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segunda-feira, outubro 31, 2022

Maravilha

Goleámos o Chaves no sábado por 5-0 e, com o empate do CRAC nos Açores frente ao Santa Clara (1-1) e a derrota da lagartada em Arouca (0-1), estamos agora com uma vantagem sobre eles de 8 e 12 pontos, respectivamente! Ou seja, o fim-de-semana não poderia ser mais perfeito. Isolado agora no 2º lugar a seis pontos de nós está o Braga, que ganhou 1-0 em Barcelos, ao Gil Vicente, e há que ter atenção a eles, para não termos uma reedição do Braga do Domingos de 2009/10...
 
Sabedores já do empate do CRAC quando entrámos em campo, em tempos não muito idos, isso era motivo de nervosismo e geralmente de oferta da 1ª parte, com uma segunda já em esforço e plena de stress. Mas não este ano! Aos 10’, já estávamos a ganhar por 2-0! A nossa entrada a todo o gás começou com um golão do David Neres logo aos 2’ e oito minutos depois foi o Grimaldo a converter superiormente um livre directo. Tinha comentado com os meus companheiros de bancada, pouco antes do apito inicial, que a esperteza saloia do Chaves de nos trocar as voltas na moeda ao ar, obrigando-nos a jogar para a baliza grande na 1ª parte, deveria ser castigada com um 3-0 ao intervalo. E acertei na mouche, dado que aos 37’, o Gonçalo Ramos fez o terceiro golo numa recarga a uma defesa incompleta do Paulo Vítor depois de um centro do Aursnes. No entanto, já antes tínhamos falhado algumas oportunidades para fazer esse golo, a principal das quais através do próprio Gonçalo Ramos, que atirou de cabeça ao lado, com a baliza escancarada(!), depois de uma assistência brilhante do David Neres. Do outro lado, um erro clamoroso do Enzo Fernández isolou um adversário, tendo-nos valido o Vlachodimos para manter os dois golos de vantagem na altura. Em cima do intervalo, foi o João Mário a atirar por cima de pé esquerdo, depois de uma combinação brilhante com o Grimaldo, o que foi uma pena, porque seria dos golos mais bonitos da Liga até ao momento.
 
Na 2ª parte, baixámos claramente o ritmo, o que é normal, porque estamos a meio de jornadas de Champions. Mesmo assim, marcámos um golo pelo Enzo Fernández a concluir uma jogada colectiva fabulosa, mas infelizmente o Aursnes estava fora-de-jogo por 18 cm no início da mesma...! À passagem da hora de jogo, o Roger Schmidt começou a dar descanso a alguns titulares, tendo entrado o Gilberto e Florentino para os lugares do Bah e João Mário. Pouco depois, foi a vez do Musa e Diogo Gonçalves em vez do Gonçalo Ramos e David Neres. Voltámos a acelerar um pouco o ritmo e ainda fizemos mais dois golos na parte final, com o 4-0 através do Musa, bem desmarcado pelo Enzo Fernández aos 81’ e o 5-0 numa recarga de cabeça do Rafa a um remate à barra do Gilberto já em tempo de compensação. Entre os dois golos, ainda houve remates do Diogo Gonçalves e Rafa bem defendidos pelo guarda-redes.
 
Em termos individuais, acho que não houve nenhum jogador que se destacasse por aí além. Toda a equipa esteve globalmente bem, muito concentrada e a não dar hipóteses nenhumas ao adversário. O Aursnes é cada vez mais uma certeza e vai permitir que o Florentino ou o Enzo Fernández descansem à vez. O David Neres voltou de lesão e esperemos que se mantenha assim, porque é dos maiores desequilibradores do campeonato. O Rafa está super-confiante e, mesmo não estando feliz na concretização durante grande parte do encontro, lá conseguiu marcar o seu golito perto do final. O Vlachodimos foi fundamental com aquela defesa para manter a vantagem de dois golos na altura.
 
Iremos agora a Israel tentar uma nada esperada conquista do 1º lugar do grupo na Champions. Mas o mais fundamental será os três próximos jogos internos, nomeadamente a dupla ida ao Estoril para campeonato e Taça de Portugal. É fundamental obtermos três vitórias antes da paragem para o Mundial.

quarta-feira, outubro 26, 2022

Jogaço

Vencemos ontem a Juventus por 4-3 e, a uma jornada do fim, qualificámo-nos para a fase a eliminar da Liga dos Campeões. Foi um jogo que começou por correr muito bem, mas que se complicou na parte final, porque estes italianos são sempre muito manhosos.
 
