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domingo, dezembro 25, 2005

Natal

Porque ainda é dia 25, desejo um feliz Natal a todos os que visitam este blog e aproveito para agradecer as felicitações semelhantes que já me enviaram. Que o Pai Natal seja generoso para todos (especialmente os benfiquistas, claro!) e que as Festas sejam felizes são os meus votos mais sinceros.

P.S. - O Natal e a passagem de Ano são alturas muito boas, mas quase três semanas sem ver o Glorioso jogar é um grande senão...

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Legal e justo

Este ano tem sido assim: a uma série de três/quatro jogos sem vencer, junta-se uma nova série de quatro jogos vitoriosos. Este triunfo em Setúbal foi o 4º consecutivo para o campeonato, depois de um mês de Novembro em que não conseguimos nenhum, e estamos provisoriamente no 2º lugar do campeonato a três pontos do clube regional. A vitória de hoje foi mais do que justa, já que, após uma 1ª parte bastante fraca, entrámos muito bem na 2ª e tivemos pelo menos meia-dúzia de oportunidades de golo (Karagounis x 2, Mantorras x 2, Geovanni e Nuno Gomes). Felizmente lá conseguimos marcar aos 89 minutos pelo inevitável Nuno Gomes, num lance ABSOLUTAMENTE legal mas que os antibenfiquistas vão de certeza usar para a insuportável e mentecapta teoria do colo. O Nuno Gomes ajeita a bola com o peito e com este movimento acaba por mexer o ombro, mas NÃO toca na bola com este. É um lance semelhante ao penalty que foi (mal) assinalado a nosso favor em Braga, em que o movimento do corpo do jogador nos pode induzir em erro, mas em que não há toque nenhum com o braço/ombro. Com a bola dominada, o Nuno Gomes tem um potente remate cruzado com a canela (!) da perna esquerda e faz um grande golo (embora tenhamos que admitir que teve alguma sorte, já que não acerta em cheio com o pé na bola).

Independentemente deste lance, durante toda a partida só uma equipa quis vencer. Na 1ª parte, o V. Setúbal ainda fez uns quantos contra-ataques, sem no entanto criar uma verdadeira oportunidade de golo, mas na 2ª mal passou do meio-campo. Na nossa equipa com o castigo do Alcides, o Koeman colocou o Karagounis de início, jogando igualmente o Ricardo Rocha em vez do Léo, que já seguiu de férias para o Brasil devido a problemas pessoais. O grego esteve bastante discreto durante os 45 minutos iniciais, não conseguindo dar fluidez atacante ao nosso jogo, já que dava sempre um toque a mais na bola. Na 2ª parte, trocou de posição com o Geovanni, passando para a esquerda e melhorou imenso. Todavia, foi a partir da entrada do Mantorras para o lugar do Miccoli, cuja forma física ainda não é a ideal (apesar disso, lançado em profundidade tem um domínio de bola magistral e coloca-a na baliza, mas vê o lance mal invalidado por fora-de-jogo), que a nossa pressão aumentou e o Moretto mostrou que é um grande guarda-redes. O Mantorras (a subir de forma) tem inclusive a melhor oportunidade do jogo a cinco minutos do fim em que, isolado pelo Nuno Gomes, remata com o pé esquerdo às malhas laterais.

Em termos individuais destacou-se o Nuno Gomes, pois foi dele o golo da vitória (pelas minhas contas é já o 12º ponto ganho só com golos dele). A defesa quase não foi posta à prova, já que o V. Setúbal praticamente não atacou. Todavia, o Nelson parece-me num momento de menor fulgor, mas a dupla de centrais permanece insuperável (sete horas e meia sem sofrer golos). No meio-campo gostei do Beto, que cortou várias bolas (embora continue um desastre a passá-las), e do Geovanni que, apesar da morte do pai, quis jogar e voltou a ser dos melhores da equipa (no golo, é dele o passe para o Nuno Gomes). O Ricardo Rocha saiu lesionado (espero que não seja nada de grave) e o Dos Santos entrou bem, conseguindo vários centros perigosos (não sei porque é que não jogando o Léo, não joga ele, já que é muito mais ofensivo que o Ricardo Rocha e na maioria dos jogos a iniciativa atacante é nossa).

