terça-feira, fevereiro 26, 2019
Inteligência
Vencemos o Chaves por 4-0 e mantivemos a distância de um
ponto para o CRAC (3-0 em Tondela) a uma semana de irmos a Mordor. Com a
derrota do Braga em casa frente ao Belenenses (0-2) e o empate na lagartada no Marítimo (0-0), temos agora
sete e dez pontos de vantagem sobre eles, respectivamente. Depois da vitória do
CRAC na 6ª feira, estávamos pressionados para não os deixar alargar a vantagem
na véspera de os visitarmos e jogámos com grande paciência e inteligência
emocional, conseguindo uma vitória tranquila e mais que justa.
Apesar de estar nos lugares de descida, o Chaves até entrou
bem no jogo e pôs à prova o Vlachodimos por duas vezes no primeiro quarto de
hora. E terminou aí as iniciativas flavienses no jogo! Nós respondemos entre
esses dois lances com um cabeceamento(!) do Rafa à figura, mas inaugurámos o marcador aos 19’ através do mesmo Rafa,
num dos inúmeros passes teleguiados do Gabriel para o flanco oposto, onde o
Pizzi centrou, o João Félix teve uma recepção deliciosa e cruzou para o centro
da área, onde um jogador do Chaves chutou contra outro, tendo a bola sobrado
para o nº 27 só ter que encostar. Pouco depois, o mesmo Rafa teve uma boa
oportunidade de bisar, mas o remate de primeira a centro do Grimaldo saiu por
cima, e o Seferovic falhou uma recarga relativamente fácil a um cabeceamento do
João Félix, que o António Filipe não conseguiu segurar. No entanto, aos 37’,
marcámos o segundo graças à dupla de avançados: boa desmarcação do João Félix a
passe do Seferovic, remate forte do miúdo que o guarda-redes só teve tempo de rechaçar
para a frente, com o Félix a fuzilar na recarga de pé esquerdo. A bola entrou e
ainda bem, mas o remate poderia ter sido colocado em vez de com força, porque deu
a sensação que, caso o Félix não tivesse acertado bem na bola, ela não teria levado
a direcção da baliza. Em cima do intervalo (43’), fizemos o 3-0 noutra abertura
fabulosa do Gabriel a isolar o Seferovic e o suíço a desfeitear o guarda-redes,
mesmo tendo sofrido um empurrão por trás. Aliás, eu já estava de pé a gritar
penalty, quando a bola entrou.
Para a 2ª parte, esperava-se a reacção do Chaves, mas ela não
aconteceu. Pareceu que estavam a tentar minimizar os prejuízos para não levarem
uma dose igual à do Nacional. E, se foi isso, conseguiram-no. Mesmo assim, isso
só aconteceu, porque também não estivemos tão felizes na concretização, com um
remate do Félix logo no reinício muito por cima, quando estava em excelente
posição na área, e um par de grandes defesas do António Filipe a remates do
Pizzi, muito bem desmarcado pelo Gabriel (outro inacreditável lançamento longo)
e pelo entretanto entrado Jonas. O Grimaldo tentou marcou um golo igual ao
frente ao Boavista, mas o guarda-redes voltou a defender, porém no último minuto
fizemos finalmente o quarto golo através do Jonas, bem desmarcado pelo Félix,
que recargou com êxito um remate seu defendido pelo guarda-redes. Foi bom que não
tivesse ficado 0-0 na 2ª parte.
Em termos individuais, destaque absoluto para o Gabriel cuja
precisão no passe é superior ao GPS dos nossos telemóveis e, ainda por cima,
decidiu jogar apesar de ter sabido da morte de um familiar muito próximo horas
antes da partida. O Florentino exibiu-se novamente em grande plano e não engana
ninguém: é craque. O Samaris, que recuou para central para o lugar do castigado
Ferro, deu conta do recado e o Corchia também não esteve mal no lugar do André
Almeida. O Rafa teve as melhores oportunidades na 1ª parte e está com uma veia
goleadora de saudar, assim como grande parte da equipa: não me lembro de haver
uma época em que tivéssemos cinco jogadores entre os oito primeiros(!) na
tabela dos goleadores, sendo esta liderada pelo Seferovic com 15 golos (o Jonas
está com nove e o Pizzi, João Félix e Rafa com oito).
Teremos agora finalmente quase uma semana para preparar o próximo
jogo, que será em Mordor. Em condições normais, com uma arbitragem decente, não
duvido que teríamos boas hipóteses de ganhar. Mas, pela amostra da Taça da Liga
em Braga, tenho grandes dúvidas que isso possa acontecer. De qualquer maneira,
estamos a jogar um grande futebol e não há nenhum benfiquista que não esteja
contente com isso. A maneira como nesta partida fomos variando a forma de jogar
para tentar entrar numa defesa superpovoada roçou o brilhantismo. E demonstra
como a equipa está a crescer de jogo para jogo, relevando uma inteligência
colectiva como há muito não se via: não perdemos a calma, sabemos ser
pacientes, desaceleramos e aceleramos quando é preciso, é um gosto ver o Benfica
actualmente. Veremos o que se irá passar no sábado.
sexta-feira, fevereiro 22, 2019
Q.B.
