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domingo, fevereiro 22, 2015

Sabor diferente

Vencemos em Moreira de Cónegos por 3-1 e, na pior das hipóteses, iremos manter os quatro pontos de avanço, mas aguardemos pelo que o CRAC irá fazer no Bessa. Numa partida com várias vicissitudes e em que a expulsão de um adversário foi decisiva, acabou por ser uma vitória justa, apesar de o resultado poder esconder as dificuldades que tivemos.

Com o Samaris castigado e o Gaitán ainda lesionado (entrou o André Almeida para o meio-campo e manteve-se o Ola John no onze), nós até entrámos razoavelmente no jogo e atirámos a habitual bola ao poste logo aos 13’ pelo Jonas, num lance em que me pareceu que ele não tocou bem na bola, caso contrário teria feito golo. Criámos outras situações de perigo com um remate rasteiro do Lima ligeiramente ao lado e um grande lance do Pizzi a fazer passar a bola por cima de um defesa e rematar de pé esquerdo sem a deixar cair no chão, mas um pouco por cima. Além disso, íamos acumulando cantos, alguns deles com perigo, mas sem obrigarmos o Marafona a grandes defesas. No início do jogo, o Moreirense teve um remate cruzado perigoso, mas quando nada o faria prever adiantou-se no marcador aos 35’, numa perda de bola infantil do Salvio e o Pizzi a ver de cadeirinha o João Pedro rematar à vontade. Pouco depois, chegou o intervalo e na cabeça de muitos de nós terá pairado o fantasma de Paços…

Entrámos com mais vontade na 2ª parte e chegámos à igualdade aos 58’ através do Luisão, de cabeça, depois de um canto bem marcado pelo Pizzi. O lance que dá origem ao canto é uma simulação do Salvio, que até foi o último a tocar na bola. Sim, era pontapé de baliza, mas considerar um engano destes do fiscal-de-linha um crime lesa-pátria é ridículo. O mais difícil estava feito e tínhamos mais de meia-hora para marcar mais um. No entanto, aos 60’ o jogo ficou estragado com o sr. Jorge Ferreira a expulsar o André Simões por palavras. Os dois treinadores entraram em campo e acabaram também por ser os dois expulsos. Com mais um em campo, pusemo-nos em vantagem aos 66’ pelo Eliseu, num remate fora da área de pé direito, em que o guarda-redes foi mal batido. A partida ficou praticamente decidida, mas selámo-la em definitivo com o terceiro golo da autoria do Jonas, a dar a melhor sequência a um centro do Maxi. Até final, destaque para um remate de longe do recém-entrado Talisca com a bola a passar muito perto do poste.

Em termos individuais, não houve ninguém que se destacasse por aí além. Menção para o Luisão pela importância do primeiro golo e para o Pizzi, especialmente na 1ª parte, em que procurou sempre colocar a bola jogável nos companheiros. A ala esquerda (Eliseu e Ola John) esteve muito longe do que é exigível e na direita o Salvio continua a sua preocupante tendência para a complicação. O André Almeida cumpre, mas não é o Samaris.

Vamos lá falar do que interessa: vai contestar-se a decisão do canto em vez de pontapé de baliza, mas isso só é notícia porque… resultou em golo. São erros que acontecem frequentemente no futebol e portanto não me lixem! Quanto à expulsão, que obviamente nos facilitou a vida, há que relembrar que ela aconteceu já com 1-1 no marcador. No entanto, eu não gosto nada de estar no futebol sem perceber o que se passa. O que é o caso da expulsão por palavras em que nós, adeptos, nunca sabemos bem a razão. Acho que tudo deveria mais transparente, porque esta história de ficar ao critério do árbitro tem muito que se lhe diga: alguns são surdos e outros quase que exigem mais boas maneiras do que a Paula Bobone. O Miguel Leal, treinador do Moreirense, acabou por dizer que compreendia a expulsão, mas eu acho que seria muito mais fácil se se decidisse das duas uma: ou bocas ao árbitro são sempre amarelo e nunca vermelho; ou então, nos casos de expulsão, seriam tornadas públicas as palavras que levaram a tal. Facilita muito as coisas e acabaria com muita suspeição que inevitavelmente surge.

