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segunda-feira, maio 29, 2023

38

Vencemos o Santa Clara no sábado na Luz por 3-0 e conquistámos o nosso 38º título de campeão nacional. Conseguimos o mais importante, sem dúvida, que era quebrar o ciclo de quatro anos sem sermos campeões e, pior do que isso, três anos e meio sem qualquer título, mas terminá-la na última jornada e com apenas dois pontos de avanço sobre o segundo classificado, depois de uma temporada em que nos exibimos a grande nível durante grande parte dela, acaba por deixar um ligeiro travo amargo. Merecíamos ter festejado bem mais cedo. Confesso que o sentimento de alívio quase iguala a alegria que sinto.
 
Com o Bah de regresso à titularidade e do Aursnes ao meio-campo, o Roger Schmidt mostrou o seu conservadorismo colocando o David Neres no banco e mantendo o João Mário na equipa titular. No entanto, entrámos bastante fortes e foi muito importante inaugurarmos o marcador logo aos 7’ numa cabeçada do Gonçalo Ramos a centro na direta do Bah. Tirávamos uma pedra de cima muito cedo, o que ajudou a equipa a descomprimir. O Santa Clara, já despromovido, jogava sem pressão, mas raramente criava perigo para o Vlachodimos e foi até num livre para a nossa área que fizemos o 2-0 aos 28’: contra-ataque magnífico conduzido entre o João Mário e o Rafa, com assistência daquele para este rematar com a bola ainda a desviar num defesa, enganando o guarda-redes. Em cima do intervalo, um remate de fora da área do defesa-esquerdo MT foi a única ocasião em que o Vlachodimos teve trabalho na etapa inicial
 
A 2ª parte seguiu a tendência da primeira, connosco a controlar completamente o jogo, mas sem acelerar muito. Aos 60’, se dúvidas houvesse, ficaram de vez dissipadas com o 3-0 num penalty a castigar mão na bola (de uma maneira tão evidente que é incrível que tivesse de ser o VAR a assinalar...): o João Mário deixou que fosse o Grimaldo a marcar e o espanhol não rematou nada bem, foi à figura, o guarda-redes ia defendendo, mas felizmente a bola acabou por entrar. Com a partida decidida, fomos fazendo substituições, mas o ritmo manteve-se baixo, tendo o Vlachodimos conseguido manter as redes invioladas com um par de defesas atentas. O jogo não terminaria sem o Samuel Soares entrar para ser igualmente campeão.
 
Em termos individuais, o João Neves terá sido novamente o melhor, bem secundado pelo João Mário, que, depois de um par de meses completamente fora dela, voltou a estar em bom plano no último jogo da época. O Aursnes também esteve no seu nível habitual e, ao contrário de Portimão, gostei do Morato no lugar do castigado António Silva. O Rafa e o Gonçalo Ramos marcaram cada um o seu golito, mas nota-se o cansaço em ambos de uma época desgastante.
 
O mérito deste título é em grande medida do Roger Schmidt. Mudou a mentalidade da equipa e a nossa forma de jogar, praticámos um futebol entusiasmante durante a maior parte do ano, em que só parávamos de tentar marcar golos quando o árbitro apitava. O balanço é altamente positivo. Cometeu os seus erros, é um facto, sendo o conservadorismo nas substituições e o espremer sempre os mesmos possivelmente os maiores, mas sem ele não haveria 38 e não teríamos chegado a sonhar irmos mais longe na Champions. Faltaram opções mais robustas para rodar mais a equipa na fase crítica da temporada, mas esperemos que a nova época as traga.
 
SOMOS CAMPEÕES! VIVA O BENFICA!
 
P.S. – Apenas um reparo à entrega da taça de campeão no estádio: deixar o público 1h30(!) à espera depois do final do jogo foi uma enorme falta de respeito! Nunca no passado isto aconteceu e é uma situação a rever no futuro. Depois da entrega da taça no relvado, podem dar as entrevistas e fazer as fotos todas que quiserem, mas, por favor, não nos voltem a obrigar ter de passar por uma seca semelhante! Obrigado.

segunda-feira, maio 22, 2023

Bipolar

Empatámos ontem no WC (2-2) e desperdiçámos a oportunidade de nos sagrarmos já campeões nacionais. Temos agora apenas dois pontos de vantagem perante o CRAC, que ganhou na véspera em Famalicão por 4-2, numa partida em que o Sr. Fábio Veríssimo assinalou três penalties(!) a favor deles, o que deverá constituir certamente recorde mundial. É a terceira vez no meu tempo de vida em que podemos ser campeões em casa dos rivais e é a terceira vez que falhamos...
 