O empate bastava para selar a nossa qualificação, mas o Roger Schmidt prometeu que iríamos jogar para ganhar. E cumpriu. Apesar de o David Neres estar recuperado, manteve a aposta no Aursnes para dar mais solidez ao meio-campo e o norueguês foi dos melhores em campo. Entrámos muito concentrados e a pressionar como é nosso timbre, e inaugurámos o marcador aos 17’ na estreia do António Silva a marcar pelo Benfica, com um desvio de cabeça a um óptimo centro do Enzo Fernández. No entanto, não tivemos muito tempo para saborear a vantagem, dado que aos 21’ a Juventus empatou num canto pelo Moise Kean, numa recarga a duas defesas(!) do Vlachodimos a remates do Vlahovic. O VAR ainda demorou a analisar o lance, mas o golo foi mesmo válido. A partida estava frenética e colocámo-nos novamente em vantagem aos 28’ num penalty bem apontado pelo João Mário, a castigar mão do Cuadrado na área. A Juventus respondeu com um remate do Vlahovic na área, que passou muito perto do poste, mas aos 35’ fomos nós a elevar a contagem para 3-1 num golão do Rafa de calcanhar a centro do João Mário. De calcanhar também tentou o Kean fazer um bis, mas a bola saiu ao lado da baliza. Seria outro golão, mas felizmente não o foi.
 
A 2ª parte continuou a toada da primeira e connosco a fazer o 4-1 logo aos 50’: passe do Grimaldo a desmarcar o Rafa e este, com enorme classe, a picar a bola sobre o Szczesny. A Juventus acusou muito este golo e durante largos minutos pareceu perdida em campo. Ao invés, nós continuávamos a pressionar e a tentar marcar mais golos. Tivemos boas oportunidades pelo Gonçalo Ramos, por duas vezes, e pelo Rafa que atirou por cima, quando só tinha o guarda-redes pela frente. Praticamente na jogada seguinte, a Juventus reduziu para 2-4 aos 77’ pelo Milik (que tinha entrado ao intervalo), depois de uma boa jogada na esquerda do também entrado Samuel Iling-Junior. Que, dois minutos depois, voltou a estar em evidência no 4-3 com nova incursão pela esquerda, centro para a área, confusão e remate final vitorioso do McKennie. Passávamos de um possível 5-1 para um 4-3 em apenas meia-dúzia de minutos e o Schmidt lá se decidiu finalmente por refrescar a equipa, tirando o estoirado Bah para colocar o Gilberto na direita. Recuámos as linhas e, num puro contra-ataque, o Rafa isolou-se quase desde o meio-campo e atirou ao poste, com o Gonçalo Ramos a não conseguir fazer a recarga. Pouco depois, saíram ambos os jogadores e entraram o Musa e o David Neres. Com as substituições, reequilibrámos novamente as coisas e a Juventus deixou de ter as facilidades que provocaram os dois golos sofridos. Mesmo assim, ainda houve um remate do Matìas Soulé na nossa área que nos provocou arrepios.
 
Em termos individuais, destaque óbvio para o Rafa, que poderia ter marcado quatro golos, mas marcou dois e deixou a cabeça dos italianos em água. No entanto, quem me encheu mais as medidas foi o Aursnes, que mesmo a jogar sobre a esquerda, fora da posição dele, foi absolutamente fabuloso. O Enzo Fernández pode descansar nalguns jogos contra adversários mais acessíveis, porque temos ali um substituto à altura. Aliás, o argentino está a baixar de forma, facto a que não deve ser alheio a quantidade de jogos que já tem nas pernas. Outro jogador que encheu o campo foi o Florentino, sempre em cima dos italianos. O António Silva voltou a não tremer num jogo de extrema dificuldade e parece ter superado o mau momento nas Caldas. O Bah terá feito um dos melhores jogos com a camisola do Benfica, mas deveria ter saído um pouco mais cedo, dado que o Kostic na 1ª parte e o Iling-Junior na 2ª deram-lhe muito trabalho. Em geral, a equipa voltou a exibir-se a um nível muito elevado.
 
Iremos para a semana a Israel tentar fazer melhor resultado do que o PSG em Turim para ficarmos em 1º lugar no grupo. Será bastante complicado, mas, quando saiu o sorteio, quem é que diria que estaríamos nesta posição nesta altura...? Está a dar tanto gozo ver o Benfica jogar desta maneira, que às vezes até parece irreal.

segunda-feira, outubro 24, 2022

Triunfo em Mordor

Vencemos o CRAC no antro do Mal na passada 6ª feira por 1-0 e aumentámos a vantagem para eles para seis pontos. Apesar de termos alinhado contra 10 desde os 27’, a justeza do nosso triunfo foi incontestável e é de salientar termos mantido a invencibilidade mesmo jogando na casa do principal rival.
 
