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sábado, julho 13, 2024

Benfica FM | Temporada 1994/95

Na passada 5ª feira, reuni-me novamente com os meus amigos Nuno Picado e Bakero do Benfica FM para fazermos mais uma temporada do Glorioso. Infelizmente, a temporada não foi assim tão gloriosa e deu inclusive azo a aceso debate ao longo do episódio sobre se seria ou não o início do Vietname do Benfica, mas a maioria (ou seja, o Bakero e eu) esteve de acordo que é. Do lado positivo, foi a época em que o grande Michel Preud'homme veio para a Luz e em que também tivemos o privilégio de ver outra grande figura do futebol mundial, o Caniggia, com o manto sagrado. Mas quem mais sobressaiu acabou por ser o Edilson (que só esteve esta temporada) e o enorme Isaías.

terça-feira, julho 09, 2024

Portugal – 0 – França – 0 (3-5 pen.)

Tal como era expectável, fomos de vela nos quartos-de-final do Euro 2024 na passada 6ª feira, ao perder com a França. No entanto, não deixa de ser irónico que isso tenha acontecido no nosso melhor jogo neste torneio e que o desfecho seja até um pouco injusto mediante o que se viu em campo.

Naquela que terá sido a mais bem conseguida prestação de sempre frente aos franceses, enfermámos do mal que perpassou por este Euro: entrar em campo com 10 jogadores. Estivemos três jogos consecutivos sem marcar um único golo, dois deles com prolongamento (330 minutos), e o Roberto Martínez insistiu sempre não só na titularidade, como na presença em campo do Cristiano Ronaldo durante praticamente todo o tempo. Junte-se a isto um Bruno Fernandes muito apagado e um Bernardo Silva não tão vistoso como no Manchester City, e temos as principais razões para a nossa incapacidade de concretização. O Rafael Leão foi o único a conseguir criar perigo de forma regular, com as suas arrancadas pela esquerda, e o Vitinha um esteio a meio-campo. Com estas duas boas exibições, comentei lá em casa que não haveria substituições o jogo todo, porque não haveria jogadores para sair (aqueles estava a jogar bem e os outros eram intocáveis...). Afinal, enganei-me e o Bruno Fernandes saiu aos 74’ para entrar o Francisco Conceição, juntamente com o João Cancelo, que deu o lugar ao Nélson Semedo. Melhorámos um pouco com esta nova ala direita, mas, lá está, meter a bola na baliza é que era o cabo dos trabalhos...

No prolongamento, as coisas não se alteraram, com ambas as equipas a serem cautelosas a maior parte do tempo e acabámos novamente nos penalties, onde os franceses foram muitíssimo eficazes e o João Félix, entretanto entrado, acertou no poste, no único penalty que falhámos. Desta vez, o Diogo Costa não foi herói e viemos recambiados para casa.

Foi um Europeu q.b., em que cumprimos os mínimos de chegar aos quartos-de-final, mas longe do brilhantismo que este conjunto de jogadores nos fazia antecipar. Decisões precisam de ser tomadas, mas duvido que haja coragem para tal. Mesmo que o grande desígnio deste Euro não tenha sido cumprido (falo naturalmente de o Cristiano Ronaldo ser o único a marcar em seis Europeus), quase de certeza que ilações não serão tiradas a este respeito. Não irá haver coragem para lhe dizer “muito obrigado, mas se calhar aos 39 anos já chega, não...?” e assim continuaremos a jogar para os seus recordes na qualificação para o Mundial 2026. A não ser que ele próprio colocasse um fim ao seu percurso na selecção, mas eu não sou assim tão ingénuo para acreditar no Pai Natal...

sexta-feira, julho 05, 2024

Portugal – 0 – Eslovénia – 0 (3-0 pen.)

Na passada 2ª feira, estivemos à beira de uma enorme vergonha nos oitavos-de-final do Euro 2024: sermos eliminados pela poderosíssima Eslovénia! O Diogo Costa tornou-se um herói nacional, porque defendeu três penalties no desempate, já depois de ter defendido com o pé o remate de um adversário isolado, em cima dos 120’, por um erro clamoroso do Pepe. Ou seja, se vamos defrontar hoje a França nos quartos, muito lhe devemos.

O Roberto Martínez esteve bem ao voltar ao 4-3-3, a selecção até nem entrou mal no jogo, mas foi-se perdendo ao longo do tempo. E aí, parece que o espírito do Roger Schmidt se abateu sobre o seleccionador. Não só não fez todas as substituições que se exigiam, perante o descalabro físico de alguns jogadores, como ainda por cima, quando as fez, tirou quem até estava a ser dos melhores e a criar perigo (Rafael Leão e, principalmente, Vitinha). Já se sabe que o Cristiano Ronaldo é inamovível enquanto não se atingir o grande objectivo da selecção nacional neste Europeu (ele tornar-se o primeiro, e muito provavelmente único, jogador da história do futebol a marcar em seis Europeus) e teve uma enorme oportunidade de o fazer nesta partida, mas o Oblak defendeu um penalty seu aos 105’. Aliás, as lágrimas do C. Ronaldo no intervalo do prolongamento eram obviamente por causa disto e não pela perspectiva de poder não conquistar o título europeu (objectivo naturalmente secundário em relação ao outro). Que ele tenha esse desígnio até se pode aceitar, mas que o seleccionador caucione isto não o tirando de campo, quando deixa de responder em termos físicos (o que é mais que natural para alguém que tem já 39 anos...), é que já não se percebe. Como não se percebe que o Bruno Fernandes e Bernardo Silva, em sub-rendimento neste jogo, também não tenham saído. É que toda a gente viu que a selecção não foi pressionante como deveria ter sido, especialmente no prolongamento, caso tivesse sangue fresco na equipa. E com a qualidade de quem está no banco, é incompreensível que esse refrescamento da equipa não tenha acontecido.

Enfim, iremos defrontar os franceses hoje à noite e, perante o que temos visto, será preciso um milagre para passarmos. Como também era preciso um milagre em 2016. Pode ser que a história se repita.

domingo, junho 30, 2024

Geórgia – 2 – Portugal – 0

Na passada 4ª feira, aconteceu um descalabro à selecção nacional e, pior ainda, ao nosso António Silva, já que foi ele o responsável directo pelos dois golos da Geórgia. Tentando ver as coisas pelo lado positivo, se havia jogo para falhar no Europeu, era este, dado que já estávamos qualificados para os oitavos-de-final e em 1º lugar do grupo.
 