O Roger Schmidt só fez uma alteração na equipa em relação a Portimão, com o previsível regresso do capitão Otamendi, mas isso acabou por ser um erro evidente. Com o devido respeito, a lagartada não é o Portimonense e não era preciso ser um adivinho para prever que, continuar com o Aursnes a defesa-direito e sem o tampão Florentino no meio-campo, iria dar enormes problemas. Como deu durante a 1ª parte toda, em que voltámos a levar um banho de bola da lagartada. Só tivemos uma ocasião de golo, com uma cabeçada do Rafa por cima, quando só tinha o guarda-redes Franco Israel pela frente. Do outro lado, o Pedro Gonçalves encarnou o Bryan Ruiz e falhou inacreditavelmente um golo feito, o Vlachodimos defendeu bem um remate do Esgaio, e sofremos dois golos aos 39’ e 44’ pelo Trincão, num lance em que o António Silva falhou a intercepção e o Trincão ainda teve tempo de fazer a recarga ao seu próprio remate(!), e Diomande, num cabeceamento num canto. Fomos para o intervalo em muito maus lençóis.
 
Para a 2ª parte, o Schmidt tirou o inexistente (há já várias jornadas, acrescente-se...) João Mário e colocou o Bah, avançando o Aursnes para o meio-campo. Transformámo-nos da noite para o dia. Dominámos completamente os segundos 45’ e, com o passar do tempo, fomos remetendo a lagartada cada vez mais para o seu meio-campo. Um remate do Aursnes à entrada da área logo no reinício foi bem defendido pelo guarda-redes e o mesmo Aursnes não chegou por muito pouco a um centro largo do Grimaldo na esquerda. Entre estes dois lances, houve outro em que o Bah caiu na área depois de o Nuno Santos lhe tocar nas costas. Para mim, não é penalty, mas, se fosse a favor do CRAC, em cada 10 lances semelhantes, seriam marcados 11 penalties...! Estávamos por cima, mas sem grande poder de fogo na frente, razão pela qual o Schmdit trocou o Rafa e Gonçalo Ramos pelo Gonçalo Guedes e Musa, e o croata deve uma arrancada pouco depois de entrar, desde o meio-campo até à área, que culminou com um remate cruzado de pé esquerdo que o guarda-redes desviou com a ponta dos dedos. Aos 71’, reduzimos finalmente o marcador para 1-2 numa boa cabeçada do Aursnes a cruzamento do Grimaldo. A lagartada teve duas hipóteses em contra-ataque, mas o remate do Morita saiu por cima e o Vlachodimos defendeu perante o Paulino isolado. Até que, já em tempo de compensação, aos 93’, veio o desejado golo do empate: livre a nosso favor, bola bombeada para a área, cabeçada do Musa para trás, confusão, com o Florentino (que tinha substituído o Chiquinho) a ganhar bola, que sobrou para um primeiro remate do João Neves que foi interceptado, mas na recarga não perdoou! Foi o delírio na nossa bancada! Não dava para sermos já campeões, mas não perder este jogo era muito importante para o nosso ego e moral.
 
Em termos individuais, e baseando a análise essencialmente na 2ª parte, o Aursnes foi dos melhores e não só pelo golo que marcou, sendo incompreensível como é que o Schmidt ainda insiste no João Mário na sua actual forma. O João Neves, depois de uma 1ª parte muito apagada, subiu imenso na 2ª e o Grimaldo conduziu muito jogo pela esquerda, sendo dele o centro para o primeiro golo. O Chiquinho esteve mais discreto do que em jogos anteriores, assim como o David Neres, e não foi por acaso que, para o o nosso pressing final, a entrada do Florentino tenha contribuído de sobremaneira. Os dois da frente (Rafa e Ramos) participaram muito pouco do jogo e a equipa melhorou bastante com as substituições. Pode ser que o Roger Schmidt esteja a aprender finalmente a fazê-las...
 
