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terça-feira, março 26, 2019

Ucrânia e Sérvia

Começámos mal a qualificação para o Euro 2020 ao empatar na Luz com a Ucrânia (0-0) na 6ª feira e ontem com a Sérvia (1-1). É uma tradição nossa não começar estas qualificações com bons resultados, mas costuma ser só no primeiro jogo. Desperdiçar quatro pontos em casa com os dois principais opositores não augura nada de bom.

Se calhar é melhor alguém avisar a selecção que, se conseguiu ser campeã europeia a ganhar um só jogo nos 90’, não vai conseguir qualificar-se para o próximo Europeu só com empates. Melhor dizendo, é melhor alguém avisar o Fernando Santos que, alinhar com dois trincos e um médio semi-defensivo (William, Rúben Neves e Moutinho) com os ucranianos e dois trincos (William e Danilo) com os sérvios, não será uma boa opção para quem tem que construir muito jogo atacante. E que só fazer a terceira substituição a 5’ do fim em ambos os jogos é poucochinho. Notou-se mais na 6ª feira do que ontem, mas a lentidão de processos da selecção fez muito lembrar o Benfica do Rui Vitória. 

Os ucranianos defenderam muito, mas mesmo assim poderiam ter ganho o jogo no último lance da partida, quando uma defesa incompleta do Rui Patrício a um remate de longe proporcionou uma recarga já na pequena área, cortada pelo Rúben Dias. Quanto a nós, só um par de remates do Cristiano Ronaldo na 1ª parte criaram situações iminentes de golo, mas o Pyatov defendeu ambos para canto. A equipa pareceu muito presa de movimentos e com uma grande tendência em jogar para o Cristiano Ronaldo. É verdade que é praticamente só ele que remata à baliza, mas o jogo colectivo é nitidamente pior com ele em campo, como se houvesse uma obrigatoriedade de tudo passar por ele. Parece que o Fernando Santos ainda não percebeu uma maneira de o potenciar melhor.

Ontem, frente aos sérvios jogámos melhor, mas começámos praticamente a perder com um penalty escusado do Rui Patrício, que o Tadic concretizou em golo aos 7’. O Cristiano Ronaldo saiu por lesão por volta da meia-hora, mas conseguimos empatar num golão do Danilo aos 41’, com um remate indefensável de fora da área. No resto do jogo, demos um recital de como falhar golos. Alguns deles em que era praticamente só encostar. Já se sabia que a Sérvia atacava melhor do que a Ucrânia, mas foram mais perigosos na 1ª do que na 2ª parte. Por último, há que salientar que fomos prejudicados pelo Sr. Szymon Marciniak da Polónia que, aconselhado pelo fiscal-de-linha, voltou atrás na decisão de marcar um penalty contra os sérvios por claro braço na bola a dez minutos do fim. Incompreensível. (Embora, na 1ª parte, tenha perdoado um vermelho claro ao Pepe por pisão ao Tadic...)

Na próxima pausa para selecções, teremos a fase final da Liga das Nações, pelo que só em Setembro voltaremos a esta fase de qualificação. É imprescindível que melhoremos a concretização, caso contrário arriscamo-nos a ter que ir ao play-off para podermos estar presentes no Euro.

segunda-feira, março 18, 2019

Poderoso

Goleámos o Moreirense em Moreira de Cónegos por 4-0 e mantivemo-nos na liderança do campeonato com os mesmos pontos do CRAC, que derrotou o Marítimo por 3-0. Depois das horas extra frente ao Dínamo Zagreb, estava muito apreensivo para este jogo, porque iríamos defrontar uma das melhores equipas da Liga, que está num surpreendente 5º lugar, com menos de 72h entre jogos. A nossa resposta não poderia ter sido melhor e mais categórica!

