origem

quarta-feira, agosto 31, 2022

Complicado

Vencemos ontem o Paços de Ferreira (3-2) na Luz, em jogo em atraso da 3ª jornada, e assumimos a liderança isolada do campeonato com dois pontos de vantagem sobre o Braga, três sobre o CRAC e oito sobre a lagartada. Foi um triunfo bem mais complicado do que se estava à espera, dado que, apesar de só ter derrotas até agora e estar muito desfalcado por lesões (que pena que ainda não foi desta que voltámos a aplaudir o Gaitán...), o Paços apresentou bom futebol e fez-nos sofrer na parte final da partida.
 
Em relação à equipa-tipo, o Roger Schmidt só fez uma alteração com a entrada do Bah para o lugar do Gilberto. Entrámos da maneira habitual, muito pressionantes, mas também muito perdulários na frente. No entanto, até acabou por ser o Paços a ter a primeira grande chance com um centro rasteiro para a área que o Grimaldo, arriscando um autogolo, cortou para canto. Do nosso lado, o Gonçalo Ramos falhou à sua conta um par de oportunidades que deveriam ter entrado. Por outro lado, o Sr. Soares Dias voltou a revelar-se um adversário complicado e a equipa desconcentrou-se de um modo claro com algumas decisões suas especialmente na 1ª parte (a certa altura, depois de uma falta evidente não-assinalada sobre o Rafa, andou nitidamente a provocá-lo para ver se este respondia para lhe dar o segundo amarelo...). Por volta da meia-hora, ainda festejámos um golo do Otamendi, mas o lance foi invalidado por fora-de-jogo do Rafa, que fez a assistência. Aos 39’ aconteceu um balde de água fria, com o 0-1: canto, alívio do Morato para fora-da-área, remate de primeira do Antunes e desvio de cabeça do Koffi sem hipóteses para o Vlachodimos. Todavia, a nossa reacção até ao intervalo foi esmagadora. Fizemos o 1-1 aos 42’ através do David Neres, com um grande frango do guarda-redes Zé Oliveira. Pouco depois, o João Mário tem um remate rasteiro de fora-da-área ao poste e, já na compensação, o Zé Oliveira abalroa o Bah a saltar para a bola e inacreditavelmente o Sr. Soares Dias assinalou um penalty a nosso favor na Luz! Deve estar para cair um santo do altar! O João Mário atirou rasteiro, bem melhor do que no Bessa, e o guarda-redes não conseguiu defender, apesar de ter adivinhado o lado. Íamos para o intervalo em vantagem, o que pareceu muito imporovável especialmente depois de termos sofrido o golo tão perto dos 45’.
 
Esperava-se que alargássemos a vantagem no início da 2ª parte para que pudéssemos fazer a gestão do esforço, dado que estamos com uma sobrecarga de jogos. E voltámos ter um golo (bem) invalidado pelo VAR, porque o Bah estava em fora-de-jogo, depois de uma abertura do Rafa. No entanto, aos 56’ marcámos mesmo o 3-1 através de um desvio do Gonçalo Ramos a corresponder à ponta-de-lança a um centro da esquerda do João Mário, depois de uma abertura do Rafa. Uma vantagem de dois golos era mais confortável, mas só com três é que eu fico descansado. E tivemos mais do que uma oportunidade para a ter, em especial pelo Gonçalo Ramos, que rematou de modo um pouco displicente, quando foi isolado pelo Rafa. Pouco depois, o avançado português foi substituído pelo Musa, que também falhou à sua conta um golo cantado. O Paços de Ferreira não criava perigo, o Enzo Fernández ia marcando um golão de fora-da-área, com a bola a bater na rede superior e o Roger Schmidt começou a gestão física da equipa, ao retirar o (apagado) David Neres e o Rafa, fazendo entrar o Diogo Gonçalves e o Henrique Araújo. Logo a seguir a estas substituições, o jogo voltou a reabrir com o 2-3 aos 80’: buraco no lado esquerdo da nossa defesa, centro para a área e desvio do Koffi, que assim poderá contar aos netinhos que bisou no estádio da Luz. De repente, estávamos na iminência de ter uma parte final sofrida, quando nada o faria prever. E podê-la-íamos não ter tido se o Henrique Araújo não tivesse falhado logo a seguir um golo feito, ao atirar por cima quase na pequena-área, depois de assistência do Musa, que não foi nada egoísta, já que poderia ter rematado. No entanto, este falhanço ia saindo-nos caro, já que o Paços no último lance da partida se acercou com perigo da nossa baliza, com um centro largo para a área que felizmente ninguém conseguiu desviar. Suspirámos todos de alívio quando surgiu o apito final!
 
