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quinta-feira, outubro 28, 2021

Frustração

Empatámos em Guimarães frente ao Vitória por 3-3 na 2ª jornada da Taça da Liga e agora teremos de ganhar por dois golos ao Covilhã para irmos à final four. Com a reformulação da prova, cada grupo só tem três equipas e, portanto, uma derrota ontem eliminar-nos-ia imediatamente. Todavia, depois de estarmos por duas vezes com dois golos de vantagem, não se pode dizer que este tenha sido um bom resultado.
 
Perante a sobrecarga de jogos, já se esperava que o Jesus rodasse a equipa e, dos habituais titulares, só alinharam o Otamendi, Lucas Veríssimo e Grimaldo. Entrámos em campo com dez, no entanto, o Taarabt magoou-se relativamente cedo e o João Mário não pôde ter a noite de folga com que contaria. A única vantagem foi que passámos a jogar com onze. Não poderíamos ter entrado melhor, dado que aos 15’ já ganhávamos por 2-0, fruto de um autogolo do Alfa Semedo (7’) num canto do Pizzi e do mesmo Pizzi num remate cruzado de pé esquerdo, com o Bruno Varela a provar que só um lírico acharia possível nós termos ganho o penta com ele a titular na baliza... As coisas estavam bem encaminhadas, mas o V. Guimarães reduziu aos 21’ num lance em que o João Mário começou a inventar em zona proibida, perdeu a bola e o André André conseguiu fazer a recarga vitoriosa a um remate seu. O ritmo estava louco e recolocámo-nos com dois golos de vantagem aos 28’, num grande remate de pé esquerdo do Radonjic, assistido pelo Pizzi. Era fundamental chegarmos ao intervalo com esta vantagem, mas estragámos tudo já na compensação ao permitir o 2-3 de cabeça pelo Estupinan no meio dos centrais...
 
Na 2ª parte, o ritmo não foi tão frenético, mas nós perdemos uma boa oportunidade de marcar logo no reinício, com um remate cruzado do Pizzi ao lado. No entanto, foi praticamente o único lance de perigo que criámos, com o V. Guimarães sempre muito mais perto de marcar, o que conseguiu a 20’ do fim, mas o Estupinan estava fora-de-jogo. Pouco depois, o Helton Leite esteve bem ao não defender um remate do Quaresma e a deixar a bola ir à barra, certamente para não ceder canto...! (Vlachodimos, podes continuar a dormir descansado...!) Aos 83’, o V. Guimarães lá conseguiu o merecido empate num golpe de cabeça do Bruno Duarte, a corrigir uma sua tentativa falhada de remate. O Helton Leite foi muito pouco lesto a fazer-se ao lance, que ocorreu na pequena-área. Até final, e já com alguma da nossa artilharia pesada em campo, só um cabeceamento do Morato causou perigo, mas apesar de o jogo ter ficado partido mais nenhuma equipa conseguiu marcar.
 
Em termos individuais, o Pizzi esteve nos nossos três golos, mas a meio da 2ª parte deu o berro. O Radonjic também sobressaiu na 1ª parte, mas não tanto na 2ª. O Gonçalo Ramos luta muito, mas um ponta-de-lança vive de golos e ele ainda não marcou nenhum este ano... O Meïté é para esquecer, porque um trinco do Benfica não pode ter aquela lentidão exasperante (continuo a tentar perceber porque é que, para o Jesus, este serve, mas o Florentino não...).
 
Veremos o que se passará quando recebermos o Covilhã, mas de qualquer maneira já vem sendo altura de voltarmos a ganhar a Taça da Liga, dado que o último triunfo já foi há seis anos...

segunda-feira, outubro 25, 2021

Milagre

Um golo do Rafa no último lance do jogo deu-nos uma vitória tremendamente difícil em Vizela por 1-0 e permitiu-nos manter o 1º lugar isolado do campeonato, com um ponto de vantagem sobre os rivais que também venceram (a lagartada 1-0 em casa frente ao Moreirense e o CRAC 3-1 em Tondela). Se, na derrota frente ao Portimonense, o guarda-redes contrário foi dos melhores em campo, o triunfo de ontem acabou por ser lisonjeiro para nós, dado que o Vizela conseguiu equilibrar a partida e até a estava a terminá-la mais em cima de nós do que o contrário.
 