Empatámos com o Galatasaray (0-0) na 2ª mão dos 16 avos-de-final da
Liga Europa e conseguimos assim qualificar-nos para os oitavos. Foi um jogo com
muito menos intensidade do que temos vindo a exibir, mas isso fez parte da
estratégia, que passou muito por não dar espaço aos turcos e, de facto, eles não
tiveram praticamente oportunidades de golo.
Ao contrário da partida da 1ª mão, o Bruno Lage só trocou três
jogadores: a dupla de meio-campo (Samaris e Gabriel por Florentino Luís e Gedson)
e o Cervi na esquerda no lugar do Rafa. Ou seja, André Almeida, Grimaldo e
Pizzi foram titulares. Depois de surpreender o adversário uma vez, convinha não
repetir a dose, que deixaria de ser surpreendente. Na 1ª parte, cedemos a
iniciativa ao Galatasaray, tentando partir em contra-ataques rápidos quando
ganhássemos a bola. E foi desta maneira que criámos uma boa oportunidade pelo
Cervi, logo nos minutos iniciais, mas o seu remate saiu ao lado. Tivemos
igualmente oportunidades pelo Pizzi, que permitiu a defesa do guarda-redes num
remate fora da área, e pelo André Almeida, mas um defesa cortou a bola antes de
o lateral poder rematar. O Vlachodimos não teve praticamente trabalho nenhum.
Na 2ª parte, carregámos mais logo nos minutos iniciais e o João Félix
teve uma excelente oportunidade num canto, depois de um desvio de cabeça do
Ferro, mas atirou por cima, quando tinha a baliza muito perto. O Seferovic teve
uma óptima jogada na direita, mas o passe atrasado para o Félix não saiu na
perfeição e o remate deste foi defendido pelo Muslera. Os turcos tentavam principalmente
de bola parada, mas a nossa defesa esteve muito bem. O Bruno Lage fez entrar o
Rafa para o lugar do Cervi, numa tentativa de aumentar a velocidade e criar
mais desequilíbrios. Rafa, esse, que já perto do final teve uma boa iniciativa,
mas o remate saiu frouxo e ao lado. Uma perda de bola do Gedson em zona mais
que proibida teria dado golo, se o jogador do Galatasaray não estivesse
fora-de-jogo. A cinco minutos do final, o Galatasaray meteu novamente a bola na
baliza, mas foi assinalado outro fora-de-jogo, este bastante mais duvidoso (o
jogador parece em linha).
Em termos individuais, grande jogo do Ferro, só é pena ter tido aquela
expulsão na Vila das Aves, que o vai tirar da partida frente ao Chaves. O
Florentino foi outro que encheu o campo, com números inacreditáveis em termos
de desarmes. O Seferovic deu imensa luta aos centrais, mas acabou o jogo de
rastos fisicamente (continuo sem perceber porque é que despachámos dois
pontas-de-lança em Janeiro e não veio ninguém para o lugar de pelo menos um
deles….). Todos os outros estiveram a um nível mediano, mas ontem não era dia
daquelas cavaladas de outros jogos. Sinceramente, achei uma exibição muito
consistente da nossa parte, em que reduzimos o espaço ao adversário e não o
deixámos acercar-se da nossa baliza.
Acabámos por ter alguma sorte no sorteio, porque entre vários tubarões acabou por nos calhar o Dínamo
Zagreb. Até a ordem dos jogos é favorável, porque não só a eliminatória se resolverá
em Lisboa, como o jogo seguinte é em Moreira de Cónegos. E com três dias de
intervalo entre jogos, é bom que os jogadores não se cansem escusadamente em
viagens.
Na próxima 2ª feira, receberemos o Chaves para o campeonato e temos imperiosamente
de ganhar para irmos a Mordor só com um ponto de desvantagem.
terça-feira, fevereiro 19, 2019
Consistência
Vencemos ontem na Vila das Aves por 3-0 e mantivemos a distância
de um ponto para o CRAC (2-0 ao V. Setúbal em casa), aumentando para quatro a
nossa vantagem frente ao Braga (0-3 no WC). Treinado pelo inenarrável Inácio, o
Aves melhorou substancialmente, o que tornava este jogo complicado, ainda por
cima porque estava no meio da eliminatória europeia. Mas a nossa resposta foi
muito boa e a vitória incontestável.