Com este importante triunfo fizemos o pleno neste mês: cinco jogos, cinco vitórias. Vamos lá a ver se não perdemos esta embalagem depois do Natal e Ano Novo, já que os dois próximos jogos serão em casa e podemos conseguir algo que não sucede desde 2000: seis vitórias consecutivas para o campeonato. Quando voltarmos a entrar em campo, espero que o Simão já esteja novamente apto e, já agora, que tenhamos uns reforçozitos na reabertura do mercado. Para mim, um extremo e um ponta-de-lança (que tenha presença na área e bom jogo de cabeça) são fundamentais. Quanto ao guarda-redes acho que não temos necessidade de alguém para tirar o lugar ao Quim, mas sim de um jogador que possa suprimir a sua eventual falta sem muita perda de qualidade. Por exemplo, porque não resgatar o Yannick ao Marselha (onde não joga)? Para fazer um ou dois jogos basta e não tínhamos que gastar dinheiro.

domingo, dezembro 18, 2005

Dois autocarros

A nossa vitória por 1-0 frente ao Nacional foi bastante difícil, mas mais do que merecida. Fomos a única equipa a querer ganhar o jogo durante os 90 minutos e tivemos que lutar contra não um, mas dois autocarros, como disse (e bem) o Koeman. Não percebi a estratégia do Nacional que, estando confortavelmente instalado no 2º lugar com 30 pontos, veio defender o resultado (especialmente na 1ª parte) como se disso dependesse a sua manutenção na Liga. Verificou-se na 2ª parte que até são uma equipa que sabe jogar e criar perigo, pelo que não se compreende bem a estratégia dos dois autocarros.

Começámos muito bem a partida e tivemos dez minutos iniciais excelentes, em que a poderíamos ter logo resolvido. Duas oportunidades do Miccoli e uma do Petit poder-nos-iam ter dado uma vantagem segura, mas depois desse período o(s) autocarro(s) estacionaram definitivamente e foi muito difícil arranjar espaços para jogar. Em relação ao jogo da semana passada, o Luisão reentrou na equipa e o Miccoli também, tendo saído o Ricardo Rocha e o Nuno Assis. Todavia, verificou-se que estando os lesionados recuperados não se justifica a manutenção do Alcides como defesa-direito (no banco estavam o Nuno Assis, Karyaka e Karagounis). Como já aqui escrevi algumas vezes, o Nélson perde bastante da sua eficácia jogando a extremo e nesse sentido a presença do Alcides é redundante (como foi expulso neste jogo, em Setúbal o Nelson deverá voltar à defesa). Com a entrada do Miccoli, o Geovanni deixou de ser o homem mais avançado, mas mesmo assim demonstrou que continua em boa forma, sendo um dos mais participativos no jogo. Curiosamente na 2ª parte não estivemos tão bem e aqui o mérito deverá ser dado ao Nacional que finalmente se lembrou que existia uma baliza do outro lado do campo. Teve inclusive uma grande oportunidade quando enviou uma bola à trave, no seguimento de um contra-ataque perfeito. Todavia a pouco mais de 15 minutos do fim, surgiu o golo salvador. Na sequência de um livre, o Luisão salta com o guarda-redes, a bola sobra para o Nuno Gomes que sela a nossa vitória. O lance do Luisão é polémico e não me custa nada admitir que é falta sobre o guarda-redes, mas também na 1ª parte há um penalty sobre o Luisão (o Ávalos apoia-se completamente nele, não o deixando saltar) que não foi assinalado. Enfim, o Sr. Jorge Sousa tem muito pouca classe e a prova disso são os inúmeros cartões amarelos que mostrou (quem vê a ficha do jogo, pode achar que houve wrestling na Luz). Até ao final controlámos completamente o jogo e o Nacional não teve uma única oportunidade de golo. Globalmente a nossa exibição foi mais fraca do que nos últimos dois jogos, mas mesmo assim o Geovanni foi (novamente) dos melhores, bem secundado pela dupla de meio-campo (Petit e Beto), que se fartaram de recuperar bolas e pelo Anderson, que voltou a destacar-se na hora de defender, mas desta vez não criou perigo no ataque.