O David Neres estava finalmente apto, mas o Roger Schmidt manteve a táctica de Paris, ao manter o Aursnes na equipa no lado esquerdo do meio-campo. Não entrámos bem na partida, com o CRAC a pressionar muito nos minutos iniciais e o Vlachodimos a fazer uma defesa magistral a um cabeceamento do Taremi. No entanto, respondemos praticamente a seguir com um raide do Rafa pela direita, que infelizmente terminou com um remate com pouca força, para defesa fácil do Diogo Costa. O jogo estava muito disputado e começámos a acumular amarelos, mas, frise-se, todos eles bem mostrados pelo Sr. João Pinheiro. Do outro lado, o Eustáquio fez duas faltas em três minutos sobre o Bah e viu um duplo amarelo. O Sr. João Pinheiro esteve mal nesta decisão, dado que o segundo lance é claramente para vermelho directo! Ainda 11 para 11, o Rafa tinha feito um cabeceamento sozinho para as mãos do guarda-redes e, depois de estarmos em vantagem numérica, a nossa superioridade consolidou-se. Tivemos uma enorme dupla ocasião com uma brilhante jogada pelo Aursnes na esquerda a atirar ao poste, tendo o ressalto ido parar à cabeça do Rafa que atirou... à barra! Inacreditavelmente, a bola não entrou! Até ao intervalo, assistimos a momentos CRAC vintage, com os jogadores deles a tentarem desesperadamente sacar um segundo amarelo aos nossos que estavam em risco, nomeadamente ao Bah. Se eu fosse ao Roger Schmidt, tê-lo-ia tirado logo à primeira falta, mas quem é dotado de cérebro não pode deixar de considerar que nenhuma das faltas que ele fez justificaria um segundo amarelo. No entanto, como o CRAC não está nada habituado a isso, é natural que tenha havido muita pressão sobre o Sr. João Pinheiro.
 
Ao intervalo, o Roger Schmidt esteve muitíssimo bem ao tirar três dos quatro amarelados de uma assentada: saíram o Bah, João Mário e Enzo Fernández (este que, para além do cartão, terá feito a pior exibição ao serviço do Benfica) e entraram o Gilberto, David Neres e Draxler. Só o Aursnes ficou em campo e acho que nem fez nenhuma falta no segundo tempo. Estas substituições ainda acentuaram mais o nosso domínio, com o Neres na direita a dar cabo da cabeça aos adversários. Do outro lado, praticamente só nas bolas paradas o CRAC conseguia acercar-se da nossa área, embora tivesse o mérito de fazer pressão logo na nossa saída de bola. Confesso que, durante muitos momentos, achei que deveríamos ser mais incisivos e rápidos a procurar desequilíbrios na defesa contrária, mas mesmo assim tivemos outra boa oportunidade pelo Rafa com um remate de trivela com a bola a desviar num defesa, quando ia com boa direcção. Entretanto, o Draxler lesionou-se e entrou o Musa para o seu lugar, provando que o Roger Schmidt queria mesmo ganhar o jogo. Até que aos 72’, lá surgiu finalmente o nosso golo, num bom contra-ataque conduzido pelo David Neres na esquerda, que assistiu o Rafa, tendo este dominado à segunda vez a bola e atirado a contar. O fiscal-de-linha ainda levantou a bandeirola por alegado fora-de-jogo do Neres, mas este estava mais de meio metro em jogo(!) e o golo contou mesmo, validado pelo VAR. Pouco depois, foi o Musa em boa posição a atirar por cima, enquanto do outro lado uma cabeçada do entretanto entrado Toni Martinez foi bem encaixada pelo Vlachodimos. Já nos descontos, uma jogada do David Neres fez com que o David Carmo fizesse um corte na direcção da baliza, tendo o Diogo Costa desviado a bola numa posição muito duvidosa. Não se percebe como não há tecnologia da linha de golo em Portugal e possivelmente tivemos aqui uma reedição do famoso lance do Baía com o Petit... No último lance da partida, ainda permitimos um remate do Gabriel Veron, que foi bem amortecido pelo Otamendi.
 