Com o regresso dos habituais titulares, não poderíamos ter tido
melhor entrada na partida, pois inaugurámos o marcador logo aos 3’ através do
Seferovic a corresponder muito bem a um centro do Samaris, que o colocou só com
o guarda-redes pela frente e o suíço picou brilhantemente a bola sobre ele. O
Aves estava aturdido e nós poderíamos ter aproveitado para dilatar a vantagem
pouco depois, mas o Rafa não se conseguiu isolar depois de dominar a bola de
peito e passou-a ao João Félix, que rematou torto quando estava descaído na
direita. O mesmo Félix teve pouco depois um remate rasteiro, mas o Beunardeau
defendeu para o lado, com o Seferovic a ver a sua recarga ser cortada por um
defesa, tendo a bola ficado para o Grimaldo, que também rematou forte para novo
corte de um defesa. Três oportunidades no mesmo lance! A partir dos 25’, o Aves
equilibrou e criou perigo num livre na direita, que foi batido directamente
para a baliza com o Vlachodimos a defender bem para canto. Curiosamente foi
quando o Aves estava melhor no jogo, que fizemos o 0-2 aos 37’ através do Rafa,
num excelente remate muito colocado de pé direito, já dentro da área, depois de
partir os rins a um defesa.
Com a vantagem alargada, a 2ª parte tinha tudo para ser tranquila,
assim nós marcássemos mais um golo. E tentámos fazê-lo logo desde o reinício, ao
mesmo tempo que conseguimos controlar melhor as investidas atacantes do adversário.
O João Félix com um grande remate de fora da área bem defendido pelo guarda-redes
e uma boa combinação atacante entre o Rafa e o Seferovic estiveram quase a
dar-nos o descanso merecido, mas foi o Ferro aos 59’ a fazer o 3-0: canto da
direita e o nosso central a ser oportuno na recarga a um remate seu que ficou
entalado num defesa. Logo na jogada a seguir, outra boa combinação atacante
deixou o Pizzi só com o guarda-redes pela frente, mas o nº 21 picou a bola
ligeiramente ao lado. O jogo estava de feição para permitir uma gestão do
esforço e quiçá a estreia do Jota no campeonato, se não fosse o Ferro ter
cometido um enorme erro aos 64’: agarrou o Derley quando este seguia isolado
para a baliza e foi naturalmente expulso. Terá sido a inexperiência a tramar o
nosso central, dado que teve tempo de fazer a falta quando o avançado brasileiro
ainda não tinha passado por ele e aí só teria levado o amarelo. O Samaris recuou
para central, mas adaptámo-nos bem a essa mudança e o Aves, apesar de ter dominado,
não teve assim grandes oportunidades. O Bruno Lage aguardou para ver como a
equipa reagia e só fez entrar o Gedson aos 78’, o que permitiu reassumir novamente
o controlo do meio-campo, com a maior chance de golo a acontecer para nós, num
remate rasteiro do João Félix que saiu a rasar o poste. Perto do final, o Jonas
primeiro e o Zivkovic depois entraram para permitir (pouco) descanso ao
Seferovic e ao mesmo Félix.
Em termos individuais, destaque para o Seferovic, que vai no
sétimo jogo seguido a marcar para o campeonato, para o Rafa, que tem a mira
bastante mais afinada do que em anos anteriores, e para o Samaris que, apesar
do amarelo escusado, foi sempre muito regular no meio-campo. Mas toda a equipa
se exibiu a um plano muito aceitável.
Era uma partida difícil e nós tivemos o condão de a tornar menos
complicada. Gostei especialmente de ver a transformação da 1ª para a 2ª parte, com
o Bruno Lage a explicar no final como a equipa percebeu o que estava a fazer
mal, que permitiu ao Aves reequilibrar o jogo na segunda metade do primeiro
tempo, e a corrigir isso ao intervalo. Estamos com confiança, a jogar bem e com
os resultados naturalmente a aparecerem. Está a dar muito gozo ver este Benfica
a jogar.
P.S. – Surgiu hoje a confirmação de que o Bruno Lage será o
nosso treinador para as próximas quatro épocas e meia. Por princípio, não gosto
de contratos de treinador muito longos, mas neste caso acho que é seguro abrir
uma excepção. Sabendo todos nós, e o Bruno Lage obviamente também, que está sempre
tudo dependente dos títulos. Mas jogar bem e bonito é um excelente princípio
para tal.
sexta-feira, fevereiro 15, 2019
Personalidade
Vencemos o Galatasaray na Turquia por 2-1 e estamos bem
lançados para conseguir a qualificação para os oitavos-de-final da Liga Europa.
Foi a primeira vez que vencemos em solo turco, após sete tentativas goradas, e
fizemo-lo com uma equipa recheada de não-titulares e seis jogadores vindos da
formação! Inacreditável!