Em termos individuais, o João Mário com um golo e uma assistência voltou a ser considerado o homem do jogo, mas eu gostei novamente bastante do Florentino, que qualquer dia está a recuperar uma bola ao guarda-redes contrário! Enquanto teve forças, o Enzo Fernández esteve ao seu nível habitual, mas começa a preocupar-me a quantidade de minutos que tem sem nenhum descanso. Por exemplo, frente o Dínamo Kiev e o Boavista, com o jogo decidido algum tempo antes dos 90’, o Roger Schmidt devê-lo-ia ter substituído mais cedo. O David Neres, apesar do golo, fez o jogo mais fraco até agora e na 1ª parte estragou dois contra-ataques em que estávamos com superioridade numérica. O Gonçalo Ramos marcou um golo, mas ficou a dever-nos outros dois e o Henrique Araújo deve ter falhado o golo mais fácil da sua carreira. O Rafa, com as suas acelerações, é sempre um desequilibrador, mas por vezes não se desembaraça da bola no timing devido. O Vlachodimos sofreu dois golos sem ter feito nenhuma defesa. O Diogo Gonçalves voltou a mostrar a necessidade de ainda irmos a tempo de arranjar outra opção válida para extremo.
 
Iremos jogar novamente já na 6ª feira frente ao Vizela, na Luz, antes do início da Champions. Têm sido sessões contínuas, mas acho que a equipa se começa ressentir fisicamente, porque os últimos 20’ do jogo de ontem foram bastante abaixo do que costumamos fazer. Veremos como será a resposta nos jogos seguintes e o que este último dia do mercado nos reserva.

segunda-feira, agosto 29, 2022

Assertivo

Vencemos no sábado o Boavista no Bessa por 3-0 e mantemos um registo 100% vitorioso desde o início da temporada. Aliás, todas as jornadas deveriam ser assim, já que o CRAC foi derrotado em Vila do Conde frente ao Rio Ave por 3-1 e a lagartada perdeu em casa frente ao Chaves por 0-2. Dois primodivisionários a roubarem seis pontos aos nossos rivais... Que maravilha!
 
O jogo no Bessa começou muito repartido, com o Boavista a conseguir equilibrar as coisas durante os primeiros 15’. Com a expulsão do Otamendi frente ao Boavista, o Roger Schmidt deu oportunidade ao António Silva de se estrear oficialmente com o manto sagrado e o jovem central correspondeu bem, ainda por cima porque viu o amarelo logo aos 7’ e conseguiu conter-se até final. A partir do quarto-de-hora, começámos a tomar conta da partida e a acercarmo-nos com algum perigo da baliza contrária, até que aos 30’ inaugurámos o marcador numa cabeçada do Morato num canto marcado pelo David Neres, sem levantar os pés do chão. Até ao intervalo, o Gonçalo Ramos viu um bom remate seu desviado pelo pé do guarda-redes César e mesmo em cima dos 45’ o João Mário teve um dos falhanços da temporada, ao atirar para fora com a baliza escancarada, depois de uma assistência do Rafa. Fiquei mais do que fulo com ele, o que valeu foi que compensou na 2ª parte.
 
