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sexta-feira, dezembro 24, 2021

Confrangedor

Perdemos ontem 0-3 com o CRAC em Mordor e ainda não vai ser nesta temporada que iremos ganhar novamente a Taça de Portugal, continuando o nosso registo vergonhoso de quatro triunfos (agora) nos últimos 26 anos...! Mais do que a derrota, foi a desconcentração competitiva com que encarámos esta partida que é absolutamente indesculpável. Toda a novela do Jesus sai-não-sai para o Flamengo é óbvio que iria ter consequências nefastas numa semana com duas idas a Mordor.
 
Como se já não bastasse isso, o Jesus ainda resolveu colocar a titular o Helton Leite e o Taarabt...! Ou seja, isto tinha tudo para correr mal e... surpresa... correu mesmo! Sofremos o primeiro golo pelo Evanilson logo aos 30 segundos na sequência de um lançamento lateral...! Repito: 30 segundos e na sequência de um lançamento lateral! Na bola lançada para a área, o Vertonghen tinha o brasileiro controlado, mas de repente largou-o e este só teve de encostar na recarga. Aos 7’ sofremos o segundo golo, quando o Helton Leite socou mal a bola por duas vezes(!) quase seguidas, tendo no segundo caso sobrado para o Vitinha, que lhe fez um chapéu sem grandes dificuldades. Aos 19’, o VAR Luís Godinho lá andou a arranjar o frame certo para que o Darwin estivesse 4 cm(!) fora-de-jogo e assim o 2-1 não pudesse ser validado. Missão cumprida! Aos 31’, tudo ficou sentenciado com o 0-3 num bis do Evanilson depois de uma assistência do Luis Díaz. O resultado só não se avolumou mais, porque o mesmo Luis Díaz complicou um pouco, numa saída da área completamente a despropósito do Helton Leite, e fez mal o passe quando a baliza estava deserta, permitindo um corte providencial do Weigl. O CRAC estava a fazer o seu jogo habitual de inúmeras faltas, simulações e tentativa de provocação aos nossos jogadores e, perto do intervalo, o Evanilson viu o segundo amarelo e foi expulso pelo Sr. Fábio Veríssimo, depois de um toque na cara do João Mário.
 
Na 2ª parte, entraram o Everton e o Yaremchuk para os lugares do Gilberto e Taarabt. O defesa-direito até estava a ser dos nossos menos maus jogadores, mas já se sabe que é sempre dos primeiros sacrificados. O CRAC reduzido a dez foi o que impediu que saíssemos de Mordor com um resultado ainda mais desnivelado, mas mesmo assim o Taremi ainda conseguiu falhar clamorosamente o quarto golo, ao atirar ao poste com a baliza escancarada. Quanto a nós, revelámos uma incapacidade confrangedora de conseguir criar perigo para a baliza contrária, mesmo estando com mais um em campo. O Fábio Cardoso pisou o Darwin, que teve de sair e levar oito pontos(!) no pé, mas nem amarelo levou. O costume, portanto... E lá tivemos mais um golo anulado, desta feita ao Otamendi de cabeça num canto, porque o Pizzi, que fez o centro, estava 33 cm fora-de-jogo (o que vale é que demoraram um tempão para ver estes 33 cm...!). Em cima dos 90’, também o CRAC viu um golo anulado pelo VAR por fora-de-jogo, na sequência de outra bola parada. E o Otamendi levou um muito escusado segundo cartão amarelo, que o irá impedir de jogar lá para o campeonato.
 
O Weigl voltou a ser dos poucos a mostrar alguma classe nestes jogos. O Gilberto também não esteve mal, mesmo que só o tenham deixado jogar 45’. Quanto aos outros, estiveram entre o medíocre e o inenarrável. Há ali um par deles que eu espero que tenha sido dos últimos jogos com a camisola do Benfica...
 