Quando vi a equipa, com Corchia, Yuri Ribeiro, Florentino,
Gedson (os três primeiros a fazerem a sua estreia nas competições europeias), Salvio,
o Cervi e o já esperado Ferro (mas que está a fazer apenas o terceiro jogo na
equipa principal) a serem titulares num terreno muito complicado contra uma
equipa que foi campeã no ano passado e, portanto, veio da Liga dos Campeões,
confesso que temi o pior. A Liga Europa, por ter um intervalo menor entre os
jogos do que a Champions, obriga a
uma gestão do plantel, mas lá que o Bruno Lage estava a arriscar muito, estava.
No entanto, o que se viu em campo foi maravilhoso! Os miúdos do Seixal &
Cia controlaram muito bem o adversário, com o Florentino a ser um tampão no
meio-campo e os centrais a não darem veleidades aos avançados. De tal forma que
o Galatasaray criou muito menos situações de perigo do que seria expectável, a
maior das quais terá sido um remate do nigeriano Onyekuru, desviado pelo
Corchia. Sempre que tínhamos a bola fazíamos o que é suposto fazer num jogo de
futebol: atacar e tentar marcar na baliza contrária. E foi assim que inaugurámos
o marcador aos 27’, num penalty do Salvio a castigar braço de um defesa após
cruzamento do Yuri Ribeiro: remate muito colocado do argentino com a bola a entrar
pela malha lateral, tornando infrutífera a estirada do Muslera. Até ao intervalo,
os gregos não conseguiram criar mais perigo e, quanto a nós, pareceu-me que
ficou outro penalty por marcar por derrube ao João Félix.
A 2ª parte começou praticamente com a lesão do Salvio, que
teve que ser substituído pelo Gabriel, passando o Gedson para a direita. Gedson
esse que, aos 54’, deixou o defesa-esquerdo Nagatomo centrar à vontade para o Luyindama
bater o Yuri Ribeiro (que devia ter abordado o lance de outra maneira) e de
cabeça fazer a igualdade. Não era bom os turcos conseguirem a igualdade tão
cedo, mas a nossa resposta voltou a ser excelente. O Seferovic teve uma boa
jogada, depois de um erro defensivo do mesmo Luyindama, que culminou num remate
na passada que foi pena ter ficado nas pernas do Muslera. No entanto, aos 64’
um passe longo do Rúben Dias lançou o Seferovic em corrida, o suíço bateu o
defesa no corpo-a-corpo e à saída do Muslera atirou ao ângulo esquerdo da
baliza. Grande golo! Apesar da vantagem, nunca deixámos de atacar quando tínhamos
a bola, mas foi o Galatasaray a ter as duas oportunidades finais, num remate do
Feghouli que passou perto do poste e numa excelente defesa do Vlachodimos a um
cabeceamento do Luyindama na sequência de um livre.
Em termos individuais, destaque para o Florentino por uma
simples razão: estamos a falar de um miúdo de 19 anos, que tinha feito há quatro
dias os primeiros 30’ na equipa principal e joga em Istambul como com uma calma
olímpica. Impressionante! O Ferro é outro que parecia que já estava há muitos
anos na equipa. Grande jogo igualmente do Rúben Dias, um patrão na defesa. O Corchia
e Yuri Ribeiro estiveram bem melhor do que eu estava à espera, dado que não
jogavam há muito tempo. A dupla de avançados (Seferovic e João Félix) continua
a articular-se muito bem, com o suíço na melhor forma de sempre. Só os extremos
(Salvio e Cervi) não estiveram ao nível que nos habituaram, com o primeiro a
agarrar-se muito à bola e o segundo com algumas más decisões no capítulo do
passe.
Li por aí com muita graça que a equipa principal do Benfica
continua sem ganhar na Turquia. De facto, se me dissessem há dois meses que íamos
ganhar lá com uma defesa que incluía Corchia, Ferro e Yuri Ribeiro, eu teria
achado que a pessoa, no mínimo, estava ébria. Grande vitória e, quatro dias após
os 10-0, voltámos a fazer história! Vivemos, sem dúvida, dias muitos felizes,
em que nos dá muito gozo ver a constante evolução desta equipa. Digo isto agora,
de propósito, porque ainda não ganhámos nada e a meu ver esta decisão não deve
estar dependente de conquistarmos ou não títulos este ano: não sei o que o
presidente do Benfica está à espera para anunciar que o Bruno Lage irá ser o
treinador principal na(s) próxima(s) época(s).
segunda-feira, fevereiro 11, 2019
D E Z__A__Z E R O!!!