Nos segundos 45’, o Boavista voltou a entrar atrevido, mas fomos nós a criar as melhores oportunidades, nomeadamente um desvio subtil do Rafa a rasar o poste. À passagem da hora de jogo, o Roger Schmidt mexeu a triplicar na equipa, com as entradas do Bah, Diogo Gonçalves e Musa para os lugares do Gilberto, David Neres e Gonçalo Ramos. E a equipa melhorou com as substituições, tendo os níveis físicos subido, dado que estes jogadores estão bem mais frescos do que os titulares. Aos 63’, fizemos o 2-0 num centro do Grimaldo que o Musa amorteceu para o João Mário se começar a redimir do clamoroso falhanço em cima do intervalo, com um remate forte que ainda foi ligeiramente desviado pela perna de um defesa. Com o Boavista a tentar responder, o jogo ficou de feição para os nossos contra-ataques e o Rafa atrapalhou-se com a bola quando estava em boa posição. Aos 79’, o VAR assinalou (e bem) um penalty a nosso favor a castigar falta sobre o Musa, que o sr. João Pinheiro não viu, e o João Mário fez o bis enganando o guarda-redes (que, se tivesse adivinhado o lado, teria defendido nas calmas, mas o que interessa é que foi lá para dentro). Até final, ainda deu para as estreias do Aursnes (bom toque de bola) e do Ristic.
 
Em termos individuais, o melhor para mim foi o Florentino, que encheu novamente o campo e fez cortes providenciais. O Enzo Fernández nunca joga mal e aproveitemos bem para o ver que para o ano já não estará cá de certeza. O João Mário acabou por se redimir com os dois golos, mas aquele falhanço é inconcebível. O Gonçalo Ramos ainda estava algo inferiorizado com o choque de cabeças com o Rafa no jogo anterior, mas mesmo assim teve um bom remate que merecia melhor sorte. A defesa acabou por não ter grande trabalho, com o Vlachodimos sempre atento e a resolver bem o pouco que foi necessário.
 
Com a lagartada no 13º lugar com 4 pontos e a derrota do CRAC, iremos amanhã colocar o calendário em dia com a recepção ao Paços de Ferreira. Uma vitória colocar-nos-á em 1º lugar isolados, o que é sempre bom. Mas há que ter a concentração no máximo, especialmente porque estamos com muitos jogos em poucos dias e os deslizes são mais frequentes nestas ocasiões. No entanto, é uma oportunidade de ouro de começar a colocar pressão nos rivais que não podemos desperdiçar!

quarta-feira, agosto 24, 2022

Na Champions

Vencemos o Dínamo Kiev por 3-0 na 2ª mão do play-off e, pela 12ª vez em 13 épocas, qualificámo-nos para a Liga dos Campeões. Foi uma vitória construída na 1ª parte e a nossa superioridade foi incontestável, perante um adversário que tem os condicionalismos que todos sabemos e lamentamos.
 
Com o adiamento da 3ª jornada, tivemos uma semana para preparar as duas mãos e isso foi notório no modo como entrámos em campo. Com a equipa-tipo, começámos a todo o gás e submetemos os ucranianos a uma pressão intensa que poderia ter resultado em golo bastante mais cedo. Logo nos primeiros minutos, foi o Rafa a não conseguir desviar a bola do guarda-redes, depois o Grimaldo num livre fez a bola ainda tocar no poste e o David Neres num pontapé de bicicleta proporcionou ao guarda-redes Bushchan uma defesa complicada. Mas finalmente aos 27’ inaugurámos o marcador através do Otamendi, de cabeça, a corresponder bem a um centro do Neres na sequência de um canto. A partir daqui, diminuímos um pouco o ritmo, mas o Dínamo Kiev não conseguia criar perigo. Até que a cinco minutos do intervalo, um erro incrível do Syrota, num atraso mal medido, converteu-se numa assistência para o Rafa fazer o 2-0. Dois minutos depois, aos 42’, fizemos o resultado final num contra-ataque bem delineado, em que o Gonçalo Ramos assistiu o Neres para um golo de belo efeito, num remate em arco sem hipóteses para o guarda-redes.
 
Confesso que, para a 2ª parte, desejei que o Roger Schmidt fizesse logo as cinco substituições para que o resultado não se avolumasse mais, porque tudo o que os ucranianos não precisavam era de levarem um cabaz cheio. Não precisavam, nem mereciam. O segundo tempo começou praticamente com um choque de cabeças muito feito entre o Rafa e o Gonçalo Ramos, que levou a que o nosso avançado tivesse de ser substituído – e levado 15(!) pontos – pelo Musa, que assim fez a estreia com a gloriosa camisola. Tentámos sempre fazer um futebol positivo, mas sem a intensidade da 1ª parte. Uma boa jogada do Neres culminou num remate relativamente frouxo e outro do entretanto entrado Diogo Gonçalves também foi parar às mãos do guarda-redes. Já perto do fim, foi o Enzo Fernández quase na pequena-área a acertar igualmente no Bushchan. A única ocasião em que o Dínamo Kiev esteve perto de marcar teria sido um golo do outro mundo, num remate ainda antes do meio-campo, que bateu na rede superior da baliza do Vlachodimos. Não me custa nada a admitir que, se tivesse entrado, eu teria aplaudido o golo de pé.
 