Três ideias finais em jeito de conclusão: 1) como não foi contra o clube regional, o treinador do Nacional (Manuel Machado) já se pode queixar que foi prejudicado pelo árbitro. Isso até pode ter sido verdade na lance do golo, mas há o tal lance do Luisão na 1ª parte e no livre que dá origem ao golo parece-me que, que já dentro da grande-área, há mão de um jogador na barreira. Além disso, como se pode ver aqui ainda temos uns quantos pontos que nos são devidos graças a erros de arbitragem; 2) outro aspecto que importa reter é que estamos há quatro jogos para o campeonato sem sofrer golos; 3) por outro lado, com o Natal por perto, a direcção do Benfica teve a excelente ideia de convidar uma série de crianças e tivemos ainda mais gente (52.089) no estádio do que contra o Boavista. Esta cortesia para com as crianças é deveras importante, pois há que implantar o benfiquismo desde cedo, já que são elas os futuros adeptos do clube (quantos de nós não começaram a ir à bola ainda pequenos?!)

Na próxima 4ª feira temos um encontro complicadíssimo em Setúbal que espero que se realize mesmo (como estão com os salários em atraso, os jogadores do V. Setúbal ameaçaram fazer greve), pois ganhar na secretaria não é algo que me agrade de todo.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Jaws

É já amanhã que acontece o evento em que os benfiquistas mais têm pensado desde as 21h30 do dia 7 de Dezembro. Vamos finalmente saber quem nos vai calhar em sorte para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões: Arsenal, Liverpool, Lyon, Juventus, Inter de Milão, Milan ou Barcelona visitarão o Estádio da Luz em Fevereiro do próximo ano.

A escolha é tudo menos fácil, mas por mim preferia o Arsenal por duas razões: primeiro, porque geralmente costuma falhar nos jogos europeus decisivos (embora gostasse certamente de se vingar dos sucessores do Isaías & Cia); segundo, porque é a equipa que está pior no respectivo campeonato. Há sempre quem diga que terá a Liga dos Campeões para salvar a época, o que é verdade, mas para mim existe um aspecto bem mais importante: não acredito que uma equipa que esteja muito bem classificada no respectivo campeonato encare os jogos da Champions de maneira mais descontraída e assim sendo prefiro uma equipa que se apresente em pior forma. Tirando o Arsenal, o meu segundo preferido é o Inter de Milão: temos contas a ajustar com eles desde a eliminatória da Taça Uefa há dois anos e se até o 4º e último classificado do seu grupo lhes ganhou... A dever-nos algumas desforras desde os anos 80 está igualmente o Liverpool, mas preocupa-me o facto de eles terem sofrido apenas um golo em seis jogos num grupo onde estava o Chelsea.

Na categoria dos “quase impossíveis”, não me importaria nada de aplaudir outra vez o Rui Costa e ver o Ronaldinho ao vivo na Luz seria bom em termos de espectáculo, mas péssimo em termos desportivos. O Lyon é talvez o nome menos apelativo de todos, porque é uma equipa fortíssima, mas sem grande nome na Europa (e já vimos o Tiago ao vivo no início desta época com o Chelsea). Mas quem eu não gostaria mesmo de apanhar é a Juventus: também já a vimos ao vivo na Luz este ano, é uma equipa italiana com tudo de mau que isso representa e é bastante favorecida pelas arbitragens (uma espécie de clube regional de Itália). Independentemente disto, gosto é que o 1º jogo seja na Luz, já que ao menos a receita está garantida e se não sofrermos golos poderemos ter mais hipóteses na 2ª mão. E, já agora parafraseando o grande José Torres, “deixem-nos sonhar”…

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Motivação

O que não vale uma magnífica vitória europeia! Aproveitando a embalagem adquirida frente ao Manchester United, ganhámos ao Boavista por 1-0 com um golo do Anderson e devemos ter feito a melhor exibição da época para o campeonato no Estádio da Luz. Apesar de o resultado ser escasso, a vitória foi mais que justa. A par do lado físico, a motivação é certamente um dos factores mais importantes no rendimento de uma equipa e, tal como na 4ª feira, foi isso que determinou o nosso triunfo. O elemento que melhor exemplifica este conceito é sem dúvida o Geovanni, que parece outro jogador e voltou a ser o melhor do Benfica.