Como eu não tenho (felizmente) a falta de vergonha na cara dos adeptos do CRAC, não tenho problema nenhum em dizer que não gosto de ganhar desta maneira. Não sabendo o que levou à expulsão do jogador do Moreirense, não sei se foi justa ou não e portanto ter o critério do árbitro a nosso (aparente) favor é algo que me deixa desconfortável. Razão pela qual não festejei esta vitória com a exuberância que ela merecia. Mas ganhámos e isso é o mais importante de tudo nesta fase, para podermos recuperar a confiança nos jogos fora, depois duas saídas consecutivas em que não vencemos.

segunda-feira, fevereiro 16, 2015

Fácil

Vencemos o V. Setúbal novamente por 3-0 e, mantendo a distância de quatro pontos para os assumidamente corruptos, alargámos para nove em relação à lagartada, que foi empatar ao Restelo com um golo aos… 94’ (espero que não tenham festejado, já que nos recriminaram tanto por o termos feito na semana passada).

Quando o jogador do momento – o grande Jardel – inaugurou de cabeça o marcador aos 9’ na sequência de um canto bem marcado pelo Pizzi, fiquei logo mais descansado. Pelo que se viu na 4ª feira, o V. Setúbal muito dificilmente teria capacidade para nos criar problemas estando nós em vantagem. E só o fez por uma única vez, num livre para a área, quando um avançado deles com a mão(!) proporcionou ao Artur uma intervenção de recurso. Ainda sem o Gaitán, mas desta vez com o Ola John em melhor plano, fomos criando algumas oportunidades pelo Salvio (de cabeça), pelo Maxi (que embateu no peito de um defesa sobre a linha) e pelo Luisão (também de cabeça). Aos 40’, praticamente sentenciámos a partida ao fazer o 2-0 pelo Lima, num bom remate de primeira de pé esquerdo, depois de uma assistência do Ola John na esquerda. Os jogadores adversários protestaram empurrão do Ola John na jogada, mas, apesar de ele colocar o braço para ganhar o lance, é a velha questão da intensidade. Acho que o defesa, se quisesse, poderia não ter caído e, além disso, ele nem vai logo reclamar com o árbitro.

Se na 1ª parte o V. Setúbal ainda teve uns quantos remates fora da área para testar o Artur, que os defendeu a todos sem dificuldades de maior, na 2ª praticamente não existiu em termos atacantes. Quanto a nós, o Lima foi tentando o bis por algumas vezes, o Luisão teve um chapéu que saiu ligeiramente por cima e o Jonas estava em dia não no capítulo de rematar à baliza. Faltava um golo para a tranquilidade absoluta e ele surgiu aos 71’ num roubo de bola do Salvio para assistir o Lima de cabeça. Boa rotação de cabeça do brasileiro a fazer lembrar o Rui Águas e o João V. Pinto. Estava tudo decidido e o Jesus resolveu dar minutos ao Gonçalo Guedes e ao Ruben Amorim. Até final, o guardião adversário, Ricardo Baptista, fez uma defesa incrível com o pé a um remate do Jonas que tinha sido desviado por um defesa.

Em termos individuais, destaque óbvio para o Lima com dois golos e também para o Pizzi. Gostei bastante dele, com muita qualidade no passe e boas desmarcações para os companheiros, o que é especialmente importante nesta altura, em que o Talisca começa a acusar o facto de estar há um ano consecutivo a jogar. O Salvio na direita melhorou em relação a jogos anteriores, assim como o Ola John na esquerda, que parece inclusive mais magro. Outro que está em nítida subida de forma é o Samaris, mas levou um amarelo e não vai jogar em Moreira de Cónegos. Palavra igualmente para o Jardel, que atravesse indubitavelmente o melhor período desde que chegou ao Benfica.

Esta exibição do V. Setúbal, à semelhança da do Boavista há duas semanas, por exemplo, prova que há equipas a mais na I Liga. E falo destas duas para nem referir o Penafiel, Gil Vicente e Académica, que estão em posição de descida. Dão pouca réplica e assim que sofrem um golo o jogo poderia acabar logo aí.