Em termos individuais, o melhor para mim foi o Aursnes: enorme clarividência com a bola, ainda atirou uma ao poste e soube jogar com o amarelo durante a 2ª parte toda. Claro que o Rafa merece igualmente destaque, pelo golo que marcou e porque teve as nossas melhores oportunidades (aquela cabeçada ao poste deveria ter ido lá para dentro...!). O David Neres veio dar a fantasia na 2ª parte que faltou um pouco na 1ª e é bom que tenha debelado de vez as lesões, porque é um verdadeiro abre-latas. O Vlachodimos foi fundamental com aquela defesa ainda na 1ª parte. Grande exibição igualmente do Florentino, que terminou a partida sem cartões. Mas, em geral, toda a equipa esteve em bom plano.
 
Foi um triunfo muito importante, embora o nosso jogo não me tenha enchido as medidas. Acho que poderíamos ter criado mais situações de perigo na 2ª parte, acelerando um pouco mais o jogo. Por outro lado, não conseguimos igualar a agressividade do outro lado. Eles jogam contra nós sempre com a faca nos dentese nós ainda não arranjámos uma maneira consistente de fazer frente a isso. Não sei se teríamos ganho 11 para 11, mas quem joga daquela maneira, com arbitragens decentes, é normal que não termine o jogo com a equipa completa. Se se podem queixar de alguma coisa, é da falta de hábito de precisamente terem arbitragens que não os favoreçam escandalosamente contra nós.
 
P.S. – É pena que o CRAC seja, de facto, o clube execrável que é, dado que até fez um bom jogo: condicionou muito bem a nossa estratégia durante grande parte dele, ao fazer pressão logo na nossa saída de bola, mas depois não consegue pura e simplesmente ter elevação e fair-play. Nunca soube ganhar e evidentemente não sabe perder. Como foi a primeira vez na vida que houve uma arbitragem completamente isenta em Mordor, eles não estão nada habituados a isso e protestaram muito o facto de não ter havido ninguém expulso da nossa parte. Lá está, há sempre uma primeira vez para tudo. Até para nós terminarmos um jogo em superioridade numérica na casa deles.

segunda-feira, outubro 17, 2022

Inenarrável

Só nas grandes penalidades (5-3) conseguimos eliminar o Caldas da Liga 3 na 3ª eliminatória da Taça de Portugal no passado sábado, depois do 1-1 ao fim dos 120’ de jogo. Gostei bastante das declarações do Roger Schmidt antes da partida, a chamar a atenção para o vergonhoso facto de nós termos três taças de Portugal conquistadas nas últimas 25 edições. No entanto, a resposta da equipa foi o que se viu... Estivemos muito perto de ter uma reedição do Gondomar!
 
Demonstrando respeito por esta competição, o nosso treinador fez alguma rotação da equipa, mas mesmo assim ainda conservou alguns titulares (António Silva, Grimaldo, Florentino, Enzo Fernández e João Mário). Porém, a 1ª parte foi absolutamente de fugir, dado que não criámos nenhuma flagrante oportunidade de golo. Metemos uma bola na baliza, mas o Aursnes estava claramente fora-de-jogo. Já do outro lado, vimos uma bola bater no poste, depois de defendida pelo Helton Leite, que me pareceu ter mais do que tempo para a atirar para fora.
 
Na 2ª parte, o Roger Schmidt lançou o Diogo Gonçalves e Musa para os lugares do Florentino e Rodrigo Pinho e nos primeiros minutos lá mostrámos algum futebol. Inaugurámos o marcador aos 53’ num belo lance individual do Musa, na única coisa que fez de jeito enquanto esteve em campo (sempre foi melhor do que o Rodrigo Pinho, que nem se viu). Pouco depois, o mesmo Musa com dois colegas ao lado, preferiu rematar duas vezes contra o guarda-redes(!) e a oportunidade perdeu-se. O Grimaldo ainda atirou uma bola ao poste num livre lateral, todavia, perante uma equipa dois escalões abaixo e a ganhar, esperava-se que a partida estivesse decidida. Só que aos 74’ um erro clamoroso do António Silva fez com que o Gonçalo Barreiras se isolasse e rematasse por entre as pernas do Helton Leite. Foi um tremendo balde de água fria que a corda se tenha partido por onde menos se esperava... Pressionámos nos minutos finais e durante todo o prolongamento, não faltou a providencial bola na barra, desta vez pelo Enzo Fernández, mas fomos mesmo para os penalties, onde tivemos o mérito de os marcar a todos muito bem. Do outro lado, houve um falhanço logo no primeiro que acabou por ser o decisivo na nossa qualificação para a ronda seguinte e outro em que o Helton Leite defende... para dentro da nossa própria baliza!
 
