quinta-feira, setembro 20, 2018
Renato Sanches
Perdemos na Luz com o Bayern Munique por 0-2 na 1ª jornada
da fase de grupos da Liga dos Campeões. A diferença entre as duas equipas é tão
grande que nem vale a pena ficar muito chateado. São mesmo ‘de outro campeonato’
e a nossa luta tem que ser outra.
Com o mesmo onze que defrontou o Nacional no dia 2 de
Setembro, a nossa resistência durou 10’: uma arrancada do Renato Sanches,
seguida de uma combinação entre o Ribéry e o Alaba na esquerda, centro deste
para o Lewandovski, que tirou o Grimaldo do caminho e bateu o Vlachodimos. Por
esta altura, já os bávaros controlavam perfeitamente o jogo, com trocas de bola
imaculadas e um futebol geométrico de encher o olho. Só a partir dos 30’ conseguimos
reagir e tivemos uma boa oportunidade pelo Salvio, mas o Neuer demonstrou
porque é o... Neuer. No entanto, antes disso, já o Vlachodimos tinha tirado o
golo ao Robben que lhe apareceu pela frente.
Na 2ª parte, as coisas ficaram decididas muito cedo: outra
arrancada do Renato Sanches desde a sua grande área, depois de o Robben lhe ter
dado de calcanhar num situação em que os estávamos a pressionar na defesa (‘é
muito jogo’!), conseguiu aguentar a carga do Pizzi, abriu na direita, mudança
de flanco para a esquerda, combinação e centro do James para o mesmo Renato
Sanches marcar o primeiro golo de sempre com a camisola do Bayern. Não é por
ser contra nós que vou deixar de achar que é um golão. A partir daqui, ambas as
equipas perceberam que o jogo estava resolvido, mas mesmo assim ainda tivemos
oportunidades em lances de bola parada pelos centrais (Rúben Dias e Jardel),
mas o Neuer voltou a mostrar porque é um dos melhores guarda-redes do mundo
(especialmente no primeiro caso). As substituições que o Rui Vitória fez não
alteraram o resultado, embora o Rafa e o Gabriel tenham estado bem.
Em termos individuais não é fácil destacar ninguém, mas isto
não significa que estivéssemos mal. Até fizemos um bom jogo tendo em conta que
defrontámos uma equipa demasiado poderosa. O Gedson terá sido o melhor na 1ª
parte, mas decaiu depois do intervalo (como é habitual). O Vlachodimos impediu
que o resultado tivesse sido mais avolumado e só tem que melhorar a saída dos
postes nos cantos (“melhorar” é uma forma de dizer: tem MESMO que sair algumas
vezes). O Pizzi e o Salvio estiveram bem abaixo do que têm vindo a fazer e o
André Almeida mostrou as suas limitações: chega e sobra para o campeonato
português, mas isto ‘é outra loiça’. O Seferovic esforçou-se e esteve longe de
ser dos piores, e o Gabriel mostrou que pode ser uma boa alternativa (tem
sentido posicional, capacidade de luta e não tem medo de rematar de longe –
algo de que estamos muito necessitados...!).
Para finalizar, eis a razão para o título do post. Já li por
aí muito benfiquista indignado com as palmas ao Renato Sanches pelo segundo
golo do Bayern. Digo desde já que eu me levantei e aplaudi efusivamente. MAS NÃO
aplaudi o golo. Obviamente. Aplaudi a REACÇÃO do Renato ao golo. E isso, meus
caros, faz TODA a diferença. Vamos lá a ver se nos entendemos: tivemos o privilégio,
tal como neste jogo, de assistir ao vivo a uma grande equipa de futebol a jogar
na Luz perante os nossos olhos. Que derrotou a nossa, porque é melhor. Ponto. A
questão aqui é perceber o contexto e saber lidar com isso: não estamos na Champions para a ganhar. Isso é uma
utopia. Estamos para ir o mais longe possível e honrar a camisola. E fizemos
isso ontem. Há três anos, vendemos o primeiro jogador português para o Bayern.
PRIMEIRO. Que fez um jogão contra nós. Eu senti orgulho disso. Não é ficar
contente com o golo sofrido, como é lógico. É ver alguém que merece muito, pela
campanha miserável que lhe fizeram enquanto esteve no Benfica, a ter finalmente
algum sucesso num dos maiores clubes do mundo (o que, além do mais, nos poderá
trazer grandes benefícios financeiros no futuro). E não aquele golo, MAS A
REACÇÃO ao golo do Renato e a resposta do público vão ficar para sempre na memória
de quem teve o privilégio de assistir ao vivo. Como ficará na do Renato. E na
dos colegas (o Hummels elogiou-nas redes sociais). A reacção do Renato é obviamente
merecedora do meu aplauso. Tal como o Rui Costa a chorar com a camisola da
Fiorentina. Porque uma coisa é o Benfica ganhar e todos gostamos disso. Mas
outra (e para mim mais importante) é o Benfica ser ‘Benfica’. E os adeptos do
Benfica foram ‘Benfica’ com as reacções aos golos do Rui Costa e do Renato
Sanches. O que me enche de orgulho. Foi um dos momentos mais belos em que tive
a honra de participar enquanto adepto de futebol.
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