quarta-feira, novembro 06, 2019
Confrangedor
Perdemos em Lyon (1-3), hipotecámos quase definitivamente as hipóteses
de continuar na Champions e mesmo a
Liga Europa não é nada fácil. As últimas exibições pareciam indicar que
estávamos novamente no bom caminho, mas tivemos um choque de realidade na Europa.
Não há como fugir às evidências: não temos andamento para este nível futebolístico
e o que temos exibido tem roçado o patético.
Jogo decisivo para a continuidade na Liga dos Campeões e o Tomás
Tavares é titular do Benfica pela 4ª vez, todas na maior competição de clubes
do mundo. Ou seja, deixa-se o André Almeida esgotar-se no campeonato para
descansar na Champions. Racional
isto? Não faço ideia. Por outro lado, o Bruno Lage deu igualmente a titularidade
ao Gedson na direita, ele que, cada vez que entra, tem sido invariavelmente o
pior jogador do Benfica. Mais uma vez, conferiu. A nossa 1ª parte foi de fugir.
Sofremos o primeiro golo logo aos 4’ pelo Andersen de cabeça, num canto curto
muito mal defendido por todos, especialmente os centrais. A este começo maravilhoso, seguiu-se uma 1ª parte que
não lhe ficou atrás. Lentidão exasperante de processos, o Lyon chegava sempre
primeiro à bola, muito pouca precisão nos passes e nos remates, enfim, um
marasmo quase por completo. Para além disso, ao contrário de nós na Luz, os
franceses tentavam sempre contra-atacar com perigo, apesar de nos darem a
iniciativa. E foi num desses lances que fizeram o 2-0 aos 33’: o Tomás Tavares
ficou duas vezes nas covas na
direita, centro para a área e o Depay não perdoou. Até ao intervalo, poderíamos
ter reduzido num canto, mas o Gedson falhou o desvio ao segundo poste.
Na 2ª parte, entrámos finalmente com onze com o Seferovic no lugar do
Gedson. Era a segunda substituição, porque já tínhamos perdido o Ferro relativamente
cedo devido a um choque com o Vlachodimos. Melhorámos um bocado, mas sempre a
fazer as coisas em esforço e sem desenvoltura nenhuma. Ainda assim, um livre do
Chiquinho e um remate do Seferovic criaram algum perigo ao Anthony Lopes.
Entretanto, esgotámos as substituições a pouco mais de 15’ do fim, com a
entrada do Pizzi para o lugar do esgotado Cervi. E foi o Pizzi a fazer uma
óptima abertura para o Seferovic reduzir para 1-2 aos 76’. O fiscal-de-linha
começou por levantar a bandeirola, mas o VAR confirmou que não havia fora-de-jogo
nenhum. Ainda houve a esperança de pressionar o Lyon com vista à igualdade, mas
os franceses defenderam-se muito bem e nós não tivemos arte para sequer chegar
à baliza deles. Ao invés, foram eles a chegar à nossa aos 89’ e a fazer o 3-1:
o Jardel não só deixou o Traoré virar-se depois de correr para apanhar a bola,
como lhe deu o lado de dentro do campo, mesmo a jeito do seu pé esquerdo, que
rematou em arco não dando hipóteses ao Vlachodimos. Outra péssima acção
defensiva, ainda mais incompreensível por ter sido feita pelo Jardel, que está
longe de ser inexperiente.
Em termos individuais, o Gabriel foi dos poucos a tentar remar contra a
maré, o Cervi lutou muito, mas sem resultados atacantes visíveis, e o Chiquinho
a espaços ainda conseguiu fazer qualquer coisa. O Vlachodimos também não esteve
mal sempre que foi chamado, não tendo tido culpa nenhuma nos golos, e o Pizzi
fez uma boa assistência para o Seferovic marcar. Todos os outros estiveram num
nível muito baixo, em especial o já referido Gedson, o Florentino, que deve ter
feito dos piores jogos com a camisola do Benfica, e o Tomás Tavares, que se
arrisca a ficar queimado se só for titular na Champions.
Os números não enganam: 13 derrotas nos últimos 17 jogos na Champions envergonham a nossa história.
Parece que entramos em campo já vencidos, manietados por um temor que
sinceramente não se percebe. Estamos a jogar a mais prestigiante competição de
clubes do mundo com o espírito da Taça da Liga (com o devido respeito). É algo
que tem de ser mudado. E rapidamente.
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