Na última jornada, iremos receber o já despromovido Santa Clara na Luz e, apesar de termos 11 golos de vantagem no confronto directo com o CRAC, nunca se sabe quantos penalties serão marcados em Mordor frente ao V. Guimarães e, portanto, é mesmo melhor ganharmos o nosso. Além de que, perante o que fizemos em boa parte deste campeonato, seria inacreditável sermos campeões em igualdade pontual com o segundo classificado. De qualquer forma, nenhum jogo está ganho antes de ser jogado. No entanto, se porventura não formos campeões, isso fará com que o trauma Kelvin se torne uma brincadeira de crianças...

sexta-feira, maio 19, 2023

BI on Tour - Já cheira a título, a caminhada europeia e o derby decisivo

No passado domingo de manhã, tive o prazer de estar à conversa com os meus amigos Nuno Picado, Bakero e João Tibério do Benfica Independente sobre a vitória em Portimão, a ida ao WC e o que se espera desta fase final da temporada. Enjoy!

terça-feira, maio 16, 2023

Amasso

Vencemos em Portimão no sábado por 5-1 e conseguimos o que era fundamental, que era ir ao WC na penúltima jornada com quatro pontos de vantagem (o CRAC ganhou em Mordor 2-1 aos 92’ ao Casa Pia no domingo). Deste modo, não iremos enfrentar um adversário que disputaria a sua própria final da Champions, se por acaso tivesse oportunidade de nos afastar do 1º lugar.
 
Com o Morato no lugar do castigado Otamendi e perante um Portimonense que tem sido uma sucursal do CRAC nos últimos (largos) anos, entrámos muito fortes com o João Neves a atirar ao poste logo no segundo minuto. Não demorámos muito mais a inaugurar o marcador, o que aconteceu aos 4’ através do Grimaldo, depois de um centro do Aursnes na direita, num lance em que não se percebeu logo imediatamente se a bola entrou ou não. Tanto VAR, tanto golo anulado por 1 e 2 cm e depois não há tecnologia da linha de golo em Portugal...! Brilhante! No entanto, pelas repetições dá toda a sensação que o guarda-redes toca na bola já dentro da baliza. Não descansámos com a vantagem e o João Mário colocou novamente a bola na baliza, mas estava em claro fora-de-jogo. Todavia, o golo deveria ter vindo antes nessa jogada, porque o Gonçalo Ramos rematou muito mal, quando estava em boa posição, tendo a bola depois sobrado para o nº 20. O David Neres era o nosso maior desequilibrador e rematou rasteiro com muito perigo e o Gonçalo Ramos teve um tiraço de fora da área à barra (seria uma bela homenagem ao golão do João V. Pinto em Alvalade nos 6-3, cujo 29º aniversário foi um dia depois, no domingo). O Portimonense fez a sua primeira incursão na nossa área com um cabeceamento por cima a seguir, mas aos 28’ marcámos o merecido segundo golo: centro do João Mário na direita e autogolo do Filipe Relvas. As coisas estavam bem encaminhadas, mas uma bola parada fez-nos sofrer o 1-2 aos 38’ num livre para a nossa área, em que o Morato não cortou a bola depois de um ressalto e o Pedrão atirou sem hipóteses para o Vlachodimos. Na jogada seguinte, o Gonçalo Ramos trabalhou bem, mas permitiu a defesa do guarda-redes Nakamura, quando só o tinha pela frente. Era importantíssimo chegar ao intervalo com os dois golos de vantagem e felizmente conseguimo-lo, com o regresso do Gonçalo Ramos aos golos passados vários jogos (já não marcava desde o Rio Ave, há seis jornadas) num belo trabalho individual depois de um roubo de bola do Chiquinho no meio-campo e contra-ataque conduzido pelo David Neres, que abriu para o nº 88.
 
No regresso do intervalo, o Roger Schmidt colocou (e bem) o Florentino no lugar do amarelado e pouco inspirado Chiquinho, demonstrando que queria salvaguardar-nos de algum imprevisto arbitral do Sr. Artur Soares Dias... Voltámos a entrar fortes com o Rafa a meter a bola na baliza, mas estando 9 cm fora-de-jogo...! As oportunidades sucediam-se em catadupa, com o David Neres a não picar suficientemente a bola sobre o Nakamura pouco depois e este a brilhar num remate do Grimaldo de fora-da-área. O Portimonense ia fazendo alterações, mas praticamente não conseguia chegar à nossa baliza. A excepção foi um contra-ataque rápido com um centro largo para a área, em que o Aursnes se antecipou ao avançado, que só teria de encostar. Nos últimos cinco minutos, entraram o Musa e o Gonçalo Guedes para os lugares do David Neres e Gonçalo Ramos, e o croata mostrou logo serviço no minuto seguinte num contra-ataque conduzido pelo Rafa na sequência de um canto contra nós, em que teve sangue-frio para sentar um defesa e o guarda-redes e atirar para a baliza deserta. Aos 89’, o mesmo Musa fez o seu bis ao aproveitar muito bem um enorme frangodo guarda-redes Nakamura, que não conseguiu agarrar uma bola, com o nosso avançado a antecipar-se bem, atirando para a baliza.
 