Como infelizmente vamos ver a Europa do sofá durante esta semana, resta-nos esperar que esses jogos façam mossa nos nossos adversários. É que era muito bom podermos voltar a ter a margem de distância que já tivemos.

quinta-feira, fevereiro 12, 2015

Expectável

Vencemos o V. Setúbal por 3-0 e pela sexta vez em oito edições iremos marcar presença na final da Taça da Liga. Naturalmente que espero que consigamos o sexto troféu, porque mantermo-nos invictos numa final de uma prova oficial fica sempre no historial (tivéssemos conseguido isso nas provas europeias… ui, ui…).

O Jesus arriscou bastante ao colocar em campo apenas quatro titulares de Alvalade e foi sem surpresa que se viu o V. Setúbal, com os habituais titulares, a entrar melhor no jogo. Uma fífia do Eliseu logo no início só não os colocou em vantagem, porque o Lisandro López cortou de carrinho uma bola que ia directa para a baliza. Sem muita velocidade no aspecto ofensivo, o nosso jogo arrastava-se bastante, até porque o adversário fechava-se bem na defesa. Tirando duas desmarcações do Gonçalo Guedes culminadas com remates ao lado, não estávamos a criar grandes oportunidades até que aos 41’ um passe do Pizzi isolou o miúdo que foi puxado por um defesa dentro da área. Penalty indiscutível e óbvia expulsão. O Talisca atirou para o lado contrário do guarda-redes e inaugurou o marcador. Se com a dupla vantagem no marcador e nos homens em campo, as coisas estavam bem encaminhadas, com o segundo penalty aos 45’ ficaram praticamente resolvidas: roubo de bola do Cristante perto da área adversária, passe para o Talisca e este foi nitidamente derrubado por trás quando se preparava para rematar. Depois de alguma indecisão, acabou por ser o Pizzi a marcar o penalty, com um bom remate a meia altura para o lado contrário do guarda-redes. Um penalty como eu gosto: indefensável, mesmo que o guarda-redes tivesse acertado no lado.

Na 2ª parte, o Jesus resolveu tirar o Cristante e colocar o Jonas. Contra dez, um meio-campo com Pizzi e Talisca era suficiente, mas confesso que tenho sempre medo destas substituições em que entram titulares com o jogo praticamente resolvido. Parece-me sempre escusado e um risco desnecessário. A 2ª parte teve sentido único, mesmo que nunca acelerássemos muito o ritmo. Um grande remate de fora da área do Gonçalo Guedes só não deu um dos golos do ano, porque a bola foi à barra. Pouco antes de hora de jogo, o Jesus colocou o Salvio e tirou o miúdo. Com o Gaitán e o Sulejmani ainda magoados, achei novamente uma substituição escusada, ainda por cima porque se prevê que o Ola John jogue no domingo (poderia ter sido ele a sair) e o Gonçalo Guedes estava a ganhar confiança com a bola na barra. Aos 73’, demos a estocada final com um bom lance do Ola John, que encontrou o Jonas sozinho na área para este enganar o guarda-redes. O brasileiro marcou em todos os quatro jogos desta competição. Logo a seguir, o Jesus promoveu a entrada do Ruben Amorim, aplaudidíssimo, depois do calvário de quase seis meses lesionado. Nas poucas vezes em que tocou na bola, ela saiu sempre mais redonda do seu pé.

Em termos individuais, não houve ninguém que sobressaísse muito. O nível global foi razoável, gostei do Ola John, especialmente depois de ter estado horrível no WC (também pior era impossível…), o Gonçalo Guedes ainda precisa de crescer muito, mas é bem possível que dê alguma coisa, o Talisca melhorou imenso quando recuou na 2ª parte para o meio-campo e o Pizzi tem a virtude de nunca se esconder do jogo, mesmo quando as coisas não lhe saem bem. Destaque igualmente para o Lisandro, com um corte magnífico a evitar ficarmos em desvantagem logo no início. Aliás, se o argentino tiver a paciência que o Jardel teve enquanto o Garay fazia parte do plantel, pode ser o substituto natural do Luisão quando este arrumar as botas.