Como não fomos goleados desta vez, ainda não deve dar para o Jesus deixar de ser nosso treinador. Algo que acontecerá daqui a uma semana, quando lá formos perder para o campeonato e ficarmos a sete pontos deles e da lagartada. Não é futurologia. É para onde os factos actuais apontam. Tudo isto foi pessimamente gerido e roça o amadorismo completo. Está claro para toda a gente que o Jesus irá já para o Flamengo, porque, com a forma como (não) estamos a jogar, a contestação a ele irá ser cada vez mais insuportável. 
Dois jogos com os rivais, duas derrotas estrondosas. Vamos entrar em 2022 com a época já sem objectivos para atingir. Mas eu continuo na minha: o problema vem muito lá detrás e eu continuo à espera de que me expliquem o que se passou na 2ª volta da segunda época do Lage, quando desbaratámos sete pontos de avanço e perdemos o campeonato. Algo me diz que a chave das últimas épocas vergonhosas está aí.
 
Só espero é que se comece já a preparar a próxima nestes seis meses que faltam, para que as coisas não nasçam tortas outra vez. Ou seja, que não se vá para uma solução interina até final desta temporada e começar tudo de novo (o Mourinho no CRAC e o Rúben Amorim na lagartada entraram a meio de uma época e na seguinte foi o que se viu). Para mim, há um nome que salta logo à vista: já esteve no Benfica muitos anos, tem trabalho e identificação com a formação, foi sempre muito elogiado pelo modo como punha as suas equipas a jogar e pelos seus ex-jogadores, e acabou de ser campeão num clube que nunca o tinha sido: Renato Paiva. Era já.

segunda-feira, dezembro 20, 2021

Barriga cheia

Trucidámos o Marítimo por 7-1, mas mantém-se tudo igual na frente, connosco a quatro pontos dos primeiros, porque a lagartada foi ganhar 3-0 em Barcelos e o CRAC 4-0 em Vizela. Com o Jesus castigado e fora do banco, fizemos das exibições mais bem conseguidas dos últimos tempos. Se calhar, está aí o segredo...! :P
 
Com os titulares todos de volta em relação ao Covilhã, e o Yaremchuk na frente com o Rafa e Darwin, entrámos a todo o gás com o 1-0 a surgir logo aos 3’ através do mesmo Darwin, que se antecipou ao Rafa na sequência de uma boa combinação atacante em que também participou o Gilberto, que acabou por colocar ambos os jogadores em frente ao guarda-redes. Aos 18’, aumentámos para o 2-0 num bis do Darwin, que cabeceou por entre as pernas do guarda-redes Paulo Victor, depois de um cruzamento do João Mário, que aproveitou um erro na saída do Marítimo. Dois golos nas duas primeiras oportunidades não estava nada mal... O Marítimo tentava jogar positivo, mas acabava por nos dar muitos espaços nas costas e aos 34’ praticamente acabámos com o jogo com o 3-0 através do Gilberto, num remate forte depois de ser desmarcado pelo Rafa. Logo a seguir, foi a vez do Yaremchuk falhar um golo cantado ao rematar muito torto depois de uma assistência perfeita do Darwin. O Marítimo ia tentando, mas nunca colocou o Vlachodimos verdadeiramente à prova.
 