Por manifesta vergonha, não vou destacar ninguém positivamente. Mas não foi pelo Enzo Fernández, nem pelo Aursnes que íamos sendo eliminados. Ao invés, houve ali muito boa gente que desperdiçou a oportunidade e cuja continuidade no Benfica deverá ser questionada. Se não aproveitam jogos contra estas equipas para se destacarem, o que é que estão a fazer no plantel...? É um dos grandes objectivos da época, o treinador está sintonizado com o pensamento de muitos de nós e depois arriscamos uma vergonha desta maneira. Não se compreende, nem se aceita.

quarta-feira, outubro 12, 2022

Personalidade

Empatámos ontem em Paris 1-1 frente ao PSG e mantemo-nos colados a eles na liderança do grupo na Champions, agora com oito pontos. Se me tivessem proposto, aquando do sorteio, fazer dois pontos frente aos galácticos franceses, eu assinaria até só um, mas o que é facto é que até acabámos por sofrer menos ontem do que na Luz na semana passada. E alturas houve em que, com um pouco mais de rapidez nas transições, se calhar até conseguiríamos ser mais felizes.
 
Perante a indisponibilidade do David Neres, o Roger Schmidt não alterou o esquema táctico, mas colocou o Aursnes sobre a esquerda, tendo desviado o João Mário para a direita. Do outro lado, a maior baixa era o Messi e notou-se bem a falta que o argentino faz no campeão francês. Mesmo assim, com uma equipa recheada de craques, confesso que fiquei surpreendido pelo facto de o PSG ter jogado tão pouco e, principalmente, com tão pouca velocidade (Mbappé à parte, claro está). Têm um estilo de jogo muito burguês, confiantes de que mais tarde ou mais cedo as coisas resolver-se-ão a seu favor. Só que nós fechámos bem o caminho da nossa baliza, porém não esticámos tanto o jogo na frente como é habitual, fazendo com que as oportunidades de golo fossem um bem escasso e a partida muito menos interessante do que a da Luz. O único lance em que criámos perigo, ainda que relativo, foi num remate do Rafa, que embora estivesse em boa posição rematou bastante por alto. Quanto ao PSG, num lance pela esquerda aos 39’, o António Silva derrubou claramente o Bernat e o Mbappé atirou para o lado contrário do Vlachodimos inaugurando o marcador. Foi um pouco um balde de água fria, porque até aí nenhuma equipa tinha justificado ficar em vantagem. Outro aspecto que não nos estava a correr bem foi o facto de começarmos a ficar muito carregados de cartões.
 
A 2ª parte principiou com um remate em arco muito perigoso do Mbappé, mas felizmente a bola saiu a rasar o poste, porque o Vlachodimos estava batido. No entanto, aos 62’ alcançávamos a igualdade também de penalty, a castigar pisão evidente do Verratti ao Rafa: o João Mário atirou para o meio da baliza e enganou o Donnarumma. Esperava-se uma reacção forte dos parisienses, mas isso acabou por não acontecer. O PSG nunca nos conseguiu empurrar para a nossa área e o Vlachodimos acabou por não ter grande trabalho. O único que criava desequilíbrios era o Mbappé, mas a entreajuda dos nossos jogadores funcionou sempre e com maior ou menor dificuldade acabámos por resolver as coisas. Em termos atacantes, retraímo-nos mais e só num lance do entretanto entrado Draxler, já perto do fim, conseguimos rematar à baliza, mas a bola foi desviada por um defesa.
 
Em termos individuais, o Florentino terá sido dos melhores, sempre em jogo e com alguns cortes providenciais. O João Mário merece uma palavra por ter aguentado a pressão do penalty e tema vantagem de não se esconder nestes grandes jogos. O António Silva teve a infelicidade do penalty, mas tirando isso esteve quase irrepreensível. No geral, toda a equipa esteve muito coesa e concentrada, embora em termos atacantes tenhamos feito um jogo pouco exuberante.
 