Enquanto os outros dois rivais não a ganharem, é natural que continuem a desdenhar esta taça. Cabe-nos a nós assegurar que isto continue assim pelo menos mais um ano. Foquemo-nos agora no campeonato e na nova sessão com o V. Setúbal no próximo domingo, que esperemos tenha um desfecho semelhante.

terça-feira, fevereiro 10, 2015

Delirium lacerta

Se o derby não foi muito bem jogado e só teve emoção nos últimos sete minutos, o que se passou à volta dele merece realce por si só. Já se sabe que está cientificamente provado que nunca ninguém aprendeu nada a discutir bola com um lagarto. Porque aquelas criaturas vivem numa dimensão paralela cuja semelhança com a realidade anda aproximadamente ao nível do… zero. Como prova o facto de todos eles terem visto um jogo que… não aconteceu!

Ainda só ouvi lagartos dizerem que “massacraram” o Benfica, que o resultado foi “muito injusto”, que tiveram “muito mais oportunidades” de golo, que o Artur fez uma série de “defesas de golo” e foi o “melhor em campo”, etc. Eu sei que é escusado mostrar a realidade a um lagarto, porque vivendo eles num mundo paralelo, nunca a conseguirão ver, mas for the record: 1) o Artur fez uma grande defesa na primeira das duas únicas oportunidades de golo que tiveram (não conto a defesa ao remate anterior ao golo, porque ele aconteceu na recarga); 2) dez cantos que não criaram perigo e maior posse de bola não é “massacre”, porque, lá está, há aquelas coisas que se chamam balizas nas quais é preciso tentar meter a bola…; 3) dois remates perigosos à baliza, um golo, não é assim “muito mais oportunidades” do que um remate, um golo. Quanto à “injustiça” do resultado, estamos conversados.

Outra crítica que se ouve é que o Benfica parecia o Arouca, a jogar para o empate. E que só criou um lance de perigo. E que marcou um golo fortuito. Isto vindo de adeptos do clube que esteve sete(!) anos sem marcar um golo na Luz. Repito: sete anos! Nenhuma outra equipa da I Liga esteve este tempo todo em branco na Luz. Nem o Arouca. Foram avalanches atacantes nesses sete anos, que nem vos digo nada… É como diz o Nuno Aleixo, quando é o Mourinho a jogar com o Inter em Barcelona ou com o Pepe a trinco também frente ao Barça, ou o Simeone a conseguir fechar os caminhos da sua baliza ao Real Madrid, são ambos génios da táctica. Quando é o Jesus e o Benfica, já é péssimo. Porque o Benfica deveria é jogar à maluca e golear no WC. Mas mesmo assim, é como comentou o meu amigo F.S.C., “sim, foi um Benfica mauzinho; sim, foi um bom Esportem. Conclusão: um mau Benfica chegou para um bom Esportem”. O que o jogo revelou foi que o Jesus está perfeitamente consciente de que este nosso plantel é possivelmente o mais fraco de todos os que teve e há que saber adaptar-se a isso para continuar a conseguir bons resultados. E que, se não se pode ganhar no WC, ao menos que não se perca. Para este peditório do “não jogam nada”, eu recuso-me a dar: como se nós não tivéssemos sido DE LONGE a equipa que melhor futebol jogou nas duas épocas em que perdemos o campeonato para o Vítor Pereira. E isso não nos valeu de nada! Prefiro obviamente o pragmatismo deste ano.

Pelo que se vai lendo e ouvindo por aí, só tenho pena é de não ter acções da farmacêutica do Kompensan, porque iria ficar rico por estes dias. A lagartada está muito desalentada por terem perdido aos 94’ a possibilidade de… ficar a quatro pontos(!) do 1º lugar. Como se nós não tivéssemos perdido muito recentemente um campeonato e uma Liga Europa aos 92’ e com quatro dias de intervalo! Esqueçam… “vocês sabem lá”!

