o Deco. Tudo boas razões para ter ficado triste com o resultado. O árbitro não deveria ter expulso o Lehmann e deveria ter validado o golo do Giuly. O jogo teria sido mais interessante, mas mesmo assim se o Henry não tivesse falhado aquela oportunidade...

3) Estou muito curioso para ver como vai acabar o escândalo de manipulação de resultados em Itália, mas palpita-me que não vai ter o mesmo desfecho que o “Apito Dourado” de cá. O presidente da Federação Italiana já se demitiu, o director-geral da Juventus também, os árbitros são suspeitos e nem alguns jogadores (como o Buffon) escapam. A Juventus (a única equipa europeia que é quase tão beneficiada pelos árbitros como o clube regional) ganhou o campeonato, mas praticamente não se festejou. Haja decoro! Tal lá como cá...

4) Os jornais andam a dizer que o Geovanni pode sair e o próprio já fez declarações a dizer que o Benfica não conta com ele. É um erro descomunal! O brasileiro é um jogador intermitente, mas supera-se sempre nos grandes jogos e já nos deu muitas alegrias. Fez parte da base da equipa que foi campeã nacional e quando em forma é um titular indiscutível. Por tudo isto, espero que esta notícia não se confirme.

sábado, maio 13, 2006

Um clube “diferente”…

O capitão e símbolo de um certo clube disse que esta seria a sua última época como jogador. No entanto, a duas jornadas do fim do campeonato foi igual a ele próprio e foi expulso num jogo por insultar o fiscal-de-linha. Ia caindo o “Carmo e a Trindade” nesse clube com a suspensão de dois jogos que não o permitia ter uma despedida “digna”. Marcou-se logo ali uma homenagem antes do último jogo da época em casa.

Entretanto, os colegas de equipa tentaram convencer o referido jogador a continuar a jogar mais um ano, tendo vários deles feito declarações públicas sobre este assunto. A homenagem no último jogo foi cancelada. O jogador disse que ia repensar a sua decisão. Há poucos dias anunciou que queria jogar mais um ano nesse clube, porque se sentia “em condições”. O melhor marcador do clube congratulou-se com esta decisão e referiu que o capitão era muito importante para o “grupo”. Mas o tal clube ficou num estranho silêncio desde aí. Surgiram rumores que o treinador não contava com ele e o próprio confirmou isso mesmo hoje. Esse jogador foi titular durante grande parte da época, mas o técnico acha que ele já não serve. Está no seu direito.

Só uma pergunta: no balneário do tal clube não se discutiu este assunto? O treinador não se apercebeu das conversas entre os jogadores e o capitão? Ou será que os jogadores falam uma linguagem diferente do treinador? Se calhar… calhar, é isso mesmo… mesmo, os jogadores falam uma língua… língua, diversa do treinador… treinador, e ele não os consegue perceber… perceber. De uma coisa estamos todos certos: é mesmo um clube “diferente” (e esquizofrénico, acrescentaria eu). Obrigado por existirem, lagartos, caso contrário não teríamos estes momentos de hilaridade!

sexta-feira, maio 12, 2006

Relembrar II – Coutada

Antes de lances mais agradáveis e para fechar o capítulo de como o jogo clube regional – Benfica para a Taça de Portugal em 92/93 é um excelente exemplo da impunidade que o referido clube tem gozado ao longo destes últimos 20 anos, aqui fica mais uma amostra. O nosso amigo Fernando Couto tinha a escola toda dos defesas do tal clube e este lance nem merecedor do cartão amarelo foi! Claro, o Sr. José Pratas não poderia fazer com que o clube regional ficasse a jogar com 10 (o Couto já tinha um amarelo), porque assim restabelecer-se-ia a igualdade numérica com o Benfica, já que uma carga de ombro do Mozer ao Kostadinov tinha sido transformada em vermelho directo pouco antes (o nosso defesa era o último antes do guarda-redes). O que valeu foi que o Isaías levantou um pouco os pés, caso contrário provavelmente teria acabado a carreira logo ali. Nem amarelo!!!

quarta-feira, maio 10, 2006

Tot ziens en dank u*

Na passada 2ª feira, Ronald Koeman foi para o PSV e consequentemente deixou de ser o nosso treinador. Foi uma decisão que não surpreendeu dada a época que fizemos. No entanto, e porque o que conseguimos na Liga dos Campeões foi muito importante para o clube, resta-nos dizer *adeus e obrigado.

