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quarta-feira, dezembro 21, 2022

Desaire

Empatámos no passado sábado (1-1) em Moreira de Cónegos com o Moreirense e, apesar de termos mantido a invencibilidade em jogos oficiais, tivemos o primeiro grande dissabor da temporada, dado que fomos afastados da final four da Taça da Liga. Estando nós num grupo com três equipas da II Liga, mesmo apesar de, ao contrário dos outros grandes, só termos tido um jogo em casa, não se pode deixar de catalogar este desfecho como um enorme fracasso.
 
Como seria de esperar, o Roger Schmidt fez a linhar a melhor equipa disponível, que já incluiu os mundialistas portugueses (Gonçalo Ramos e António Silva, estando o João Mário de fora por problemas físicos) e dinamarquês (Bah). A 1ª parte teve algum equilíbrio, com oportunidades de ambos dos lados (o Moreirense atirou uma bola à barra) e nós começámos a tornar o guarda-redes Pasinato na figura do jogo (remates do Gonçalo Ramos ao ângulo e, já perto do intervalo, do Grimaldo num livre a proporcionarem-lhe óptimas defesas). Entretanto, aos 25’, o Florentino abriu os braços de maneira estúpida num lançamento lateral contrário, a bola ressaltou para eles e foi naturalmente penalty. O André Luís não deu hipóteses ao Vlachodimos. Pela maneira como o Moreirense estava a conseguir fechar os caminhos para a sua baliza, era muito importante conseguirmos igualar a partida antes do intervalo, algo que aconteceu aos 43’ através do Gonçalo Ramos a corresponder bem a uma iniciativa do Rafa na direita.
 
A 2ª parte foi um massacre do nosso lado. Atirámos duas bolas aos ferros (Chiquinho e Gonçalo Ramos), embora o Moreirense também tenha atirado uma, o Rafa isolado permitiu a defesa ao guarda-redes e o Diogo Gonçalves, que entrou na parte final, teve duas ocasiões soberanas, com um remate muito por cima em boa posição na área e, mesmo antes do apito final, um cabeceamento completamente isolado que saiu ao lado. Inacreditável falhanço! Não conseguimos marcar um golo e, por isso, fomos eliminados. Acho que o Roger Schmidt demorou tempo demais a fazer as substituições (a primeira foi aos 77’...), porque a meio da 2ª parte começou a notar-se algum cansaço da nossa parte. Embora, claro está, a qualidade de quem está no banco não seja a mesma de quem joga a titular. Porém, teria sido útil à equipa alguma frescura mais cedo.
 
Em termos individuais, não houve ninguém que se destacasse por aí além. O Florentino fez uma boa 2ª parte, mas aquele erro crasso na primeira inviabiliza uma avaliação positiva. O Aursnes também melhorou quando foi para o centro, mas ainda está longe da sua forma. O Gonçalo Ramos veio com a pedalada do Mundial e, enquanto teve pernas, foi dos mais batalhadores e foram deles as nossas melhores oportunidades. O António Silva só jogou uma partida no Mundial, mas manteve a forma antes da paragem. Ao invés, o Draxler está difícil de apanhar o ritmo da equipa. Continua muito fora dela, o que é preocupante dado que tecnicamente é um dos nossos melhores jogadores, mas com aquela ‘velocidade’ é manifestamente um corpo estranho sem lugar no onze. Os jogos vão passando e as coisas não mudam com o alemão. Começo a ficar preocupado.
 
Com a não-qualificação para os quartos-de-final da Taça da Liga, ficaremos esta semana sem jogar. Regressa o campeonato na 6ª feira da próxima semana, com uma ida muito difícil a Braga. Depois deste desaire, é bom que demos uma resposta à altura.

segunda-feira, dezembro 12, 2022

Portugal – 0 – Marrocos – 1

Fomos eliminados do Mundial 2022 pela selecção marroquina no passado sábado. Daqui a alguns anos, quando alguém perguntar como foi a nossa participação neste Mundial, vamos ter de dizer “fomos eliminados nos quartos-de-final por Marrocos”. Da mesma maneira que, se nos perguntarem hoje pelo Euro 2004, teremos de dizer que “fomos derrotados, em casa, pela Grécia. Por duas vezes!” Grécia que hoje nem marca presença nos Europeus e Mundiais. Como provavelmente acontecerá com Marrocos (somente em relação aos Mundiais, claro está) num futuro próximo. Não está em causa o bom torneio que os marroquinos estão a fazer, em que têm apenas um golo sofrido (e autogolo), nem o mérito de terem sido melhor do que os espanhóis nos penalties (sim, a Espanha não perdeu com eles nos 90’). Está em causa o facto de a selecção portuguesa ser infinitamente superior e não ter sabido demonstrar isso em campo. Isso é que é inadmissível!
 