A lagartada está sempre a dizer que é um “clube diferente”, mas depois o speaker do estádio não anuncia a equipa do Benfica e quando diz o resultado refere-se ao Benfica como “visitante”. Não me parece que seja muito “diferente” do que se passa em Mordor (ou em Braga). Revela apenas tacanhez e mediocridade. Por outro lado, a noção do ridículo é algo que não lhes assiste (como diria o outro): antes do jogo, pediu-se uma “grande ovação” para os campeões nacionais de 81/82 que subiram ao relvado! Foi o delírio… na nossa bancada! Aplausos e vivas com fartura! Eu até percebia se subisse ao relvado um jogador ou se fosse o próprio dia em que tivessem ganho aquele campeonato, mas agora a equipa toda só porque iam jogar contra o Benfica… por favor! Eu sei que estamos a falar de um clube que detém o recorde de estar 18 anos sem ganhar um campeonato, cuja nova série já vai em 12 e que nos últimos 32 anos ganhou… dois(!), mas mesmo assim um bocadinho de noção do ridículo não lhes ficaria mal. Falta de noção do ridículo igualmente com a enésima entrevista do speaker ao Manuel Fernandes para falar de um resultado numa época em que o Benfica… ganhou a dobradinha! Enfim, cada clube tem os títulos que merece.

Mas de uma coisa pode a lagartada estar tremendamente orgulhosa e ter motivos para festejar efusivamente: é que é a primeira vez nas últimas sete(!) épocas que não vão perder uma única vez com o Benfica. Mais um título para o museu!

P.S. – Como de costume, houve adeptos do Benfica que entraram com o encontro a decorrer e eu vi uma série de lagartos a sentarem-se no seu lugar aos 27’ de jogo! Não resolvam o problema das entradas naquele estádio que não é preciso…

[Post publicado em simultâneo com a Tertúlia Benfiquista.]

segunda-feira, fevereiro 09, 2015

Motivador

Empatámos no WC (1-1) e mantivemos a distância para a lagartada (sete pontos), enquanto temos agora o CRAC a quatro pontos de distância (que deveriam ser sete, mas enfim…). O empate na casa de um concorrente directo para o título não é a priori um mau resultado, mas o modo como este foi obtido (aos 94’ depois de sofrer o golo aos 87’) pode dar-nos a motivação extra que necessitamos para conseguir gerir esta diferença pontual até ao fim do campeonato. Devido a estas circunstâncias, aquele golo do Jardel foi um dos que melhor me soube festejar no WC.

Já se sabia que não tínhamos Júlio César e acabámos por não ter igualmente o Gaitán, pelo que não ia nada confiante para o jogo. O Jesus resolveu (e muito bem) colocar o André Almeida a meio-campo (ele que já aí tinha jogado na 1ª volta) em detrimento do Talisca e revelámos uma segurança defensiva de assinalar. Aliás, à semelhança da segurança da defesa da lagartada, o que fez com que o jogo, apesar de bem disputado, não tivesse sido nada de especial, com poucas situações de perigo. Entrámos melhor na 1ª parte, com uns bons 20’, mas sem criar verdadeiras oportunidades, e a lagartada esteve melhor na 2ª, mas o Artur só fez uma defesa difícil num cabeceamento do Carrillo. Antes disso, o André Almeida tinha isolado o Jonas, mas esteve preferiu passar ao Lima (que acabou desarmado) em vez de rematar, quando só tinha o Rui Patrício pela frente. Uma péssima intervenção do Samaris isolou o João Mário, que proporcionou uma boa defesa ao Artur, mas na recarga o Jefferson atirou em arco e bateu o nosso guarda-redes. Estávamos no minuto 87 e era um balde de água fria enorme, porque nenhuma equipa estava a merecer ganhar este jogo. O sr. Jorge Sousa (não esteve mal, mas o critério das faltas na 2ª parte fê-lo inclinar um pouco o campo; e não foi a nosso favor, mas pronto…) deu quatro minutos de compensação e foi no último desses minutos que, numa jogada de insistência depois de um lançamento lateral, o Pizzi fez um balão para a área, o Jonas dominou bem a bola, mas o Jefferson ao cortá-la assistiu primorosamente o Jardel, que rematou de primeira, rasteiro, fazendo um grande golo (com um golo e uma assistência, o Jefferson foi o melhor em campo…! :-). Foi o delírio no nosso sector! Como já disse, foi dos golos que mais celebrei no WC. Por tudo o que ele representa: não só fez com que se tivesse que alagar as portas do estádio, para os melões em que se transformaram instantaneamente as cabeças dos lagartos passarem, como principalmente porque lhes torna a vida muito complicada no que toca ao título e nos faz ainda ter a margem de segurança de uma derrota ou dois empates em relação ao CRAC. Veremos no final, mas se formos campeões este pontinho será um dos momentos-chave na época.

