origem

segunda-feira, outubro 30, 2017

Confrangedor

Vencemos o Feirense por 1-0 na passada 6ª feira, mas como os outros dois também ganharam continuamos a três pontos da lagartada e a cinco do CRAC. Há sempre coisas positivas a serem tiradas dos jogos, mas no caso deste isso resume-se aos três pontos. Tudo o resto foi mau demais para ser verdade.

Quando aos 11’ o Jonas marcou um golo na sequência de um ressalto num canto, depois de um início interessante da nossa parte e em que o brasileiro já tinha tido uma oportunidade depois de jogada do Diogo Gonçalves, comentei jocosamente com os meus companheiros de bancada: “bem, já podemos ir embora, porque, seguindo a tradição deste ano, vamos deixar de jogar à bola...!” Sinceramente, num jogo em casa, frente ao Feirense (não desfazendo...), não acreditava que isso acontecesse. Mas, pela enésima vez, aconteceu mesmo! A partir do momento em que nos vemos em vantagem no marcador, parece que deixamos de estar interessados em jogar à bola! Houve um lance paradigmático perto do final da 1ª parte, em que numa jogada rápida ganhamos um lançamento lateral no meio-campo adversário, estamos praticamente em igualdade numérica e com hipóteses de apanhá-los em contrapé e... o Salvio deixa a bola para o André Almeida fazer o lançamento calmamente, enquanto a defesa do Feirense se recompõe. Ok, já sei: estávamos a ganhar...! Foi exasperante!

A 2ª parte não foi muito diferente da primeira e só tivemos uma real oportunidade, em que o Salvio isolado permitiu a defesa com alguma sorte do guarda-redes Caio para canto. É certo que o Feirense acabou por não criar grande perigo, mas como estamos agora a jogar com dois(!) trincos (Fejsa e Filipe Augusto) também melhor fora...

A nossa exibição foi tão paupérrima que, por uma questão de decoro, não vou mencionar ninguém individualmente. Aliás, saí do estádio bastante chateado (podemos sair chateados mesmo quando ganhamos da mesma maneira que, às vezes, há derrotas que não nos fazem muita mossa, certo?) e com a certeza de que, a (chamemos-lhe) jogar assim, não vamos longe de certeza. É que já estamos em Novembro, a época já se iniciou há quatro meses e não se vêem melhorias nenhumas. Antes pelo contrário! Ainda por cima, agora estamos a jogar na máxima força, nem sequer há as desculpas das lesões. Eu sei que saíram jogadores importantes e que essas saídas não foram colmatadas, mas o plantel actual tem mais que capacidade para ser melhor frente ao...Feirense... em casa! Custa-me a crer que fomos afortunadamente enganados durante dois anos, mas este “marcamos e depois vamos todos lá para trás” só pode ser ordem do treinador. É que está sempre a suceder nesta época. E isto, lamento, mas é táctica de equipa pequena. Desde a época do Quique que não víamos futebol tão mau na Luz.

Amanhã iremos a Old Trafford e antevê-se o pior. Ainda por cima, sem Luisão nem André Almeida na defesa. Mas o que me preocupa mesmo é o jogo do próximo domingo em Guimarães. Nesta jornada, os outros dois foram ganhar a campos onde nós perdemos pontos (os lagartos 1-0 em Vila do Conde e o CRAC 3-0 no Bessa) e, portanto, nós continuamos com tolerância zero. Mas a jogar desta maneira, não sei como iremos conseguir ganhar.

segunda-feira, outubro 23, 2017

Regresso

Depois de dois meses e uma semana (14 de Agosto), voltámos finalmente às vitórias fora de casa, ao derrotar o Aves por 3-1. Como seria de esperar, não foi um jogo fácil, porque na nossa forma actual isso é simplesmente impossível, mas fizemos uma exibição ligeiramente melhor do que as anteriores (também pior era impossível), onde conseguimos não adormecer totalmente depois de nos colocarmos em vantagem.