A 2ª parte começou, tal como em Famalicão, com um golo nosso: aos 48’, o Yaremchuk isolou o Rafa, que fez um chapéu sobre o guarda-redes, aumentando para 4-0. Jogos assim, por mim, poderiam ser todos: 3-0 ao intervalo e mais um logo a seguir ao intervalo para uma pessoa ver a bola descansada. Tão bom! Faltava o golo do Yaremchuk, que aconteceu aos 57’, assistido pelo Rafa, depois de um passe longo do Darwin para o nº 27. Alguns minutos volvidos, o mesmo Darwin falhou de forma incrível o seu terceiro golo, ao cabecear ao lado quando estava completamente isolado. Aos 66’, começámos a rodar a equipa com as entradas do Morato e Taarabt para os lugares do Grimaldo e João Mário, passando o André Almeida para lateral-esquerdo. Com a abécula marroquina no meio-campo, já se esperava que baixássemos o ritmo, não fosse ele um mestre a jogar para o lado e para trás. O único remate que o Vlachodimos teve de defender aconteceu aos 75’ e pouco depois entraram o Seferovic e Gonçalo Ramos para os lugares do Yaremchuk e Darwin. Nos últimos 10’, houve mais três golos. Era bem escusado, num jogo destes, sofrermos um golito, mas isso aconteceu aos 81’ numa cabeçada do Alipour num lance em que nos desconcentrámos com o Gilberto no chão com problemas físicos (o brasileiro foi substituído logo a seguir pelo Lázaro). Aos 86’, o Gonçalo Ramos FINALMENTE estreou-se a marcar esta temporada ao fazer o sexto golo, assistido pelo Seferovic, num golo parecido ao frente ao Covilhã, embora com os papéis invertidos. Mas o suíço também não ficaria a seco, ao fechar o resultado em 7-1, com uma cabeçada na sequência da quarta(!) assistência do Rafa.
 
Em termos individuais, o melhor em campo foi indiscutivelmente o Rafa: um golo e quatro assistências são números fantásticos, e tornam-no no nosso jogador mais valioso no momento. A veia goleadora do Darwin, com mais dois golos, também merece relevo e o uruguaio está a passar por uma fase de grande confiança. Confiança, essa, que espero que o Yaremchuk recupere com o golo que marcou (e ainda fez uma assistência). No meio-campo, o pêndulo Weigl mantém-se, mas o João Mário já me pareceu em melhor forma, sendo, porém, daqueles jogadores que não sabe jogar mal. O Gilberto está a atravessar a melhor fase desde que chegou ao Benfica e é a opção mais válida para a lateral-direita. Ontem foi aplaudido e espero que já tenha deixado de ser o patinho feio do plantel.
 
Foi um bom preâmbulo para os dois próximos jogos, que poderão definir muito do que será a nossa temporada. Dois resultados negativos em Mordor irão tornar a situação do treinador insustentável. Se forem positivos, poderão ser o ponto de viragem da temporada.

sábado, dezembro 18, 2021

Na final four

Ganhámos ao Covilhã por 3-0 na passada 4ª feira e qualificámo-nos para a final four da Taça da Liga. Precisávamos de ganhar pela diferença de dois, marcando no mínimo três golos e conseguimo-lo. No entanto, durante boa parte do jogo não se estava bem a ver como isso seria possível e tiveram de entrar os pesos pesados do plantel para o conseguirmos.
 
Entrámos em campo com 11 não-titulares, salientando-se a estreia absoluta do Tomás Araújo. O lagarto Leonel Pontes, treinador do Covilhã, fez a esperteza saloia de nos trocar os lados do campo no início do jogo, mas infelizmente nós não o penalizámos por isso, fazendo uma 1ª parte muito fraca. O Covilhã entrou melhor e, para além de proporcionar ao Helton Leite uma boa defesa, ainda atirou à barra pouco depois na sequência de um canto. A única coisa que fizemos de jeito foi mesmo o 1-0 aos 28’, numa boa combinação atacante na sequência de um livre, com um toque de calcanhar do Pizzi a isolar o Gonçalo Ramos e este a assistir o Seferovic, que só teve de encostar. O mesmo Gonçalo Ramos deveria ter feito o segundo golo cerca de 10’ depois, ao aparecer isolado à frente do guarda-redes Léo, mas permitiu a defesa deste. As coisas melhoraram quando o Covilhã cometeu hara-kiri no final da 1ª parte, com o Tembeng a pisar o Everton, sendo naturalmente expulso.
 