Confesso que estava com bastante receio deste jogo, principalmente por temer as sequelas da histórica vitória a meio da semana. Quantas vezes no passado, a seguir a um jogo europeu que nos tenha corrido bem, nós facilitávamos no regresso do campeonato? Felizmente, mais uma vez, os meus receios eram infundados e não só começámos o jogo muito pressionantes, como mantivemos essa pressão novamente durante os 90 minutos. Como não se mexe em equipa que ganha, o Koeman optou por manter o mesmo onze de 4ª feira, só com a alteração forçada do Luisão (lesionado) pelo Ricardo Rocha. Voltámos a ter uma dinâmica atacante muito boa durante a 1ª parte, conseguindo 12 cantos e marcando o golo da vitória no último. Com o Geovanni a ponta-de-lança, a velocidade aumenta imenso, já que os seus famosos piques são sempre mais directos à baliza. Na 2ª parte, o nosso ritmo manteve-se elevado e criámos alguns contra-ataques bastante perigosos que, se tivéssemos um pouco mais de concentração, poderiam ter ajudado a dilatar o marcador. A equipa esteve toda bem e actuou como um bloco quer a defender quer a atacar. A generosidade entre os jogadores é algo que salta à vista de qualquer espectador. Se tivesse que fazer destaques individuais, para além do Geovanni, salientaria a exibição do Petit (que não deixa nenhum adversário passar por ele e se farta de cortar bolas), do Alcides (que voltou a apoiar muito bem o ataque e tem pormenores técnicos surpreendentes para um jogador com a sua altura) e do Anderson (deu-nos o golo da vitória, de cabeça na sequência de um canto já perto do intervalo, e juntamente com o Ricardo Rocha não permitiu veleidades aos atacantes do Boavista durante a 2ª parte). Mas, como disse, toda a equipa esteve em plano muito elevado.

A óptima medida da Direcção de “na compra de um bilhete oferecer outro” permitiu que o estádio estivesse com uma assistência muito superior à habitual (50.741 espectadores). O entusiasmo foi bastante grande e não há dúvida, como diz o Koeman, que assim não é fácil ganhar-se ao Benfica. Espero que esta medida não seja única, porque ver o jogo num estádio quase cheio é outra coisa. Além disso, a receita será certamente maior, porque haverá mais gente a querer ir se puder dividir o preço de um bilhete com outra pessoa. Ou seja, ganha-se em termos de assistência e recebe-se de certeza mais em termos de bilheteira.

A única coisa que não gostei acerca do jogo de ontem foi dos assobios do público ao João Pinto. O D’Arcy já tinha escrito um post (que eu subscrevo na totalidade) acerca do regresso dele à Luz. Muito lhe devemos durante os oito anos que esteve no Benfica, foi capitão de equipa durante cinco deles, podia jogar melhor ou pior, mas nunca lhe vi fazer um frete em campo e desde que saiu do Benfica jamais lhe ouvi ou li uma palavra de menor respeito para com o nosso clube. Provavelmente ainda hoje estaria no Glorioso se o maior cancro que passou pelo nosso clube não se lembrasse de o despedir, numa medida que foi um dos maiores erros desportivos de sempre. Curiosamente (ou talvez não) na época seguinte terminámos num infame 6º lugar. Não tenho memória curta e devemos estar-lhe gratos pelos bons momentos que nos proporcionou com a camisola do Benfica, mesmo que depois tenha sido empurrado para vestir outra camisola bem mais feia. No entanto, gostei de ver alguns aplausos (no meio dos assobios) quando ele foi substituído.