Quatro dias depois da goleada sofrida na Champions, o Jesus apostou na mesma equipa, exceptuando naturalmente a troca do lesionado André Almeida pelo Diogo Gonçalves. Até começámos com alguma dinâmica, mas sempre um pouco atabalhoados na altura de rematar à baliza, razão pela qual só à meia-hora fizemos o primeiro remate, e com bastante perigo, num tiraço do Diogo Gonçalves que o guarda-redes Charles defendeu. Do outro lado, uma asneira do Vlachodimos num pontapé para a frente, que demorou bastante tempo e foi interceptado por um avançado, poderia ter dado péssimos resultados, mas o mesmo Vlachodimos resolveu. Uma cabeçada ao lado do Yaremchuk foi o outro lance em que conseguimos rematar à baliza, muito pouco para 45’ de futebol. O Vizela não se limitava a defender, mas também não criou muitas situações em que nos víssemos em risco de sofrer um golo.
 
Na 2ª parte, melhorámos consideravelmente a nossa atitude (também pior era difícil...), mas continuámos a ter grandes dificuldades para criar lances de perigo: um centro atrasado do Diogo Gonçalves foi interceptado pelo Charles, uma cabeçada do Darwin saiu à figura e um remate do Grimaldo em excelente posição foi parar às nuvens. O Vizela também ficou mais atrevido e conseguiu ludibriar a nossa defesa um par de vezes, chegando a isolar um jogador, mas com o Lucas Veríssimo a recuperar e a cortar o remate. O Jesus tirou os laterais e o Yaremchuk aos 70’, lançando o Radonjic, Everton e Gonçalo Ramos, mas não houve assim grandes alterações, embora o sérvio no seu jeito fução tenha conseguido criar um ou outro desequilíbrio. Chegámos a colocar a bola na baliza pelo Rafa, mas infelizmente em fora-de-jogo na altura do remate do Radonjic. O Jesus arriscou tudo a seis minutos do fim com o Pizzi e Taarabt em vez do Darwin e João Mário, e o forcing final acabou por dar frutos. Ambos tiveram a sua chance, mas os remates saíram com muito pouca força, e o marroquino assistiu o Radonjic, todavia o Charles defendeu (de qualquer maneira, acho que a bola iria para fora). O Vizela também tentou ganhar o jogo e, por três vezes, criou bastante perigo, com o Vlachodimos a segurar bem um dos remates. Aos 98’, uma escorregadela do Samu, um dos melhores jogadores dos vizelenses, permitiu ao Radonjic ganhar a bola, abrir para o Pizzi na direita e este centrar de primeira para o Rafa entrar de rompante no centro da área. Bela assistência e belo golo num triunfo que acabou por nos cair do céu.
 
Em termos individuais, o Weigl foi o melhor do Benfica e o único que esteve a um nível alto. Muitos dos problemas em criar perigo passaram pela exibição discreta do João Mário, pelo futebol muito trapalhão do Darwin e pelo pouco espaço que o Rafa teve. O Grimaldo foi outro que esteve longe do nível habitual e a generalidade da equipa pareceu pouco fresca fisicamente. O Radonjic agitou um pouco as águas, o que neste tipo de encontros pode ser útil.
 
Já se sabe que os jogos pós-Champions são sempre muito complicados, mas nós também não facilitámos a nossa própria vida. É fácil falar no final (e eu sei que a experiência na Trofa correu muito mal), mas não sei se o Jesus não deveria repetir a fórmula de Agosto nas pré-eliminatórias e rodar mais um ou outro jogador. Para que o titular entrasse se fosse necessário e não o habitual suplente. Correu bem ontem, mas foi por pouco. Essa rotação certamente será feita quando defrontarmos o V. Guimarães para a Taça da Liga na 4ª feira, mas a equipa começa a dar mostrar de algum desgaste e aproxima-se um ciclo infernal de jogo consecutivos, ainda por cima todos fora de casa.

quinta-feira, outubro 21, 2021

Dignos

Fomos goleados em casa frente ao Bayern (0-4), mas continuamos no segundo lugar do nosso grupo na Champions, agora com o Barcelona um ponto atrás de nós dado que venceu o Dinamo Kiev por 1-0. O resultado é obviamente muito pesado, mas a equipa saiu do campo sob aplausos (e foram merecidos). Contraditório? Só para quem não viu o jogo...