De regresso à equipa-tipo dos últimos tempos, deveríamos ter começado a ganhar logo aos 3’, quando o Pizzi bem isolado pelo Rafa atirou ao lado da baliza. Aquela bola tinha que entrar...! Pouco depois, o João Aurélio deu uma pisadela no tornozelo do Grimaldo e nem amarelo levou! O nosso lateral ficou a contorcer-se no relvado, temi o pior, mas felizmente conseguiu recuperar. Aos 6’, o mesmo João Aurélio deu outra pantufada no Pizzi e levou amarelo. Que deveria ter sido o segundo, obviamente! Se dúvidas houvesse quanto à nossa resposta física, elas ficaram dissipadas logo desde o início, porque imprimimos uma pressão constante sobre o Moreirense, com o Samaris e o Gabriel a destacarem-se no meio-campo. Variávamos de flanco de forma rápida e foi assim que o Rafa, depois de brilhantemente dominar a bola enviada pelo Samaris desde o flanco oposto, flectiu da esquerda para o centro e rematou cruzado ao lado. Ainda apanhámos outro susto, com o Gabriel a queixar-se da virilha ainda relativamente cedo, mas a conseguir recuperar a tempo de alinhar praticamente o jogo inteiro. A meio da 1ª parte, o Jonas foi bem isolado pelo Samaris, mas em vez de rematar à baliza preferiu passar para o Pizzi, tendo a bola sido interceptada por um defesa. Pouco depois da meia-hora, marcámos através do mesmo Jonas, mas o Pizzi que lhe fez a assistência estava ligeiramente adiantado e o Sr. Nuno Almeida, depois de alertado pelo VAR, anulou a jogada. Aos 37’, fizemos finalmente o 0-1 num passe longo do Grimaldo para o João Félix, que aproveitou a falha de um defesa, que não interceptou a bola, para fuzilar o guarda-redes Trigueira. Aos 43’, aumentámos a vantagem num canto muito bem marcado pelo Pizzi, com o Samaris a corresponder com um óptimo cabeceamento sem hipóteses para o guarda-redes. Era fundamental chegar ao intervalo com esta vantagem e, para isso, muito contribuiu o Vlachodimos, com uma defesa difícil para canto, depois de um cabeceamento do Pedro Nuno.

Nos últimos anos, na jornada a seguir aos jogos europeus, geralmente só durávamos a meia-parte. Razão pela qual era importante ter uma vantagem de pelo menos dois golos, mas melhor ainda era marcar logo no reinício e acabar (quase) de vez com o jogo. Foi o que fizemos logo aos 49’, numa boa assistência do Jonas, que isolou o Rafa, tendo este picado a bola por cima do Trigueira, que ainda lhe tocou, mas não a conseguiu desviar da baliza. Por causa da porcaria do VAR, não festejei logo, porque fiquei com dúvidas acerca da posição do nº 27, mas a repetição dissipou-as todas. O Moreirense sentiu este terceiro golo, como é natural, e não conseguiu criar-nos muitas dificuldades, excepção a um livre do Chiquinho no qual o Vlachodimos fez uma boa defesa. Nós fomos gerindo a equipa e o jogo, mas sem nunca deixar de ter a baliza contrária em vista. Isto é uma das grandes melhorias em relação ao que se via no passado: seja qual for o resultado, com maior ou menor rapidez de processos, nós tentamos sempre aumentá-lo. O que deixa naturalmente o adversário de pé atrás. E, quanto a durar só meia-parte depois dos jogos europeus, estamos conversados... O Gedson e depois o Florentino entraram para os lugares do desgastado Pizzi e do Gabriel, e aos 80’ o Jonas viu a bola ser cortada por um defesa, depois de a dominar bem de peito, quando se preparava para rematar. Três minutos depois, foi o Florentino a estrear-se a marcar na equipa principal e fazer o 0-4 num canto do Grimaldo: saída em falso do guarda-redes, a bola sobrou para um defesa, que a tentou dominar, mas o nosso jogador foi muito inteligente na forma como adivinhou o lance e antecipou-se com um remate para a baliza deserta.