Tivemos ontem o privilégio de assistir a algo que já não
acontecia desde 1964, ou seja há 55 anos: ganhámos por 10-0 ao Nacional da
Madeira. Nunca será demais repetir: dez a zero! DEZ A ZERO! Como na 6ª feira, o
CRAC empatou 1-1 em Moreira de Cónegos (e só marcou ao malfadado minuto 92), a
diferença está agora reduzia a um singelo ponto, com o Braga (2-1 ao Chaves) a
dois do 1º lugar.
Para memória futura, vou fazer algo que nunca fiz neste blog,
ou seja, colocar a ficha de jogo, porque algo que foi histórico merece ficar
perpetuado:
Vlachodimos; André Almeida, Rúben Dias, Ferro e Grimaldo;
Pizzi, Samaris (Florentino Luís, 62’), Gabriel e Rafa; João Félix (Krovinovic,
68’) e Seferovic (Jonas, 72’). Marcadores: Grimaldo (1’), Seferovic (21’ e 27’),
João Félix (50’), Pizzi (54’ pen.), Ferro (56’), Rúben Dias (64’), Jonas (85’ e
90’) e Rafa (88’).
O meu amigo Bakero regozijou-se com o facto de o resumo que
irá fazer do jogo ter pelo menos 15’ (e bem, porque a história merece ser vista
com a atenção devida), mas este post,
se fosse normal, teria de ter umas três páginas. Portanto, vou poupar-vos a
isso e condenso tudo nalguns pontos:
- Já li por aí a curiosidade de terem sido 10 golos no dia do
60º aniversário do enorme Fernando Chalana (um dos mais míticos 10 do Benfica),
sendo ontem dia 10, e com o nosso 10 actual a marcar o 10º golo.
- Também já vi por aí comentado que o Nacional não existiu e isto foi bater em mortos. Não, meus caros, “não existir” e “bater em mortos” equivale a marcar alguns golos, e depois abrandar o ritmo e ser condescendente com o adversário. O que se passou ontem foi muito mais do que isso: foi jogar cada minuto a seguir aos golos, como se estivesse 0-0. Foi fazer uma pressão sufocante que obrigou a muitos erros do adversário. Foi ter respeito pelo público, pelo jogo e pelo adversário, de tal modo que, assim que o jogo acabou, a primeira coisa que os jogadores do Benfica fizeram foi confortar os colegas de profissão. E não se ouviu um único olé das bancadas durante toda a partida. E não se driblou o adversário em modo de gozo. E não se colocou o Vlachodimos a marcar o penalty. E o Pizzi e o Bruno Lage voltaram a dar uma palavra aos jogadores do Nacional na flash interview. Isto, sim, é respeito!
- Também já vi por aí comentado que o Nacional não existiu e isto foi bater em mortos. Não, meus caros, “não existir” e “bater em mortos” equivale a marcar alguns golos, e depois abrandar o ritmo e ser condescendente com o adversário. O que se passou ontem foi muito mais do que isso: foi jogar cada minuto a seguir aos golos, como se estivesse 0-0. Foi fazer uma pressão sufocante que obrigou a muitos erros do adversário. Foi ter respeito pelo público, pelo jogo e pelo adversário, de tal modo que, assim que o jogo acabou, a primeira coisa que os jogadores do Benfica fizeram foi confortar os colegas de profissão. E não se ouviu um único olé das bancadas durante toda a partida. E não se driblou o adversário em modo de gozo. E não se colocou o Vlachodimos a marcar o penalty. E o Pizzi e o Bruno Lage voltaram a dar uma palavra aos jogadores do Nacional na flash interview. Isto, sim, é respeito!
- O jogo de ontem deu para tudo: primeiro golo aos 33
segundos! Estreia do Ferro a titular e logo com um golo. Estreia do Florentino
Luís, que em apenas 30’ foi o jogador com mais desarmes de todo o jogo (seis)!
Regresso do Krovinovic e regresso do Jonas (que ainda teve tempo para bisar). É
difícil pensar em algo que pudesse ter corrido melhor.
- O que eu mais gosto de ver no Benfica actual é a exigência
de cada jogador em fazer as coisas bem. Vi o André Almeida genuinamente chateado
consigo próprio na 2ª parte, quando um passe seu não chegou ao destino. Quase
como se se sentisse um dos membros da orquestra que tivesse desafinado e
estragasse o conjunto. Aliado a isto está a urgência absoluta em recuperar a
bola quando a perdemos (Gabriel de novo em grande!), como se a bola fosse nossa
e o adversário não tivesse direito a ela.
- Outra coisa que ressalta à vista e está ligada à anterior é
a alegria com que os jogadores do Benfica jogam à bola. Quase como se fôssemos
nós, adeptos, que daríamos a vida para estar lá dentro com aquela camisola. E é
isso que cria esta ligação enorme que existe neste momento entre a equipa e o público.