Ao intervalo, fizemos logo três substituições, com o Rafa, Darwin e Paulo Bernardo a entrarem para os lugares do Pizzi, Seferovic e Meïté. A braçadeira de capitão passou então para o Taarabt... Acho que nunca descemos tão baixo...! Contra dez jogadores e com dois titulares na frente, o ritmo aumentou (também não era difícil...) e começámos a empurrar o Covilhã para a sua área. Todavia, a eficácia deixava muito a desejar e aos 65’ entrou o Yaremchuk para o lugar do Ferro, acabando nós finalmente com o sistema de três centrais, que não se justiçava perante dez adversários. Aos 68’, o Rafa foi claramente derrubado na área e o Darwin não perdoou. Tínhamos pouco mais de 20’ para marcar mais um golo, mas não precisámos de tanto, porque o 3-0 aconteceu aos 73’, novamente pelo Darwin com um remate de fora da área, num enorme frango do Léo, que deixou a bola passar por entre as pernas. A partir daqui teríamos de sofrer dois golos para sermos eliminados, tarefa pouco menos do que impossível para um Covilhã com menos um.
 
Em termos individuais, destaque pelo segundo jogo consecutivo para o Darwin que, mesmo ainda não tendo chegado a metade da época, já tem mais golos marcados do que em toda a temporada passada. Gostei de pormenores do Paulo Bernardo, que prefiro mil vezes ao Taarabt como alternativa ao João Mário (na realidade prefiro qualquer um ao marroquino...). Quanto à estreia do Tomás Araújo foi razoável, perante um adversário que não lhe criou assim tantas dificuldades. Na 1ª parte, as variações de flanco do Ferro, com uma meia-dúzia de passes em profundidade, foram das poucas maneiras que tivemos de ultrapassar a defesa contrária. No entanto, percebe-se perfeitamente que o Jesus não gosta dele, porque foi o central sacrificado quando foi preciso alterar o sistema, ele que estava a ser o melhor dos três.
 
Iremos defrontar o Boavista (que surpreendentemente goleou 5-1 o Braga) nas meias-finais, enquanto do outro lado haverá um lagartada – Santa Clara. Perspectiva-se uma final contra os lagartos, mas atenção ao Boavista que há muito tempo que não está numa fase tão adiantada de uma competição oficial. (E eu ainda não me esqueci da inacreditável derrota frente ao Moreirense, que nos impediu de conquistar tudo no ano do tetra...).

sexta-feira, dezembro 17, 2021

Goleada em Famalicão

Vencemos no domingo passado em Famalicão (4-1) e mantivemos a distância para os dois da frente, que também triunfaram (a lagartada 2-0 em casa frente ao Boavista e o CRAC 1-0 em Mordor frente ao Braga). Nunca estive tanto tempo sem escrever sobre um jogo nosso, mas trabalho fora de Lisboa impediu-me de o fazer mais cedo.
 
As jornadas pós-competições europeias são sempre algo problemáticas, porque muitas vezes as equipas ainda estão de ressaca. Portanto, confesso que estava um pouco apreensivo sobre esta partida. O Jesus fez algumas alterações, com as titularidades do Diogo Gonçalves, Seferovic e Darwin em relação ao jogo frente ao Dinamo Kiev. As coisas começaram a correr-nos de feição logo de início, com dois golos do Darwin nos primeiros dois remates à baliza: o primeiro aos 6’, num grande trabalho individual do uruguaio, que culminou com um remate rasteiro de fora da área ao ângulo. E o segundo aos 14’, com uma abertura do André Almeida a isolar o Rafa, que picou a bola por cima do guarda-redes Júnior, deu toda a sensação que era para a baliza, mas a bola sairia ao lado se o remate não se tivesse transformado numa assistência para o Darwin, que rematou para a malha superior da rede (por pouco não falhava...!). Infelizmente, à semelhança da recepção ao Dinamo Kiev, resolvemos deixar de jogar quando nos vimos com dois golos de vantagem. No entanto, os famalicenses foram mais eficazes do que os ucranianos e reduziram para 1-2 aos 25’ com um golo do Bruno Rodrigues de cabeça, depois de nós ficarmos a dormir num lançamento lateral. Até ao intervalo, foi o Famalicão a dominar mais o jogo, com o Vlachodimos a efectuar uma excelente defesa a novo remate do Bruno Rodrigues que impediu o empate. Quanto a nós, só num remate de ressaca do Weigl de fora da área é que estivemos perto de marcar.
 