Quando, ao ver como o jogo se estava a desenrolar, eu dou por mim a pensar que talvez devêssemos arriscar um pouco mais, isto diz muito acerca do patamar actual do Glorioso. Fizemos 180 minutos contra um claro candidato a vencer a Champions e não perdemos. Demonstrámos muita personalidade, qualidade e vontade de disputar o resultado contra qualquer equipa que nos surja à frente. E só isso já é uma enorme evolução em relação às épocas anteriores.

segunda-feira, outubro 10, 2022

Guião perfeito

Vencemos o Rio Ave (4-2) na Luz no passado sábado e, como os outros dois também ganharam (o CRAC 2-0 em Portimão e a lagartada 2-1 nos Açores frente ao Santa Clara), mantivemos os três e nove pontos de vantagem, respectivamente. Perante uma equipa que já tinha ganho ao CRAC e no meio do confronto europeu com o PSG, esta partida tinha tudo para ser problemática, mas conseguimos facilitar a nossa própria vida com dois golos de vantagem ao intervalo e o terceiro a meio da 2ª parte.
 
Com apenas seis dias de intervalo entre o duplo confronto com os galácticos franceses, era inevitável o Roger Schmidt ter de fazer alguma rotação na equipa e pela primeira vez fê-lo em quase 50% dela: foram para o banco o Bah, Grimaldo, Florentino, Rafa e David Neres, tendo entrado nos seus lugares o Gilberto, Ristic, Aursnes, Draxler e Diogo Gonçalves. E foi do Ristic a primeira grande oportunidade, num remate de primeira de pé esquerdo, depois de óptima abertura do Enzo Fernández, que deveria ter saído com melhor direcção. Só que aos 6’, o Rio Ave aproveitou bem um contra-ataque, iniciado num excelente passe do Samaris, e marcou pelo Fábio Ronaldo. Confesso que fiquei algo preocupado com esta desvantagem, porque sofríamos um golo a frio com uma equipa com muitos suplentes, mas a nossa resposta foi excelente. Logo a seguir ao golo, o Gonçalo Ramos poderia ter igualado, depois de uma boa iniciativa do João Mário, mas o desvio passou a rasar o poste. No entanto, esta mesma dupla fabricou o empate aos 13’ numa excelente triangulação que ainda meteu o Enzo Fernández pelo meio, com o nosso nº 88 a só ter de encostar. Apertámos o Rio Ave nos minutos seguintes e o Diogo Gonçalves, Gonçalo Ramos e Otamendi estiveram perto de nos colocar em vantagem, mas foi o guarda-redes Jhonatan a fazê-lo aos 19’ num autogolo absolutamente surreal: tentou dominar a bola e fez um passe para a baliza! A partir daqui e como seria de prever, baixámos o ritmo, mas estivemos perto de marcar pelo João Mário num remate fora da área, bem defendido pelo Jhonatan. Pouco depois, foi novamente o guarda-redes contrário a impedir que um mergulho de cabeça do Gilberto resultasse igualmente em golo e o Enzo Fernández também teve uma excelente oportunidade, mas atirou para as nuvens quando estava em boa posição. Era muito importante fazer o terceiro golo antes do intervalo, até porque isso facilitaria muito a gestão de esforço e isso felizmente aconteceu numa abertura magnífica do Enzo Fernández para um golão do Gonçalo Ramos: domínio com a coxa direita e remate de primeira com o pé esquerdo.
 
Com dois golos de vantagem, o Roger Schmidt pôde deixar o Enzo Fernández e o Gonçalo Ramos nos balneários ao intervalo, tendo entrado o Florentino e o Musa. Para a história deste filme ser perfeita, faltava só mais um golo nosso, que arrumasse de vez com o jogo, para depois podermos aplaudir o Samaris, que seria certamente não faria os 90’. E o 4-1 surgiu aos 62’ na estreia do Musa a marcar com o manto sagrado, depois de uma assistência do Ristic na esquerda, com o João Mário a ter novamente participação activa na jogada. Aos 66’, aconteceu mais um daqueles momentos extra-jogo, que vai ficar na memória de todos os que participaram nele: quando a placa com o nº 30 do Rio Ave foi levantada, todo o estádio se levantou e muito merecidamente aplaudiu de pé o GRANDE Samaris, que não conseguiu conter as lágrimas enquanto saía do campo (ele que, antes do apito inicial, também estava visivelmente emocionado). Sou defensor desde há muito tempo que há jogadores que não podem sair do Benfica apenas com uma entrevista final na Benfica TV ou um post nas redes sociais do clube. Deviam ter a oportunidade de se despedir dos adeptos no estádio durante um jogo. Felizmente, o Samaris teve a oportunidade de o fazer a posteriori, com outra camisola, recebendo de volta o merecido reconhecimento de todos nós por um jogador que foi quatro vezes campeão pelo Benfica e que, nomeadamente no último título, teve um papel fundamental (sim, aquele corte ao Herrera em Mordor foi crucial). Já o Cardozo, Fejsa e Salvio, só para nomear alguns, não tiveram a mesma sorte... O jogo estava decidido, mas ainda sofremos mais um golo, aos 86’, num grande pontapé do Guga de fora da área.
 