Destaque individual ÓBVIO para o Jardel! Golo importantíssimo, mas não só. Esteve irrepreensível a defender, sempre muito concentrado, e na 1ª parte pareceu-me que deslocou o polegar, a equipa médica entrou, o Eliseu pediu a substituição, mas o homem levantou-se pouco depois e quis continuar a jogar. Que raça! Por mim, pode fazer o resto da carreira toda no Benfica, porque compensa com querer e vontade as limitações que tem. Está sempre disponível, nunca faz grandes ondas e globalmente cumpre sempre que entra. O mesmo é válido para o André Almeida. Jogo também muito bom naquela missão sempre difícil que é correr atrás dos adversários. É importante que estas segundas linhas (jogadores que sabem que nunca serão titulares indiscutíveis) do plantel tenham este tipo de atitude e sintam a camisola. E, quantos mais anos de Glorioso, melhor. O Samaris estava a ser provavelmente o melhor do Benfica, mas aquele atraso (ou lá o que foi aquilo…) aos 87’ não lembra ao diabo! O Maxi meteu literalmente o Nani no bolso e, citando o João Bizarro, pode renovar até 2045 com mais um ano de opção. O Jonas fez uma 1ª parte tecnicamente muito boa, teve acção preponderante no golo, só foi pena não ter acertado com a baliza nos dois remates de fora da área que fez. Ah, e ter resolvido passar ao Lima, quando deveria ter rematado naquele lance… Luisão imperial, como habitualmente, nos grande jogos e uma palavra para o Artur, que não comprometeu. O que já me satisfaz plenamente. Pela negativa, acima de todos os outros, o Ola John. Meu rico Gaitán! Com ele em campo, duvido que não tivéssemos ganho. Houve pelo menos uns três lances de um para um na 1ª parte em que o holandês não conseguiu passar por um lagarto e o argentino chamar-lhes-ia um figo. Já se sabe: se as primeiras duas ou três intervenções não lhe saem bem, nunca mais faz nada o jogo inteiro. Outro que esteve muito sofrível foi o Eliseu. Aliás, a nossa ala esquerda… valha-me Eusébio!

O post já vai longo, pelo que as considerações acerca de todo o circo que se montou principalmente depois do jogo ficam para um próximo texto. Onde também será abordada a questão de este clube pequenino estar cada vez mais ridículo, triste e patético. Quanto a nós, concentração para as próximas jornadas é tudo o que se pede. Faltam 14 jogos com oito em casa e seis fora. Teoricamente, as saídas que nos restam (Moreirense, Arouca, Rio Ave, Belenenses, Gil Vicente e Guimarães) não são muito complicadas, exceptuando talvez Guimarães, mas que é só na penúltima jornada. Temos tudo a nosso favor. Saibamo-lo aproveitar.

domingo, fevereiro 01, 2015

Agridoce

Vencemos tranquilamente o Boavista por 3-0, mas o jogo fica marcado pela lesão muscular do Júlio César que o vai certamente afastar dos relvados durante umas semanas, impedindo-o assim de ir ao WC para a semana. Por isso, saí da Luz quase tão chateado como se não tivéssemos ganho (eu disse “quase”…!).

