origem

quarta-feira, janeiro 26, 2022

Lisonjeiro

Vencemos o Boavista nos penalties (3-2) depois do 1-1 nos 90’ e, seis anos depois(!), voltámos a qualificar-nos para a final da Taça da Liga. Mas simplesmente não merecemos. Se o futebol fosse um jogo justo, seria o Boavista a jogar no sábado. É tão simples quanto isso.
 
Já se sabia que o Darwin e o Otamendi iriam falhar este jogo por causa das selecções e, no próprio dia, tivemos má notícia de o Rafa estar com covid-19. No entanto, do outro lado, foram dez as ausências, portanto, se a balança estava desequilibrada, era a nosso favor. Quando o Everton fez o 1-0 aos 16’, ao aproveitar uma falha incrível de um dos defesas improvisados, já depois de o Yaremchuk ter rematado contra o guarda-redes Bracali quando estava em boa posição, na melhor jogada da era Nelson Veríssimo, eu pensei: “queres ver, que afinal ainda sabemos jogar a bola...!?” Infelizmente, foi sol de pouca dura, porque a partir dos 20’ o Boavista começou a tomar conta do jogo. Até ao intervalo, só tivemos mais uma grande ocasião, com a única acção de jeito do Diogo Gonçalves enquanto jogou, a fintar um defesa e centrar para o limite da pequena-área, onde o Everton completamente à vontade atirou para as nuvens! Do outro lado, apesar do domínio, o Boavista só num remate de longe inquietou o Vlachodimos.
 
A 2ª parte foi um desastre total! O Boavista veio para cima de nós e, se não fosse o Vlachodimos, teria ganho o jogo nas calmas. O Morato, que até aí estava a fazer uma boa exibição, desconcentrou-se aos 53’, fazendo um penalty completamente desnecessário, que proporcionou o empate ao Sauer. A igualdade mexeu connosco, que nunca mais nos encontrámos e fomos vendo o Boavista criar uma série de oportunidades flagrantes. Um remate quase à queima-roupa e uma cabeçada do Musa fizeram o Vlachodimos brilhar a grande altura. Para além disso, ainda houve um remate ao lado do Gorré em boa posição e um centro-remate do Hamache que entraria, se não fosse a atenção do nosso guarda-redes. Da nossa parte, o Nelson Veríssimo achou que era com Gil Dias, Meïté e Radonjic que íamos lá... Sem comentários... Também entraram o Gonçalo Ramos, que teve um remate de fora da área para defesa do Bracali, e o Pizzi que, em cima dos 90’, teve a nossa única verdadeira ocasião da 2ª parte, também com um remate de fora da área, que o guarda-redes defendeu por instinto e teve alguma sorte de a bola não ter entrado mesmo assim. Nos penalties, o Boavista falhou os três primeiros, o que deu logo uma ajuda, enquanto o Pizzi, com aquele saltinho antes de rematar que me tira do sério, naturalmente falhou(!), e o Vertonghen acertou no poste. No remate decisivo, ainda bem que pusemos um alemão a bater, porque o Weigl marcou o melhor penalty dos dez.
 
Em termos individuais, o Vlachodimos merece todas as loas possíveis, porque fez defesas decisivas durante o jogo e uma nos penalties. O Weigl também fez um bom jogo e fica directamente ligado ao apuramento. Todos os outros estiveram ou sofríveis ou medíocres.
 
Para ganhar, é preciso meter a bola na baliza. Para meter a bola na baliza, é preciso superar o adversário. Para superar o adversário, convém ser mais rápido do ele e mais forte nas disputas de bola. Para ser mais rápido do que ele, convém correr. Para ser mais forte nas disputas de bola, convém ser agressivo. Ora, é precisamente isso que nos falha: perdemos quase todas(!) as disputas de bola, qualquer que seja o adversário, e nunca(!) aplicamos velocidade na transição ofensiva, o que faz com que invariavelmente percamos a vantagem que temos nas poucas vezes que recuperamos a bola e permitamos que o adversário se reorganize defensivamente. É exasperante ver o Benfica, chamemos-lhe, ‘jogar’ (para facilitar as coisas) hoje em dia. É penoso e está pior de jogo para jogo. A equipa arrasta-se em campo, sem saber o que fazer durante a maior parte do tempo. Raramente se toma a melhor decisão e os jogadores parecem presos de movimentos. Ou a fazer os movimentos errados.
 
E é por isto que esta será a nossa primeira final com público, desde a Supertaça de 2010, que eu não irei presenciar ao vivo. E não vou, porque não quero. Porque não tenho confiança nenhuma na vitória, especialmente se for contra a lagartada (o mais provável), e não me está a dar gozo nenhum ver o Benfica em campo actualmente. Aliás, da maneira como (não) estamos a jogar, temo o pior para a final, dado que, se a lagartada jogar com o fez na Luz, é bem possível que haja um resultado histórico. E dispenso bem dar-me ao trabalho de fazer uma viagem para ver isso ao vivo. Estou zero confiante e tremendamente pessimista. Só com um milagre é que iríamos lá. E eu não acredito em milagres.

2 comentários:

joão carlos disse...

O pior é que na primeira parte nem foram eles que pegaram no jogo nós é que imediatamente assim que nos colocamos em vantagem desistimos de jogar e recuamos para gerir não se sabe bem o quê mesmo e se esta situação em si já é bem parva ainda mais parva é quando nem sequer tentamos aproveitar o seu maior adiantamento para tentarmos criar perigo.
Nas primeiras substituições a opção do jogador que entrou para uma das alas não lembraria a ninguém e se fazer entrar uma anedota de jogador já era em si má a de deslocar o outro extremo, que até era o dos menos maus em termos ofensivos, para o franco onde ele é completamente anulado também foi excelente.
Não percebo como é que o nosso lateral direito conseguiu ficar o jogo todo em campo, nem vou criticar a opção para ser titular, mas com o completo buraco que foi na segunda parte em que foi por lá que eles criaram todas, mas mesmo todas, as oportunidades que tiveram o que se impunha era meter alguém diferente até porque a certo ponto de tanto erro cometido o jogador nem um passe simples já conseguia efetuar.

Islander disse...

Milagre foi o que aconteceu na outra meia final...mas milagres desses nunca caem para o nosso lado....