O Rui Vitória manteve a aposta no Svilar e Diogo Gonçalves, mas colocou o Pizzi e o Jiménez no banco, alinhando com o Filipe Augusto e Seferovic. O início da partida foi movimentado, com uma oportunidade para nós (grande remate em arco do Diogo Gonçalves e defesa não menos vistosa do Quim) e para o adversário (remate do Vítor Gomes com o Svilar quase a ser enganado pela trajectória da bola, mas a corrigir a tempo – seria um novo frango...). O Salvio ainda teve dois lances em que o Quim foi novamente protagonista, mas aos 28’ o Washington fez uma falta tão escusada quanto evidente sobre o Diogo Gonçalves na área. No respectivo penalty, o Jonas não perdoou e atirou com força para o meio da baliza. Até ao intervalo, ainda tivemos uma oportunidade soberana pelo Salvio, mas quando só tinha que encostar de cabeça num óptimo centro do André Almeida, conseguiu atirar a bola por cima... No entanto, para não destoar, foi o Aves a vir para cima de nós, sem que conseguíssemos manter a bola longe das imediações da nossa área: o Svilar andou aos papéis num centro e foi o Rúben Dias a salvar, um remate em boa posição do Vítor Gomes saiu ao lado e uma cabeçada do Defendi bateu na parte superior da barra. Felizmente, entretanto veio o intervalo, porque mais um bocadinho e muito possivelmente sofreríamos um golo.

Na 2ª parte, havia a curiosidade para saber se o Aves conseguiria manter o ritmo, mas levou logo um balde de água fria aos 50’ com o 0-2 pelo Seferovic, depois de um remate de longe do Jonas bater no suíço e ressaltar para o Salvio na área, que rematou cruzado em esforço, com o mesmo Seferovic a confirmar o golo sobre a linha. E ainda bem que o fez, porque não sei se um defesa em carrinho não teria conseguido cortá-la. O adversário sentiu bastante o golo e não conseguiu, nem de perto nem de longe, criar o mesmo perigo da 1ª parte. Ao invés, fomos nós que estivemos mais perto de aumentar o marcador, mas o Jonas rematou muito fraco e à figura, e o Seferovic num ressalto proporcionou nova magnífica intervenção do Quim. Como muitas vezes sucede esta época, bastou ao adversário ir uma vez com perigo à nossa área para marcar e isso aconteceu num pontapé de canto aos 76’, com uma cabeçada ao primeiro poste do Defendi. Adivinhavam-se uns minutos finais complicados, mas isso acabou por não acontecer, porque aos 80’ fizemos o 1-3. Há uma falta do Jonas no meio-campo que o Sr. Nuno Almeida não assinalou e, na sequência do lance, o entretanto entrado Pizzi foi derrubado na área. O Jonas mais uma vez não perdoou, atirando a meia altura para o lado esquerdo da baliza. Até final, ainda deu para o Seferovic ser derrubado na área num contra-ataque nosso, sem ser marcada falta (claro que para os antis isto não vai compensar a falta do Jonas a meio-campo, mas sinceramente já não tenho paciência para estas discussões em que uma falta a meio-campo é equiparável a um penalty não assinalado ou um golo mal anulado), para o Derley atirar ao nosso poste (como é que nós permitimos nessa altura uma bola ao poste num contra-ataque?!), e para o Krovinovic (que tinha substituído o Jonas) fazer o Quim brilhar novamente. O jogo não terminou sem antes o Pizzi e o Fejsa terem visto dois escusados amarelos.

Em termos individuais, destaque para o Jonas pelos golos (de penalty, mas é preciso marcá-los) e para a 1ª parte do Diogo Gonçalves. Nota-se que o miúdo ainda está verde (salvo seja!), não consegue manter um rendimento constante nos 90’, mas tem definitivamente qualidade. Outro que também está verde é o Svilar, mas este é bom que amadureça depressa, porque joga numa posição em que não pode mesmo falhar. O Filipe Augusto no meio-campo não esteve tão horrível quanto em jogos anteriores, o que é sempre de saudar. O Fejsa anda longe da sua melhor forma, assim como o Seferovic, embora este tenha melhorado em relação a partidas anteriores e pode ser que o regresso aos golos lhe faça bem. O Rúben Dias teve uma escorregadela comprometedora na 1ª parte, mas o lugar é indiscutivelmente dele nesta altura.

Receberemos o Feirense na próxima 6ª feira e veremos se esta relativa melhoria tem continuidade ou não. Como os outros dois golearam em casa (o CRAC 6-1 ao Paços de Ferreira e a lagartada 5-1 ao Chaves), as distâncias mantêm-se e continuamos sem margem de manobra para perder pontos.