Para a 2ª parte, o Jesus tirou o Diogo Gonçalves e o Seferovic, e fez entrar o Gilberto e o Taarabt. E foi este que, ao fim de quase quatro épocas(!), resolveu fazer um jogo de jeito! O primeiro! ALELUIA! Logo aos 46’ assistiu o Rafa para o 3-1 e aos 56’ participou activamente com ele e o Darwin no 4-1, apontado pelo uruguaio que fez assim o seu primeiro hat-trick da temporada. A partir daqui a partida ficou resolvida, nós aproveitámos para rodar a equipa até final e o Famalicão ainda atirou uma bola à barra num livre cruzado para a área já muito perto dos 90’.
 
Em termos individuais, destaque óbvio para o Darwin com os seus três golos, para o Taarabt (algum dia teria de ser, mas cheira-me que vai ser a única vez...) que foi muito importante para o nosso forte início de 2ª parte, e para o Rafa que participou directamente em três dos quatro golos. O Vlachodimos lá continua a sua senda de exibições irrepreensíveis.
 
Olhando para o resultado, ficamos com a sensação de que o jogo foi fácil. Todavia, custa-me muito a entender o que se passou entre o nosso segundo golo e o intervalo, em que pura e simplesmente desligámos. Valeu-nos o Vlachodimos para não desperdiçarmos uma vantagem de dois golos e, se a entrada em força na 2ª parte acabou com as dúvidas acerca do resultado, convém tentar descobrir as razões de não jogarmos com a mesma concentração durante os 90’. É que no futuro isto pode custar-nos muito caro...
 
P.S. – Na passada 2ª feira decorreu o sorteio dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Aliás, os sorteios, porque a UEFA fez asneira e da grossa, e teve de repetir o sorteio inicial. Tinha-nos saído o Real Madrid, mas o jogo que vai contar é frente ao Ajax. Ainda falta dois meses para esta eliminatória, mas não nos podemos considerar excluídos à partida.

sexta-feira, dezembro 10, 2021

Nos oitavos

Vencemos o Dinamo Kiev na Luz (2-0) na 4ª feira e, com a derrota do Barcelona em Munique (0-3), qualificámo-nos para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Dado que a última vez que conseguimos atingir esta fase da prova foi em 2017, esta é factualmente uma boa conquista. Para os nossos cofres, principalmente, porque em termos desportivos ou iremos sair já ou jamais conseguiremos passar dos quartos-de-final.
 