Em termos individuais, o João Mário terá feito provavelmente o melhor jogo desde que veio para o Benfica: participou em dois golos e fez tudo quase sempre bem. O Enzo Fernández também realizou uma 1ª parte de sonho, mas gozou um merecido repouso nos segundos 45 minutos. Notou-se logo quando o Florentino entrou, porque o meio-campo do Rio Ave deixou de poder ter tempo com a bola nos pés. Realce igualmente para os dois golos do Gonçalo Ramos, especialmente o segundo que é tecnicamente brilhante, e para o primeiro do Musa, que pode ser que lhe dê mais confiança. O Ristic não é nenhum Grimaldo, mas parece bastante melhor do que o Gil Dias e isso já é bom. O Gilberto não esteve tão intenso como habitualmente, a que não deve ser alheio o facto de já não jogar há uns tempos. Ao invés, o Diogo Gonçalves exibiu-se a um nível bastante razoável, o que me surpreendeu.
 
A próxima jornada do campeonato é a ida a Mordor, mas antes ainda teremos Champions e Taça de Portugal. De qualquer forma, depois de uma resposta mais fraca em Guimarães, espero que este jogo signifique que tenhamos voltado ao nível habitual desta temporada.

quinta-feira, outubro 06, 2022

Estofo

Empatámos ontem com os galácticos do PSG (1-1) na Luz e continuamos ex aequo com eles na liderança do nosso grupo da Champions, agora com 7 pontos. Foi um grande jogo de futebol aquele que tivemos o privilégio de assistir ontem, em que o resultado acabou por ser justo.

 

Uma das coisas que mais admiro no Roger Schmidt é que ele não inventa. Temos jogado com um determinado onze e numa determinada táctica, e, mesmo defrontando equipas mais poderosas do que nós, continuamos fiéis a isso. Ainda se aventou a possibilidade de entrar o Aursnes como terceiro médio, mas não senhor. Foi com a equipa de sempre que entrámos em campo e entrámos muito bem, com 20’ de grande nível, em que não deixámos o PSG jogar como tanto gosta. Tivemos duas enormes oportunidades de golo, mas o problema é que o PSG não tem só génios no ataque, também tem na baliza, porque o Donnarumma é igualmente de outro planeta. As defesas com o pé a um remate do Gonçalo Ramos isolado e, principalmente, o modo como impediu um golo feito do David Neres valeu logo o preço do bilhete. O PSG só precisou de ir à nossa baliza uma vez para meter a bola lá dentro: aos 22’, combinação entre os três craques, com o Messi a fazer um golão num remate em arco, sem hipóteses para o Vlachodimos. Abanámos um pouco com o golo, mas também era impossível manter a intensidade daqueles primeiros minutos. Mesmo assim, obrigámos novamente o Donnarumma a mostrar-se num remate do António Silva, que infelizmente saiu um pouco à figura. No entanto, aos 41’ marcámos mesmo, num centro do Enzo Fernández, tentativa de cabeça do Gonçalo Ramos que não chegou a tocar na bola e autogolo do Danilo.

 

A 2ª parte foi diferente, com os franceses a deixarem o fato burguês nos balneários, a aumentarem a agressividade e consequentemente a tomarem conta do jogo durante grande parte do tempo. Não mais conseguimos ter as investidas perigosas da 1ª parte e, nesta altura, salientou-se o Vlachodimos, que impediu por mais de uma vez que o PSG se colocasse novamente na frente: boa intervenção a remate do Hakimi, com o Neymar a fazer uma das poucas coisas de jeito no jogo todo, com uma recarga de bicicleta à barra, grande defesa a um livre do mesmo Neymar e enormíssima estirada a impedir um golão do Mbappé de fora da área. Do nosso lado, tivemos uma boa ocasião numa cabeçada do Otamendi num livre, que saiu ao lado, e uma soberana oportunidade numa arrancada do Rafa, já nos últimos dez minutos, que o Donnarumma voltou a defender, com o nosso nº 27 a não conseguir acertar bem na bola na recarga. Tivesse tido um pouco mais de pontaria e, provavelmente, teríamos chocado o mundo do futebol. Mas, de qualquer maneira, batemo-nos de igual para igual contra uma das mais poderosas equipas do mundo, portanto só podemos estar orgulhosos.