P.S. - Estando ainda fora do país, quero aqui dizer uma coisa: a VPN é a melhor invenção desde a roda! (E da internet, vá...)

quinta-feira, outubro 19, 2017

Erro

Perdemos com o Manchester United na Luz (0-1) e, não só reduzimos as hipóteses de qualificação para os oitavos da Champions a uma questão matemática (do género: é matematicamente possível que o Tondela ainda seja campeão), como também corremos o enorme risco de voltar a passar pela vergonha de ficarmos fora da Europa no novo ano. Nós, que viemos do pote 1, recordemo-nos...! Os mais optimistas dirão que ganhámos o bicampeonato no ano em que também ficámos fora da Europa, mas entre as fezadas e o que vemos em campo, eu tendo a seguir mais o que vemos em campo.

Por motivos profissionais, tive que me ausentar do país, o que fez com que tenha perdido ao vivo o terceiro jogo do Benfica nos 371 que houve desde que o novo Estádio da Luz foi inaugurado. Depois de uma vitória e um empate, a minha terceira ausência saldou-se por uma derrota. No entanto, graças às novas tecnologias, consegui ver o jogo em diferido sem saber o resultado. Comecei logo por ficar surpreendido pelo onze inicial: o Rui Vitória manteve a aposta no Svilar (tornou-se no mais jovem guarda-redes de sempre a ser titular na Champions), o Douglas tinha mesmo que jogar (o André Almeida está castigado), mas o que foi verdadeiramente novo foi que jogámos em 4-3-3, com o Filipe Augusto no meio-campo e o Diogo Gonçalves na primeira titularidade em jogo oficiais (e logo numa partida destas!) na esquerda, a acompanhar o Salvio e o Jiménez. O nosso começo foi muito bom, com a equipa junta a não permitir muitas veleidades atacantes ao Man. United e a tentar atacar com rapidez. Porém, quando chegámos ao capítulo ‘rematar à baliza’ é que estava tudo estragado. Tivemos uma boa oportunidade numa grande jogada do Grimaldo, com intervenção do Diogo Gonçalves e remate do Salvio ao lado, mas a partir da meia-hora os ingleses assumiram o jogo e criaram-nos algumas dificuldades. Apesar disso, acabámos por estar bem na defesa, com realce para o Rúben Dias a demonstrar que foi um erro enorme não ter sido titular em Basileia.

A 2ª parte foi diferente, dado que já não tivemos capacidade física para pressionar o United. O jogo ia decorrendo com os ingleses a controlarem-no sem grandes oportunidades, até que aos 64’ o Rashford cobra um livre directamente para a nossa área e o Svilar, mal colocado, vai recuando e, em vez de socar a bola, agarra-a e entra com ela pela baliza adentro. Erro de principiante que nos custou muito caro. O Zivkovic já tinha entrado para o lugar do Pizzi (continua numa forma lamentável), entraram igualmente o Jonas e o Cervi, mas não tivemos capacidade para chegar sequer à grande-área contrária. Só num canto é que o Rúben Dias em boa posição atirou por cima, mas a bola também não era fácil. Para tornar as coisas piores, o Luisão viu o segundo cartão amarelo e vai falhar o jogo em Old Trafford (uma defesa com o Lisandro ou com o Jardel na sua forma actual, vai ser lindo...!).

Em termos individuais, gostei do Rúben Dias, que perante o tanque Lukaku não se atemorizou (volto a repetir: a ausência em Basileia é injustificável), e das primeiras partes do Diogo Gonçalves, que demonstra algum potencial (pelo menos mais do que o corredor de 100 m que já nem convocado foi...), e do Salvio. O Jiménez teve pouco jogo e poucos companheiros com quem combinar, o Filipe Augusto não destoou completamente, mas ainda falhou um ou outro passe comprometedor, no entanto, neste capítulo o óscar vai indiscutivelmente para o Douglas, que confirmou tudo o que vimos em Olhão: alguma criatividade a atacar, mas defender não é com ele, com a agravante de ter lançado uns quantos contra-ataques... do adversário! Ora, dado que joga a defesa-direito, temos aqui um problema pelo menos para as partidas teoricamente mais complicadas... O Svilar teve um jogo histórico no bom e mau sentido da palavra, mas percebe-se que há ali potencial indiscutível. O problema é que a nossa margem de manobra é diminuta e, depois do Bruno Varela no Bessa, é o segundo jogo que perdemos por causa de um frango... Aliás, esta época do Benfica resume-se muito facilmente: três jogos na Liga dos Campeões, três guarda-redes utilizados. Acho que não é preciso acrescentar mais nada.