Em termos individuais, o David Neres terá sido dos melhores em campo. Quiçá motivado pela presença do seleccionador brasileiro, deu cabo da cabeça aos adversários, principalmente na 1ª parte. Outro que também se motivou nesta vinda foi o Gilberto, que voltou a fazer uma óptima partida. O Gonçalo Ramos não marcou, mas trabalhou imenso enquanto esteve em campo, o Rafa só sabe fazer as coisas a alta velocidade e o João Mário subiu o nível em relação a jogos anteriores. O Florentino e o Enzo Fernández foram as muralhas habituais no meio-campo e a defesa teve muito pouco trabalho. Os substitutos entraram com a eliminatória já resolvida e não se destacaram por aí além.
 
Temos de ser honestos: ao contrário de muitas vezes, tivemos sorte em ambos os sorteios neste acesso à Champions. Acabou por nos calhar, em ambos os casos, as equipas menos difíceis das que eram possíveis. No entanto, fizemos o nosso trabalho com louvor e distinção, e agora aguardemos pelo sorteio para ver até onde poderemos ir. Sabendo que este ano, por causa do Mundial, as jornadas da Champions serão muito menos espaçadas. Haja saúde e plantel para aguentarmos isso.

quinta-feira, agosto 18, 2022

Bem encaminhado

Vencemos hoje por 2-0 o Dínamo Kiev em Lodz e estamos em excelente posição para chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões. Fizemos uma exibição inteligente em grande parte do encontro, mas o resultado deveria ter sido um pouco mais dilatado, porque especialmente no segundo tempo relaxámos mais do que deveríamos e baixámos de produção.
 
Entrámos em campo com o onze base deste início de temporada e marcámos logo aos 9’ num óptimo remate do Gilberto, sem hipóteses para o guarda-redes, depois de uma jogada de envolvimento, em que a bola passou por vários jogadores nossos. Do outro lado, era o Tsygankov a visar mais a nossa baliza, mas felizmente os remates saíram ao lado. A meio da 1ª parte, o João Mário num remate em arco, com o guarda-redes batido, viu a bola rasar o poste, mas aos 37’ aumentámos a vantagem para 2-0 numa perda de bola adversária, com recuperação do David Neres e concretização do Gonçalo Ramos. Até ao intervalo, poderíamos ter fechado a eliminatória de vez, com remates do David Neres e Rafa a passarem muito perto do alvo. O Dínamo Kiev foi-se abaixo com a perda de bola de que resultou o segundo golo e nós deveríamos ter sabido aproveitar esse facto.
 
A 2ª parte foi mais dividida, porque não apresentámos uma pressão tão grande quanto na primeira, mas a nossa vitória nunca esteve em causa. Mesmo assim um remate de fora da área do David Neres obrigou o Bushchan a uma defesa a dois tempos. Com as substituições que serviram para fazer algumas poupanças, o nosso ritmo baixou consideravelmente e foram do Dínamo Kiev as melhores oportunidades até final, especialmente pelo Karavaev, porém o Vlachodimos voltou a demonstrar o quão pouco lógico é eventualmente estarmos a pensar num novo guarda-redes, com um trio de defesas que impediram que fôssemos para Lisboa com a vantagem mínima. No ataque, os substitutos não tomaram tão boas decisões quanto os titulares e, tirando uma cabeçada do Henrique Araújo num canto, não conseguimos criar muito perigo.
 
Em termos individuais, o Florentino foi um gigante no meio-campo, o Gilberto marcou um golo e penso que defende melhor do que o Bah (que entrou a meio da 2ª parte), o David Neres desequilibrou muito enquanto as pilhas duraram e o Gonçalo Ramos continua a molhar o bico. O Vlachodimos foi fundamental para manter a nossa baliza a zeros, o Enzo Fernández não sabe jogar mal e o João Mário melhorou imenso em relação ao Casa Pia. Menos bem, esteve o Morato com umas duas ou três perdas de bola em saídas a jogar, que poderiam ter sido comprometedoras, e o Yaremchuk que, entrando na 2ª parte, continua muito fora dela.
 