P.S. – O 12º jogador do clube regional, o Sr. António Costa, continua em grande forma. Depois de não ter visto um penalty do tamanho do mundo do César Peixoto sobre o Carlitos (no Gil Vicente-clube regional de há duas jornadas), hoje voltou a fazer das dele. A dez minutos do fim, o N’Doye do Penafiel domina a bola com o peito ainda no seu meio-campo no jogo frente ao V. Guimarães. O Sr. António Costa considera que foi com o braço e mostra-lhe o segundo amarelo (mesmo que tivesse sido com o braço não era deliberado e nunca seria para cartão). O N’Doye, sem dúvida o melhor jogador do Penafiel, sai do campo em lágrimas perante a injustiça e já não vai poder repetir a façanha de marcar um golo no estádio onde o seu clube vai jogar para a semana (no ano passado marcou lá um golo pelo Estoril). Não preciso dizer qual será esse estádio, pois não?! Apito Dourado, where art thou?

quinta-feira, dezembro 08, 2005

GLORIOSO SPORT LISBOA E BENFICA!

Sou dum clube lutador
Que na luta com fervor
Nunca encontrou rival
Neste nosso Portugal


in “Ser Benfiquista”

É por momentos como este que nós fazemos parte de um clube único. De um clube que nasceu pobre, sem campo próprio durante várias décadas, mas que se tornou grande graças a vários homens que fizeram jus a estas palavras que estão em epígrafe: “clube lutador” que “luta com fervor”. A vitória de ontem por 2-1 sobre o Manchester United, um dos clubes mais ricos do mundo, entra directamente para as páginas mais brilhantes da nossa história e os jogadores que nela participaram honraram a memória de todos aqueles que ajudaram a construir o GLORIOSO SPORT LISBOA E BENFICA. O jogo de ontem restitui-nos a magia das grandes noites europeias que já não sentíamos há 11 anos (desde o jogo de Leverkusen em 1994 que não conseguíamos uma grande vitória em termos europeus). Este triunfo permitiu-nos alcançar o desiderato que parecia impossível há não muito tempo atrás: estarmos no lote restrito dos 16 melhores clubes europeus, nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

A maneira como conseguimos ganhar o jogo mesmo apesar de alinharmos de início muito desfalcados, o modo inexcedível como todos os jogadores batalharam durante 90 minutos, superaram as suas próprias limitações e honraram a gloriosa camisola que vestiam é o que torna o Benfica um clube que “nunca encontrou rival neste nosso Portugal”. Eu próprio, muito irracional no amor ao Glorioso, mas demasiado racional na análise das probabilidades de vitória (como se pode ler no post abaixo), fiquei completamente surpreendido pela forma como a equipa se comportou ontem. Empurrados por 62.000 adeptos que fizeram renascer o “Inferno da Luz”, os jogadores reincarnaram o espírito dos seus antecessores dos anos 60 e tivemos uma reedição das gloriosas noites europeias que nos tornaram um dos clubes mais respeitados do mundo.