O ano futebolístico acabou por ser um fracasso, já que só conseguimos juntar o troféu menos importante, a Supertaça, ao nosso palmarés (mesmo assim, é melhor do que certos clubes que “quase” ganham). Durante boa parte da época cheguei a pensar que o Koeman deveria ficar para o ano. Se tivéssemos conseguido o 2º lugar e estivéssemos na final da Taça (e a vencêssemos), para mim teria sido uma época positiva, mas nada disso aconteceu. As culpas não passarão todas pelo Koeman, mas pelo que se viu nos últimos jogos não havia condições para ele ficar. Por outro lado, jogámos sempre aos repelões durante o ano todo, raramente conseguimos uma sequência positiva de exibições (que não de resultados, felizmente) e não se notou nenhuma evolução no nosso jogo durante o ano. Na Champions mostrávamos uma coisa e no campeonato outra. Com os reforços de Janeiro, as expectativas do adeptos aumentaram e portanto a desilusão foi ainda maior. Deu a impressão que o Koeman se preocupou mais em valorizar-se na Europa (o que acabou por conseguir), do que em fazer-nos ganhar troféus internamente.

A principal razão pela qual fico contente por ele não ficar é a falta de liderança e as injustiças que cometeu perante alguns jogadores durante a época e que, penso eu, muito contribuíram para o insucesso. Enquanto o Camacho e o Trapattoni eram respeitados pelos jogadores, o Koeman nunca se preocupou com isso e a falta de solidariedade na equipa notou-se em campo durante alguns jogos. Para mim o momento-chave da época, e quando a começámos a perder, foi a inacreditável titularidade do Moretto com apenas três treinos, quando o Quim vinha de uma série de jogos sem sofrer golos e depois de se ter sacrificado a jogar estando lesionado. Já a titularidade do Miccoli e, principalmente, do Karagounis (um treino!) mal chegaram em Setembro tinha sido um mau prenúncio, mas enfim, eram ambos internacionais e de qualidade indiscutível. Mas agora o Moretto?! Vindo do V. Setúbal e há três anos suplente do Felgueiras?! Perfeitamente injustificável! Sempre tive as maiores dúvidas acerca desta decisão e, como se veio a provar, o Moretto é de longe o pior dos nossos três guarda-redes.

Por outro lado, há muitas decisões do Koeman que ficaram por explicar: o degredo do Nuno Assis e do Karyaka, a não-titularidade do Léo em determinada altura (contra os lagartos na Luz), o porquê das incríveis declarações sobre o Mantorras são apenas alguns exemplos. Tivemos uma oportunidade óptima para nos lançarmos para a conquista do campeonato, afastando definitivamente um rival, mas o Koeman resolveu dar uma tareia física antes do jogo contra os lagartos, subestimou-os (estava mesmo a ver-se que eles viriam à Luz fazer o jogo da época) e perdemos. Por outro lado, o Koeman chegou a dizer que a equipa estava muito cansada a determinada altura da época, mas se bem me lembro contra a Naval, e apenas quatro dias depois da jornada épica em Liverpool, ele fez alinhar 10 dos 11 titulares de Anfield!