Já se sabe que os encontros pós-Champions são sempre muito complicados e este ano calham-nos todos fora. Iremos à Vila das Aves no domingo e aí, sim, teremos de mostrar que conseguimos mais do que o ‘futebol sem balizas’ que apresentámos ontem. A ver a Europa por um canudo, temos ainda mais que apostar as fichas todas no campeonato. Até porque, convém sempre relembrar, que, quanto mais não seja, o terceiro lugar deixou de dar acesso à Champions...

segunda-feira, outubro 16, 2017

Paupérrimo

Vencemos no sábado o Olhanense (1-0) no Estádio do Algarve e qualificámo-nos para a 4ª eliminatória da Taça de Portugal. Depois da paragem das selecções e com a promessa do nosso treinador de que iríamos ter um “ciclo de melhoria”, estava curioso para ver como seria este jogo. De facto, tivemos uma “melhoria”, mas só porque ganhámos, dado que quanto ao resto...

Correndo o risco de me tornar repetitivo, podia bem remeter esta crónica para uma das anteriores: marcámos muito cedo (4’), num golão do Gabriel Barbosa de chapéu na sequência de uma óptima abertura do Pizzi, e depois foi uma modorra até final. Alinhámos com alguns titulares e outros menos utilizados, mas não se notou diferença nenhuma em relação ao que temos visto: futebol muito previsível, pouca velocidade e uma grande incapacidade de criar muitas situações de perigo. O Rafa e o Rúben Dias ainda tiveram boas hipóteses, mas os remates foram interceptados por um defesa e guarda-redes, respectivamente.

Na 2ª parte, o Olhanense teve a sua melhor chance logo no início (remate à rede lateral, com o guarda-redes batido), mas a melhor de todas foi nossa num remate fabuloso do Diogo Gonçalves de fora da área, que levou a bola a embater com estrondo na barra. Até final, lá conseguimos manter a baliza a zeros, porque do outro lado estava uma equipa do Campeonato de Portugal (o terceiro escalão). Caso contrário, muito provavelmente aconteceria o mesmo que nos jogos anteriores.

Em relação aos jogadores, salvou-se a estreia do Svilar na baliza. Com apenas 18 anos, deixou boas indicações (rápido a sair dos postes, por exemplo) e pode ser que tenhamos guarda-redes para dois anos (se for mesmo bom, irá acontecer-lhe o mesmo que ao Ederson, não tenhamos ilusões com a história do “guarda-redes para o futuro”, porque isso não existe). Outra estreia absoluta foi a do Douglas: a atacar esteve razoavelmente bem, mas a defender desde o Okunowo que não via ninguém assim... Perdi a conta às vezes que o extremo contrário (Jefferson Encada), emprestado pelo lagartada, o ultrapassou, o que vale é que os jogadores do Manchester United não devem ser tão bons como ele... O Gabriel Barbosa marcou um grande golo, com uma boa desmarcação, mas a partir daí só fez disparates. O Pizzi fez a abertura para o golo, mas é indisfarçável a sua má forma. Falando em má forma, o Grimaldo também está a anos-luz do seu real valor e o Seferovic parece que desaprendeu de jogar. O Rafa, bem, continua a não haver muito a acrescentar: está claramente na modalidade errada. O Krovinovic andou um pouco perdido em campo e chocou muitas vezes com o Pizzi. Só a entrada do Diogo Gonçalves agitou um pouco as coisas já na 2ª parte e o João Carvalho, embora durante menos tempo, justificou uma nova oportunidade.

Se olharmos para o lado positivo, podemos sempre dizer que foi a 3ª eliminatória da Taça mais fácil dos últimos três anos. Mas este nosso nível exibicional não engana e não iremos longe a jogar assim.

