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quinta-feira, novembro 24, 2016

Inglório

Empatámos 3-3 em Istambul com o Besiktas e adiámos para a última jornada a questão da qualificação para os oitavos. Se, à partida, um empate fora perante um adversário directo não seria de desdenhar, o facto de ter acontecido depois de chegarmos ao intervalo a ganhar por 3-0 deixa um inevitável sabor muito amargo. Ainda para mais, porque uma vitória nossa selaria a qualificação e assim teremos de ganhar em casa ao Nápoles na última jornada, para não estarmos dependentes de um favor do Dínamo Kiev.

O jogo começou muito vivo, logo com um golo anulado ao Aboubakar por fora-de-jogo na recarga a um mau alívio do Lindelof (que jogo para esquecer!) que o Ederson defendeu. Pouco depois, foi o Eliseu a rematar de fora da área com a bola ainda a embater no poste. Aos 10’, inaugurámos o marcador com um grande golo do Guedes, isolado pelo Salvio, a aguentar a carga do defesa e a contornar o guarda-redes. Os turcos acusaram muito o golo e nunca se encontraram na 1ª parte. Fizemos o 0-2 aos 25’ num golão do Nélson Semedo com um remate de fora da área com o pé esquerdo! As coisas não poderiam estar a correr melhor e ainda se superaram com o 0-3 aos 31’ num dos lances mais inacreditáveis que eu já vi num campo de futebol: na sequência de um livre, o Mitroglou cabeceia à barra, no ressalto volta a cabecear à trave(!), a bola fica à mercê do Salvio que, com um defesa sobre a linha mas a baliza escancarada, também atira ao poste(!!), para finalmente o Fejsa fuzilar lá para dentro com um remate de pé esquerdo. Até ao intervalo, o Aboubakar teve uma oportunidade na área, mas o remate foi interceptado e o Salvio cabeceou por cima quando estava em boa posição.

Porque inacreditavelmente há pessoas que não sabem que, quando o Benfica joga, o mundo pára, compromissos parentais impediram-me de ver a 1ª parte em directo (revi-a no final do jogo). Por isso mesmo, quando o Mitroglou falhou isolado o 0-4 aos 54’ depois de uma abertura fabulosa do Salvio, que já tinha proporcionado uma boa defesa ao guarda-redes minutos antes, tive um mau pressentimento (ok, tenho-os sempre mesmo que estejamos a ganhar por 3-0 a 10’ do fim). No entanto, não conseguindo dar a machadada final no resultado e estando a jogar no terreno do campeão turco, as coisas poderiam inevitavelmente complicar-se com um golo madrugador deles. E assim foi: reduziram para 1-3 aos 58’ através do Tosun num remate acrobático, mas pareceu-me em ligeiro fora-de-jogo. Apesar deste golo, conseguimos adormecer o jogo, mas não me pareceu nada bem que o Rui Vitória tirasse o Cervi (que estava a ser dos melhores, dando inclusive muita ajuda defensiva ao Eliseu) para colocar o Rafa logo aos 64’. Ainda faltava muito tempo, o Salvio estava a ajudar menos o lateral do que o Cervi e dar rodagem ao Rafa a golear contra o Marítimo é uma coisa, em jogos da Champions e tão longe do final é outra. Curiosamente ou talvez não, não conseguimos mais produzir ataques com perigo a partir dessa altura. A 10’ do fim, entrou o Samaris para segurar o meio-campo, mas o que é certo é que os turcos não faziam aquela pressão que era expectável. Até que aos 83’, o cérebro do Lindelof parou e ele cortou uma bola com o braço em plena grande-área! O penalty do Quaresma ainda bateu no poste, mas entrou na baliza. Como o Ederson já tinha estado por duas vezes lesionado, era expectável que o árbitro desse mais tempo de compensação, e por isso ainda faltavam uma boa dezena de minutos para o final. E, infelizmente, não conseguimos mesmo manter a vantagem: aos 89’, centro do Quaresma na esquerda, o Lindelof falhou a intercepção e o Aboubakar antecipou-se ao Eliseu para fazer a igualdade. O apuramento imediato escapava-se-nos perante os dedos de um modo muito doloroso.

Na prática, jogámos 55’ e durante esse período grande parte da equipa merece destaque: o Gonçalo Guedes, por ter insistido no lance em que fez golo, o Nélson Semedo por um golão que vai correr mundo, o Fejsa por ser o tampão habitual no meio-campo (com a mais-valia do golo), o Cervi tanto no ataque como a ajudar na defesa e o Pizzi por comandar tudo a meio-campo. Na 2ª parte, a equipa começou a desconcentrar-se com o golo sofrido relativamente cedo, antes disso já o Mitroglou tinha obrigação de ter acabado de vez com o resultado e na parte final o Lindelof teve dois erros crassos (um bastante maior do que o outro) que nos custaram muito caro.

Esperemos que não venhamos a lamentar amargamente daqui a duas semanas a maneira como deixámos escapar uma vantagem de três golos ao intervalo. Que este jogo nos sirva de lição para não desperdiçarmos ocasiões soberanas para matar de vez os jogos. E um bocado mais de concentração a defender também não seria mau de todo. Já em Kiev, depois do 0-2, desconcentrámo-nos e permitimos que o Dínamo Kiev tivesse mais do que uma chance do golo. Valeu-nos na altura o Ederson. Agora, saímos deste jogo muito frustrados.

P.S. – O Sr. Skomina fez uma arbitragem tremendamente caseira, como é seu apanágio (recordam-se deste ladrão, não se recordam…?). É inacreditável como pactuou com entradas muito duras do Besiktas sem mostrar amarelos. A dualidade de critérios foi enorme e mesmo a justeza dos foras-de-jogo variava consoante a camisola.

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