O Roberto Martínez, tal como se previa, rodou praticamente a equipa toda, menos o guarda-redes Diogo Costa e, claro, o Cristiano Ronaldo, que ainda não tinha marcado no Europeu e já se sabe que os seus recordes pessoais estão sempre à frente de tudo... Inclusive da racionalidade que seria colocar um jogador de 39 anos a descansar num jogo que não decidia nada... Logo aos 2’, o António Silva fez um passe sem olhar no meio-campo adversário, que deu azo a um contra-ataque bem finalizado pelo Kvaratskhelia. Tínhamos o jogo todo pela frente para dar a volta, mas manifestámos sempre uma lentidão exasperante nas trocas de bola (à semelhança do encontro frente à Rep. Checa, mas ainda para pior) e raramente conseguimos criar perigo.
 
Na 2ª parte, aos 57’, o António Silva teve uma acção muito imprudente que resultou num penalty, que o Mikautadze concretizou para o 0-2. O Roberto Martínez lá foi fazendo substituições, mas nada resultou na prática. A selecção nunca se encontrou e nenhum dos não-habituais titulares aproveitou verdadeiramente a oportunidade.
 
Iremos amanhã defrontar a Eslovénia do Oblak nos oitavos-de-final e espera-se que esta táctica dos três centrais seja abandonada de vez. Parece-me que os jogos frente à Rep. Checa e Geórgia foram esclarecedores para isso. A derrota na 4ª feira serviu para arrefecer um pouco os ânimos, o que até poderá jogar a nosso favor. Pode ser que esta descida à terra nos permita melhorar a concentração competitiva e não tomar nada como garantido.

terça-feira, junho 25, 2024

Turquia – 0 – Portugal – 3

E “depois da tempestade veio a bonança”. Vencemos folgadamente a Turquia no passado sábado e conseguimos já o apuramento para os oitavos-de-final, no 1º lugar do grupo, logo à 2ª jornada. Se com os checos a exibição tinha deixado muito a desejar, frente aos turcos, em teoria mais difíceis, foi exactamente o oposto, com a selecção a voltar ao habitual 4-3-3 e a ganhar sem espinhas.

Claro que um golo relativamente cedo (21’) do Bernardo Silva e o 2-0 apenas oito minutos depois, num autogolo inacreditável do Akaydin (para mim, com culpas do guarda-redes que não o avisou que não estava na baliza), contribuíram imenso para isso, libertando os jogadores para mostrar toda a sua categoria. A seguir ao intervalo, o 3-0 logo aos 56’ através do Bruno Fernandes fechou definitivamente o jogo para nós. Quanto à Turquia, teve uma boa oportunidade ainda antes do nosso primeiro golo, mas depois foi completamente abafada.

Em termos individuais, destaque para a dupla Bernardo Silva – Bruno Fernandes, que deu show no meio-campo, para o pouquíssimo egoísmo do Cristiano Ronaldo no terceiro golo, a passar a bola ao Bruno Fernandes quando estava sozinho frente ao guarda-redes (foi de tal ordem inusitado, que até o Roberto Martínez elogiou no final do jogo...!), e para o Pepe que, apesar da sua provecta idade, não deixou nenhum turco passar por ele. Palavra igualmente para a estreia de dois dos nossos, António Silva e João Neves, no Europeu e para o Kökçü do outro lado, que só jogou meia parte. Do lado negativo, o Rafael Leão irá falhar a partida frente à Geórgia por ter visto o segundo amarelo, no segundo jogo, pela segunda simulação de uma falta... Comigo, estaria lixado...!

Espera-se rotação da equipa frente à Geórgia e que se estreiem alguns do que ainda não saíram do banco (João Félix e Gonçalo Ramos, por exemplo). Ainda não se sabe quem defrontaremos na fase seguinte, mas esta exibição elevou bastante os nossos níveis de confiança.

sexta-feira, junho 21, 2024

Portugal – 2 – Rep. Checa – 1

Entrámos a ganhar no Euro 2024 com uma enorme vaca na passada 3ª feira. Um golo aos 92’ safou-nos de uma estreia inglória, mas a exibição deixou muito a desejar e é bom que as coisas se alterem para os próximos jogos.
 
Com uma táctica de três centrais e dois jogadores no onze inicial que, somados, têm 80 anos(!) (é impossível não ser caso único na história de todas as grandes competições futebolísticas), entrámos a passo e a 1ª parte foi uma sensaborona pasmaceira. Os checos fecharam-se a sete chaves lá atrás, com dois autocarros, e nós nunca tivemos engenho e arte para os ultrapassar.
 
Na 2ª parte, lá acelerámos um pouco, mas foram os checos a inaugurar o marcador aos 62’ pelo Provod, num remate de fora da área, indefensável para o Diogo Costa. A nossa vaca começou logo no golo do empate, um autogolo do Hranac, que aconteceu pouco depois, aos 69’. Nem deu para ficarmos nervosos por estarmos em desvantagem. A entrada do Diogo Jota para o lugar do desinspirado Rafael Leão melhorou as coisas e foi este jogador a meter a bola na baliza já muito perto dos 90’, mas o lance foi invalidado por fora-de-jogo do Cristiano Ronaldo no cabeceamento ao poste, do que resultou a recarga vitoriosa do nº 21. O Roberto Martínez armou-se em Roger Schmidt e fez três substituições aos 90’(!), e foram dois desses jogadores a construírem o golo da vitória aos 92’: jogada de insistência do Pedro Neto na esquerda, novo falhanço do Hranac e remate certeiro do Francisco Conceição. Uma sorte inacreditável!
 
Houve várias coisas que não correram bem, mas sinceramente esta insistência na titularidade do Cristiano Ronaldo, com 39 anos, parece-me o maior problema. Não sei se é culpa dele, se são ordens do treinador ou se os colegas simplesmente ficam condicionados, mas parece que, com ele em campo, a primeira preocupação da equipa são os seus recordes. Já é o único jogador a participar em seis Europeus. Aparentemente ninguém irá descansar enquanto não for o único jogador a marcar em seis Europeus. Primeiro os seus recordes, depois os objectivos da selecção. Pode nem ser assim, mas francamente é o que dá impressão. Há um lance na 2ª parte em que o Bernardo Silva está em óptima posição para rematar e a preocupação foi colocar a bola no C. Ronaldo... Sintomático! É indiscutível que o C. Ronaldo é um dos melhores jogadores de todos os tempos, mas sempre foi um eucalipto e continuará sempre a ser até acabar a carreira. Que, por este andar, deve ser quando tiver 60 anos... It’s all always about him...!
 