Numa boa decisão, até porque temos somente seis dias entre os dois jogos, adiámos a jornada do campeonato no fim-de-semana, para prepararmos melhor a 2ª mão. Temos tudo a nosso favor e teria de haver um resultado escandaloso na nossa própria casa para não nos qualificarmos. No entanto, nunca fiando e, como diz o Roger Schmidt, há que manter a concentração e não dar nada como garantido. Faltam somente 90’ para voltarmos à Liga dos Campeões.

quarta-feira, agosto 17, 2022

Difícil

Vencemos o Casa Pia em Leiria no passado sábado (1-0) e temos duas vitórias em dois jogos no campeonato. Depois de exibições bem conseguidas, chocámos de frente com o muro que é típico de muitas equipas do futebol português, de onze jogadores atrás da linha da bola, e sentimos enormes dificuldades para impormos o nosso futebol. Por outro lado, também me pareceu que a equipa acusou um pouco o esforço físico da sucessão de partidas.

Vicissitudes várias impediram de escrever sobre este encontro mais cedo, mas também não há muito para dizer sobre ele. Com o David Neres ainda fora da equipa, o golaço europeu valeu a titularidade do Diogo Gonçalves em vez do Chiquinho, mas a 1ª parte foi muito complicada, porque não conseguimos criar os desequilíbrios necessários para desorganizar a defesa do Casa Pia. Por isso mesmo, as oportunidades de golo rareavam e só um lance do Rafa com assistência para o Gonçalo Ramos é que esteve em vias de dar golo, mas um defesa contrário salvou perto da linha (embora me tenha parecido que a bola não entrasse). O Casa Pia só criava algum frisson com as arrancadas do Saviour Godwin, mas não chegaram para criar verdadeiro perigo para o Vlachodimos.

Para a 2ª parte, o Roger Schmidt trocou o apagado Gilberto pelo Bah e as coisas melhoraram um pouco. Aplicámos mais velocidade nas trocas de bola e começámos a criar mais perigo do que no primeiro tempo. No entanto, o Casa Pia aproveitou o nosso balanceamento atacante para também se acercar da nossa baliza. Felizmente, acabámos por marcar relativamente cedo (58’), numa jogada em que o João Mário abriu para o Rafa, que furou pela defesa contrária, centrou para a área e o Gonçalo Ramos antecipou-se a um defesa e depois desviou com mestria a bola do guarda-redes. Antes do golo, o Schmidt tinha duas substituições preparadas e manteve-as mesmo assim, tendo entrado o Yaremchuk e o Weigl para os lugares do Diogo Gonçalves e do amarelado Florentino (sim, porque isto com o sr. Tiago Martins nunca fiando...). A partir do golo, controlámos melhor o jogo, com o Casa Pia praticamente a nem se acercar do Vlachodimos e foram do Rafa as duas melhores chances até final, com dois remates perigosos de fora da área, mas a passarem ambos ao lado do poste. Mesmo em cima dos 90’, o sr. Tiago Martins não desiludiu e ainda conseguiu expulsar o Otamendi com um duplo amarelo, revelando uma dualidade de critérios gritante.

Em termos individuais, destaque para o Gonçalo Ramos pelo golo à ponta-de-lança e para o Rafa, porque foram dele as nossas jogadas de maior perigo. Quanto aos menos, o João Mário fez uma 1ª parte de fugir, mas depois acabou por estar no lance do golo, o Gilberto acusou algum cansaço e o Diogo Gonçalves também nunca será um David Neres.

