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quinta-feira, outubro 26, 2023

Equívocos

Perdemos na 3ª feira frente à Real Sociedad na Luz (0-1) e só um milagre nos fará passar à próxima fase da Champions. Aliás, sinceramente, neste momento estou mais preocupado em mantermo-nos nas competições europeias do que propriamente irmos aos oitavos da Liga dos Campeões. Depois de duas épocas consecutivas em que chegámos aos quartos-de-final da maior prova de clubes do mundo, a perspectiva de sairmos da Europa em Dezembro é uma enorme desilusão.
 
Há jogos em que ganhamos e não merecemos, há jogos em que perdemos e devíamos ter ganho, e depois há jogos como este em que perdemos e bem. Para colocar as coisas em modo muito simples: sim, levámos um banho de bola dos bascos! Com o Kökçü recuperado de lesão, mas no banco, o Schmidt apostou no Aursnes e João Neves no meio-campo, com o João Mário na esquerda e o David Neres na direita (o Di María também estava lesionado). Na frente, esteve o Musa com o Rafa. Ou seja, o problema começou logo na constituição inicial: o Aursnes não joga a seis há séculos e, para não variar, não tínhamos ninguém para correr atrás do adversário e tentar roubar bolas. A Real Sociedad manobrou sempre muito à vontade no nosso meio-campo e não se percebe esta não-utilização do Florentino em jogos como este. Florentino, esse, que recordemos liderou as intercepções de bola na Champions do ano passado (sim, eu sei, não jogou nada bem no Estoril, mas também quem é que jogou bem nesse jogo? Além de que esta era uma partida com características muito diferentes das da Amoreira). E era tão fácil resolver isto: Florentino no meio e Aursnes no lugar onde mais se salientou na temporada passada, o lado esquerdo do meio-campo, que teria tido igualmente a enorme vantagem de não termos de levar com a lesma do João Mário. Praticamente não conseguimos criar perigo na 1ª parte, excepção a um golo anulado por fora-de-jogo do Rafa. Do outro lado, também houve um golo anulado, mas a Real Sociedad esteve sempre muito mais perto da nossa baliza.
 
Para a 2ª parte, era obrigatório uma melhoria do nosso lado. É certo que o Schmidt fez mudanças, mas colocou o Kökçü no lugar do João Mário e o Arthur Cabral no do Musa. Passámos a jogar num 4-3-3 com o turco na posição seis, ladeado pelo Aursnes e João Neves, e a inutilidade ambulante do Arthur Cabral na frente, quando o Musa até estava a dar luta aos defesas, ganhando algumas bolas de cabeça, mas sem ter praticamente jogo nenhum a chegar-lhe em condições. Ou seja, não se justificava de todo que fosse substituído! Ora bem, foi pior a emenda do que o soneto: o Kökçü era um passador a meio-campo, porque não só não tem características para jogar naquela posição, como também me pareceu estar longe dos 100% em termos físicos. O inevitável golo da Real Socidad surgiu aos 63’, num lance em que o Bah não fez tudo o que estava ao seu alcance e depois o Brais Méndez só teve de encostar. Pouco depois, ainda vimos uma bola rematada pelo japonês Kubo embater na nossa barra e só com a entrada do Tiago Gouveia a vinte minutos do fim agitámos um pouco as águas, mas sem nunca conseguirmos remeter os espanhóis à sua área, nem criar lances de golo iminente.
 
Ninguém merece um destaque individual, porque foi tudo demasiado mau. Mesmo assim, foram os miúdos da formação (António Silva, João Neves e Tiago Gouveia) quem se mostrou mais informado. Sinceramente, não percebo algumas das opções do Schmidt, que me parecem perfeitamente injustificadas com aquilo que vamos vendo em campo: já não é só a ausência do Florentino, é a insistência em fazer o Aursnes saltar entre várias posições no mesmo jogo (acabou este a defesa-direito!) e a nunca sair mesmo se estiver a jogar mal, esta entrada do Arthur Cabral não lembrou ao diabo, o Gonçalo Guedes no banco o tempo todo é inexplicável, enfim, toda uma série de equívocos que terão de ser corrigidos rapidamente, sob pena de termos aqui uma reedição da segunda temporada do Bruno Lage: depois de uma primeira brilhante, espalhámo-nos ao comprido com estrondo.
 
É que não são só os zero pontos ao fim da 3ª jornada. Temos igualmente zero golos marcados em 270’ de futebol! Ou arrepiamos caminho rapidamente ou arriscamo-nos a igualar aquela temporada ignóbil do Rui Vitória das seis derrotas na Champions.

1 comentário:

joão carlos disse...

No fundo esta situação é o acumular de várias situações umas que podem sempre acontecer, mesmo que não devessem acontecer, como as várias contratações que não estão neste momento a resultar, algumas muito provavelmente nunca vão resultar, mas que depois são exacerbadas pelos enormes tiros nos pés que vamos dando sem necessidade nenhuma termos apenas um defesa direito e obrigar o único temos a jogar sempre mesmo que condicionado e por isso ainda mais propenso a cometer erros ou andar constantemente a trocar os jogadores de posição e a jogarem a maior parte das vezes fora dos lugares onde realmente são bons.
Para não falar na quantidade de conflitos, a grande maioria completamente desnecessários e sem sentido, que o treinador vai arranjando com vários jogadores que claramente está a minar a confiança dos jogadores e a minar a relação entre o treinador e os jogadores mesmo naquele em que o treinador não entrou em conflito e que algumas opções pouco lógicas na escolha dos titulares também não tem ajudado em nada ao bom ambiente.
Pois, mas esta época até cheira muito mais ao terceiro ano do rui vitória, até pela má construção do plantel pelas más contratações e por algumas opções muito duvidosas de jogadores sem qualidade para titulares, do que propriamente a segunda época do lage esta só tem comparação por ambos os treinadores parecerem que vivem numa realidade paralela em que só lá estão mesmo eles.