Como o Bruno Lage disse, logo quando tomou conta da equipa, o público
conquista-se pelas exibições. E não com expressões como “temos de estar unidos”,
“juntos somos muito fortes” e depois fazer exibições miseráveis mesmo que
valham vitórias. Porque o público percebe que se está muito mais perto de não ganhar
se jogarmos mal, do que se jogarmos bem.
- Contabilizem os cantos e os livres bem marcados pelo Pizzi
agora por comparação ao que se passava antes de 3 de Janeiro. E os golos que conseguimos
agora de bola parada. Treinar tem as suas certas vantagens...
- Quem não me conhece assim tão bem, fica espantado quando
eu digo com genuína mágoa que lamento não ter visto ao vivo todos jogos na nova
Luz: dos 406 que fizemos, só vi 403. É, meus caros, porque eu não quero NUNCA
correr o risco de não estar presente num momento histórico como o do ontem. Não
me perdoaria se não tivesse visto aquilo ao vivo. E, também por isso, faz-me
tanta, mas tanta confusão que ainda ontem tenha visto alguns adeptos sair antes
do final do jogo. Foram menos do que é habitual, mas ainda assim houve alguns. Repito
o que já aqui escrevi: a não ser que tenham recebido uma chamada para irem ver um
familiar muito próximo à beira de falecer, é indesculpável!
Vamos entrar novamente num ciclo terrível com imensos jogos
em pouco tempo: na 5ª feira, estaremos em Istambul para defrontar o Galatasaray
para a Liga Europa. Veremos como a equipa irá reagir à história que acabou de
escrever, mas é inevitável que estejamos todos entusiasmados por ver o Benfica
em campo outra vez.
quinta-feira, fevereiro 07, 2019
Vantagem
Três dias depois, voltámos a vencer a lagartada (2-1) desta feita para a 1ª mão das meias-finais da Taça
de Portugal. Foi um jogo completamente diferente do do campeonato, em que poderíamos
ter conseguido uma diferença mais tranquila para a 2ª mão, que é só daqui a
dois meses. E muita coisa pode mudar entretanto.
Com o Salvio no lugar do Rafa e o Svilar na baliza, entrámos
bem e tivemos duas oportunidades pelo Gabriel, num remate por cima à entrada da
área depois de um cruzamento do Salvio, e pelo Seferovic, com um remate fora da
área que ia com boa direcção, mas desviou num defesa. Concluímos esta boa fase
com o golo aos 16’, noutra rápida jogada atacante com o Salvio a romper, a dar
no meio para o Pizzi e este a abrir na esquerda para a entrada do Gabriel, que
rematou muito forte, com o Renan Ribeiro a ser enganado pela trajectória da
bola. A lagartada teve mais posse de
bola, mas só num remate à entrada da área pelo Bruno Fernandes é que criou algum
perigo, com o Svilar a socar para a frente. Como eles trocaram meia equipa,
apresentavam-se mais frescos, enquanto nós não conseguimos impor o ritmo
avassalador do campeonato. O Sr. Luís Godinho teve um critério muito discutível
e o Jardel foi amarelado por um lance que nem falta foi. Perto do intervalo, o
mesmo Jardel lesionou-se e foi substituído pelo Ferro, que fez assim a estreia
na equipa principal. Até final da 1ª parte, ainda deu para o Svilar ter uma hesitação
infantil a agarrar a bola e o Luiz Phellype quase ficou com ela.
Na 2ª parte, fomos mais consistentes e estivemos mais tempo
no meio-campo da lagartada. No entanto,
ainda assim eles criaram perigo através do Wendel, que apareceu isolado frente
ao Svilar, mas o remate saiu muito torto. Respondemos logo a seguir numa
cabeçada do Rúben Dias num livre, mas a bola saiu à figura. Desde o reinício que o Salvio passou para a esquerda e o
Pizzi para direita, mas já se sabe que o argentino não consegue render no flanco
oposto e portanto a substituição era uma questão de tempo. Entrou o Rafa e
pouco depois, aos 64’, fizemos o 2-0 noutro lance rápido desde a nossa defesa,
com o Pizzi a receber a bola no meio-campo e a fazer um passe comprido para o Seferovic
na esquerda, que fez um centro-remate para o lado oposto, onde estava a João Félix,
que rematou com força tendo a bola sido desviada pelo Tiago Ilori para dentro
da baliza. Foi autogolo, porque o remate não ia com a direcção da baliza, mas o
que interessa é que entrou. A lagartada
abanou muito com este golo e poderia ter sofrido o terceiro logo a seguir numa óptima
combinação pela esquerda entre o Rafa, o Seferovic e o Grimaldo, com o centro
do suíço a colocar o espanhol em boa posição, mas o remate deste a sair infelizmente
torto. Com o desenrolar da 2ª parte, fomos decaindo em termos físicos e a lagartada conseguiu ser mais pressionante,
criando uma boa oportunidade num remate do Wendel à entrada da área, que foi
desviado pelo olhar do Svilar (uma especialidade do nosso guarda-redes...). Apesar
da quebra física, tentámos sempre marcar mais um golo, mas o remate do Seferovic
saiu à figura do Renan e outro do Grimaldo, depois de uma boa jogada do Rafa, saiu
ao lado. Ainda entrou o Cervi para o lugar do Pizzi, mas um mau corte do Ferro
(quando tinha tempo para dominar a bola) deu origem a um ataque da lagartada, que terminou com uma falta do
Cervi sobre o Bruno Fernandes aos 82’. O livre foi a uns bons 30 m da baliza,
mas o mesmo Bruno Fernandes conseguiu meter a bola na baliza. Apesar de o
Svilar eventualmente poder ter sido mais rápido a reagir, foi um golão. Até
final, o Bas Dost carregou o Svilar e o golo que fez a posteriori já não valeu e, no último minuto, o Grimaldo foi
agarrado pelo Coates à entrada da área, mas o agarrão prolongou-se durante um
bocado e não sei mesmo se não terá parado em cima da linha. No entanto, o Sr.