Com o regresso do Yaremchuk e do Pizzi ao onze, entrámos a todo o gás com uma enorme oportunidade ainda antes do primeiro minuto: excelente jogada do Yaremchuk a isolar-se depois de passar a bola por entre as pernas de um adversário, remate para defesa do guardião contrário e o Rafa, na recarga, com a baliza à mercê a atirar por cima...! No entanto, pouco depois, foi o Dinamo Kiev, pelo Tsygankov, a ter um falhanço possivelmente ainda pior do que o do Seferovic em Barcelona! Se a bola tivesse entrado, as coisas poderiam ter ficado muito complicadas para nós, por causa da instabilidade que a equipa dá mostras. Felizmente isso não aconteceu e continuámos a tentar com o Pizzi num remate frontal a poder ter feito bem melhor do que atirar à figura do guarda-redes. No entanto, aos 16’, inaugurámos mesmo o marcador através do Yaremchuck, depois de uma entrada na área do João Mário pela esquerda com um centro atrasado para o ucraniano não falhar de pé esquerdo. Aos 22’, aumentámos a vantagem num remate ao ângulo do Gilberto, que beneficiou de um mau atraso contrário para ficar isolado em frente ao guarda-redes. O brasileiro ficou tão entusiasmado com o golo que viu um amarelo logo a seguir por pontapear a bola depois de fazer uma falta. Que estupidez! E pronto, o nosso futebol praticamente acabou aqui. Demos a iniciativa ao Dinamo Kiev, que terminou a partida com muito mais posse de bola do que nós (60%-40%), o que não seria um problema se não tivéssemos reduzimos substancialmente a velocidade nas transições, o que evidentemente não nos permitiu criar oportunidades. Até ao intervalo, o estádio só se entusiasmou com os dois golos do Bayern, que confirmou que os alemães não brincam em serviço.
 
Na 2ª parte, a tendência da 1ª manteve-se e até aumentou, dado que o nosso ataque se foi apagando cada vez mais. Felizmente o domínio territorial dos ucranianos não se traduziu em grandes chances para marcar e as que houve confirmaram o Vlachodimos como um dos jogadores mais importantes desta temporada. À passagem da hora de jogo, o Jesus trocou o Pizzi pelo Everton, mas as coisas continuaram na mesma. Em Munique, o Bayern selava a vitória com o 3-0 e, portanto, a qualificação só dependeria de nós. Como o jogo estava, sentia-se que um golo dos ucranianos nos iria fazer tremer, mas com o passar do tempo também o gás deles se foi esfumando. O Gilberto mereceu uma grande ovação quando saiu para entrar o Lazaro e o Jesus resolveu colocar-nos com dez ao fazer entrar o Taarabt para sair o João Mário... Já dentro dos últimos 10’, ainda entraram o Darwin e o Paulo Bernardo para os lugares do Yaremchuk e Darwin. Bastou a primeira intervenção para o Paulo Bernardo voltar a demonstrar que está milhas à frente do marroquino e que tem de ser ele a primeira opção para substituir o João Mário. Porque dá mais jeito jogar quando temos onze em campo...
 
Em termos individuais, destaque para os marcadores dos golos, Yaremchuk e Gilberto, em especial este que é, de forma imerecida, um dos patinhos feios do plantel. O Rafa com as suas acelerações também é um perigo constante, mas não deveria ter falhado aquela primeira chance. Lá atrás, o Otamendi continua um esteio, bem coadjuvado pelo Vertonghen, com o Vlachodimos igualmente em óptimo plano. O Pizzi não aproveitou a oportunidade e continua a funcionar a carvão.
 
Veremos o que nos reserva o sorteio da próxima 2ª feira. Foi uma boa e importante vitória numa exibição sofrível, mas olhemos principalmente para as competições que nos podem efectivamente trazer títulos: campeonato e Taça de Portugal. Iremos a Mordor para as duas até final do ano, em jogos que irão definir muito do que será a nossa temporada.

segunda-feira, dezembro 06, 2021

Banho de bola...

Perdemos na 6ª feira passada na Luz frente à lagartada (1-3) e, com a vitória do CRAC em Portimão (3-0), estamos agora a quatro pontos de ambos. Ou seja, e isto vale o que vale nesta altura, mesmo se ganhássemos todos os jogos até final da época poderíamos não ser campeões...
 