O melhor em campo foi o Samaris, que culminou uma exibição perfeita em termos defensivos com o nosso segundo golo. Também o Rafa merece muito destaque, pelas constantes rupturas que criou na defesa contrária e vai numa sequência muito interessante a marcar (cinco golos nos últimos seis jogos para o campeonato). Para quem já começava a falar de um abaixamento de produção, o João Félix respondeu em grande com uma exibição muito solta e valorizada com o nosso primeiro golo. O Gabriel voltou a ser um monstro no meio-campo, mesmo com algumas limitações físicas. O Jonas ficou em branco, mas contribuiu para o resultado com uma assistência para o terceiro golo. O Vlachodimos foi essencial por ter mantido a nossa baliza em branco em alturas importantes do jogo. Quanto ao resto da equipa, esteve igualmente num nível bastante elevado de produção.

Chegámos à pausa das selecções em primeiro lugar no campeonato, como era desejável. Esperemos que ninguém se lesione nos jogos internacionais, como infelizmente já aconteceu no passado. E vamos estar todos a torcer para que o Seferovic recupere a tempo da recepção ao Tondela. Iremos entrar na fase final da época e convinha ter o máximo possível de jogadores operacionais.

sexta-feira, março 15, 2019

Nos quartos

Vencemos o Dínamo Zagreb no prolongamento por 3-0, depois de 1-0 no tempo regulamentar, e qualificámo-nos para os quartos-de-final da Liga Europa. Foi uma qualificação justa, mas com um possível preço alto em termos físicos, porque jogámos mais meia-hora do que era suposto e temos um jogo muito importante para o campeonato em Moreira de Cónegos a menos de 72h deste.

O Bruno Lage fez algumas poupanças na equipa titular e lançou o Yuri Ribeiro, Fejsa, Zivkovic e Jota. Infelizmente, demos 45’ de avanço aos croatas, porque raramente os conseguimos pressionar e consequentemente as ocasiões de golo foram escassas. A ala esquerda (Yuri e Zivkovic) desperdiçou esta oportunidade e já nem voltou para a 2ª parte. O Jota teve algumas movimentações interessantes, mas não me parece que seja para jogar a avançado. Fez dupla com o Rafa e, como seria de esperar, não conseguimos ter presença na área. Com o Jonas no banco, faltou um avançado de raiz e continuo a achar que a decisão de deixar sair os dois avançados em simultâneo em Janeiro é muito questionável. Só dois remates, do Pizzi e Rafa, e ambos já depois dos 35’ colocaram o guarda-redes adversário à prova.

Logo no reinício, entraram o Jonas e o Grimaldo e tudo melhorou de forma quase imediata. Pressionámos muito mais o Dínamo Zagreb, mas continuámos a falhar alguns passes em zona decisiva e a ter alguma cerimónia na hora de rematar à baliza. Esgotámos as substituições com a entrada do João Félix para o lugar do Jota aos 62’ e marcámos finalmente o golo que igualou a eliminatória aos 71’: bola conduzida pelo Ferro, lançamento para o Pizzi na área, este amortece de cabeça para trás, onde o Jonas se enquadra e remata de primeira sem hipóteses para o Livakovic. Tentámos evitar o prolongamento, mas um remate em arco do Jonas foi defendido pelo guarda-redes e noutro lance o João Félix falhou completamente o desvio na sequência de um livre, tendo a bola saído pela linha lateral. No último minuto da compensação, foi a vez do Vlachodimos estar bem ao desviar a bola num canto, quando um adversário por trás se preparava para cabecear.