Luís Godinho assinalou falta fora da área.
Em termos individuais, o Gabriel foi o melhor e estreou-se a
marcar pelo Benfica logo num derby. O
Samaris também esteve em destaque e melhorou em relação a domingo. O Salvio participou
no primeiro golo, mas ele e o Pizzi não podem jogar ao mesmo tempo nas alas,
porque ambos só rendem na direita. O João Félix não esteve tão interventivo
como há três dias e o Seferovic foi outro que esteve fisicamente pior. Aliás,
continuo sem perceber como é que vamos encarar o resto da temporada, ainda por
cima com a Liga Europa que tem mais jogos do que a Champions, só com um ponta-de-lança de raiz. Se acontecer alguma
coisa ao Seferovic e com a condição física do Jonas a ser pouco viável, quero
ver quem é que vai jogar a ponta-de-lança...
Naquelas situações que são muito comuns no futebol português,
a 2ª mão só irá disputar-se em Abril. Também por esta imprevisibilidade, era
importante ter conseguido um resultado mais confortável para o jogo no WC. Não
foi possível, mas partimos em vantagem. Esperemos que daqui a dois meses ainda
estejamos melhor do que agora.
segunda-feira, fevereiro 04, 2019
Demolidor
Se me tivessem proposto, antes do jogo, uma vitória por 4-2 no WC, eu assinaria de cruz. No entanto, chegado ao final, julgo que não deverá haver um único benfiquista que não sinta que isto soube a pouco. A nossa superioridade foi tão, mas tão evidente que só dois golos de vantagem é manifestamente insuficiente para o que vimos em campo. Ficámos a um pequeno passo de conseguir um resultado histórico, que todos vislumbrámos caso o João Félix tivesse feito o 5-1 naquele incrível falhanço. Num onze sem surpresas, entrámos muito fortes e uma boa jogada do Grimaldo na esquerda poderia ter-nos colocado em vantagem logo nos primeiros minutos. Não demorou muito até o conseguirmos, aos 11’, num cabeceamento do Seferovic, depois de um centro do mesmo Grimaldo na esquerda, brilhantemente desmarcado pelo Gabriel. Um livre do Bruno Fernandes à barreira foi a tímida resposta do outro lado, enquanto o Seferovic não conseguiu meter a bola no Rafa, isolado no meio, depois de bem desmarcado pelo Félix na esquerda. Teria sido só encostar... Voltámos a meter a bola na baliza, num remate colocadíssimo de pé esquerdo do João Félix, que o Sr. Artur Soares Dias anulou, depois de consultar o VAR, por uma acção do mesmo Félix sobre o Wendel, que em Inglaterra nunca seria falta. Comparar esta falta com a que sofreu o Gabriel no primeiro golo do CRAC na Taça da Liga é uma brincadeira de mau gosto. A lagartada estava completamente perdida em campo e nós, em vez do malfadado ‘controlar o jogo’, tentámos sempre marcar mais. Uma insistência do Pizzi resultou num remate de trivela do Félix, que infelizmente saiu com pouca força, mas no minuto seguinte (36’) fizemos finalmente o 2-0: óptima abertura do Seferovic a isolar o João Félix que, à saída do Renan Ribeiro, desviou a bola para dentro da baliza. Deveríamos ter ido com este resultado para o intervalo, mas aos 43’ o Samaris, que até fez um bom jogo, fez um tremendo disparate a meio-campo, perdendo a bola e dando azo a um contra-ataque da lagartada, que culminou num bom remate do Bruno Fernandes sem defesa para o Vlachodimos.