Tinha comentado com mais do que um grupo de amigos que, se perdêssemos por menos de três golos, não ficaria muito chateado. Mas, quando chegámos aos 70’ com 0-0 e com a perspectiva de um empate não ser um mero sonho, confesso que sofrer uma goleada já não estava na minha cabeça. Pura ilusão...! Este Bayern Munique é, a par deste Barcelona, a melhor equipa que vi jogar ao vivo no Estádio da Luz. Não há como não admirar a maneira como eles sufocam o adversário, não o deixando respirar, como vão esburacando as defesas contrárias e naturalmente criando oportunidades, e como só deixam de tentar marcar quando o árbitro apita para o final. Que maravilha! Apesar de tudo isto, batemo-nos muito bem e só com o autogolo que deu o 0-2 é que nos desconcentrámos, o que acabou por ser fatal.
 
Entrámos em campo com o tridente ofensivo do costume (Rafa, Yaremchuk e Darwin), revelando alguma audácia da nossa parte. Fomos dominados na maior parte do primeiro tempo, mas ainda tivemos uma grande oportunidade com um remate do Darwin que foi magnificamente defendido pelo Neuer. Do nosso lado, o Vlachodimos safou-nos um par de vezes e o VAR também, dado que anulou um golo ao Lewandowski, porque foi metido com o braço.
 
Na 2ª parte estivemos melhor, conseguimos equilibrar um pouco mais a partida, e um remate do Diogo Gonçalves (que tinha substituído o lesionado André Almeida) voltou a fazer o Neuer brilhar. O Yaremchuk teve igualmente uma boa arrancada, mas o remate saiu ao lado. Do lado contrário, o Vlachodimos defendeu uma bola com o pé e ela ainda foi ao poste, e o VAR anulou por fora-de-jogo outro golo dos alemães. Uma falta idiota do Otamendi sobre o Lewandowski, que estava de costas para a baliza(!), provocou um livre perigosíssimo, que o Sane não perdoou. Foi aos 70’ e durante dez minutos tentámos recompor-nos, mas foi o jogador que entrou, o Everton, a fazer um autogolo aos 80’ que nos liquidou de vez e em quatro minutos acabámos por sofrer mais dois golos: aos 82’, o Lewandowski lá marcou o golinho da ordem e o Sane bisou aos 84’. Foi um autêntico rolo compressor que nos passou por cima na parte final...
 
Em termos individuais, de quem eu mais gostei foi do Weigl, que conseguiu bater-se taco a taco com os seus compatriotas. O João Mário também teve alguns pormenores de classe e o Darwin, apesar de nem sempre decidir bem os lances, tentou criar perigo. A velocidade do Rafa esbarrou muitas vezes nos muros alemães. O Vlachodimos ainda conseguiu impedir que o resultado fosse mais avolumado.
 
Foi pena que o modo como nos batemos não tenha tido repercussão no resultado, mas o Bayern é de outra galáxia. O jogo em Munique vai ser terrível, mas não irá ser por ele que passará a nossa possível qualificação. Portanto, qualquer que seja o resultado, não podemos perder a concentração para os últimos dois jogos do grupo, esses, sim, decisivos.

segunda-feira, outubro 18, 2021

Paupérrimo

Vencemos o Trofense na Trofa por 2-1 no passado sábado e qualificámo-nos para a próxima eliminatória da Taça de Portugal. Pronto, tudo o que de positivo há a dizer deste jogo está dito. Perante um adversário da divisão inferior, a nossa lamentável exibição fez com que precisássemos do prolongamento para conseguir o triunfo e tenhamos acabado o jogo a perder tempo e defender o resultado. Sim, com o devido respeito, perder tempo e defender o resultado perante o Trofense!
 