O prolongamento não estava no programa, mas o principal era conseguirmos o apuramento e foi neste período que estivemos melhor em temos exibicionais. Até pertenceu aos croatas a primeira oportunidade, com o Vlachodimos a não conseguir agarrar um remate de meia-distância e o Rúben Dias a atirar para canto, todavia respondemos logo a seguir noutro remate do Jonas sacudido pelo Livakovic. Aos 94’, aconteceu o principal momento do jogo: canto curto a nosso favor, a defesa croata alivia mal, o Ferro recupera a bola e, à entrada da área, remata muito colocado ao ângulo inferior direito da baliza. Que golão! Foi o delírio nas bancadas, mas logo de seguida uma desconcentração defensiva só não resultou no golo do Dínamo Zagreb, porque o avançado falhou completamente o remate, quando estava só perante o Vlachodimos, depois de um cruzamento na esquerda. Aos 104’, um defesa contrário cometeu hara-kiri ao ver dois amarelos seguidos por protestar com o árbitro e, no minuto seguinte, o Grimaldo praticamente fechou com o jogo com novo golão, num remate à Grimaldo com a bola a subir e depois a descer muito rápido, tendo o Livakovic ficado pregado ao relvado. Na 2ª parte do prolongamento, com dois golos de vantagem e mais um jogador, esperava que o Bruno Lage fizesse a quarta substituição, mas só a realizou em cima dos 120’ (entrou o Gedson para o lugar do Pizzi). Noutra desconcentração nossa, os croatas poderiam ter reduzido a 10’ do fim, mas o Atiemwen rematou a rasar o poste quando estava isolado, depois de passar no meio do Rúben Dias e Ferro. Não se percebe como os deixámos ter esta oportunidade a jogarem com 10... Quanto a nós, de quando em vez acelerávamos o jogo que ficava completamente partido, mas geralmente não conseguíamos meter o penúltimo passe e só tivemos uma real situação para aumentar a vantagem, com o guarda-redes a evitar o quarto golo ao defender brilhantemente um remate do Pizzi.

Em termos individuais, destaque para o Ferro e não só pelo golo: esteve muito seguro nos duelos individuais e só naquele tal lance da 2ª parte do prolongamento foi batido. Tem meia-dúzia de jogos pela equipa principal e já fez três golos. Não vai sair da equipa tão cedo. O Pizzi também fez um jogo em crescendo, assim como o Rafa que se fartou de fazer sprints, alguns com a pecha de terem o último passe transviado. O Jonas e o Grimaldo materializaram com golos o facto de terem sido fundamentais na melhoria exibicional. O Fejsa revelou alguma natural falta de ritmo, mas aguentou fisicamente os 120’. O Gabriel também fez uma boa exibição, especialmente a partir da 2ª parte, tal como a maior parte da equipa.

É muito bom estarmos nos quartos-de-final de uma competição europeia, mas estou com bastante receio das repercussões físicas para o jogo de domingo, porque o Moreirense é uma das revelações do campeonato e nós deixámos de ter margem de manobra para errar. É fundamental chegarmos à última pausa para as selecções antes do final do campeonato na frente.

P.S. – Calhou-nos o Eintracht Frankfurt no sorteio com a 1ª mão na Luz. Eu preferia o Slavia Praga, mas dado que também poderíamos ter apanhado o Nápoles, Arsenal, Valência ou Chelsea (se passarmos, devemos levar com estes nas meias-finais), acabou por não ser muito mau. Mas cuidado com os alemães, que estão a fazer uma excelente época (5º classificado no campeonato). Seria é bom que chegássemos a estes jogos com o plantel todo operacional...

terça-feira, março 12, 2019

Infantilidades

Empatámos ontem com o Belenenses SAD na Luz (2-2) e ficámos sem margem de manobra para o CRAC, que venceu domingo em Santa Maria da Feira por 2-1. Estão colados a nós com os mesmos pontos, embora percam no confronto directo. Eu pensei que já tinha visto tudo desde que o Luisão se estreou pelo Benfica a 14 de Setembro de 2003 no Estádio Nacional, onde até marcou um golo, mas não conseguiu evitar que o Belenenses marcasse dois depois dos 90’(!) e empatasse o jogo (3-3). Até ontem! Quando o Samaris fez o 2-0 aos 63’, não havia uma única alminha na Terra que perspectivasse o que viria a suceder: dois erros clamorosos e dignos dos infantis fizeram com que perdêssemos dois pontos contra o mesmo Belenenses de forma inglória. E até patética, há que acrescentar.

Com a lesão do Seferovic e o castigo ao Gabriel, entraram o Jonas e o Florentino na equipa. O que quer dizer que o Bruno Lage não gostou muito do Gedson em Zagreb. Compreende-se. Deveríamos ter entrado a ganhar, mas o Rafa, em boa posição, atirou ao lado depois de uma jogada de insistência do Samaris. Tal como se esperava, o Belenenses dificultou-nos muito a vida, porque é uma equipa que troca bem a bola e defende bem. De tal modo que as oportunidades escassearam na 1ª parte, só havendo outro remate do Rafa em excelente posição, que saiu muito por cima. Não estivemos tão dinâmicos como em partidas anteriores, com a equipa a ressentir-se (e muito) das ausências do Gabriel e Seferovic. Mesmo os que não estiveram na Croácia (André Almeida, Pizzi e Jonas) não conseguiram mostrar nenhuma frescura adicional.