Enfim, acho que foi melhor para ambas as partes que ele se tenha ido embora, porque se as coisas começassem a correr mal no início da próxima época, a sua margem de manobra seria muito reduzida. Quanto a substitutos, como disse num comentário ao post anterior, o que escrevi há um ano mantém-se: Camacho. Se vier o Eriksson também acho bem e não me importaria de ter o Scolari, mas não acredito que haja tempo para gerir essa situação por causa do Mundial. Não quero é nenhum português (Carlos Queirós e Fernando Santos deixem-se lá estar) nem nenhum italiano.

P.S. – Quanto às outras equipas, o Braga vai arrepender-se muito de ter trocado o Jesualdo pelo Carvalhal. Para o ano, vai lutar para não descer de divisão. Foi uma época “má” porque ficou em 4º lugar, depois dos grandes, e deveria ter ido à Liga dos Campeões?!?! É uma decisão tão brilhante quanto a que teve o Beira-Mar há dois anos ao dispensar o António Sousa e contratar um inglês qualquer. Viu-se o que aconteceu depois... Fiquei contente com as descidas do V. Guimarães e do Belenenses, especialmente por causa do Vítor Pontes e do Couceiro. Choraram por causa das arbitragens frente ao Glorioso, mas quando foram roubados frente ao clube regional estiveram caladinhos, já para não falar do “cordão humano” em Guimarães. Bem feito!

segunda-feira, maio 08, 2006

Horrível

Escolhemos o último jogo da época para fazer a pior exibição do ano. Perdemos 3-1 em Paços de Ferreira e vamos ter que começar a nova época mais cedo para jogar a pré-eliminatória da Liga dos Campeões. É difícil arranjar palavras para descrever o que vi, já que foi tudo tão mau que nem dá vontade de escrever. Para um ano tão irregular como este não poderíamos ter acabado pior. E como a última impressão é a que fica…

O Sr. Koeman resolveu tirar mais um “coelho da cartola” e colocar a titular o Karyaka que não jogava há quatro (!) meses. Mantivemos os três trincos da semana passada, mas desta vez jogámos com quatro defesas. Tivemos as habituais dificuldades em transportar jogo e o Miccoli voltou a estar muito sozinho na frente. Durante a 1ª parte, o Karyaka foi curiosamente dos menos maus juntamente com o italiano. Esta aparente aleatoriedade com que o Sr. Koeman escolhe os jogadores de certeza que não espanta só os adeptos. Porque é que o Karyaka esteve quatro meses sem tocar na bola? Porque é que aparece, e logo a titular, no último jogo da época? Da 1ª parte salvou-se o grande golo do Manuel Fernandes (que se estreou a marcar no campeonato…) e uma boa jogada do Miccoli que cruzou para o russo falhar o 2-0 perto da baliza.

Na 2ª parte só as camisolas é que entraram em campo. O Sr. Koeman diz que uma das coisas que nos perturbou foi o facto de o Paços de Ferreira ter retardado o reinício do jogo em quatro minutos! Sem comentários… O Paços de Ferreira entrou com muito mais vontade, chegava sempre primeiro à bola e foi sem surpresa que os golos apareceram. O 1º logo aos cinco minutos resultou de um lance inacreditável do Moretto. Se o golo sofrido pelo Ricardo na semana passada foi um grande frango, o que dizer deste? Foi a 1ª vez que vi um guarda-redes deixar passar a bola por baixo do corpo quando sai aos pés do avançado e chega primeiro à bola. Não deu para acreditar! Finalmente o Moretto sofre um golo num erro clamoroso. É que dá pelo menos um desses por jogo e até agora tinha sido bafejado pela sorte. Cheguei a pensar que havia ali algo de sobrenatural. Logo a seguir o Miccoli desmarca-se e permite uma grande defesa ao guarda-redes. E foi o nosso canto do cisne aos 10 minutos da 2ª parte!