A selecção precisa de se libertar das amarras de jogar para o C. Ronaldo. Porque ele não vai conseguir sozinho resolver este Europeu a nosso favor. Até pode ainda conseguir resolver um jogo ou outro (duvido, mas pronto...), mas para a totalidade da competição é preciso que os outros também entrem em campo... Coisa que parece que não acontece quando ele lá está.

quinta-feira, maio 23, 2024

Roger Schmidt – o erro iminente

O Presidente Rui Costa irá fazer o balanço da época hoje à noite e, aparentemente, prepara-se para anunciar a pior decisão do seu mandato e aquela que o irá marcar indelevelmente: a continuidade do Roger Schmidt. Estou perfeitamente à vontade para falar de um assunto como este, porque a vantagem de já andar nisto dos blogs há mais de duas décadas é que já acertei no passado (contra todas as probabilidades e a opinião da maioria dos benfiquistas), como também (felizmente!) já errei clamorosamente. No entanto, neste caso, temo bem que não vá errar e, se o fizer, será com ENORME alegria que virei aqui no final da próxima época fazer o mea culpa.
 
Posto isto, vamos às razões pelas quais a continuidade do actual treinador será um erro colossal:
 
1) Ao contrário de 2013, a equipa esteve longe de jogar bom futebol, ser a melhor do ano e comandar o campeonato quase até ao fim. Também não chegou a uma final europeia, cometendo a proeza de ser eliminada pelo 9º classificado do campeonato francês, depois de uma miserável e vergonhosa exibição na 2ª mão. E também não chegou a uma final da Taça de Portugal.
 
2) Não se nota evolução nenhuma (bem pelo contrário!) no desempenho da equipa em relação ao ano passado. Sendo mais claro: é evidente que regredimos. Sim, ficámos sem dois titulares que não tiveram substitutos à altura (Grimaldo e Gonçalo Ramos), mas na globalidade o plantel tinha mais opções do que no ano passado. Se não houve tanta rotação, foi porque o treinador não quis. (Por exemplo, pagámos 1M€ a mais para o Rollheiser vir já em Janeiro. Para quê...?!)
 
3) O Roger Schmidt não tem plano B. E mesmo o A, sem Grimaldo e Gonçalo Ramos, deixou de funcionar como no ano passado. Basta só pegar nos jogos contra os adversários directos e ver como levámos banhos tácticos na maior parte deles:
    a) Na Supertaça, sem ponta-de-lança, poderíamos ter chegado ao intervalo com o troféu perdido. Isso só não aconteceu graças à aselhice do pior CRAC dos últimos 40 anos.
    b) Na Luz, frente ao CRAC, vimo-nos e desejámo-nos para derrotá-los por 1-0, apesar de termos jogado 70’(!) em superioridade numérica. (Escrevi na altura: “se fosse ao contrário (expulsão nossa aos 20’), teríamos sido completamente atropelados”. Parecia que estava a adivinhar a 2ª volta...).
    c) Frente à lagartada na Luz, estávamos a levar um banho de bola, até acontecer aquele milagre na compensação, mas duvido que ele tivesse sucedido se eles não estivessem também com 10 jogadores...
    d) Em Mordor, cometemos a enorme façanha de conseguir levar 5 do pior CRAC nos últimos 40 anos... Sem comentários.
 
4) O nosso treinador achou que seria boa ideia jogar na mesma semana no WC (para a Taça) e em Mordor com o... João Mário no meio-campo! E o Florentino no banco. Porque, claro, contra equipa menores e em jogos fáceis, não era preciso ter o único jogador do plantel que corre atrás dos adversários e não os deixa respirar até recuperar a bola, certo...?! (Sim, o João Neves também faz um pouco isso, mas não é a mesma coisa, além de que é um desperdício não o ter mais à frente).
 
5) Jogámos 120’ em Marselha e fazemos... duas substituições (eles fizeram as seis, como é óbvio). A terceira foi no final da 1ª parte do prolongamento e quase pode ser considerada de recurso. A isto, junta-se a rábula das substituições aos 88’, repetidas n vezes ao longo da época, para tentar mudar os acontecimentos. Ou as também inúmeras vezes em que as coisas não correram bem e não se esgotámos as substituições. E isto tudo, repito, com um plantel melhor do que no ano passado.
 
6) O Arthur Cabral está longe de ser um Gonçalo Ramos, teve um início tenebroso no Benfica, mas, quando começou a marcar golos com regularidade, o Roger Schmidt achou que era boa ideia ir a Guimarães, num dia de temporal, jogar com o Rafa e Di María na frente, e ele no banco... Quando o meteu na 2ª parte, salvou-nos da derrota, mas nunca mais recuperou aquele momentum. Ora, se há uma regra básica de bom-senso no futebol, é que não se tira da equipa um avançado que está numa senda positiva a marcar golos...
 
7) A campanha europeia foi uma vergonha e desonrou o prestígio do clube. Na da Champions, é melhor até nem falar, dado que nos safámos do último lugar com um golo de calcanhar na compensação do último jogo. Na Liga Europa, tínhamos uma oportunidade de ouro para chegar pelo menos até às meias-finais, mas deitámo-la pela janela daquele modo vergonhoso em Marselha.
 
8) É só ver o histórico do Roger Schmidt como treinador. Nunca conseguiu terminar a terceira época num clube. Das duas vezes que a iniciou (Leverkusen e Beijing Guan) foi despedido durante o decorrer da mesma. Tem tudo para ser diferente desta vez, sem dúvida...!
 
9) Um treinador do Benfica não pode levar 5 na casa de um rival e dizer no fim que não tem de pedir desculpa aos adeptos. Um treinador do Benfica não pode dizer aos adeptos para ficarem em casa e não irem aos jogos (por muito acéfalos que sejam alguns deles). Um treinador do Benfica não pode chegar ao fim de uma época em que só ganhou a Supertaça, foi eliminado da Taça da Liga pelo Estoril, fez a campanha europeia que fez, terminou a 10 pontos do 1º lugar no campeonato e dizer que... foi uma boa época! Isto é não perceber nada do que é o Benfica. Eventualmente, tudo isto também é culpa da comunicação (ou falta dela) do clube, mas para quem já cá está há dois anos, esperar-se-ia que já tivesse percebido um pouco melhor o que é o clube.
 