Para a 2ª parte, o Marcel Keiser tirou o Nani para colocar o Diaby e eu achei muito bem. As coisas não poderiam ter começado melhor para nós, porque fizemos o 3-1 logo aos 47: livre do Pizzi na direita e cabeçada ao ângulo do Rúben Dias. É muito mais fácil marcar golos de bola parada, quando, lá está, se treina... Uma das coisas que mais gosto neste Benfica do Bruno Lage é que, independentemente do resultado, só deixamos de procurar o golo aos... 90’. Assim fizemos no WC e o Jardel esteve próximo de marcar numa cabeçada num canto que saiu perto do poste. A lagartada fartava-se de falhar passes e nós metemos mais uma vez a bola na baliza, num contra-ataque muito bem feito, com remate do Pizzi e recarga do Seferovic, mas desta vez o Sr. Artur Soares Dias tinha mesmo razões para o anular, porque o suíço estava ligeiramente adiantado. Uma das poucas ocasiões do adversário foi um livre descaído para a direita em que o Raphinha atirou ao poste, mas creio se tivesse ido mais para dentro o Vlachodimos defendia. Mais uma vez em contra-ataque, o Seferovic não conseguiu fazer o que o João Félix fez na semana passada frente ao Boavista e o passe para o mesmo Félix foi cortado por um defesa. O nº 79 ficaria só com o guarda-redes pela frente... Um remate do André Almeida, quase sem ângulo, embateu na malha lateral, mas aos 73’ fizemos finalmente o merecido quarto golo através de um penalty não muito bem marcado pelo Pizzi (o Renan tocou na bola e por pouco não defendeu), a castigar um derrube do guarda-redes da lagartada ao João Félix. Três minutos depois veio o tal lance que poderia ter lançado este resultado para a história: novo contra-ataque nosso muito bom, com o Pizzi a centrar para o Seferovic atirar ao poste e, na recarga e na mesma baliza, o João Félix resolveu imitar o Bryan Ruiz...! Incrível! Logo a seguir, o nosso novo menino de ouro saiu para entrar o Cervi, mas eu achei que teria feito mais sentido sair o Seferovic, porque estava de rastos em termos físicos e temos novo jogo contra eles na 4ª feira. A pouco mais de 10’ do fim, a lagartada marcou pelo Diaby, mas o golo foi bem anulado pelo VAR por fora-de-jogo. No entanto, aos 88’, o indiscutível 1º classificado no ranking dos penalties aumentou a sua vantagem e o Bas Dost fez o 2-4 perante o Svilar, porque... o Vlachodimos foi expulso(!) por uma falta sobre o mesmo Bas Dost. E eu que pensava que a tripla penalização (penalty, expulsão e golo) tinha deixado de existir, mas aparentemente foi desde que isso não seja a nosso favor. O Sr. Artur Soares Dias e o VAR João Pinheiro acharam que o Vlachodimos não protegeu a cabeça quando o Bas Dost saltou por cima dele e mandaram-no para a rua. Sem comentários! Conseguimos controlar muito bem os sete minutos de compensação apesar de estarmos com menos um em campo. Grande personalidade da equipa a contrastar imenso com este jogo, em que delapidámos uma vantagem de dois golos em muito pouco minutos.
Enorme exibição de toda a equipa, com destaque para o João Félix, que encheu o campo. Marcou dois golos, só contou um e foi pena ter falhado o golo mais fácil da sua carreira. O Seferovic também está em grande forma e forma uma dupla temível com o Félix. O Pizzi renasceu desde que passou para a direita e o Gabriel mostrou mais uma vez a sua qualidade, apesar de ter sempre um ou outro lance em que perde uma bola fácil. Enorme personalidade do Rúben Dias que, nos jogos grandes, sobe sempre um patamar nas suas exibições. Bom jogo igualmente do Jardel, a não dar muitas veleidades ao Bas Dost. O Samaris esteve muito interventivo, mas aquela falha que deu origem ao primeiro golo deles é imperdoável. O Rafa foi outra seta apontada à baliza adversária e neste momento é uma peça imprescindível no nosso jogo.
Não me lembro de uma exibição assim tão demolidora no WC há muito tempo. Os números pecam por escasso, mas não nos deixemos inebriar. Voltaremos a defrontá-los na 4ª feira e é muito importante conseguir um resultado confortável na Luz para a 2ª mão da Taça de Portugal, que só irá decorrer daqui a dois meses. Ninguém se esquecerá desta situação, em que também houve dois meses entre as duas mãos. É muito tempo e muita coisa pode mudar, portanto é de aproveitar este bom momento para dar um passo muito firme em direcção ao Jamor. Seria uma lástima se não conseguíssemos um troféu este ano e a Taça de Portugal é o que, neste momento, está mais ao nosso alcance.
VIVA O BENFICA!
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