P.S. - Nós jogámos no Estádio do Algarve, que sempre é mais perto de Olhão, do que o Restelo é de Évora, onde jogou o CRAC frente ao Lusitano. No entanto, se é para não jogar nos estádios dos clubes originais, mais vale acabar com esta regra de as equipa da I Liga terem que actuar como visitantes na primeira eliminatória em que entram. A festa da Taça é suposto levá-la aos locais de onde são originários os clubes. Que estupidez!

quinta-feira, outubro 12, 2017

No Mundial

Dois triunfos por 2-0, no sábado em Andorra e na 3ª feira na Luz frente à Suíça, colocaram-nos no Mundial da Rússia. Numa fase de qualificação muito competitiva, tudo se resumiu à diferença de golos entre nós e os suíços (32-4 vs. 23-7), embora, como referiu o Fernando Santos, pelo critério antigo do confronto directo também seríamos nós a ter o apuramento directo.

Na partida frente a Andorra, o Fernando Santos começou por poupar alguns jogadores, incluindo o Cristiano Ronaldo. Num relvado sintético e bastante pequeno, a nossa 1ª parte foi muito sofrível e teve que entrar o capitão ao intervalo para resolver o jogo. O C. Ronaldo marcou o primeiro golo aos 63’ e teve papel determinante no segundo aos 86’ pelo André Silva. Fomos a única equipa a vencer por dois golos no principado, o que demonstra a dificuldade de jogar num campo daqueles.

No tudo ou nada frente ao concorrente directo, a Luz naturalmente encheu. A Suíça, à qual bastaria um empate, até entrou melhor do que nós, a trocar bem a bola, embora sem criar oportunidades de golo. O jogo foi decorrendo praticamente sem balizas (só um remate do Bernardo Silva foi defendido pelo guarda-redes) até que aos 41’ acabámos por ter a estrelinha de campeão, num bom centro rasteiro do Eliseu na esquerda com o João Mário a tentar antecipar-se ao guarda-redes, mas este a defender contra o Djourou, que fez a bola entrar na baliza. Como estava o jogo na altura, foi um golo caído do céu. A 2ª parte foi completamente diferente, connosco a dominar o tempo todo, e fazendo o segundo golo logo aos 57’, numa bela jogada pela direita com assistência do Bernardo Silva para o André Silva. Até final, ainda poderíamos ter aumentado o marcador (o C. Ronaldo falhou só com o Sommer pela frente) e não permitimos que a Suíça tivesse uma única oportunidade.

Se no jogo de Andorra, o destaque individual tem que ir para o C. Ronaldo, frente aos suíços, o Bernardo Silva foi o melhor em campo, muito bem secundado pelo William Carvalho (espero que perca esta boa forma rapidamente…!). Mas no geral toda a equipa esteve em bom plano, sabendo sempre o que fazer em campo e nunca se desconcentrando, mesmo quando as coisas não estavam a correr particularmente bem na 1ª parte.

Iremos ao Mundial como campeões da Europa, o que nos dá um estatuto que nunca tivemos até agora. Veremos como decorrerão as coisas, sabendo de antemão que os milagres raramente se repetem. Mas raramente não é nunca…

segunda-feira, outubro 02, 2017

Adeus ao penta

Empatámos na Madeira com o Marítimo (1-1) e deixámos fugir uma oportunidade de ouro para reduzir distâncias para os outros dois que também empataram (0-0) no WC. Ou seja, continuamos a cinco pontos do CRAC e a três da lagartada. Antes da paragem para as selecções, depois do descalabro de Basileia e já sabendo o resultado deles quando entrámos em campo, teríamos de dar uma resposta capaz e ganhar o jogo. No batatal em que o relvado estava transformado, desse como desse, com a desvantagem que tínhamos, se quiséssemos ser pentacampeões, não poderia haver desculpas e não poderíamos desperdiçar esta oportunidade. Ainda por cima, colocámo-nos em vantagem logo aos 2’! Mas à semelhança de jogos anteriores, não só não a conseguimos manter, como se olha para a equipa e é um deserto de ideias. E é principalmente por isso que o sonho do penta se esfumou ontem para mim. Porque não se vê como é que as coisas podem melhorar.