 

Em termos individuais, grande jogo do Florentino no meio-campo e do Vlachodimos na baliza. Também o António Silva e Bah na defesa, o João Mário no meio-campo (esteve a poupar-se em Guimarães, só pode...) e a espaços o Rafa, que teve pilhas até final, exibiram-se num patamar muito elevado. Mas, em geral, toda a equipa esteve bastante bem, com a concentração sempre em alta. Do outro lado, o Donnarumma terá sido o melhor em campo e ver como a bola é uma extensão do corpo do Messi é algo que nos remete para outra dimensão. Esqueçam todos os outros, ao nível dele, só o Maradona.

 

Continuamos sem perder nesta temporada, mas agora iremos receber o Rio Ave com poucos dias de descanso. Calculo que o Roger Schmidt vá fazer algumas alterações, porque o desgaste nesta partida foi imenso. Para a semana, voltaremos a encontrar o PSG em Paris, mas este ponto conseguido perante eles pode ser decisivo nas contas finais. 

segunda-feira, outubro 03, 2022

Escorregadela

Alguma vez teria de ser e foi neste sábado: empatámos 0-0 em Guimarães e perdemos os primeiros pontos no campeonato. Num jogo que já se sabia de antemão que iria ser complicado, não tivemos arte nem engenho para criar perigo para os vimaranenses e o resultado acaba por ser justo.
 
Com o Florentino de volta ao onze, a 1ª parte foi do mais fraco que se tem visto nesta temporada. Perdemos inúmeros duelos com os adversários, que eram sempre mais rápidos e incisivos na disputa dos lances. O V. Guimarães não conseguiu criar grandes oportunidades de golo, mas é sintomático que o nosso primeiro remate tenha acontecido perto do intervalo...! Na melhor (semi-)oportunidade que tivemos, o Rafa tentou passar por um defesa e o Bruno Varela, em vez de ter atirado à baliza e o lance perdeu-se.
 
A 2ª parte foi diferente, connosco a equilibrar as coisas. No entanto, revelámos sempre inúmeras dificuldades em chegar à área contrária, por causa de alguma lentidão no processo atacante. Uma cabeçada falhada do Rafa e outra ao lado do António Silva num canto terão sido das poucas vezes em que estivemos perto do golo, e, já em cima do final da compensação, o Draxler teve um remate de pé esquerdo muito por cima, depois de uma assistência de cabeça do John Brooks. Do outro lado, o V. Guimarães não esteve tanto tempo no nosso meio-campo como nos primeiros 45 minutos, mas reclamou dois penalties, um (bem) revertido pelo VAR e outro do Florentino sobre o André André, que foi um pouco duvidoso. Perante um jogo tão complicado e com muitos jogadores em sub-rendimento, não percebi a demora do Roger Schmidt em fazer substituições (só começou a fazê-las aos 70’...), nem a entrada do John Brooks para ponta-de-lança nos minutos finais.... Se era para isto, dever-se-ia ter convocado o Rodrigo Pinho. Até porque o americano fez algumas faltas nas disputas de bola, porque ela era bombeada muito cá detrás e ele não tem a rapidez suficiente para se fazer a ela. Só no último lance é que fizemos um cruzamento decente para ele, que ia dando golo do Draxler. Ou seja, está claro que não sabemos jogar para chuveirinho.
 
Em termos individuais, não houve ninguém que se destacasse por aí além. Pela negativa, ao invés, há bastantes candidatos, nomeadamente, o David Neres e João Mário, sempre muito lentos e com pouca dinâmica, e o Bah na direita, que eu, sinceramente, acho bastante pior do que o Gilberto neste momento (então para estes jogos que exigem bastante em termos físicos e de entrega, nem se fala...). Se o Gonçalo Ramos também passou muito ao lado do jogo, o Musa que o substituiu nem chegou a entrar nele. O Rafa pareceu um pouco perdido em algumas partes do encontro e o Enzo Fernández também esteve longe do que mostra habitualmente. A 1ª parte do Florentino foi de fugir, mas melhorou bastante na 2ª.
 
Com as vitórias do CRAC (4-1 em casa frente ao Braga) e da lagartada (3-1 em casa frente ao Gil Vicente), temos agora, respectivamente, três e nove pontos de distância perante eles. No entanto, antes de recebermos o Rio Ave no fim-de-semana, regressa a Champions e logo com a recepção ao PSG. Independentemente do que aconteça nesta partida, é bom lembrar que o foco principal tem de ser o campeonato.