Na 2ª parte, as coisas foram diferentes e conseguimos encostar mais o adversário às cordas. Depois de um remate de ressalto do Pizzi muito por cima, inaugurámos finalmente o marcador aos 56’, num grande golo do Jonas (que praticamente não se tinha visto até então): dominou muito bem uma bola centrada pelo André Almeida e rematou de pronto sem hipóteses para o Muriel. O mais difícil estava feito, mas era curto e convinha marcarmos um segundo golo para que pudéssemos descansar, dado que iremos ter mais dois jogos em sete dias. E conseguimo-lo através do Samaris ao tal minuto 63’, num remate de ressalto à entrada da área, que ainda tabelou num defesa. Numa fantástica publicidade ao anti-VAR, o Sr. João Capela esperou pela indicação do mesmo para ver se ninguém estava fora-de-jogo. Ou seja, não conseguimos festejar decentemente o golo num lance que não oferece a mais pequena dúvida! A partir daqui, o jogo estava ganho, certo? Pois... estaria se nós não nos tivéssemos lembrado de (literalmente) oferecer dois golos ao adversário aos 68’ e 71’! Num livre bombeado para a área, o Vlachodimos achou melhor perder tempo e deixar a bola seguir para fora em vez de a agarrar. O problema foi que perdeu a noção de onde estava o poste e a bola entrou na baliza com ele a abrir os braços para não lhe tocar. Demasiado patético para ser verdadeiro! Mas, se o nosso guarda-redes ainda tem muito crédito já que nos safou várias vezes, pouco depois o Rúben Dias teve o segundo erro clamoroso em jogos consecutivos, ao falhar completamente um atraso para o Vlachodimos, isolando um adversário que o bateu sem dificuldade. Inacreditavelmente, deixámos o Belenenses empatar com dois dos golos mais ridículos do campeonato! Claro que ficámos afectados por isso e até final procurámos o golo com muito menos discernimento do que é habitual. Só numa cabeçada do Jonas ao lado e num remate em arco do entretanto entrado Jota é que conseguimos criar perigo, mas em ambos os casos relativo dado que a bola nem sequer foi à baliza. O jogo chegou ao fim com um enorme sentimento de frustração em todos nós.

Em termos individuais, gostei bastante do Ferro, especialmente na 1ª parte e o Samaris fez igualmente uma exibição bem razoável. O André Almeida fez mais uma assistência e melhorou de produção na 2ª parte, o que também não era difícil dado o que (não) tinha mostrado na 1ª. Assim como o Pizzi, acrescente-se. O João Félix esteve relativamente apagado, dando a sensação de estar a acusar em termos físicos os jogos consecutivos que tem feito. Quanto ao Rúben Dias, é bom que volte a ter a cabeça no lugar. Já o lance no último minuto nas Aves, em que arriscou um segundo amarelo escusadíssimo com o jogo ganho (e com o Ferro já expulso) não augurou nada de bom, mas o que fez ontem juntamente com o penalty na Croácia tornam esta a semana mais negra da sua carreira até agora. É bom que se recomponha rapidamente.

Os próximos dois jogos (Dínamos Zagreb e Moreirense) serão fundamentais, mas temo bastante pela capacidade física da equipa. Teremos muito poucos dias de intervalo entre eles e já mostrámos estar mais fortes no aspecto físico do que agora. E serão dois jogos sem segundas oportunidades. Não gosto nada de ter de prescindir de uma competição, mas as fichas têm que estar todas no campeonato. A ida a Moreira de Cónegos irá ser especialmente difícil e, se jogarem muitos titulares na 5ª feira, não sei se nos conseguiremos apresentar nas melhores condições no domingo. Perder dois pontos desta maneira foi o pior que nos poderia ter acontecido nesta altura.

sexta-feira, março 08, 2019

Fraco

Perdemos ontem em Zagreb frente ao Dínamo (0-1) e estamos em desvantagem nos oitavos-de-final da Liga Europa. Ao 15º jogo da era Bruno Lage, fizemos finalmente uma má exibição e até tivemos sorte de não voltar a Lisboa com a eliminatória já perdida, dado que o Vlachodimos foi um dos melhores em campo. Como se não bastasse a derrota, a pior notícia da noite foi a lesão do Seferovic, cuja extensão ainda estamos para saber.