Com o Talisca (em risco por causa dos amarelos) no banco e o Gaitán a recuperar para a lagartada, assim que a partida se iniciou percebeu-se logo o que iria acontecer: o Boavista concentrava os seus 11 jogadores a meio do seu meio-campo. É que nem era na linha divisória! Ficou muito claro que a grande questão seria conseguir furar aquela dupla muralha e marcar o primeiro golo. Algo que estivemos por duas vezes muito perto de conseguir, mas o Ola John e o Salvio, ambos só com o guarda-redes pela frente(!), não acertaram na baliza. Apesar da concentração na zona defensiva, conseguíamos encontrar espaços e criar perigo, e foi com naturalidade que aos 23’ inaugurámos o marcador numa excelente assistência em chapéu do Maxi para o Lima de cabeça fazer também um chapéu por cima do Mika. Dez minutos depois, tudo ficou praticamente decidido com o 2-0 através do Maxi na sequência de um canto: remate com o pé esquerdo, que ainda fez a bola desviar num defesa. Até ao intervalo, ficámos a dever-nos mais dois golos, com o Salvio, novamente isolado(!), a atirar ao lado e um centro da esquerda do Ola John que o Lima não conseguiu desviar.

Na 2ª parte, não baixámos o ritmo até marcar o terceiro e acabar com imponderáveis, que às vezes surgem aos pares. O Luisão teve uma boa chance, mas o Mika defendeu e aos 55’ o Samaris teve uma iniciativa a lembrar o Enzo: foi rompendo pelo meio de vários adversários até ser derrubado à entrada da área. O sr. Hugo Miguel, mal, assinalou penalty. Mas antes que as virgens ofendidas venham dizer alguma coisa, há que referir que este mesmo sr. Hugo Miguel já não tinha assinalado um empurrão ao Lima dentro da área antes deste lance, como também não sancionou na parte final uma clara rasteira ao mesmo Lima. Entre o deve e o haver dos penalties, perdemos por 2-1. O Jonas pegou na bola e atirou rasteiro para o lado contrário do guarda-redes. Até final, tivemos mais uma série de ocasiões para dilatar o marcador e o jogo poderia ter terminado com números históricos. Na nossa baliza, só uma cabeçada num livre fez com que o Júlio César brilhasse. O Jesus fez entrar o Talisca (achei um disparate arriscar, mas pronto) e aproveitou para dar mais minutos ao Gonçalo Guedes, que se revelou menos nervoso do que das outras duas vezes e teve um par de intervenções interessantes. Mas a pior notícia da noite (e das próxima semanas) surgiu a pouco mais de 10’ do fim, quando o Júlio César fez um sprint para impedir um inexistente canto (era pontapé de baliza) e ficou agarrado à coxa de tal maneira que teve que vir o carro-maca para o tirar de campo. Fiquei pior que estragado e perdi (quase) toda a satisfação que estava a ter pelo resultado! Vai ser uma baixa muito importante para ir à lagartada e nenhum de nós se esqueceu ainda do jogo da 1ª volta, pois não? Felizmente que o Jesus ainda não tinha feito as três substituições e pode entrar o Artur.

Em termos individuais, destaque óbvio para o Maxi: uma assistência, um golo e a entrega habitual. Aguarda-se com ansiedade a notícia da sua renovação o mais breve possível. O Salvio criou muito jogo, mas esteve desastrado na finalização. Também gostei do Pizzi, com pormenores interessantes. E o Ola John, com confiança, parece logo outro jogador.

Lamento ter que dizer isto, até porque gosto muito do Petit, mas não percebo o que é que equipas como o Boavista estão a fazer na I Liga. Mal passam do meio-campo, limitam-se a defender e demonstram falhas incríveis em lances básicos, como passes laterais. E o mais preocupante é que nem está em posição de descida. Quiseram passar uma esponja no “Apito Dourado” e fazê-lo subir de novo, tudo bem (tudo mal, mas enfim…), mas na época seguinte deveriam obviamente descer quatro equipas para voltarmos a ter um campeonato com 16. É que até deveriam ser menos clubes. Jogos como o de ontem são pouco mais que treinos.