A primeira eliminatória da Taça tem-nos dados brindes como este ao longo dos anos. Felizmente desde essa altura nunca chegando ao descalabro do Gondomar, 
mas assim lembro-me destedestedeste e deste (já chega...?) jogo, em que praticamente só as nossas camisolas entraram em campo. Mesmo com uma equipa recheada de segundas linhas, por causa do Bayern na 4ª feira, esperava-se muito mais do Benfica. Inaugurámos o marcador aos 22’ com um golo do Everton, num remate de fora da área em que o guarda-redes me pareceu que poderia ter feito mais e, até ao intervalo, poderíamos ter marcado pelo menos mais um golo, mas um remate do Taarabt que sairia muito ao lado ressaltou num defesa e proporcionou ao guarda-redes um incrível defesa in extremis com os pés.
 
Na 2ª parte, o Jesus ainda lançou mão de três titulares (Weigl, João Mário e Yaremchuk), mas as coisas melhoraram menos do que se esperaria. Aos 81’, o Trofense empatou num golpe de cabeça, em que o Morato e o André Almeida poderiam ter feito mais oposição. No prolongamento, um lançamento longo do Weigl logo aos 95’ isolou o André Almeida, que desfeiteou o guarda-redes à sua saída e, a partir daqui, praticamente limitámo-nos a defender.
 
Para além da péssima exibição, ainda ficámos com duas baixas por lesão (Gil Dias e Lazaro) e acabámos a partida com jogadores em evidentes dificuldades físicas (Gilberto e Morato, nomeadamente). As segundas linhas do Benfica (valha-nos Eusébio...!) não deram mostras de se constituírem como opção válida. Algo que já sabíamos há uns tempos, como é óbvio, por exemplo continuo à espera de ver em que é que o Meïte e o Taarabt são assim tão melhores que o Florentino e Gedson. Na baliza, o Vlachodimos pode estar sossegado, porque este Helton Leite, enfim... Perante uma exibição destas, seria quase insultuoso destacar alguém. Menção só, como disse o Jesus e o próprio, para o André Almeida que aguentou duas horas de futebol depois da grave lesão que teve e marcou o golo decisivo.
 
Teremos o Bayern (que  ganhou 5-1 em Leverkusen no domingo) nesta 4ª feira e, sinceramente, temo o pior. Não temos de todo pedalada para eles e só espero que não levemos um cabaz completo. Em dez jogos, nunca lhes ganhámos e, desta vez, acho que nem com um milagre.

segunda-feira, outubro 11, 2021

Rescaldo Eleitoral 2021

Como era previsível, o Rui Costa ganhou as eleições no passado sábado, tornando-se assim no 34º presidente do nosso clube. No entanto, o grande vencedor é indiscutivelmente o Sport Lisboa e Benfica, dado que, com 40 085 votantes, batemos o recorde das eleições de 2020 (38 102) e a nível mundial aparentemente só o Barcelona teve umas eleições com maior participação do que esta. Impressionante! E revelador da grandeza do Glorioso. Claro que o facto de esta eleição ter sido a um sábado potenciou esta votação, porque já se sabia de antemão que a diferença entre os dois candidatos seria bastante superior à do ano passado. É uma ilação que eu espero que fique para o futuro: fazer sempre as eleições a um sábado.

A vitória do Rui Costa foi esmagadora com 84,48% dos votos (correspondente a 33 754 votantes), tendo o Francisco Benitez ficado com 12,24% (correspondente a 5043 votantes). Os votos brancos (1071) e nulos (217) é que mais que triplicaram em relação às eleições do ano passado (375 que só puderam ser brancos, por causa do voto electrónico), tendo sido na soma dos dois 3,28%. Como disse aqui, eu contribui para isso.
 
Com esta votação, a responsabilidade do Rui Costa, aliás, como o próprio disse na tomada de posse, aumenta bastante. Espero que ele mantenha o rumo que vinha a ser seguido em termos de resultados financeiros, inverta o que tem de ser invertido em termos desportivos (como fez neste último mercado de transferências, em que não houve comboios de jogadores a entrar e contratámos predominantemente internacionais A pelos seus países) e mude radicalmente em termos de postura (não, Sr. Luís Filipe Vieira, a "democracia a mais" NUNCA faz mal), política de comunicação (as eleições terem tido cobertura mediática nos órgãos de comunicação do clube e o regresso dos debates eleitorais foi um excelente começo, debate esse que, como se viu, foi bastante favorável ao incumbente) e relação com os sócios (o dono do clube seremos sempre todos nós, portanto não podemos ser vistos apenas como "clientes" e as AGs como uma maçada que se preferia que não houvesse). Se assim acontecer, o clube ficará a ganhar. Bastante.

sexta-feira, outubro 08, 2021

Eleições no Benfica – um ano depois...