Em termos individuais, o melhor em campo foi o João Neves que o encheu completamente. Esteve em todo o lado, não parou quieto um minuto, defendeu, atacou, rematou, deu um show inversamente proporcional ao seu tamanho! O David Neres também voltou a estar muito bem, sendo neste momento o nosso atacante em melhor forma. O Rafa, passado bastante tempo, está a readquirir a sua forma e já não era sem tempo...! O Gonçalo Ramos voltou aos golos, o que é de saudar, ia marcando outro que seria um golão (mas a barra não deixou), porém falhou outros dois em excelente posição, o que deverá ser motivo de auto-reflexão. Na defesa, não gostei muito do Morato, que esteve longe de fazer esquecer o Otamendi e está no lance do golo sofrido. O Musa, apesar de eu continuar a achar que é um cepo, está decididamente melhor nesta parte final da época do que em grande parte dela.
 
Faltam dois jogos e temos quatro pontos de vantagem. Iremos ao WC no próximo fim-de-semana e depois receberemos o Santa Clara na Luz. Temos tudo a nosso favor e seria preciso um cataclismo para não festejarmos o 38. A equipa está a subir novamente de produção e devemos estar confiantes. Mas as catástrofes inimagináveis por vezes acontecem e, portanto, há que continuar a estar muito concentrados. Até esses três pontos estarem do nosso lado, nada está decidido.
 
P.S. – O Grimaldo assinou ontem pelo Bayer Leverkusen, depois de sete épocas na Luz. Foi três vezes (esperemos que quatro nos próximos dias...) campeão e um dos jogadores mais importantes dos últimos anos. Por isso, agradeço-lhe tudo o que fez enquanto jogador do Benfica. Preferiu ir para outro campeonato, ganhar mais do dobro do que ganhava na Luz, mesmo que isso signifique ficar arrecado de troféus. Está no seu direito. Mas a última imagem é a que fica e, sinceramente, não percebo MESMO NADA o timing deste anúncio. Na semana decisiva do campeonato, é que se torna isto público?! Qual seria o problema de esperar mais uma ou duas semanas...?! A transferência já não se daria dessa forma?! Desrespeitar o clube e nós, adeptos, desta forma era algo perfeitamente evitável.

terça-feira, maio 09, 2023

Retoma

Vencemos o Braga na Luz no sábado por 1-0 e colocámo-los fora da luta pelo título, dado que estão agora a nove pontos de nós, mas com a vitória do CRAC ontem em Arouca (1-0) continuamos com quatro pontos de vantagem perante o 2º classificado. Finalmente, volvidos quase dois meses (desde a recepção ao V. Guimarães), voltámos a fazer uma boa exibição e a justeza da nossa vitória é incontestável.

Com o Florentino no banco e o regresso do Chiquinho ao onze, entrámos muito fortes e o Braga mal passou do meio-campo na 1ª parte. No entanto, como o último passe era invariavelmente mal feito, não tivemos assim tantas oportunidades quanto o nosso volume de jogo justificava. O Gonçalo Ramos ficou em boa posição por duas vezes, mas resolveu centrar para o João Mário na primeira e deixou-se antecipar por um defesa na segunda, perdendo assim boas hipóteses de rematar à baliza. Também o Rafa falhou um desvio quase na pequena-área e o Borja cortou para canto. Só conseguimos colocar o Matheus à prova uma vez num remate do David Neres, bem defendido pelo guardião bracarense. Em cima do intervalo, uma arrancada de Bruma colocou-nos em sentido e foi a única aproximação do Braga à nossa baliza, mas cedemos canto.