10) Termino com um exemplo singelo, que poderá ser considerado menor, mas bastante representativo na minha opinião da razão pela qual o Roger Schmidt não deveria continuar no Benfica. É principalmente por causa de decisões totalmente incompreensíveis e eivadas de falta de lógica como esta: Benfica – Vizela, jogo no meio da eliminatória europeia com o Toulouse, em que tínhamos ganho 2-1 na 1ª mão (portanto, não estava obviamente decidida); sete meses de época já decorridos; 5-0 ao intervalo; Rollheiser e Prestianni no banco; para a 2ª parte, sai Rafa e entra... Di María! Duas palavras: POR-QUÊ?!?!
 
Em conclusão: o ideal é ter um treinador que veja mais à frente, que perceba as coisas ainda antes de elas acontecerem, que consiga tirar coelhos da cartola que a maioria das pessoas (porque não está “lá dentro” e não “trabalha todos os dias com os jogadores”) não vê logo, que consiga encontrar estratégias diferentes perante adversários diferentes, mas eu até nem vou por aí. Acho que o mínimo dos mínimos é ter um treinador que veja o que todos vêem. E infelizmente temos um tipo de treinador que é o total oposto disso: é o único a não ver o que todos vêem! Junte-se a isso ao facto de ter uma grande parte dos adeptos contra ele e estão criadas as condições para uma temporada que só muito dificilmente não correrá terrivelmente mal, caso ele infelizmente continue. OXALÁ me engane!

* Publicado em simultâneo com a Tertúlia Benfiquista.

segunda-feira, maio 20, 2024

Despedida triste

Empatámos (1-1) em Vila do Conde frente ao Rio Ave no último jogo do campeonato na passada 6ª feira e terminámo-lo a dez pontos do 1º lugar da lagartada. Com esta distância pontual, é difícil argumentar que demos luta até ao final, especialmente porque quando somos nós a ganhar, em geral, é só na última jornada.
 
Com o Rafa e o Di María de fora, o Roger Schmidt apresentou uma equipa cheia de alterações. Mesmo assim, dominámos grande parte da partida, fizemos o 1-0 aos 32’ pelo Kökçü, depois de uma assistência do Tengstedt, que acabou por receber o prémio de “homem do jogo”... É justo desde que consideremos que um avançado deve saber fazer tudo, menos... rematar à baliza! É que, sempre que teve ocasião para isso, a bola acertou invariavelmente no peito do guarda-redes... Tivemos outras ocasiões, mas revelámos a inépcia habitual nesta temporada, quando se tratou de meter a bola dentro da baliza. E aconteceu o que é normal nestes casos, ou seja, sofrermos o golo do empate, num penalty bem escusado do Florentino (mão na bola numa disputa de cabeça num canto) em cima dos 90’. O jogo ficou igualmente marcado pelas estreias absolutas do Gustavo Varela e Prestianni, e o argentino teve um remate perigoso já depois do empate, que o guarda-redes foi buscar ao canto da baliza.
 
Há muito para dizer sobre esta temporada, mas sinceramente a vontade não é muita. Aliás, a perspectiva de inacreditavelmente continuarmos com o Roger Schmidt para o ano é deveras assustadora. Não só isto correu como correu este ano, como na carreira dele foi sempre despedido na terceira época no mesmo clube... Teme-se o pior!

quarta-feira, maio 15, 2024

Despedida do Rafa

Goleámos o Arouca no domingo por 5-0 no último jogo do Rafa na Luz. Com a classificação fechada, o interesse do jogo cingia-se a esse facto e, com um bis, acabou por ser uma boa despedida do nº 27. O Arouca fez um bom campeonato, mas não confirmou neste jogo o mérito de ir terminar em 7º lugar.

Com o Arthur Cabral e o Marcos Leonardo lesionados, o Rafa jogou na frente apoiado pelo Kökçü. O próprio teve duas boas ocasiões logo no início, mas atirou por cima numa delas e permitiu um desvio importante ao Arruabarrena na segunda. O João Mário, assistido pelo Rafa, desviou uma bola ao poste, antes de o Di María fazer o 1-0 de penalty aos 25’ a castigar mão na bola de um adversário, depois de um cruzamento do João Mário. O argentino ainda tentou oferecer o penalty ao Rafa, mas este tem, de facto, um feitio muito especial e recusou... Aos 27’, todo o público da Luz se levantou para aplaudir o Rafa, mas este nem esboçou reacção... Aos 32’, aumentámos para 2-0 com novo penalty, desta feita por derrube do guarda-redes ao Kökçü, que o próprio turco marcou com sucesso. Em cima do intervalo, surgiu o tão desejado golo do Rafa apareceu, num bom remate já dentro da área ao ângulo da baliza. Grande festa no estádio, mas o Rafa fez um festejo normal...

Com o jogo ganho ao intervalo, não poderíamos ter entrado melhor na 2ª parte, com o bis do Rafa aos 46’, a rodar bem sobre um defesa, manter o equilíbrio e picar a bola sobre o guarda-redes à sua saída, fazendo o 4-0. Ao igualar o Pizzi na lista dos melhores marcadores do Benfica, festejou fazendo a continência característica do seu amigo. Por volta a hora de jogo, o Di María fez um golo absolutamente genial, num chapéu ao guarda-redes, mas foi anulado por fora-de-jogo do Rafa no início da jogada... O jogo já estava decidido, eu acho que, a bem do futebol, deveria ter sido deixado passar...! O Schmidt começou a fazer substituições e foi o Tengstedt, acabadinho de entrar, a fechar o resultado aos 77’, contornando bem o guarda-redes, depois de ter sido isolado pelo Rafa. Aos 86’, saída do Rafa para a grande ovação final, retribuída por este por um bater de palmas ao público. Qualquer outro jogador provavelmente emocionar-se-ia, mas não o Rafa... No último minuto, ainda deu para o Rollheiser falhar um golo feito, atirando ao lado à saída do guarda-redes, depois de ter sido isolado pelo também entretanto entrado Tiago Gouveia.