À semelhança do que fez em Istambul, o Bruno Lage fez algumas alterações no onze, deixando o André Almeida e Pizzi em Lisboa e apostando no Corchia, Florentino, Gedson e Krovinovic. E até entrámos bem, com uma enorme oportunidade do Grimaldo, brilhantemente desmarcado pelo João Félix, que, isolado frente ao guarda-redes, permitiu a defesa deste com a perna. Foi logo aos 7’ e foi a nossa melhor oportunidade no jogo inteiro. O Dínamo Zagreb estudou-nos muito bem e foi fechando os espaços com inteligência, não tendo nós a sagacidade necessária para contornar a defesa deles. Os extremos (Gedson e Krovinovic) flectiam muito para o meio e raramente procuravam os desequilíbrios no flanco. As coisas começaram a correr mal aos 31’, quando o Seferovic saltou e ficou a agarrar-se à virilha. Entrou o Cervi para o seu lugar e, se estávamos com dificuldades em encontrar o nosso futebol até aí, a partir da saída do suíço isso foi só uma miragem. O Vlachodimos já tinha efectuado um par de boas defesas até então e aos 38’ o Rúben Dias derrubou escusadamente um adversário, quando este fazia um movimento em direcção à bandeirola de canto! O árbitro assinalou penalty, que o Petkovic converteu para o meio da baliza (o Vlachodimos esteve quase a tocar na bola…). Até ao intervalo, um erro de posicionamento do Ferro fez com que um adversário se isolasse, valendo-nos o Vlachodimos para manter o jogo em aberto.

Na 2ª parte, o Dínamo ainda abdicou mais da posse de bola, mas foi perigoso no contra-ataque. Quanto a nós, tivemos sempre enormes dificuldades para conseguir chegar à área contrária, sentindo imenso a falta de um ponta-de-lança de raiz. O Rafa entrou por volta da hora de jogo, mas passou muito ao lado dele. Ainda entrou também o Zivkovic que deu razão ao Bruno Lage por não o colocar a jogar mais vezes. Assim como o Cervi, acrescente-se, que fez dos piores jogos que me lembro com a camisola do Benfica (salvo os aspectos defensivos no últimos minutos). Nunca demos a sensação de estar perto do golo e devemos à aselhice adversária (em dois ou três lances) ainda podermos ter esperança na qualificação.

Em termos individuais, destaque óbvio para o Vlachodimos. O Corchia foi dos menos maus, mas não se safou praticamente mais ninguém. O João Félix ficou desprotegido depois da saída do Seferovic e não é para jogar como ponta-de-lança. O Krovinovic acusou muita falta de ritmo (habitual), o Gabriel também esteve a léguas do que tem vindo a produzir. O Grimaldo não dá para tudo e é outro que infelizmente é insubstituível. O Gedson na direita de início não resultou e o Florentino acabou por ser dos sacrificados quando colocámos mais homens na frente, se bem que o o Cervi e o Zivkovic tenham sido demasiado inoperantes. O Rúben Dias tem definitivamente que ter mais cuidado na forma como aborda os lances: já na Vila das Aves, salvou-se de um segundo amarelo já nos descontos com o jogo resolvido a nosso favor nem sabe como e ontem o penalty é escusadíssimo. Não sei se a braçadeira de capitão lhe pesou no braço, mas há que ter a inteligência de perceber a melhor forma de se fazer aos lances. E este disparate de ontem, custou-nos muito caro.