Here we go again... Na verdade, é menos de um ano depois que voltamos às urnas para eleger o novo presidente do Benfica e ontem houve um debate na BTV com os dois candidatos, Rui Costa e Francisco Benitez. Portanto, mais do que se justifica este post que, aviso já, vai ser longo (as minhas desculpas!), mas há várias coisas que têm de ser ditas:
 
1) Se vai haver eleições agora, é porque o 7 de Julho de 2021 foi o dia mais VERGONHOSO da história do Benfica. Sim, a bold, maiúsculas e sublinhado. Não há outra maneira de o dizer. Infelizmente. O dia em que um presidente em funções do Sport Lisboa e Benfica é preso é, a milhas de distância, o pior dia da história do clube. Ainda por cima, com a acusação de ter roubado o próprio clube! Mesmo que ele seja absolvido quando o processo terminar (e vai durar vários anos), desta vergonha já ninguém nos livra. A honra do clube terá esta nódoa para sempre. E isso é imperdoável.
 
2) Espero sinceramente que o Luís Filipe Vieira seja absolvido por todas as razões que se imaginam. Porque, apesar de ter sido uma pessoa fundamental no clube a determinada altura e a quem devemos muito, uma eventual condenação fará tudo isso implodir, passar para um plano secundário, e torná-lo-á pior do que o Vale e Azevedo. Sim, pior, porque, para além de ter deixado o clube envolvido numa série de outros processos, também o terá roubado. Mas, principalmente, espero que ele seja absolvido por causa do próprio Sport Lisboa e Benfica, para que o clube saia o menos chamuscado possível disto tudo.
 
3) Dito isto, parece-me urgente tomarmos medidas para que uma situação destas não volte a acontecer. E a principal, para mim, é a limitação de mandatos. Fico bastante contente por ver que os dois candidatos estão de acordo quanto a isto. Três mandatos (12 anos), tal como nas autarquias, é tempo mais do que suficiente para se deixar obra e para que um líder se rodeie de pessoas competentes e idóneas, que o poderão eventualmente substituir e continuar essa obra. Porque ninguém é insubstituível e confundir-se o clube com uma pessoa é algo de inimaginável no Benfica. Além de que, quanto mais tempo uma pessoa está no poder, mais vícios cria e deixa criar à sua volta, mais compadrios e esquemas se potenciam, e isso, como se pode ver, deu o resultado que deu...
 
4) Outra medida que é urgente é deixarmo-nos de utopias e percebermos que a direcção do clube e, em especial o seu presidente, TEM DE ser remunerado. Já não estamos em tempos de romantismos ou de carolice. Gerir um monstro como o Sport Lisboa e Benfica não pode ser um part-time, algo que se só faça a partir das 18h. Caso contrário, só pessoas ricas é que terão disponibilidade para serem presidentes do Benfica e ficarem quatro anos sem receber salário. Porque, se não forem ricas, a não-remuneração também potencia a que se vá buscar rendimentos a outros lados. Como em comissões de transferências de jogadores ou outros negócios menos claros. O presidente ganhar o mesmo que o jogador de futebol mais mal pago do plantel pode ser um compromisso interessante.
 
4) Estas eleições tiveram o mérito de trazer de volta os debates democráticos ao nosso clube 21 anos depois! É muitíssimo tempo e a culpa também é nossa, dos sócios, que deixámos que se normalizasse uma anormalidade destas. Como se viu ontem, é possível discutir-se ideias sem insultos, nem berrarias. Quem forçou isto a voltar a acontecer (lista B) e quem aceitou que voltasse (lista A) estão ambos de parabéns.
 