Iremos agora saltar uma jornada do campeonato por causa do play-off da Champions, com a 1ª mão frente ao Dinamo Kiev já hoje à tarde. Muito do que será a nossa temporada passará por estes dois jogos. Estamos todos solidários com a Ucrânia, mas, como é óbvio, teremos de fazer aqui uma excepção.

quarta-feira, agosto 10, 2022

Fernando Chalana (1959-2022)

Nasceu num dia 10 (de Fevereiro) e partiu noutro dia 10 (de Agosto). Morreu hoje um dos mais geniais jogadores que tive o privilégio de ver com a camisola do Glorioso. Um jogador que faz parte das minhas primeiras memórias de infância e o primeiro 10 da minha vida. Foi com ele que aprendi que o nº 10, no futebol, é o número do craque da equipa. Quando era miúdo, tinha uma camisola branca do Benfica com o 10 nas costas. Tive uma grande tristeza quando o Bordéus o levou em 1984 e uma enorme alegria quando voltou três anos depois. Lembro-me, como se fosse hoje, da primeira finta que fez no jogo em que regressou, frente ao Salgueiros, em que o defesa-direito caiu(!) assim que o viu em direcção a ele. Foi um dos maiores de sempre e parte cedo demais. Descansa em paz, grande Chalana!


P.S. - Deixo aqui um post que fiz há uns anos, com alguns lances que exemplificam bem a genialidade que tivemos a oportunidade de assistir.

Tranquilo

Voltámos a vencer ontem o Midtjylland por 3-1 e qualificámo-nos para o play-off da Liga dos Campeões. Com a vantagem de 4-1 da 1ª mão, esperava-se que controlássemos bem o jogo, mas não deixássemos de tentar mais uma vitória, tão importante que é para o nosso ranking na UEFA. Mas o Benfica deste ano continua a dar mostras de que só tenta deixar de marcar golos quando o árbitro apita para o final, o que é uma melhoria significativa em relação ao que temos visto nos últimos anos.

Com a lesão do David Neres, entrou o Chiquinho para o seu lugar, mas de resto o Roger Schmidt manteve a mesma equipa que vem alinhando desde o início da pré-temporada. Entrámos concentrados, que era o que se pedia, mas sempre tendo em vista a baliza contrária. Aos 23’, começámos a fechar a eliminatória de vez, com um golo do Enzo Fernández a cruzamento do Gonçalo Ramos. A seguir ao golo, desconcentrámo-nos um bocado na defesa e os dinamarqueses só não marcaram graças a boas intervenções do Vlachodimos. Uma questão a rever para o futuro.

Para a 2ª parte, o Schmidt deixou, e bem, os amarelados Gonçalo Ramos (que cartão tão estúpido, a colocar-se em frente à bola num livre, já com o 1-0 a nosso favor; se falhar algum jogo europeu importante por acumulação de cartões, vai lembrar-se bem deste lance...!) e Rafa e fez entrar o Yaremchuk e Henrique Araújo. E o madeirense não precisou de muito tempo para molhar o bico, com um excelente cabeceamento aos 56’ a responder a um cruzamento do João Mário. Estava tudo decidido, mas os dinamarqueses reduziram para 1-2 aos 63’ numa recarga do Sisto a um cabeceamento ao poste de um colega. Apesar deste golo, o Midtjylland nunca esteve perto de igualar e fomos nós a fechar o resultado em 3-1 com um golão do entretanto entrado Diogo Gonçalves, num remate ao ângulo de fora da área. Em cima dos 90’, o VAR assinalou um fora-de-jogo, que impediu os dinamarqueses de chegarem à margem mínima que, a bem da verdade, não era merecida.

Em termos individuais, destaque para o Enzo Fernández: três jogos oficiais, três golos e isto num nº 8! Que saudades do Taarabt e dos seus dois golos em 129 jogos...! Também voltei a gostar imenso do Florentino, que está a construir uma dupla fantástica com o argentino. A defesa não esteve tão segura como habitualmente e teve algumas desconcentrações que não deveriam ter acontecido. O Henrique Araújo entrou muito bem e tem um faro de golo que não engana.

Iremos agora defrontar o Dinamo Kiev no play-off e não teremos jogo do campeonato a meio da eliminatória, pelo que se espera que estejamos fresquinhos para conseguir a tão desejada qualificação para a Liga dos Campeões. No entanto, antes disso, já neste sábado vamos apadrinhar o regresso do Casa Pia ao campeonato e só é pena que o jogo não seja em Pina Manique.

segunda-feira, agosto 08, 2022

Início goleador

Entrámos bem no campeonato na 6ª feira passada, com um triunfo por 4-0 frente ao Arouca. Apenas três dias depois da excelente exibição europeia, o Roger Schmidt apostou no mesmo onze e a resposta foi positiva, apesar de se perceber que a equipa não estava (nem podia estar) a 100% em termos físicos.
 