Destaque individual óbvio para o Rafa, com dois golos e uma assistência. Iremos ter saudades dele, nomeadamente da sua velocidade. Mas aquele feitio está muito longe de ser típico de um jogador de futebol... O resto da equipa exibiu-se a um nível aceitável, mas o adversário deu menos luta do que se esperava.

Fecharemos esta temporada triste em Vila do Conde na última jornada, ainda sem sabermos se irá ser o último jogo do Roger Schmidt enquanto treinador do Benfica. Será bastante arriscado se ele continuar e, se as coisas começarem a correr mal (e o histórico do treinador nas terceiras épocas nos clubes não é nada famoso...), a própria continuidade do Rui Costa estará certamente em causa. Para mim, a decisão seria óbvia, mas esse balanço far-se-á no final do campeonato.

segunda-feira, maio 06, 2024

Humilhante

Perdemos ontem em Famalicão por 0-2 e entregámos o título à lagartada, que estava confortavelmente a ver o jogo no sofá. Ou seja, foi como que a cereja no topo do bolo de uma época hedionda, em que nem sequer tivemos capacidade para obrigar o rival a ganhar o campeonato dentro do campo...
 
Depois de a equipa ter estabilizado nos últimos jogos, muito fruto da entrada do Florentino no onze, o Sr. Roger Schmidt resolveu inovar e voltar a colocar o João Mário no meio-campo, deixando o Florentino no banco...! Decisão, essa, que tão bons resultados trouxe como, por exemplo, em Mordor...! Claro que os jogadores contrários agradeceram a falta da muralha no nosso meio-campo e na 1ª parte conseguiram chegar imensas vezes à nossa baliza. Houve dois golos anulados por fora-de-jogo, um para cada lado, e algumas oportunidades para as duas equipas, mas ninguém conseguiu desfazer o nulo antes do intervalo.
 
Para a 2ª parte, exigia-se a entrada do Florentino e mais nada. Mas o nosso treinador substituiu o David Neres (soube-se hoje que lesionado), o Kökçü e o Marcos Leonardo para as entradas do Rafa, Arthur Cabral e Florentino. O Sr. Roger Schmidt tem esta fixação com os pontas-de-lança, em que se um não dá uma resposta positiva imediata, sai logo da equipa... O Marcos Leonardo nem estava a jogar mal, assim como o Neres (como a nossa comunicação não funciona, pensámos todos que tinha sido por opção táctica e não por lesão, o que convenhamos tornaria a substituição incompreensível...) e a verdade é que nem, o Rafa, nem o Arthur Cabral trouxeram grande coisa ao jogo. Pressionámos bem mais (vantagem de ter o Florentino em campo...) e atirámos uma bola ao poste pelo Di María, numa resposta à também bola ao poste do Famalicão na 1ª parte. Parecia que o golo estava para vir para o nosso lado, mas aconteceu na nossa baliza: aos 71’, o Puma Rodríguez flectiu da direita para o centro e rematou sem que o Trubin se tenha feito à bola.... Incompreensível, porque, ainda por cima, a bola entrou no ângulo mais próximo... O golo deitou-nos completamente abaixo, porque não podíamos sequer empatar para impedir a festa dos outros. Que ficou selada aos 85’ num erro clamoroso do Florentino na saída de bola, que a entregou a um adversário e depois, na jogada, o Zaydou Youssouf atirou sem hipóteses para o Trubin.
 
Não vou fazer destaques individuais, só dizer o seguinte: TÍNHAMOS de ganhar este jogo. Ponto! Sabíamos que uma não-vitória lançaria a festa do outro lado da 2ª circular, sabíamos que eles se tinham reunido para verem o jogo em conjunto à espera do nosso deslize, como é possível termos facilitado isso...?! É absolutamente imperdoável! Ao intervalo, já deveria estar 3-0 a nosso favor, para ao menos mostrarmos alguma dignidade e obrigarmos os outros a serem campeões no relvado. Mas não...! Depois de uma Champions miserável, depois de termos levado cinco em Mordor contra o pior CRAC dos últimos 40 anos, depois de sermos eliminados pelo 9º classificado do campeonato francês, ainda tivemos o desplante de oferecer esta benesse à lagartada...! É mau demais para ser verdade e urge fazer uma retrospectiva muito séria para que todos percebam como foi possível ganharmos apenas uma Supertaça num ano em que apostámos tanto. E em que, apesar de algumas limitações, ainda assim tínhamos de longe o melhor plantel do campeonato. Houvesse alguém que tivesse tirado proveito dele...

terça-feira, abril 30, 2024

Reviravolta

Vencemos o Braga na Luz no sábado por 3-1 e selámos a qualificação para, pelo menos, a 3ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões (se o Bayer Leverkusen não ganhar a Liga Europa). Reduzimos a diferença para a lagartada para cinco pontos (que não farão diferença nenhuma dado que vão ser campeões à mesma), porque eles empataram 2-2 em Mordor, deixando assim o CRAC a 13 de nós e 18 pontos deles!
 
Com o regresso dos habituais titulares, não melhorámos em relação a Faro, antes pelo contrário. O João Neves ficou no banco o jogo todo por via ainda da cabeçada que levou frente ao Farense e a dinâmica no meio-campo ressentiu-se naturalmente disso. Por outro lado, nesta altura o Rafa está completamente fora de forma e raramente arranjámos meio de ultrapassar a defesa bracarense. Só tivemos dois lances de verdadeiro perigo na 1ª parte com um desvio de cabeça do Arthur Cabral à barra e, já perto do intervalo, um falhanço incrível do Aursnes na pequena-área só com o guarda-redes Matheus pela frente. Pelo meio, sofremos o 0-1 aos 28’ pelo Ricardo Horta, num lance em que o Otamendi foi muito mal batido a sair à queima na esquerda e o António Silva colocou em jogo o ponta-de-lança que estava a tapar a visão do Trubin na altura do remate do Horta.
 