O grande vencedor da noite foi o nosso treinador, Ronald Koeman. A forma como preparou o jogo foi brilhante, desde a não-convocação do Geovanni para a Madeira (para o preparar psicologicamente para este jogo), à inovação táctica que confundiu toda a gente (Geovanni a ponta-de-lança, Nuno Assis na extrema-esquerda e Nuno Gomes como “nº 10”), passando pela grande mentalização que permitiu a uma equipa muito desfalcada conseguir superar um golo adversário aos seis (!) minutos e embalar para uma recuperação inolvidável ainda na 1ª parte. O futebol não é, felizmente, uma ciência exacta e portanto os milagres acontecem. E o milagre de ontem teve o sabor especial de ser tornado realidade por dois dos jogadores mais mal-amados da Luz: Geovanni e Beto. O malandro do Geovanni é de facto um jogador que vive para os grandes jogos e ontem terá feito provavelmente a melhor exibição desde que chegou ao Benfica. Para além do grande golo que marcou (fantástico mergulho de cabeça na sequência de um óptimo cruzamento do Nelson), pôs em água a cabeça dos defesas do Manchester. O Beto fica desde já na história do Benfica (pode ser um novo Mostovoi que na sua meteórica passagem pelo Glorioso foi essencial para a conquista de uma Taça de Portugal ao empatar um jogo nas Antas perto do fim quando já estávamos a jogar com 10 e fazendo com que a eliminatória se decidisse em Lisboa, onde ganhámos por 2-0). Ontem jogou razoavelmente em termos defensivos, com algumas recuperações de bola, mas continua com a pecha muito grande de não saber colocar uma bola na frente em condições. Mas os benfiquistas dever-lhe-ão estar para sempre gratos pelo golo que marcou (um golo “à Deco”, com ressalto num jogador adversário antes de entrar na baliza). A equipa esteve toda bem, principalmente em termos de entrega ao jogo. O Quim fez uma grande defesa a um remate do Scholes, mas não teve muito mais trabalho; o Alcides apoiou bem o ataque quando foi preciso e raramente foi batido na defesa; o Luisão e o Anderson não deram nenhuma veleidade ao van Nistelrooy; o Léo secou o Cristiano Ronaldo (ainda tem muito que crescer, aquele gesto para os adeptos não se faz); o Petit fartou-se de cortar bolas a meio-campo e ainda teve tempo para ir lançando o contra-ataque; o Nélson esteve melhor ofensivamente na 1ª do que na 2ª parte, mas não deixou que os laterais do Manchester subissem e ainda fez a assistência do costume para um golo; o Nuno Assis fez também uma grande 1ª parte e mostrou mais uma vez ser um jogador que mexe com a produção atacante da equipa; o Nuno Gomes esteve fabuloso a reter a bola, desmarcar companheiros e ser o capitão que comanda as tropas; o João Pereira poderia ter acabado com o jogo se tivesse feito golo em vez de rematar ao lado e o Mantorras ainda colocou em respeito a defesa do Manchester nos últimos minutos (mas continua muito trapalhão, aquele bola era para soltar para o Nuno Gomes...).

Depois desta noite épica, espero que não percamos concentração no campeonato, que deverá continuar a ser o nosso principal objectivo. O Karagounis e o Miccoli parece que estão quase recuperados, mas a má notícia, a fazer fé nos jornais, é que o Simão só voltará em Janeiro. Temos a moral em alta neste momento, mas não convém nada facilitar. Afinal de contas, ainda estamos a seis pontos do nosso lugar. Quanto à Liga dos Campeões, lá teremos de ser nós a puxar pela classificação de Portugal! Em Fevereiro cá estaremos à espera de um tubarão europeu, que todavia terá de atravessar o “Inferno da Luz”.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Realismo

Espero que o jogo de hoje à noite frente ao Manchester United seja um bom espectáculo. Não estou particularmente nervoso, porque as minhas expectativas estão reduzidas ao mínimo. Se já com ambas as equipas na máxima força o Manchester é superior ao Benfica, connosco sem quatro titulares indiscutíveis - Simão, Miccoli, Karagounis e Manuel Fernandes (vá lá, parece que aprenderam a lição de não colocar jogadores a 50% em campo) -, as coisas vão ser muitíssimo complicadas. Há que ser realista e, para mim, empate não seria um mau resultado (não esqueçamos que temos quatro derrotas em quatro jogos oficiais com eles). Só teríamos de esperar que o Villarreal fizesse a sua obrigação e ganhasse em casa ao Lille para irmos à Taça Uefa. O estádio vai estar cheio e já se sabe que só isso é um espectáculo magnífico. Espero que os adeptos apoiem a equipa até ao fim, mesmo que as coisas não corram bem. E pode ser que aconteça um milagre...!

P.S. – Há mais de 10 anos que não tínhamos a alegria que o Artmedia nos proporcionou ontem: ver o clube regional fora das competições europeias antes do Natal! Num campo que era um verdadeira batatal, foram os eslovacos a criar mais perigo e há um penalty descarado a seu favor (empurrão de um defesa do clube regional ao avançado que se preparava para rematar para a baliza deserta) que o árbitro não assinalou. Lá fora como cá... Para além da alegria que tenho sempre que o clube regional perde, gostei ainda mais que a eliminação fosse feita pelo Artmedia, uma equipa estreante na Liga dos Campeões: o Co Adriaanse tinha dito na véspera que em 10 jogos o clube regional ganharia nove aos eslovacos. Apesar desta soberba toda, parece que afinal só ganha oito...