Confesso que esperava que os bracarenses subissem de produção na 2ª parte, porque praticamente fizeram figura de corpo presente na 1ª, mas a tendência do jogo manteve-se. O que foi de estranhar, dado que só a vitória lhes interessava para se manterem colados aos primeiros lugares. Um remate em balão do Rafa, que saiu ao lado, foi a primeira ocasião que tivemos, mas a melhor de todas foi num centro rasteiro do Grimaldo em que o Gonçalo Ramos totalmente à vontade rematou de primeira com a bola ainda a bater no poste. Mas deveria ter sido golo, já que o nosso avançado só tinha o Matheus pela frente! Continuávamos a pressionar o Braga e o David Neres teve uma boa iniciativa pela esquerda, com o remate a voltar a ser defendido pelo Matheus. Até que aos 67’, o estádio explodiu de alegria com o muito merecido golo. Rápido contra-ataque nosso, desde o nosso meio-campo, com o Gonçalo Ramos a colocar no David Neres, que fez uma abertura fantástica a isolar o Rafa, que partiu ainda no nosso meio-campo. O nº 27, somente com o Matheus pela frente, conseguiu colocar a bola fora do seu alcance. O ruído que o estádio fez foi ensurdecedor! O golo não estava a aparecer e o que se ouviu foi o som do alívio de todos nós. O mesmo Rafa falhou o golo da tranquilidade pouco demais, num lance em que também ficou isolado frente ao Matheus, mas o chapéu saiu por cima. O Braga ia fazendo substituições, o Pizzi entrou e foi aplaudido (e bem) pelo Estádio da Luz (afinal, foi quatro vezes campeão com as nossas cores), mas era só através do Bruma que criava perigo e mesmo assim em pouca quantidade. O único lance em que poderiam ter chegado ao golo foi já perto do final numa boa jogada do Bruma pela esquerda, com um centro para a área e o Simon Banza, felizmente desenquadrado com a baliza, a cabecear por cima.

Em termos individuais, óbvio destaque para o Rafa, que já não marcava há séculos, mas escolheu bem a altura para regressar aos golos. O David Neres foi o nosso melhor jogador e foi dele o passe decisivo para o golo. O Aursnes, novamente a lateral-direito, sentiu dificuldades perante o Bruma, mas achei-o mais envolvido no nosso ataque do que em jogos anteriores. O centrais António Silva e Otamendi estiveram muito seguros, mas o argentino viu um (injusto) amarelo e não vai poder jogar em Portimão. No meio-campo, o João Neves e o Chiquinho estiveram imperiais, e o miúdo já não vai sair da equipa até final do campeonato. Quanto ao Florentino, achei que deveria ter entrado mais cedo, até porque o João Mário continua a ser um jogador a menos. O Gonçalo Ramos também está em baixo de forma, mas o Musa tem entrado bem quando o substitui.

Era um dos obstáculos mais difíceis e foi superado. E superado com distinção, porque o nosso nível exibicional voltou a ser bem agradável. Iremos a Portimão no próximo sábado naquele que poderá ser o jogo mais decisivo da época. Faltam duas vitórias para sermos campeões e é fundamental chegarmos ao WC a precisar só de uma delas, caso contrário a lagartada ter a sua final da Champions para nos tentar roubar o título. Portanto, máxima concentração, até porque são conhecidas as ligações do clube do Algarve ao CRAC e motivação não lhes irá faltar...

terça-feira, maio 02, 2023

Alívio

Vencemos o Gil Vicente em Barcelos no passado sábado (2-0) e continuamos com quatro pontos de vantagem perante o CRAC (1-0 em casa frente ao Boavista) e seis para o Braga (4-1 em casa contra o Portimonense). Defrontando um adversário que já tirou pontos ao CRAC e à lagartada nesta temporada, e estando nós muito longe da forma que evidenciámos durante muito tempo, este era um jogo que se antevia bastante complicado. O que se confirmou dado que o primeiro golo só surgiu aos 73’.
 
Em relação à partida frente ao Estoril, o Schmidt deixou o Chiquinho no banco e fez entrar o Florentino, mantendo o João Neves na equipa. No entanto, não entrámos nada bem no jogo e foi o Gil Vicente a dominar as coisas durante os primeiros minutos. Revelávamos alguma dificuldade em fechar os caminhos para a nossa baliza e permitimos uns quantos remates, algo que não tem sido nada habitual. Felizmente o Vlachodimos revelou-se bastante atento e, com maior ou menor dificuldade, resolveu o que lhe ia aparecendo pela frente. A partir de metade da 1ª parte, assumimos o controlo do jogo para não mais o perder até final. Colocámos a bola na baliza por duas vezes, mas ambos os lances foram invalidados por fora-de-jogo. Porém, tivemos uma ocasião soberana pelo David Neres que, isolado pelo Rafa, conseguiu acertar no peito do guarda-redes Andrew... Até ao intervalo ainda tivemos mais duas boas ocasiões, pelo Florentino (especialmente esta) e Grimaldo, mas o primeiro remate saiu atabalhoado e a recarga do Neres foi parada pelo guarda-redes, e o segundo saiu ao lado.
 