O Roger Schmidt não fez alterações ao intervalo, mas teve de fazer entrar o Álvaro Carreras aos 52’ para o lugar do Bah, que saiu tocado. Algum público assobiou a substituição, mas bastava ter pensado um bocadinho para chegar à conclusão de que só por lesão é que o Schmidt faria uma substituição antes dos 60’...! O jogo não estava fácil, mas tentávamos com mais querer do que na 1ª parte, com o Matheus a opor-se bem a um remate em arco do Di María e um defesa a interceptar um outro remate do Arthur Cabral, que me pareceu ir com boa direcção. Aos 70’, o Schmidt lá se resolver a tentar mudar alguma coisa e colocou o Kökçü e o Marcos Leonardo nos lugares do apagadíssimo Rafa e do Arthur Cabral. E o nº 36 não poderia ter tido melhor entrada em campo, porque igualou o marcador na primeira vez que tocou na bola, aos 71’ numa recarga a um remate do João Mário, que foi desviado por um defesa na sequência de um livre do Di María na direita. Grande remate cruzado de pé esquerdo do brasileiro! O Braga não criava perigo nenhum e nós conseguimos chegar ao 2-1 a cinco minutos do final através de uma boa cabeçada do David Neres, depois de um centro bestial do Di María na esquerda. O argentino sofreu pouco depois uma entrada violenta do Victor Gómez, que viu naturalmente o cartão vermelho. No quinto minuto de compensação, fechámos o marcador em 3-1 num bis do Marcos Leonardo na sequência de um lançamento lateral, em que o brasileiro ganhou na raça, teve alguma sorte com os ressaltos e depois marcou à meia-volta. Outro grande golo! Até final ainda deu para o Schmidt esgotar as substituições, fazendo entrar o Rollheiser e Tiago Gouveia, que poderiam perfeitamente ter entrado um pouco antes...
 
Em termos individuais, destaque óbvio para o Marcos Leonardo pelos dois golões que marcou. O Di María teve acção directa nos dois primeiros golos e merece igualmente uma referência. Outro que encheu o campo foi o Florentino, que continua a provar que a nossa temporada provavelmente teria sido diferente com ele a titular desde o início. No aspecto negativo, o Otamendi terá feito dos piores jogos pelo Benfica e o Rafa esteve completamente desaparecido.
 
Faltam três jornadas, espera-se brio dos nossos jogadores para que não deixemos a lagartada ser campeã no sofá.

sexta-feira, abril 26, 2024

Rotação – parte II

Vencemos em Faro o Farense na passada 2ª feira (3-1) e continuamos a sete pontos da lagartada (3-0 em casa ao V. Guimarães), com o CRAC a 11 de nós (2-1 em casa do Casa Pia). Ou seja, com quatro jornadas para disputar só um golpe de teatro nos fará sair da posição em que estamos.
 
Na ressaca do desastre europeu em Marselha, o Roger Schmidt fez alguma rotação no onze, colocando de início o Carreras, João Mário, Kökçü, Tiago Gouveia e Arthur Cabral. E o que se se pode dizer é que, à semelhança do Moreirense, estes jogadores provaram que poderiam (e deveriam) ter tido mais minutos em campo, seja como titulares, seja como substitutos. Entrámos com um bom ritmo e com oportunidades pelo Di María e Arthur Cabral, em remates de longe que o guarda-redes Ricardo Velho não conseguiu segurar. Inaugurámos o marcador aos 16’ numa boa combinação atacante entre o Di María e o Bah, com este a centrar directo para o Kökçü marcar de pé esquerdo. No entanto, o Farense igualou pouco depois, aos 23’, na sequência de um pontapé de canto com um remate do Belloumi de ângulo apertado, em que o Trubin deveria ter tido reflexos mais rápidos. Onze minutos volvidos, aos 34’, voltámos para a frente do marcador em nova combinação na direita entre o Di María e o Bah, com este a assistir desta feita o Arthur Cabral para outro bonito golo de calcanhar. E como os golos dão logo um boost de confiança, especialmente aos avançados, pouco depois o Arthur Cabral atirou uma bola ao poste num remate de longe.
 
A 2ª parte começou mais lenta da nossa parte, naquele ritmo muito perigoso de tentar adormecer o adversário, em vez de tentar forçar um segundo golo de vantagem, mas que invariavelmente nos costuma sair caro. Por volta da hora de jogo o Schmidt começou a mexer na equipa, colocando o David Neres e João Neves para os lugares do Tiago Gouveia e Florentino (este já amarelado). O Farense teve um remate perigoso de fora da área, que o Trubin defendeu, mas fechámos a partida pouco depois com o 3-1, na estreia do Carreras a marcar enquanto sénior, de pé direito(!), depois de uma assistência do Di María. Logo a seguir, tivemos sorte com um remate do Rui Costa, avançado do Farense entretanto entrado (já disse mais de uma vez que este nome deveria estar registado para ser de uma só pessoa...), que saiu a rasar o poste e poderia ter relançado o jogo. Até final, ainda houve dois lances que merecem ser realçados: um choque de cabeças que fez com que o João Neves tivesse de sair (e vamos lá a ver se recupera para o Braga) e um pontapé-de-bicicleta do Cabral, que o guarda-redes defendeu.
 
Em termos individuais, destaque para o Di María, que esteve nos nossos três golos, para o Bah, que fez a assistência para dois deles, e para o Arthur Cabral, que marcou um golão, atirou uma bola ao poste e ainda fez uma bicicleta perigosa. Como é um facto raro, vale a pena mencionar que o João Mário não esteve mal no centro do terreno.
 
Foi um regresso às vitórias já com um ar de fim de ciclo. Temos naturalmente de tentar vencer os jogos todos até ao fim, mas a desilusão que vai ser esta temporada terá de ter consequências.
 
P.S. – Novamente frente ao Farense, e apesar da vitória, houve contestação ao Roger Schmidt desta vez no final da partida, com insultos, arremessos de água e uma garrafa. Claro que se ultrapassou a linha, mas a performance deste ano da equipa merece uma boa assobiadela.

sexta-feira, abril 19, 2024

Auf Wiedersehen!

Perdemos ontem em Marselha (0-1 e 2-4 nos penalties) e fomos eliminados ingloriamente da Liga Europa. Ou seja, iremos terminar uma temporada em que investimos fortemente com apenas um título e o menos importante deles todos (Supertaça). Não só por isso (aqui defendi a continuidade do treinador, mesmo não tendo ganho nada), mas principalmente pelo que (não) mostrámos a nível exibicional e por decisões absolutamente incompreensíveis, espero que o Sr. Roger Schmidt tenha a hombridade de colocar à disposição o seu lugar no final da temporada.

