Ao contrário dos últimos jogos, não entrámos nada bem na partida. Muito apáticos, sem velocidade, foi sem surpresa que o Paços chegou à vantagem aos 9’ pelo Phellype (urge um estudo aprofundado sobre a maneira como os brasileiros escrevem certos nomes...!): perda de bola do Grimaldo no nosso meio-campo (e sem fazer falta depois!), contra-ataque pela direita e remate de primeira do avançado na área, com a bola a entrar entre o Bruno Varela e o poste. A jogada é rápida, mas acho que o nosso guarda-redes deveria ter tido melhores reflexos. Apesar de o golo ter sido bastante cedo, nós não reagimos logo. Pelo contrário, revelámos grandes dificuldades em acercar-nos da grande-área contrária, com o Paços a fazer pressão logo à saída da nossa. E foi o Paços a criar mais perigo com um remate acrobático, em que o Phellype acertou mal na bola e outro lance do Rúben Micael (que continua o mesmo porco de sempre, acrescente-se) com um cruzamento a que felizmente ninguém chegou. Quanto a nós, só aos 35’ demos um ar de nossa graça, com um remate de trivela do Rafa e, em cima do intervalo, a única jogada de jeito do Cervi em todo o jogo culminou num centro teleguiado para o Jonas que, com a baliza escancarada, permitiu que a sua cabeçada fosse cortada por um defesa. Já na compensação (se os jogos se ganhassem pelas perdas de tempo, o Paços seria candidato a vencer a Liga dos Campeões), num canto, o remate do Pizzi foi interceptado por outro defesa.
A 2ª parte começou com outro grande falhanço do Jonas: grande jogada do Rafa na direita, remate defendido pelo guarda-redes com o pé, ressalto e o Jonas na pequena-área(!) acerta mal na bola, que bate num defesa e cai para as mãos do guarda-redes. Inacreditável! Com as dificuldades financeiras que passam quase todas as equipas da Liga, não sei porque é que o Paços não aproveitou para alugar o nosso meio-campo na 2ª parte: praticamente nem o pisou e faria de certeza um dinheirão. Nós pressionámo-los imenso, o que se intensificou com a entrada do Jiménez aos 59’ para o lugar do amarelado Zivkovic. Essa pressão deu frutos finalmente aos 72’ noutra grande jogada do Rafa pela direita, centro para o Jiménez, remate do mexicano que bateu no Jonas, este acabou por ganhar o ressalto e fuzilou o Defendi. O Rui Vitória apostou tudo perto do fim, com a entrada do Seferovic para o lugar do Grimaldo e aos 88’ chegámos finalmente à vantagem mais que merecida: bola bem ganha pelo Jiménez a um defesa, sobra para o Seferovic que centrou rasteiro com intenção (foi quase um passe) para entrada do Jonas e remate deste à meia-volta que surpreendeu o guarda-redes. Foi o delírio na Mata Real! O Sr. Fábio Veríssimo deu sete minutos de compensação, o que teoricamente beneficiaria o infractor de tantas perdas de tempo. O problema para o Paços foi que o Gian pisou o Jonas e viu obviamente o vermelho logo a seguir aos 90’. E aos 95’ o jogo ficou resolvido de vez com o 1-3 para nós: pontapé longo do Varela, o Jiménez desmarca o Rafa de cabeça que, sobre a direita, remata cruzado sem hipóteses para o guarda-redes. Grande golo!
Em termos individuais, temos uma estreia absoluta: Rafa! Foi o melhor em campo e fez de longe a melhor exibição de sempre com a camisola do Benfica (também não era preciso muito...). Comprometimento com o jogo, capacidade de luta, disputa de lances, velocidade e objectividade na altura de libertar a bola, esperemos que seja desta que comece a justificar os 16M€ que gastámos no seu passe. Com um bis, o Jonas também merece destaque, mas ficou a dever-nos um poker, porque falhou os dois golos mais fáceis de toda a carreira. Quanto aos outros, houve muito mais coração do que exibições de encher o olho, mas a 2ª parte avassaladora é mérito colectivo. Boas, e importantes, entradas do Jiménez e Seferovic.
Veremos o que faz a lagartada hoje à noite frente ao Moreirense, mas principalmente na próxima 6ª feira em Mordor. Era fundamental que, quando recebermos o CRAC em meados de Abril, estejamos no máximo à distância de uma vitória de os ultrapassar.
P.S. – Quão energúmeno se pode ser ao atirar tochas para o relvado na altura do golo do empate, fazendo atrasar o reinício do jogo, numa altura em que estávamos a sufocar o Paços?! Verificar que há criaturas que conseguem viver sem cérebro é algo que sempre me fascinou!