Um resultado pode esconder muita coisa. Pode ser sido devido a uma incrível dose de azar, a ser terrivelmente prejudicado pela arbitragem, ao adversário ser claramente superior, enfim, you name it. Nada disto aconteceu neste jogo: perdemos porque tivemos um “Fernando Santos vintage” durante toda a 1ª parte. Como tivemos frente ao Gana. E ao Uruguai. A nossa sorte é que eles não marcaram primeiro do que nós. Como os marroquinos. Mesmo contra a Suíça, o jogo estava muito equilibrado, até o Gonçalo Ramos ter tirado aquele coelho da cartola, que desbloqueou o jogo. E, para os poucos que por esta altura ainda não saberão, o que é o “Fernando Santos vintage”? É este futebol medroso, com um pavor cénico do que possa acontecer, que resulta numa lentidão exasperante de processos, sem arriscar minimamente, o que faz com que se possa trocar de posição o ‘r’ com o ‘d’ na palavra ‘medroso’, que este tipo de futebol ainda fica mais bem definido. Oferecemos a 1ª parte. Literalmente. O adversário marcou num enorme frango do Diogo Costa aos 42’ e a coisa ficou feita. Tivemos de correr atrás do prejuízo e aí faltou o discernimento, que, verdade seja dita, raramente temos nestas ocasiões. Junte-se a isso uma bola no poste do Bruno Fernandes, um outro remate deste a rasar o poste e outro do João Félix para grande defesa do guarda-redes, e o resultado foi termos perdido um jogo que nunca deveríamos ter perdido desta maneira.
 
Espero que esta campanha signifique o fim do Fernando Santos à frente da selecção. Obviamente. Deu-nos um campeonato da Europa e uma Liga das Nações e estar-lhe-emos eternamente gratos por isso. Mas a gratidão não pode fazer com que agora tenha de continuar até ele querer. Porque já não dá mais. Com os jogadores que temos, apresentar este ‘futebol’ é um insulto a todos nós. A quem também devemos estar gratos, mas também já não dá mais, é ao Cristiano Ronaldo. Se quiserem, pode até não ser já, faz mais quatro jogos para chegar às 200 internacionalizações e depois oferecem-lhe uma placa e está feito. O seu comportamento durante esta campanha revelou que é alguém que vive num mundo paralelo em que ainda é o “melhor do mundo”. Quando a última vez que ganhou o prémio foi há cinco anos (2017)! Ora, esse não é de todo o mundo real, e não querer ver isso é apenas deprimente, confrangedor e constrangedor. É a idade. Paciência. Calha a todos. (Já para não falar do facto, nada despiciendo, de que a selecção joga muito mais solta quando ele não está em campo...)

quinta-feira, dezembro 08, 2022

Portugal – 6 – Suíça – 1

Trucidámos a Suíça na passada 3ª feira e qualificámo-nos pela terceira vez para os quartos-de-final de um Mundial de futebol (1966 e 2006 foram as outras duas). Finalmente, e passado muito tempo, jogámos qualquer coisa que se assemelhasse a futebol, facto a que não será alheio termos jogado com 11 jogadores, dado que a estátua de ouro ficou no banco.
 
A partida até começou equilibrada, mas só até o Gonçalo Ramos justificar a titularidade em detrimento do Cristiano Ronaldo. Aos 17’, aproveitando uma assistência do João Félix rodou e fuzilou o guarda-redes com o pé esquerdo. Este golo soltou a equipa, que fez o 2-0 numa cabeçada fabulosa do Pepe num canto aos 33’. O Ramos tinha nas suas costas o tridente Bruno Fernandes, Bernardo Silva e João Félix, que apresentaram uma leveza que ainda não se tinha visto neste Mundial. Coincidência ou talvez não, o facto de não se ter de terminar as jogadas sempre no mesmo jogador, caso contrário, ele faz birra, fez com que se jogasse muito melhor em termos colectivos e os suíços não soubessem bem quem marcar.
 