A partir daqui o Paços pressionou mais e marcou o 2º golo num remate de longe em que me pareceu que o Moretto se lançou tarde à bola. No entanto, as maiores culpas vão para o nosso meio-campo, que deixou o adversário rematar à vontade. Entretanto, já tinham entrado o Mantorras e o Marco Ferreira para os lugares do Karyaka e Beto, mas a nossa produção não melhorou. E eis senão quando o Sr. Koeman volta a inventar: tirou o Miccoli para colocar o Marcel! O treinador do Paços deve ter respirado de alívio. O Marcel voltou a ser igual a ele próprio com a camisola do Benfica, ou seja uma nulidade absoluta. Já perto do fim, o Manuel Fernandes pôs-se a brincar perto da nossa área, perdeu a bola e o Paços marcou o 3º golo, num lance em que a bola ainda é desviada pelo Ricardo Rocha (como de costume). Foi o culminar de uma exibição lamentável onde faltou quase tudo: garra, querer, classe, determinação, vontade.

Ficam ainda mais algumas questões no ar: porque é que o Simão e o Nuno Gomes foram convocados se nem sequer saíram do banco perante o nosso paupérrimo jogo? Será que nos vamos dar ao luxo de dispensar o Quim e ficar com o Moretto? Enfim, o balanço da época será feito num outro post, mas pelo que vi hoje se o Sr. Koeman se for embora não ficarei nada triste. Estou-lhe muito agradecido pela nossa campanha na Champions e por ter morto alguns borregos cá dentro, mas não estou a ver que tenha condições para continuar para o ano.

sábado, maio 06, 2006

Relembrar I - A peitada

Inaugura-se hoje neste blog uma nova rubrica em que colocarei aqui clips da minha colecção de resumos do Glorioso. São momentos que, por boas ou más razões, se tornaram (ou deviam tornar) inesquecíveis.

O primeiro é uma forma de celebrar a conquista do campeonato deste ano por parte de uma certa equipa. É um exemplo do tipo de comportamento que tem passado impune ao longo dos últimos 20 anos e que muita gente tenta escamotear. Afinal, o presidente do clube regional foi há pouco tempo ilibado das acusações do processo “Apito Dourado”. Está provado que ajudou a arranjar prostitutas para o árbitro Jacinto Paixão e seus fiscais-de-linha, mas ficou por provar que o seu clube teve benefícios disso. Claro, claro, tal como na história da viagem ao Brasil paga por engano ao Sr. Carlos Calheiros, perdão, Sr. José Amorim, isto só que dizer que ele é apenas um bom samaritano e está sempre pronto a ajudar o próximo...

Nos comentários ao post do D'Arcy sobre o golão do Isaías, falou-se deste lance no primeiro jogo na casa do clube regional, arbitrado por um tal José Pratas, que poucos anos depois, como toda a gente se lembra, bateu o recorde mundial de corrida de 100 m de costas. Estávamos em plena época 92/93 e esta partida da Taça de Portugal é um verdadeiro manancial de como as coisas se têm passado no futebol português nas últimas duas décadas. Escusado será dizer que depois disto o Kostadinov continuou em campo...

quarta-feira, maio 03, 2006

Tradição




Isto foi posto à venda na semana passada e não resisti. Como tenho as cadernetas todas completas dos Mundiais e Europeus de futebol desde 1982 até hoje (com excepção do Euro 84 que não fiz), não podia deixar passar mais esta. Afinal, estes craques tão gloriosos precisam de companhia...







segunda-feira, maio 01, 2006

100 dias

Na despedida de jogos na Luz deste ano ganhámos por 1-0 ao V. Setúbal num jogo fraco como tem sido habitual ultimamente. O Koeman inovou a táctica e jogámos com apenas três defesas, mas não se notaram nenhumas melhorias em relação ao resto da época. Claro que a falta de alguns jogadores importantes, como o Simão e o Nuno Gomes, contribuiu para isso, mas tínhamos obrigação de ter jogado um pouco melhor perante mais uma grande assistência na Catedral (51.448 pessoas). No entanto, quando perante um adversário mais acessível, e num jogo em casa, se joga com três trincos (eufemisticamente denominado na comunicação social “o meio-campo da Liga dos Campeões”) não se pode esperar grande coisa.