Em sete dias, vamos ter três jogos que irão definir muito daquilo que será a nossa época. Começaremos frente ao Belenenses na Luz, que está numa boa fase e bem classificado, e, ainda por cima, quase de certeza que não teremos o Seferovic. E teremos o Dínamo Zagreb três dias depois e a ida a Moreira de Cónegos três dias a seguir. Vai ser muito desgastante e vamos ver como a equipa irá reagir a esta série infernal.

P.S. - Logo aqui, eu fui um dos que manifestaram preocupação por irmos enfrentar metade da época só com um ponta-de-lança de raiz. Era muito duvidoso que o Seferovic pudesse aguentar tantos jogos seguidos sem poder descansar. Só espero que a lesão seja facilmente recuperável, porque o suíço é dos mais insubstituíveis do plantel. Vamos lá a ver se o erro que cometemos em Janeiro (se era inevitável a saída do Ferreyra e Castillo, dever-nos-íamos ter acautelado com a contratação de outro ponta-de-lança) não nos vai custar títulos. É que o Jonas tem as limitações físicas que tem (nem foi à Croácia) e nem o Félix, nem o Rafa, nem o Jota são pontas-de-lanças no sentido daqueles três. Aliás, viu-se ontem como o Félix baixou logo de produção quando passou a jogar no meio dos centrais.

segunda-feira, março 04, 2019

Soberbo

Vencemos em Mordor no sábado (2-1) e assumimos a liderança do campeonato com dois pontos de vantagem sobre o CRAC. No dia 2 de Janeiro, quando perdemos em Portimão, ficámos a sete pontos deles e, dois meses depois, conseguimos recuperar nove pontos! É verdadeiramente impressionante o que conseguimos em tão pouco tempo, tanto em termos de resultados como principalmente em termos de qualidade futebolística. Mérito total (apesar de ele ter a humildade dos grandes e passar a responsabilidade para os jogadores) para o Bruno Lage.

Entrámos em Mordor com a mesma personalidade dos jogos anteriores e isso foi logo um óptimo início. Ou seja, não exibimos aquele temor habitual sempre que visitávamos a casa do CRAC e que, muitas vezes conjugado com a inclinação que existe sempre naquele campo, nos fazia começar o jogo já a perder. Com a equipa-tipo e à semelhança da meia-final da Taça da Liga em Braga, a primeira oportunidade foi deles, num remate fora da área do Alex Telles que o Vlachodimos defendeu para a linha lateral. Nos primeiros minutos, estiveram eles mais próximos da nossa área, mas sem conseguirem mais pôr à prova o nosso guarda-redes. Respondemos por volta do quarto de hora, num lance em que o Pizzi é puxado pelo Manafá na área. Voltamos à questão da intensidade, mas de uma coisa tenho certeza: se fosse ao contrário, o Sr. Jorge Sousa teria assinalado penalty. Aos 20’, o CRAC colocou-se em vantagem: livre directo do Adrián López, a bola bate na barreira, ressalta para ele que remata mais devagar (pareceu que quis assistir um colega na área), a bola desvia no peito do Marega, o Pepe baixa-se e o Vlachodimos não consegue chegar-lhe. É muito duvidoso que o Pepe esteja em linha com o Rúben Dias na altura do remate do Adrián López, mas o que não é nada duvidoso é que, quando a bola desvia no peito do Marega, o Pepe está claramente fora-de-jogo e a sua acção influencia o Vlachodimos. O VAR Sr. Tiago Martins achou que não e o Sr. Jorge Sousa nem sequer foi consultar as imagens! Típico (quando é contra nós)...! Não poderíamos ter reagido mais rapidamente, com o Pizzi a ficar frente-a-frente com o Casillas, mas o remate saiu à figura e o espanhol conseguiu defender com as pernas. Aos 26’, conseguimos a igualdade, numa bola ganha a meio-campo pelo incansável Gabriel ao Adrián López, sobrou para o Manafá que perdeu no corpo-a-corpo com o Seferovic e o suíço assistiu o João Félix que, na marca de penalty, fuzilou o Casillas. O CRAC sentiu muito o golo e, até ao intervalo, só através do Brahimi, num remate que acabou muito bem interceptado pelo André Almeida criou perigo e mesmo assim relativo. Quanto a nós, tivemos mais uma oportunidade flagrante em cima do intervalo pelo Seferovic, isolado pelo Pizzi, que rematou à figura do Casillas.