Estando o adversário com dois jogadores fundamentais impedidos de jogar, o Coates e o Palhinha, confesso que estava relativamente optimista para esta partida. Temos um plantel bem superior a eles e, com estas ausências, isso deveria ser ainda mais notório. Puro engano! Se a equipa tivesse mergulhado nas piscinas da Luz, não teria levado um banho de bola tão grande quanto levou. É que chegou a ser confrangedora a nossa incapacidade de sair a jogar, especialmente na 1ª parte. Mais uma vez, o Jesus deve ter visto outro jogo, porque disse que na 1ª parte a lagartada só teve a oportunidade que concretizou logo aos 8’ pelo Sarabia. Sendo que eles ainda atiraram uma bola ao poste pelo Pedro Gonçalves e tiveram um golo anulado por fora-de-jogo... Quanto a nós... zero oportunidades de golo!
 
Na 2ª parte, a entrada do Yaremchuk para o lugar do Lazaro tornou o jogo mais partido, dado que o Everton foi fechar a lateral-direita... O Feddal lesionou-se e isso supostamente deveria desfalcar ainda mais a lagartada, mas continuou a não se notar nada em campo. Pouco depois, foi a nossa vez de repor os valores da sorte a zero, com uma cabeçada do Darwin à barra num canto, para vermos logo a seguir um remate do João Mário em cima da marca de penalty a ser defendido pelo Adan (que falhanço!). Este acabou por ser o momento do jogo, já que na resposta o Matheus Nunes arrancou pelo nosso meio-campo adentro, ninguém lhe fez frente e pôde isolar o Paulinho à vontade, para fazer o 0-2 aos 62’. Poderíamos ter reentrado no jogo logo a seguir, mas o Rafa atirou inacreditavelmente ao poste quando só tinha o guarda-redes pela frente. Aos 68’, a partida ficou selada com o 0-3 pelo Matheus Nunes, que mais uma vez partindo do meio-campo parecia que andava de mota e bateu o Vlachodimos sem dificuldade nenhuma. A cerca de 10’ do fim, vimos o VAR anular por 6 cm(!) um golo do Darwin, depois de boa arrancada do Yaremchuk na direita e, já na compensação, o entretanto entrado Pizzi amenizou o marcador com um remate rasteiro de fora da área.
 
Se tivesse de destacar alguém, teriam de ser alguns jogadores da lagartada, já que todos os nossos estiveram a milhas do que podem fazer. É incompreensível como é que, tendo nós muito melhor plantel do que eles (os dedos de uma mão chegam e sobram para contar os jogadores da lagartada que seriam titulares de caras no Benfica), levámos um tão grande amasso destes. A lagartada entrou em campo com o espírito do CRAC no que isso tem de jogar contra nós sempre com os dentes de fora. Enquanto nós, fomos os anjinhosque costumamos ser quando defrontamos a equipa de Mordor. E isto é um problema que já se arrasta há muito tempo e já passou por vários treinadores (Rui Vitória, 2ª volta da segunda época do Lage, Jorge Jesus): esta inércia, este amorfismo, este aburguesamento, esta incapacidade de dar uma resposta em campo condicente com a grandeza do clube. Sinceramente não sei como se irá dar a volta a isto, mas arriscamo-nos seriamente a passar mais uma época em branco. O que é inadmissível perante o investimento que tem sido feito!

quinta-feira, dezembro 02, 2021

Benfica FM | Temporada 1990/91

Nova incursão pelo passado glorioso com os meus amigos Nuno Picado e Bakero do Benfica FM, desta feita à época em que recuperámos o título nacional, depois de na anterior termos dado mais atenção à Taça dos Campeões. Foi no regresso do Rui Águas, depois de dois anos nas trevas, e foi um retorno em grande dado que se sagrou o melhor marcador do campeonato pela primeira (e única vez), com 25 golos. No entanto, foi aquela tarde do César Brito em Mordor (neste caso, literalmente) que ficará para sempre gravada a ouro na nossa memória colectiva: tornaram o ar do balneário irrespirável, tivemos de nos equipar no corredor, os nossos dirigentes foram agredidos, encharcaram as linhas laterais para o Paneira e o Pacheco não conseguirem jogar, mas levaram com duas batatas muito bem dadas.