5) Alguém que caísse de Marte ontem e visse o debate, não teria dúvidas em votar em Rui Costa, que se mostrou muitíssimo mais bem preparado do que Francisco Benitez. O que é natural, porque já está há 13 anos como dirigente. Mas esse também é o seu grande problema. É tempo demais de ligação a Luís Filipe Vieira e, como disse o Ricardo Araújo Pereira, o melhor que podemos pensar de Rui Costa é que foi “totó” e não reparou no que aparentemente acontecia à sua volta. Porque, senão, foi cúmplice ou conivente. E aí já seria um caso de polícia. E é precisamente por causa desse passado que eu não posso votar em Rui Costa agora. Sou absolutamente insuspeito para dizer isto, porque sempre foi dos jogadores que eu mais admirei, um enorme ídolo, é dele uma das duas únicas camisolas do Benfica com o nome de jogadores que tenho (a outra, obviamente, do grande Nuno Gomes; também deveria ter do Cardozo, mas distraí-me...) e, se fosse hoje, escreveria isto outra vez sem pestanejar. Mas votar nele, neste momento, não consigo. Terá de dar mostras no futuro que foi, de facto, “totó” e afastar-se do modus faciendi que imperou no clube nos últimos 18 anos (o regresso da visibilidade das eleições nos órgãos de comunicação do clube e os debates eleitorais são um óptimo princípio). Cumprindo satisfatoriamente esse período de nojo, daqui a quatro anos poderei pensar nisso.
 
6) Francisco Benitez tem o mérito de se ter candidatado quando mais ninguém o fez, mesmo sabendo que irá perder, permitindo assim que houvesse confronto de ideias. E isto não é de todo uma questão de somenos importância. No entanto, no debate de ontem perdeu de goleada. Era um combate desigual (alguém que foi um ídolo em campo versus outro que era desconhecido), louve-se-lhe a coragem, mas cometeu alguns erros graves: era o Rui Costa do outro lado, chamar sempre “o candidato da lista A” ficou-lhe muito mal; a rábula de procurar o papel certo sobre determinado assunto e não ter decorado nem a intervenção inicial, nem principalmente a final (em que era suposto estar a olhar directamente para a câmara, para os olhos dos benfiquistas, e não para baixo), foi confrangedor; a ideia de que se poderia ter retido um jogador por quem ofereceram 120 M€ é de um desconhecimento do mundo do futebol actual dificilmente aceitável; e o ter dito a Rui Costa que ele poderia ter voltado mais cedo como jogador permitiu que o Rui Costa lhe desse a estocada final, porque sentiu isso como uma acusação muito injusta quando ele não podia ter feito nada na época (esteve sempre sob contrato quer da Fiorentina, quer do Milan). Por todas estas razões e, consequentemente, pela impreparação que revelou para o cargo (levou outro banho na questão das pessoas para a SAD, que defendeu que tinham todas de perceber de futebol, quando é óbvio que também é preciso gestores), também não irei votar nele.
 
7) Resta o voto em branco, que é o que irei fazer. Devo dizer que fiquei bastante desiludido com a não-candidatura do Noronha Lopes, em quem votei na eleição anterior. Aí, sim, teríamos uma competição a sério, porque é muitíssimo melhor candidato que o Benitez. Aparentemente, as circunstâncias na sua vida mudaram em relação há um ano, mas então ele deveria ter dito logo em Julho, na entrevista à TVI, que não se recandidataria. No entanto, deixou isso em aberto, dando esperança a pessoas como eu. Até pode ser que não ir a jogo agora seja a atitude mais racional, mas, entre a racionalidade e o benfiquismo, eu tombo sempre para o benfiquismo. Por outro lado, nessa entrevista em Julho defendeu que as eleições deveriam ser marcadas o mais rapidamente possível e depois, quando foram marcadas, disse que eram cedo demais. Incongruências que não se percebem. A bomba atómica caiu em Julho, soube-se logo que haveria eleições, estamos agora em Outubro, passaram-se três meses e eu esperaria outro tipo de organização por parte da oposição. Infelizmente, não houve.
 
8) A mensagem final mais importante é a do costume nestes casos: vão votar! Na lista A, na lista B ou em branco, é muito importante que façamos ouvir a nossa voz. E, não, o voto em branco não é um voto desperdiçado. Imaginem só que haveria 20% de votos em branco. Acham que isso não iria dar um sinal claro ao vencedor das eleições? Pois...! Não se abstenham! VOTEM! VIVA O BENFICA!

segunda-feira, outubro 04, 2021

Inesperado

À 8ª jornada, perdemos os primeiros pontos no campeonato, foram logo os três e em casa frente ao Portimonense (0-1). Depois do brilharete europeu frente ao Barcelona, muito pouca gente estaria à espera disto. Não se pode dizer propriamente que tenhamos jogado mal, aliás, o público (e bem) saudou a equipa no final com uma tremenda ovação, mas não podemos entrar tão apáticos e, principalmente, não podemos falhar tantos golos.
 