Na 2ª parte, voltámos a não entrar bem e o Vlachodimos mostrou-se novamente num remate fora da área do Pedro Tiba. À passagem da hora de jogo, o Schmidt mexeu na equipa e colocou o Gilberto e Gonçalo Guedes nos lugares do David Neres e do apagadíssimo João Mário, tendo o Aursnes, que estava a lateral-direito, avançado para extremo. Se em relação à saída do João Mário não há nada a dizer, já a do Neres não concordei nada, porque até estava a ser dos menos maus. Não conseguíamos criar tanto perigo como na 1ª parte e o Schmidt teve de voltar a mexer aos 72’, com as entradas do Chiquinho e Musa para os lugares do Florentino e Gonçalo Ramos. Precisávamos imperiosamente de ganhar e o nosso treinador tirou os dois melhores marcadores, mas as coisas saíram-lhe melhor do que a encomenda. No minuto seguinte a ter entrado, aos 73’, o Chiquinho desbloqueou o jogo com uma óptima cabeçada a centro do Aursnes na direita, depois de este ter sido desmarcado pelo Musa. Foi a explosão de alegria no estádio e não só, porque se sentia a tensão em todo o lado. Com o Sr. Fábio Veríssimo a arbitrar, todo o cuidado era pouco e, por isso, era muito importante marcar mais um para acabar com as dúvidas. E esse golo surgiu aos 86’ num penalty de VAR do Grimaldo a castigar pretensa mão na área. O lance suscita algumas dúvidas, mas onde não há nenhumas é no agarrão claro ao Otamendi, que aconteceu no seu desenrolar, que não lhe permitiu cabecear em condições (todavia, o Gonçalo Guedes na recarga a essa cabeçada deveria ter feito golo...). O Grimaldo enganou o guarda-redes na conversão do penalty e selou a partida. Até final, ainda deu para o Musa acertar na barra e para o Rafa na recarga ter permitido o corte a um defesa.
 
Em termos individuais, destaque para o Chiquinho pelo golo que nos abriu a vitória. Para além disso, julgo que a sua falta se fez notar, especialmente no aspecto defensivo, porque vi o Gil Vicente manobrar demasiado à vontade no nosso meio-campo. O Florentino e João Neves não entraram bem no jogo, mas foram subindo de rendimento no seu desenrolar. No entanto, acho mesmo que o Chiquinho deve voltar à titularidade frente ao Braga, porque definitivamente dá mais poder de choque no meio-campo. O Musa também entrou bem e ajudou a agitar o nosso ataque, até porque as principais figuras (Gonçalo Ramos, Rafa e João Mário) estão muito fora dela. Por outro lado, com a recuperação do Bah, espero que a experiência do Aursnes a defesa-direito seja para terminar, porque ele é bem mais útil na frente e menos um atrás.
 
Comentei com uma amiga minha no final que, pelo segundo jogo consecutivo, não conseguia estar contente quando a partida terminou, tal a carga de stress que se foi acumulando. Respondeu-me ela que, assim que o jogo acaba, só consegue sentir alívio. É que é isso mesmo! Isto está a ser um processo tão sofrido que no fim só se consegue sentir alívio.
 
No próximo sábado, recebemos o Braga na Luz. Outra partida fulcral em que uma vitória nos coloca em excelente posição e qualquer outro resultado pode significar o começo de um enorme pesadelo...
 
P.S. – No jogo do CRAC frente ao Boavista, tivemos direito a um momento inédito em que o Sr. Rui Gomes Costa teve o descaramento de apitar para o final da partida quando um jogador do Boavista estava a entrar na área (fez um centro perigoso, que acabou por dar canto). Ao início, achei uma vergonha ele não deixar marcar o canto, quando tinha havido perdas de tempo nos quatro minutos de compensação, mas afinal a coisa foi bem pior. O Sr. Rui Gomes Costa cortou mesmo a jogada!