Perante o Casa Pia da Liga Francesa, nós fizemos de Vizela durante 79’ (sem ofensa para nenhum dos clubes, apesar me cinjo à respectiva classificação). E isso é absolutamente indesculpável no Benfica! Somos muitíssimo superiores ao Marselha e tivemos a atitude de uma equipa pequena, a jogar para o empate. E o Sr. Roger Schmidt já tem suficientes anos de futebol para saber o que geralmente significa jogar para o empate... Resultou em Toulouse (com bastante sorte e Trubin à mistura), não resultou em Marselha. Aliás, estou convencido que só passámos o Rangers, porque empatámos a 1ª mão em casa e não fomos para a Escócia jogar para o empate. É escusado o Sr. Roger Schmidt colocar o David Neres, Di María e Rafa juntos no onze, se depois vai jogar para não sofrer... A nossa exibição foi patética a maior parte do tempo, raramente tivemos sequer transições atacantes, o Tengsted fez um óptimo papel enquanto defesa adversário (não conseguir segurar uma única bola!) e deixámos que o Marselha nos fosse empurrando para o nosso meio-campo, raramente conseguindo sair a jogar. Só alguma aselhice do outro lado fez com que chegássemos ao intervalo empatados. Quanto a nós, só um remate de trivela do Rafa, a centro do David Neres, deu a sensação de perigo.

A 2ª parte manteve-se igual. Apesar estarmos a jogar com dez desde o início, o Tengstedt ainda conseguiu ficar 61’ em campo...! O Marselha intensificou a pressão apenas porque nós deixámos, dado que perdemos quase todas as segundas bolas, devido ao facto de eles serem sempre mais agressivos do que nós. Com a entrada do Kökçü e do João Mário para os lugares do Tengstedt e David Neres, conseguimos equilibrar um pouco o meio-campo, mas deixámos de ter um ponta-de-lança na frente e tirámos o nosso jogador mais perigoso (o brasileiro, obviamente). Com o Di María e o Rafa muito apagados, não se percebe esta decisão do Sr. Roger Schmidt. Melhor dizendo, percebe-se, o que a torna ainda pior! O Trubin ia oferecendo um golo, mas depois corrigiu, e fez outra excelente defesa quase em cima da linha. No entanto, aos 79’ o Marselha igualou a eliminatória pelo Moumbagna, depois de um cruzamento à vontade do Aubameyang na esquerda. O António Silva, por não ter parado este, e o Aursnes, por se ter deixado antecipar por aquele, não ficam nada bem nesta fotografia. Depois de estarmos em desvantagem, assumimos as rédeas do jogo e manifestámos a nossa superioridade perante uma equipa que vinha de cinco(!) derrotas consecutivas. A pergunta legítima que se impõe é: porque é que não fizemos isto logo desde o início?!?! Este jogo era para ganhar, nem sequer falo da passagem da eliminatória! O Di María teve duas boas ocasiões, ambas de cabeça, para marcar, mas em ambas permitiu a defesa do guarda-redes Pau Lopez. Com a ida para prolongamento, o Marselha fez as seis substituições permitidas, enquanto nós fizemos... três! O Arthur Cabral entrou no final da 1ª parte do prolongamento (saiu o Rafa), o que significou que jogámos quase uma parte inteira sem ponta-de-lança...! Quando precisávamos de marcar durante grande parte desse período! O brasileiro também teve uma ocasião, mas permitiu igualmente a defesa do Pau Lopez. Os jogadores do Marselha iam acusando o esforço físico, mas o Sr. Roger Schmidt, do alto da sua habitual teimosia, continuou a deixar o Di María em campo durante duas horas, ele que mal aguenta uma... Seria para os penalties, mas, azar dos Távoras, ele foi o primeiro a marcar e atirou ao poste... Quem também falhou foi o António Silva, enquanto os franceses marcaram os quatro, atirando-nos sem honra nenhuma para fora das competições europeias.

Não vou fazer destaques individuais, vou apenas dizer o seguinte: é um crime colocar o Benfica a jogar como um Vizela, ainda para mais perante um Casa Pia francês! Aliás, a nossa campanha europeia desta temporada foi uma absoluta vergonha! Eu não preciso de um treinador que seja genial no banco e que tire coelhos da cartola constantemente. Eu só preciso de um que veja o que toda a gente vê: 1) que o Di María não pode jogar todos os minutos de todos os jogos; 2) que o plantel é suficientemente grande para fazer alguma rotação, especialmente quando os titulares estão desinspirados e/ou cansados, 3) que fazer substituições aos 88’ para alterar o jogo é simplesmente ridículo; 4) que a ganhar por cinco ao Vizela ao intervalo, e no meio de uma eliminatória europeia, é inconcebível que se tire o Rafa para colocar o... Di María! (Com o Rollheiser no banco...). E já nem falo de ir jogar ao WC e a Mordor com o João Mário no meio-campo, em vez do Florentino, mas apenas daquelas outras cuja evidência salta à vista.

Por tudo isto, resta-me agradecer ao Sr. Roger Schmidt o campeonato do ano passado e felicidades para a sua carreira a partir da próxima época. Longe do Benfica, por favor!

quinta-feira, abril 18, 2024

Rotação

Vencemos o Moreirense por 3-1 no passado domingo e estamos com 11 pontos de vantagem para o CRAC no 3º lugar, que empatou em casa com o Famalicão (2-2). Quanto à lagartada, goleou em Barcelos (4-0) e venceu aquele mesmo Famalicão no jogo em atraso (1-0), e já pode encomendar as faixas, dado que ficou com sete pontos de avanço a cinco jornadas do fim.
 
No meio da eliminatória com o Marselha, o Roger Schmidt lembrou-se que o plantel tem mais de 11 jogadores e deu a titularidade a oito(!) habituais suplentes. Incluindo o guarda-redes Samuel Soares, que causou bastantes calafrios na 1ª parte com mais do que um lance em que demorou a aliviar a bola, quase permitindo a intercepção de um adversário... Apesar de revelarmos alguma falta de ligação, o que é normal dado que eram jogadores que não só não jogam muito, como não jogam entre eles, inaugurámos o marcador aos 18’ através do Kökçü, depois de assistência do Tiago Gouveia, num remate em que o guarda-redes Kewin poderia ter feito muito mais. O Moreirense tentava responder e criou bastante perigo por volta da meia-hora, com um remate ao poste, seguido de recarga que foi defendida pelo Samuel Soares numa boa saída da baliza. Pouco depois, foi o Arthur Cabral a permitir uma defesa do Kewin para a barra, num remate de longe, Kewin, esse, que também desviou para canto um remate do Álvaro Carreras de pé direito de fora da área. Já em tempo de compensação surgiu o nosso segundo golo num canto da direita, com o Tomás Araújo a cabecear para defesa do guarda-redes para a barra, o Arthur Cabral e um defesa a atirarem ao poste e na, segunda recarga, o nº 44 a fazer o 2-0. Era uma vantagem muito importante para levar para o intervalo, porque permitia gerir o jogo de outra maneira.
 