Perante um adversário que muitas vezes tinha quase 11 homens na grande-área, tivemos o condão de desbloquear muito cedo o jogo com o 1-0 a surgir logo aos 8’ numa cabeceamento fulgurante do Gilberto a centro do Grimaldo. Depois do golo, adoptámos uma postura mais calma e com menos correrias do que na 3ª feira passada, mas sempre a controlar bem o adversário e à espreita de uma falha que potencializasse um contra-ataque. Aos 34’, tivemos um contratempo com a lesão do João Mário, que o obrigou a ser substituído pelo Chiquinho. Do modo como a partida se estava a desenrolar, era muito importante que chegássemos ao intervalo com uma vantagem superior para que pudéssemos ter um segundo tempo relaxado, algo que acabou por acontecer a dobrar: aos 42’, o Rafa fez o 2-0 de cabeça(!), numa recarga vitoriosa a um cabeceamento ao poste do Gonçalo Ramos, e, em cima do intervalo, o Enzo Fernández fez o terceiro golo num remate de primeira à entrada da área, depois de um mau alívio adversário. Entre os dois golos, o Sr. Manuel Mota, alertado pelo VAR Vasco Santos, trocou um amarelo por um vermelho para um jogador que derrubou o Rafa, quando este ficaria em boa posição. Como o nosso jogador estava desviado para a esquerda, se calhar, eu não o teria expulso, mas de qualquer maneira o jogo já estava bastante a nosso favor com dois golos de vantagem.
 
Na 2ª parte, contra dez jogadores, a vitória estava mais do que decidido, mas mesmo assim jogámos sempre um futebol positivo e a tentar aumentar a vantagem. Algo que foi conseguido já muito perto do final (86’) com o bis do Rafa, assistido com um centro da direita pelo entretanto entrado Bah, desmarcado pelo também substituto Yaremchuk. Entretanto, o Roger Schmidt já tinha aproveitado para rodar um pouco a equipa, com as entradas do Weigl e do Bah, mas provavelmente devê-lo-ia ter feito um pouco mais cedo.
 
Em tempos individuais, destaque evidente para o Rafa com o seu bis e para a enorme alegria que está a exibir quando está em campo. O Enzó Fernández é uma delícia ver no meio-campo, bem secundado novamente pelo Florentino. A defesa não teve grande trabalho e o Gilberto e o Grimaldo aproveitaram para ter participação activa no primeiro golo.
 
Entrámos a ganhar no campeonato, algo que temos vindo a fazer com bastante regularidade desde há quase uma década. No entanto, amanhã teremos um compromisso bastante importante, que poderá definir muito da nossa época. Ainda por cima, dado que temos uma vantagem relativamente confortável, tudo o que não for a qualificação para o play-off será um revés de proporções bíblicas.

quinta-feira, agosto 04, 2022

Prometedor

Goleámos na 3ª feira o Midtjylland da Dinamarca na Luz (4-1) e estamos em muito boa posição para avançar para o play-off da Liga dos Campeões. Foi um jogo muito bem conseguido da nossa parte a dar sequência à pré-temporada vitoriosa que tivemos até então.
 
Em primeiro lugar (e até porque tinha falado nisso num texto anterior), quero dizer que acabei por não fazer um post de balanço da temporada anterior por manifesta falta de paciência. E desilusão com o que se tem passado no clube de há três anos para cá. Porque continuo à espera de que me expliquem o que se passou na 2ª volta de 2019/20, em que tínhamos sete pontos de avanço e conseguimos perder esse campeonato...! Continuo na minha de que, o descalabro que tem sido daí para cá, teve origem nessa altura. E nunca nada nos foi explicado sobre a razão para aquele estoiro, quando tínhamos tudo a nosso favor. Desde Agosto de 2019, faz agora três anos(!), que não ganhamos um título. Nem sequer estou a falar DO título (o grande objectivo todos os anos), mas NEM UMA mísera Taça da Liga temos para amostra. Além de que a política desportiva teve uma inversão de 180º neste período, com as consequências que estiveram à vista, e se passou o que passou em termos directivos. Uma enorme tristeza, para resumir.
 