Com o Salvio no lugar do Zivkovic, eu poderia copiar um dos posts anteriores para resumir o jogo. Não poderíamos ter entrado melhor com um golão do Jonas logo aos 2’ (já antes tínhamos criado perigo pelo Salvio), mas quando nos colocámos em vantagem, deixámos de jogar à bola. E foi assim durante toda a 1ª parte. A história repete-se consecutivamente este ano. Sempre. É certo que o Marítimo não teve lances de golo iminente, mas dominou-nos quase por completo neste período e já se sabe que esta época a nossa defesa é tudo menos fiável. Portanto, é escusado tentar manter o resultado só com um golo de vantagem. O que mais me custa aceitar é precisamente esta falta de inteligência da nossa parte de não ver as nossas próprias limitações e achar que esse tal golo de vantagem é suficiente. Porque, caso contrário, não se percebe porque é que não aproveitamos o facto de a equipa contrária ter necessariamente que subir no terreno porque está a perder, para contra-atacar e tentar marcar o segundo golo. Isto acontece há n jogos! Assim que ganhamos a posse da bola, desaceleramos imediatamente e jogamos para o lado e para trás. Com a defesa adversária recomposta, são raros os lances de perigo que criamos. Depois do nosso golo, só num remate do Jonas na sequência de um lançamento lateral é que obrigámos o Charles a uma defesa apertada.

No início da 2ª parte, voltámos a ter uma boa oportunidade, mas o Cervi atirou de pé direito por cima. Antes de o Rodrigo Pinho proporcionar ao Júlio César uma óptima defesa num remate em arco de fora da área, há um lance do Salvio na área do Marítimo que poderia bem ter sido penalty por mão na bola, mas o Sr. Jorge Sousa nada assinalou. Logo a seguir, o mesmo Salvio teve das nossas melhores oportunidades, num trabalho individual colmatado com um remate de pé esquerdo que o guarda-redes defendeu com o pé. Até que aos 65’, o inevitável golo contrário lá surgiu: centro largo da direita (o Rui Vitória disse que a equipa estava avisada que poderia sofrer golos assim; o que faria se não estivesse…!!!), o André Almeida fica nas covas e o Rodrigo Valente cabeceou sem hipóteses para o Júlio César. O Rui Vitória ia fazer entrar o Filipe Augusto, mas claro que teve que ser o Krovinovic a substituir o Pizzi, que terá feito dos piores jogos de sempre pelo Benfica. Ainda entraram o corredor de 100m e o Seferovic, mas só conseguimos criar verdadeiro perigo já nos descontos com um remate de fora da área do Jiménez que o Charles defendeu e um defesa cortou a recarga do Salvio, que até ia com boa direcção. Portanto, em 25 minutos, criámos uma oportunidade flagrante de golo! E mesmo assim não tão flagrante quanto a do Marítimo, numa escorregadela imperdoável do Jardel que fez com que um avançado se isolasse, mas valeu-nos o Júlio César que defendeu para canto.

O Salvio foi o único que se salvou do marasmo quase total. O Jonas marcou um golão e sete dos últimos nove golos que marcámos para o campeonato, mas mesmo assim o Rui Vitória lembrou-se de o tirar nos últimos dez minutos...! O Pizzi está numa forma lastimável, assim como o Jardel, que só não nos custou a derrota, porque o Júlio César fez frente a um adversário isolado. Aliás, um dos erros crassos do Rui Vitória foi ter tirado o Rúben Dias sem este ter feito nada que o justificasse (ao contrário do Bruno Varela). Outro, ontem, foi apostar no corredor de 100m, quando tinha o Zivkovic no banco. Não se percebe...!

É certo que só agora entrámos em Outubro e nada me dará mais prazer do que vir aqui no final da época engolir tudo isto, mas depois de ontem acho que o penta só por milagre (e, pelo que se tem visto, já gastámos a nossa quota de milagres nos dois anos anteriores…). Por várias razões, mas uma essencial: o discurso não cola com o que se vê em campo. “Equipa de campeões”, que “vai dar a resposta devida”, “homens de carácter”, “grande união entre todos”, mas depois o que se vê em campo é esta pobreza franciscana: equipa cheia de medo, vê-se em vantagem e parece que não aconteceu nada, deserto de ideias a maior parte do tempo, incapacidade gritante de ir para cima do adversário assim que sofre um golo, escassíssimas oportunidades de golo, ninguém para pegar no nosso jogo atacante (o Pizzi está num estado deplorável), duas velocidades utilizadas: devagar e parado, e nunca a dar a sensação de que podemos ir lá.

O campeonato só regressa daqui a três semanas, porque depois da pausa das selecções há Taça de Portugal frente ao Olhanense e Champions na Luz frente ao Manchester United (que deu 4-1 em Moscovo frente ao CSKA). Ou acontece um milagre ou teme-se o pior…