Sem surpresa nenhuma (infelizmente), perdemos a Supertaça para a lagartada por 0-1. O jogo resume-se
muito facilmente: houve uma equipa que foi melhor, outra que usou (e abusou) do
pontapé para a frente, um golo mal anulado para uma e um penalty não assinalado
pelo Sr. Jorge Sousa para outra. O golo surgiu de um remate do Carrillo aos
53’, que foi inadvertidamente desviado por um jogador lagarto e traiu o Júlio César.
Posto isto (e porque fiz 1200 km em dois dias, de comboio e carro,
prescindindo de dois dias de férias, estando acordado 22 horas seguidas, gastando
uma pipa de massa só em transportes, e não estando assim muito satisfeito com o que vi), apraz-me fazer as seguintes
considerações:
- Apesar do pouco tempo de treino, já se nota alguma coisa do treinador,
com interessantes combinações atacantes e uma pressão sobre o adversário que
não o deixou sair a jogar. No entanto, que escândalo foi este de colocar o
Benfica a equipar de verde e branco?!?! [Ironic
mode on] (Porque há sempre pessoas obtusas que não iriam perceber…)
- Metade dos objectivos que motivaram a troca de treinador (a “aposta na
formação”) já estão cumpridos: o Nelson Semedo foi uma decisão arriscada, mas
parece que teremos lateral direito para os próximos anos. Agora só falta a
“estrutura” entrar em campo e começar a marcar golos… Como se percebeu, os
títulos passaram a ser secundários no Benfica. (Caso contrário, não se teria
prescindido de quem ganhou sete dos últimos oito troféus nacionais
disputados….)
- Fizemos seis jogos até agora. Temos zero vitórias. Marcámos três golos,
sendo que dois deles foram na 1ª parte do primeiro jogo. O que quer dizer que, nos
últimos cinco jogos e meio, marcámos um(!) golo. Repito: em oito horas e 15
minutos de futebol, marcámos… um(!) golo. Sim, eu sei, os “adversários eram
fortes”, “estamos no início de um processo”, “os resultados vão aparecer”, “o
treinador tem pouco tempo de clube”… (Curiosamente,
conheço um ou outro treinador para o qual não é preciso muito tempo para colocar
a sua equipa a jogar à bola…)
- Vamos lá a ver o seguinte: 1) o Jonas NÃO é ponta-de-lança. É um CRIME
colocá-lo a jogar no meio dos centrais e desgastar-se a disputar bolas aéreas
com eles; 2) o Talisca jogou 57’ a mais do que devia. Nem devia ter entrado de
início, porque aquele lugar de segundo avançado é do Jonas, mas no mínimo devia
ter saído ao intervalo; 3) o Eliseu não é grande espingarda, mas foi titular durante toda a época passada. Jogar o
Sílvio naquele lugar pareceu uma resposta à picardia do Jesus de dizer que o
Rui Vitória tinha mantido tudo igual; 4) Jogar com o Fejsa e o Samaris é criar
um fosso enorme entre os médios e os avançados. Faz lembrar a dupla Katsouranis
e Yebda da excelente época do Quique…;
5) o Júlio César deve ter pontapeado a bola lá para a frente mais vezes neste
jogo do que em toda a época passada. Como diz um amigo meu, alguém que diga a
quem de direito que nós não jogamos com o Maazou na frente…
- Eu pensei que tínhamos cometido um erro histórico. Infelizmente, cada vez
mais vou tendo a certeza de que cometemos ‘o’ maior erro da nossa história
desportiva. O título do post não é,
lamentavelmente, irónico. Temo que esta época prove que a “estrutura” que
efectivamente ganha troféus foi a que nós oferecemos
aos lagartos… (Que o homem nunca foi
o paladino da educação já nós sabíamos há muito, mas já o era quando estava com
as nossas cores. Mudou de camisola, mas está igual ao que sempre foi. Mas diz um outro
amigo meu, e com muita razão, que não queria o Jesus para casar com as filhas.
O que interessava é que ele nos punha a jogar bom futebol e, mais importante do
que tudo, ganhava títulos. Tudo o resto é – devia ser – secundário. Se
queríamos um treinador educado, tínhamos o Quique; se fosse por benfiquismo,
temos sempre o Grande Toni).
Isto fica já escrito no início da época, porque eu nunca fui politicamente
correcto, nem me revejo em pessoas que só fazem o totobola à 2ª feira. Terei
todo o gosto em vir aqui no final da época dizer que eu afinal não percebo nada
disto e que sou um idiota por não ter acreditado nos tricampeões.
P.S. - Pode ser que no próximo domingo no jogo de apresentação aos sócios, perdão, na 1ª jornada do campeonato, as coisas comecem a melhorar.
* Publicado em simultâneo com a Tertúlia Benfiquista.
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