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Mantorras resolve!

Até que enfim que o Mantorras fez algo mais num jogo do que só ser apanhado em offside. Devemos-lhe a nossa vitória na Madeira, frente ao Marítimo, já que foi dele o único golo da partida. O seu mérito é enorme, já que acreditou sempre na jogada e aproveitou da melhor maneira a fífia do defesa. Apesar da falta de quatro titulares (Simão, Manuel Fernandes, Miccoli e Karagounis) fizemos um jogo bastante razoável e a vitória é mais que merecida. O Marítimo não teve uma única oportunidade de golo e o Quim praticamente não tocou na bola.

Entrámos muito bem no jogo e o Nuno Gomes esteve em destaque com dois remates perigosos logo nos primeiros minutos. O Luisão falhou igualmente uma excelente oportunidade de cabeça na sequência de um livre do Petit. Com o Geovanni de fora, o Koeman optou pelo Nélson a extremo-direito com o Alcides atrás dele. Como já aqui referi, não gosto de ver o Nélson naquela posição. A sua produção é bastante superior como lateral, porque como vem embalado detrás, os defesas têm mais dificuldade em travá-lo do que com ele a extremo. Todavia, o Nélson não sabe jogar mal. O Karyaka manteve-se na equipa inicial, mas a jogar como está não vai ficar por lá durante muito tempo. O Nuno Assis esteve muito mexido na 1ª parte, mas na 2ª foi-se um bocado abaixo. O Petit esteve igual a si próprio e o Beto também, que é como quem diz mal. A sua lentidão de movimentos chega a ser exasperante, a capacidade de reacção é muito abaixo do normal e perdemos alguns lances de contra-ataque porque ou ele não soltava a bola rapidamente ou então o passe saía errado. A defesa esteve irrepreensível, com o Luisão excelente e o Ricardo Rocha bastante bem. Acho que ficamos a ganhar com o Ricardo Rocha em vez do Anderson, já que para o bem e para o mal ele é mais duro e portanto não se deixa bater tão facilmente em lances que envolvam a parte física. Para além do golo concretizado, o Mantorras marcou outro que foi anulado, já que estava em claríssima posição de fora-de-jogo (muita sorte o lance não ter sido ao contrário, senão segundo a tendência das últimas jornadas teria sido validado), mas a sua entrada fez com que a nossa produção atacante saísse da relativa estagnação em que estava no início da 2ª parte.

Esta jornada correu-nos particularmente bem. Ganhámos 10 pontos às equipas que estão à nossa frente, porque o Braga perdeu em casa com o Setúbal, o Nacional perdeu em Belém e na cidade do Porto houve um jogo com a segunda maior equipa portuguesa: o Anti-Benfica. O Anti-Benfica do Norte (vulgo clube regional) empatou 1-1 contra o Anti-Benfica do Sul (vulgo lagartos). Se fosse contra o Benfica, o Anti-Benfica do Sul gritaria até mais não poder por causa de um penalty não-assinalado (mão clara do César Peixoto na grande-área; aliás o César Peixoto está um sério candidato à substituição do Baía, já é a 2ª vez neste campeonato que defende com as mãos na grande-área sem ser assinalada falta) e um golo mal anulado (do Nani na 2ª parte, lances que as televisões não mostraram nos resumos). Como o jogo não foi contra o Glorioso, o barulho é quase inaudível. O Anti-Benfica do Norte também se queixou de um golo mal anulado (o Lisandro Lopez ia empurrando o Rogério quase até Lisboa, mas naquele casa acharam que não era falta) e de um penalty não-assinalado (o lance é duvidoso, mas pareceu-me que a bola bate no braço do Polga e só depois é que ele o movimenta). No entanto, toda a gente sabe que é mais provável os lagartos ganharem a Liga dos Campeões este ano do que o clube regional ser prejudicado por erros de arbitragem.