Se a 1ª parte não tinha sido nada má, a 2ª foi demolidora: marcámos mais quatro golos(!), com o Gonçalo Ramos a fazer uma exibição de sonho, concretizando um hat-trick na sua estreia a titular e logo num Mundial (aos 51’ e 67’), e fazendo a assistência para o Raphael Guerreiro também marcar (55’). A seguir ao 4-0, a Suíça ainda reduziu um canto pelo Akanji, mas nós voltámos a marcar por mais duas vezes, no tal terceiro golo do Gonçalo Ramos e num golaço do entretanto entrado Rafael Leão, já em período de descontos.
 
Destaque absoluto para a exibição de sonho do Gonçalo Ramos, que assim dissipou as dúvidas sobre quem deve ser titular na frente. Não está em causa o que o C. Ronaldo já fez na sua carreira, está o facto de ele não estar a conseguir lidar com a sua idade e o seu actual estado de forma, tomando atitudes inacreditáveis (foi agradecer sozinho aos adeptos no final e voltou logo para o balneário, enquanto os colegas agradeciam em conjunto a seguir). Quem olhasse para a cara dele nunca diria que tínhamos goleado um adversário nos oitavos-de-final de um Mundial. Já era altura de ele perceber que o futebol é um jogo colectivo e não um jogo só para ele brilhar.
 
Iremos defrontar Marrocos, que eliminou sensacionalmente a Espanha nos penalties. É preciso ter atenção com a selecção africana, porque não só ainda não perdeu, como só sofreu um golo (que, ainda por cima, foi autogolo). No entanto, é óbvio que somos mais do que favoritos e, se apresentarmos esta qualidade de jogo, temos mais do que condições para chegarmos às meias-finais.

domingo, dezembro 04, 2022

Portugal – 1 – Coreia do Sul – 2

Segundo jogo num Mundial frente aos coreanos, segunda derrota. Se bem que esta, na passada 6ª feira, ao contrário da de 2002, não tenha tido consequências de maior, porque o Uruguai ganhou ao Gana e assim mantivemos o 1º lugar no grupo, e evitámos o Brasil já na ronda seguinte.
 
Com várias alterações no onze, mas com o C. Ronaldo em campo (até porque continua a haver um recorde para bater...) não poderíamos ter começado melhor, com um golo logo aos 5’ obra do Ricardo Horta a centro do Dalot na direita. Os coreanos ficaram um pouco abananados, mas conseguiram empatar aos 27, num canto contra nós em que o C. Ronaldo inexplicavelmente se agachou fazendo uma assistência involuntária para o adversário que marcou.
 
Na 2ª parte, nós tivemos mais tempo de controle a bola, mas sem apresentar grande eficácia. Do outro lado, havia grande respeito pela selecção portuguesa, mas já em período de descontos os coreanos conseguiram marcar num canto a nosso favor(!): contra-ataque super-rápido que atirou o Uruguai para fora do Mundial.
 
Do meio-campo para a frente, só o Rúben Neves e o C. Ronaldo não tiveram direito a folga. Claro que, no caso do C. Ronaldo, a razão da sua titularidade se deve ao famigerado recorde de golos em Mundiais, que não há maneira de quebrar. Ou seja, objectivos individuais à frente de objectivos colectivos. Típico vindo de quem vem. Ainda por cima, viu-se bem a reaçcão dele para com o selecionador quando foi substituído. Bem podem vir com n teorias sobre a quem é que ele se dirigia, que todos nós percebemos que ele se dirigia ao seleccionador, porque, caso contrário, não falaria em português.
 
Foi uma exibição pior do que as anteriores, que já não tinham sido grande coisa. Urge levantar o nível exibicional, sobe pena de estarmos a poucos dias de regressar a casa. Iremos agora defrontar a Suíça nos oitavos de final do Mundial. No penúltimo confronto goleámos e no último perdemos. Veremos o que irá acontecer agora.