É mais fácil fazer o totobola à 2ª feira, mas o Jesus não esteve bem ao repetir a equipa que alinhou frente ao Barcelona. Que já tinha sido a mesma que tinha ido a Guimarães. Ou seja, deveria ter feito o mesmo que no meio das pré-eliminatórias de acesso à Champions: rodá-la. Entrámos muito apáticos e em 35’ só tivemos uma oportunidade (e bem grande, por sinal), num centro do Grimaldo na esquerda e o Yaremchuk quase na pequena-área a rematar para a primeira das grandes defesas do Samuel Portugal, que foi indiscutivelmente o melhor em campo. Nos últimos 10’ da 1ª parte, por três(!) vezes o guarda-redes do Portimonense impediu o nosso golo, com defesa a um livre do Grimaldo, ao Rafa que lhe apareceu isolado na frente e a um cabeceamento também do Grimaldo. Foi das melhores exibições de um guardião na Luz nos últimos tempos. Pelo meio, o Darwin falhou um desvio de cabeça a centro do Rafa. Do outro lado, um remate de fora da área do Aylton Boa Morte proporcionou ao Vlachodimos uma boa intervenção.
 
Ao intervalo, o Jesus colocou o Gil Dias em vez do Gilberto e a 2ª parte começou praticamente com um golo nosso, pelo Yaremchuk, mas infelizmente o VAR assinalou fora-de-jogo. Este lance acabou por nos desconcentrar, o Portimonense não nos dava espaço e as coisas pioraram muito aos 66’ com o 0-1 pelo Lucas Possignolo, de cabeça na sequência de um canto. Carregávamos, ganhávamos cantos em barda, mas o Jesus resolveu tirar o Grimaldo e Weigl para colocar o André Almeida e Taarabt. Confirma-se o prejuízo que o Conselho de Disciplina nos fez ao não suspender o Taarabt uma época inteira pela expulsão na final da Taça. O marroquino esteve inenarrável como sempre e obviamente piorámos muito o nosso futebol com ele em campo. Um remate seu à entrada da área, sozinho, que passou muito ao lado foi um bom exemplo do erro que foi a sua entrada em campo. Ou, melhor dizendo, a sua presença no plantel. É que, ao menos, o Weigl faz a equipa jogar e não emperra tudo. Enfim... Até final, dois dos centrais tiveram boas chances, com uma cabeçada do Lucas Veríssimo ao lado, com o guarda-redes batido, e o Otamendi com a baliza aberta a permitir um corte sobre a linha de um defesa. O Darwin também falhou o seu segundo desvio de cabeça a um centro, ainda entraram o Gonçalo Ramos e o Everton, e, mesmo sob a hora, o Otamendi atirou ao poste num remate à entrada da área. Como disse o Jesus no final, poderíamos estar até ao dia seguinte em campo que a bola provavelmente não entraria.
 
Em termos individuais, não houve ninguém que se destacasse por aí além. As acelerações do Rafa causam sempre perigo, mas ele esteve mal na finalização, e o Gil Dias também agitou o nosso jogo, sendo dos poucos que conduziu a bola em velocidade. O meio-campo, João Mário e Weigl, esteve mais discreto, eventualmente a pagar a factura de 4ª feira e o Darwin passou ao lado do jogo, aliás, não percebo porque é que não foi ele a sair em vez do Yaremchuk para entrar o Everton.
 
Teria sido eventualmente mais proveitoso entrar em campo com três ou quatro não-titulares e depois colocar os titulares se as coisas não estivessem a correr bem. Por essa Europa fora, houve algumas surpresas nesta jornada pós-Champions (Bayern e PSG perderam), o que espero que nos sirva de lição para o futuro. Temos agora só um ponto de vantagem perante os rivais (ganharam ambos 2-1, o CRAC em casa frente ao Paços de Ferreira e a lagartada em Arouca), mas continuamos na frente do campeonato. Haverá a pausa para as selecções e quando regressarmos iremos à Trofa para a Taça de Portugal.