Não entrámos nada bem no jogo, muito lentos na transição para o ataque e com o Miccoli sozinho na frente perante adversários muito mais possantes. O tal meio-campo não tinha, obviamente, ninguém para transportar jogo e muitas vezes tinham que ser os defesas a fazer lançamentos em profundidade para a frente. Por outro lado, o Léo estava a actuar a extremo-esquerdo, na direita estava o voluntarioso, mas inconsequente, Marco Ferreira e o Manduca escondeu-se bastante. Resultado: poucas oportunidades de golo. Todavia, acabámos por ter sorte a meio da 1ª parte e, num canto bem marcado pelo Miccoli, o Anderson marcou de cabeça, com a bola ainda a tabelar na barra antes de entrar. Perante o que tínhamos feito, o golo caiu literalmente do céu.

Na 2ª parte entrámos com mais velocidade e o jogo melhorou um pouco. Tivemos algumas oportunidades flagrantes, como um remate do Manduca e outro do Léo que o defesa atirou contra a barra, mas como vem sendo habitual, e o Koeman frisou isso mesmo na conferência de imprensa, não conseguimos marcar o golo da tranquilidade. No entanto, defensivamente estivemos irrepreensíveis e o V. Setúbal não criou nenhuma oportunidade. As substituições também não trouxeram nada de novo, tendo o Karagounis curiosamente entrado mal no jogo. Perdeu algumas bolas infantis no meio-campo que deram origens a ataques contrários, mas mesmo assim não percebo porque é que o Koeman não lhe dá mais oportunidades de início, já que a qualidade está lá. Ainda para mais quando em campo está o… Beto.

Individualmente, há que destacar o Moretto, que continua a ser o guarda-redes que melhor joga com os pés em Portugal. Já falhou uma série de remates e não há maneira de sofrer um golo na sequência de um deles. Numa partida tão fraca é difícil seleccionar um jogador que se tenha destacado dos demais. O Miccoli foi outra vez dos melhorzinhos e espero bem que fique para o ano. O Léo também é outro grande profissional, mas é um defesa e não um extremo. O Manduca esteve mais activo na 2ª parte do que na 1ª, mas não tem perfil para actuar a “10”. Na defesa, o Anderson marcou mais uma vez (numa só época, já tem quatro vezes mais golos do que o Ricardo Rocha…), o Luisão esteve seguro como de costume e o Ricardo Rocha intransponível. No meio-campo, para o bem e para o mal, o Beto continua igual a ele próprio, e o Petit e o Manuel Fernandes estiveram regulares. Por fim, o Marco Ferreira bem tenta, mas não consegue passar da mediania.

Agora, só daqui a cerca de 100 dias é que voltaremos a ver o Glorioso ao vivo na Luz. O que vale é que há um Mundial pelo meio, mas já começo a sentir saudades…

P.S. (1) – A boa nova da jornada é a provável descida do V. Guimarães, depois de perder 3-1 em casa do clube regional. Fico bastante contente por algumas razões: fizeram um (anti)jogo nojento na Luz para a Taça; contra o Benfica sabem fazer cordões humanos, mas contra os outros não; ontem, o 1º golo é na sequência de (mais) um penalty inexistente (o Jorginho já ia a cair quando é tocado), e depois de uma jogada em que ele estava fora-de-jogo, no 2º o Lucho estava fora-de-jogo e o que seria o 2-2 já muito perto do final é mal anulado por fora-de-jogo. Alguém ouviu o V. Guimarães protestar contra a arbitragem? Haveria de ser com o Benfica…

P.S. (2) – Para acabar bem este post (e a propósito do Rio Ave – lagartos), nada melhor que algo para nos fazer rir: Ricardo!