Para esta temporada, voltámos a um treinador estrangeiro, o alemão Roger Schmidt e confesso que gostei logo do que vi naquele treino aberto que foi transmitido pela Benfica TV. Em especial, no facto de os jogadores estarem em constante pressão sobre os adversários para recuperarem a bola, ainda no meio-campo contrário. Algo que já não víamos há muito tempo e que, pelo que se tem visto até agora, se revela uma imagem de marca do Benfica deste ano. Nos jogos particulares que fizemos, aconteceu isto durante grande parte deles, para além de termos a equipa numa busca constante pelo golo. Demo-nos bem e conseguimos ganhá-los todos (3-0 ao Nice, 5-1 ao Fulham, 4-2 ao Girona e 3-2 ao Newcastle na Eusébio Cup; peço desculpa, mas jogos em que alinhamos com equipamento de treino e sem número na camisola – leia-se Reading – para mim não contam). É arriscado fazer esta pressão pelo espaço que fica nas nossas costas? Claro que sim. Estar sempre balanceados para a frente pode fazer com que soframos mais golos? Evidente. Mas dá muito mais gozo ver o Benfica jogar assim? OBVIAMENTE! Como me perguntou retoricamente por mensagem uma amiga minha no final deste jogo: “como é que se chama este desporto que o Benfica está a jogar...?”. Respondi-lhe, como é bom de calcular, “Futebol. Há já três anos que não o jogávamos.”
 
Para além destes pressupostos de jogo do Roger Schmidt que se vêem desde o início, há outra coisa que eu gostei nele até agora: mal ou bem, escolheu um onze e foi com esse que alinhámos de início em quase todos os jogos. Só com uma ou outra alteração. E foi esse onze que jogou contra os dinamarqueses. Não houve cá surpresas de última hora ou cartas tiradas do baralho. Apostou naqueles, jogou com eles. No entanto, nos primeiros cinco minutos foram os dinamarqueses a assumir o jogo, situação que foi rapidamente corrigida. Escudados num meio-campo em que o Florentino e o Enzo Fernández (que craque! Aproveitemos bem para desfrutar dele que para o ano já não vai cá estar...) se fartaram de recuperar bolas e lançar a equipa para a frente, e com um David Neres (felizmente parece que do Everton só herdou o número da camisola...) endiabrado, marcámos o primeiro golo aos 16’ num centro do Neres para entrada fulgurante de cabeça do Gonçalo Ramos. Situação que se repetiu, com os mesmos protagonistas, aos 33’. Em cima do intervalo, e à semelhança do que aconteceu nos jogos particulares, aparentemente voltámos a saber marcar cantos e o Enzo Fernández fez o 3-0 aos 40’ num remate de primeira, depois de um canto do João Mário.
 
Na 2ª parte, o Gonçalo Ramos completou o hat-trick aos 61’ numa assistência do Rafa, com um bom movimento à ponta-de-lança. Para além dos quatro golos, ficámos a dever-nos pelo menos outros tantos, com o Ramos com mais duas ou três chances, o Neres a tirar uma à barra e os entretanto entrados Henrique Araújo e Yaremchuk também a falharem os seus golitos. O que não estava no programa foi a entrada imprevidente do Morato aos 77’ a provocar um desnecessário penalty que o Sisto marcou à Panenka.
 
Em termos individuais, óbvio destaque para o Gonçalo Ramos com três golos, para o terror para os adversários que é o David Neres na direita, para a classe do Enzo Fernández e para o polvo Florentino no meio (com um jogador destes, formado no clube, no plantel, qual a necessidade de ter gastado dinheiro num Meïté no ano passado...?). Para além destes, o Gilberto está super-confiante, o Morato vai ser difícil perder o lugar e o Grimaldo até já acerta os livres todos na baliza.
 
Teremos já amanhã a estreia no campeonato frente ao Arouca em casa, para depois viajarmos à Dinamarca na próxima 3ª feira. Vai ser uma sucessão de jogos importantes neste mês de Agosto e a minha única dúvida é como a equipa irá reagir em termos físicos, dado que as segundas linhas não estão ao nível dos titulares. Veremos o que irá acontecer, mas até agora os sinais têm sido muito positivos.