Na 2ª parte, o João Neves e o David Neres ficaram nos balneários e entraram o Florentino e Rollheiser. (Ena, ena duas substituições ao intervalo, o Schmidt deve ter bebido algo...!) E o que é facto é que a equipa melhorou. Houve mais dinâmica e velocidade e o Moreirense deixou de conseguir passar tão facilmente para o nosso meio-campo. (Cá está a vantagem de ter o Florentino em campo...!) Fomos criando mais algumas oportunidades, nomeadamente num livre do Kökçü e num slalom do Tiago Gouveia que terminou com um remate de pé esquerdo ao lado, mas só conseguimos fazer o terceiro golo aos 78’ numa boa assistência do Tiago Gouveia para o Rollheiser se estrear a marcar com o manto sagrado. Até final não faltaram as alterações perto dos 90’, com a estreia do Diogo Spencer, e nada de mais relevante se passou.
 
Em termos individuais, destaque para o Tiago Gouveia com duas assistências, o Rollheiser mostrou pormenores interessantes e a sua pouca utilização (pagámos 1M€ a mais para ele vir já em Janeiro!) não se percebe, para o Álvaro Carreras que, perante estas equipas, pode perfeitamente ser titular, e para o Florentino que foi o habitual garante da estanquicidade do nosso meio-campo. O Kökçü marcou um golo e não esteve mal, mas ainda precisa de pedalar um bom bocado para ganhar o carinho do terceiro anel (e não festejar o golo, nem saudar os adeptos que o aplaudem na altura da substituição, não ajuda...). Quanto ao Samuel Soares, tem excesso de calma olímpica na altura de aliviar a bola. Ou é isso ou então é para dar um pouco mais de emoção ao jogo...!
 
Ficou provado que espremer os titulares até ao tutano era perfeitamente escusado e vai causar-nos uma época frustrante (a não ser que ganhemos a Liga Europa...). O plantel tem mais jogadores que já deveriam ter muitos mais minutos em campo. Infelizmente, temos um treinador que nunca conseguiu ver este facto óbvio. Razão pela qual espero que tenha os dias contados na Luz. A não ser, lá está, que nos dê a ganhar aquilo que já não ganhamos há mais de 60 anos.

domingo, abril 14, 2024

Desperdício

Vencemos o Marselha (2-1) na Luz na passamos 5ª feira e estamos na frente dos quartos-de-final da Liga Europa. No entanto, pelo que se viu no jogo, perdemos uma ocasião soberana de, quiçá, resolver já a eliminatória ou, pelo menos, ir ao Vélodrome muito mais descansados.

O Roger Schmidt utilizou a mesma equipa do jogo frente à lagartada, com o Tengstedt na frente. Os franceses vinham com algumas baixas e mostraram-se muito menos perigosos do que eu estava à espera. Adiantámo-nos no marcador relativamente cedo, com um golo do Rafa aos 16’, de biqueiro, depois de uma assistência do Tengstedt, num lance em que o David Neres também participou. O ritmo nunca foi particularmente elevado, razão pela qual também não criámos muito mais chances de golo. Um livre em que a bola sobrou para o David Neres, que resolveu centrar de primeira em vez de dominar, quando estava sozinho na área, terá sido a nossa melhor oportunidade.

Ao intervalo, aconteceu o momento da noite, mas vou deixar isso para o fim do post. A 2ª parte não poderia ter começado melhor, com o 2-0 a surgir aos 52’ num óptimo contra-ataque, com combinação entre o David Neres e o Di María, com este a marcar depois de assistência do brasileiro. O Marselha não mostrava nada e, sinceramente, passou-me pela cabeça que deveríamos aproveitar para deixar isto já resolvido. No entanto, infelizmente, baixámos ainda mais o ritmo e a baliza contrária tornou-se uma miragem. Aos 66’, aconteceu um erro individual do António Silva, que permitiu que o Aubameyang se isolasse e batesse o Trubin. Cinco minutos depois, o Schmidt lá se resolveu a mexer pela primeira vez na equipa, mas o Marcos Leonardo e o João Mário (saíram o Tengsted e o David Neres) não trouxeram nada de novo. Só mesmo o Schmidt para pensar que seria o João Mário, e a sua velocidade estonteante, a dar um safanão no jogo... Convinha muito termos marcado mais um golo, mas, claro, que com três jogos muito intensos, os titulares não tiveram a frescura necessária na parte final. No entanto, infelizmente, para o nosso treinador, as substituições nunca são para esgotar, mesmo que se tenha mais de 50 M€ de jogadores no banco...

 

Em termos individuais, o João Neves foi outra vez dos melhores (começa ser repetitivo, mas não há nada a fazer...) e o David Neres acabou por estar nos dois golos. Ao invés, o Florentino fez a exibição menos conseguida dos últimos tempos, o Di María marcou um belo golo, mas começa a acusar desgaste e não deveria jogar sempre até ao fim, e o Aursnes também não esteve particularmente feliz. O António Silva cometeu um erro que se poderá a revelar decisivo no desfecho desta eliminatória.

 

Para a semana, no Vélodrome, vai ser muito complicado, também porque, ainda por cima, o Marselha não irá jogar para o seu campeonato este fim-de-semana, e estará certamente mais fresco do que nós, mas temos mais do que equipa para ultrapassarmos este adversário e chegarmos outra vez a umas meias-finais europeias. 

 

P.S. – Ao intervalo, aconteceu um dos momentos mais emocionantes desde que o estádio novo foi inaugurado: a homenagem ao ENORME Sven-Goran Eriksson! O primeiro treinador do que me lembro ver no Benfica e o melhor de todos eles. Foi muito bonito vê-lo rodeado de antigos jogadores e poder proporcionar-lhe este tributo tão merecido nesta fase tão complicada da sua vida. Muito obrigado por tudo, Mister!


P.S. 2 – Eu sei que estivemos longe de fazer uma boa exibição, mas assobiar a equipa depois de uma vitória nuns quartos-de-final de uma prova europeia...?! Tenham juízo, pá!