Na 2ª parte, mantivemos a tendência do final da 1ª e colocámo-nos em vantagem aos 52’ numa excelente combinação atacante, com o Pizzi a reter a bola na área e a soltá-la na altura exacta para o Rafa que, com um remate rasteiro e colocado já dentro da área, desfeiteou o guardião espanhol. O CRAC naturalmente reagiu e começou a colocar mais gente na frente, mas nós estivemos bastante bem a defender. Remates do Brahimi por cima e do Marega à figura do Vlachodimos não deram a sensação de golo. Em termos atacantes, acabámos por não conseguir ter grande produção, porque o CRAC pressionava, mas mesmo assim o Seferovic isolou o Rafa pouco depois da hora de jogo, sendo o lance anulado por pretensa mão do suíço. Só houve uma repetição e não vi falta nenhuma! O Pizzi na direita não estava a conseguir suster o Alex Telles e o Gedson entrou aos 71’ para o seu lugar. Pouco depois, o Samaris safou um golo certo ao cortar a bola no último momento, quando o Herrera já tinha armado o remate. Conseguimos reagir a seguir, com o Rafa a ter uma ocasião parecida com a do golo, mas o remate saiu infelizmente ao lado. Aos 78’, o Gabriel viu dois amarelos no mesmo lance(!) e foi expulso. O Sr. Jorge Sousa até pode ter a lei do seu lado (o nosso nº 8 agarrou o Otávio e depois reagiu mal ao facto de este lhe ter batido nas costas), mas não me lembro de muitas vezes em que um jogador visse dois amarelos no mesmo lance. Mais: tenho a certeza absoluta que, se fosse ao contrário, isto jamais teria sucedido. A partir daqui, a pressão dos de Mordor intensificou-se e o Felipe teve duas ocasiões num cabeceamento que bateu na parte superior da barra, depois de um canto inexistente, e num grande remate de fora da área, em que o Vlachodimos fez outra fantástica defesa. Perto do fim, nova boa defesa do guardião grego a desvio do Marega na pequena área, mas se entrasse o lance teria de ser (espero eu) invalidado por fora-de-jogo. O Corchia e o Cervi também entraram para ajudar a defender e o final do jogo surgiu finalmente com um enorme suspiro de alívio da nossa parte.

Em termos individuais, destaque para o Gabriel, que teria sido o melhor em campo, não fosse a expulsão. Independentemente de eu achar que foi exagerada, o nosso nº 8 não tinha nada que reagir daquela maneira à palmada que levou. Tem que ter a consciência de contra quem está a jogar e em que campo. Todo o cuidado é pouco e as desculpas para se expulsar jogadores nossos são muito pequenas. O Rafa foi decisivo no golo da vitória, assim como o Pizzi, apesar de este nem ter feito um jogo por aí além. Palavra também para a nossa defesa, em especial a dupla de centrais (Rúben Dias e Ferro), que esteve intratável. O Vlachodimos foi novamente essencial a garantir os três pontos, assim como o Samaris naquele corte providencial. O Seferovic desta feita ficou em branco, mas somou mais uma assistência ao currículo.

Faltam dez jogos para o final do campeonato. Conseguimos o mais difícil e que era impensável há meia dúzia de jornadas. Ganhámos no WC e em Mordor na mesma época pela primeira vez deste 1990/91! Há que manter o foco para conseguirmos um feito histórico. Estamos a jogar um futebol maravilhoso, como há muito não se via, e seria uma injustiça se não conseguíssemos títulos. Mas a história do futebol está cheia de injustiças...

P.S. – O Pepe continua uma criatura execrável. O modo como ele se virou ao João Félix, num lance em que nem sequer foi tocado diz tudo acerca do seu “carácter”. Grande “carácter” tem também o Sérgio Conceição, que deixou o João Félix de mão estendida no final do jogo. Estão ambos MUITO bem no clube onde estão.